domingo, 28 de fevereiro de 2016

Nápoles

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Itália abaixo, Goethe passa por Roma, onde voltará. E alarga-se em visitas e considerações sobre a pintura, o teatro, a escultura, a arquitectura, o urbanismo, a paisagem, os hábitos e a agricultura dos italianos. Em Nápoles sobe ao Vesúvio.
«2 de Março
Subi ao Vesúvio, apesar de o tempo estar nublado e o cume envolto em nuvens. De carro até Resina, depois numa mula pela encosta acima, entre vinhedos; finalmente a pé sobre a lava de 1771, já com um musgo fino mas consolidado, e depois ao longo da faixa de lava. A cabana do eremita lá no cimo, à minha esquerda. Seguiu-se a subida do monte de cinza, um verdadeiro trabalho de forçado. Dois terços do cume estavam cobertos de nuvens. Chegámos finalmente à antiga cratera, agora tapada, encontrámos as novas lavas de há dois meses e meio, e também outra mais fraca, de há cinco dias, já fria.Subimos por ela até uma colina vulcânica de erupção recente, que fumegava por todos os lados.
O fumo afastava-se nós e eu quis ir até à cratera. Tínhamos avançado uns cinquenta passos no meio dos vapores quando eles ficaram tão densos que mal via os sapatos. Levei o lenço à boca, mas isso não serviu de muito, o guia tinha desaparecido, o piso sobre os torrões de lava era inseguro, e eu achei melhor voltar para trás e deixar a observação do lugar para outro dia, mais claro e com menos fumo.Mas fiquei a saber como é difícil respirar numa atmosfera destas. (...)
Já tive ocasião de ver aqui gente de toda a espécie, belos cavalos e estranhos peixes. Sobre a localização da cidade e as suas maravilhas, tantas vezes descritas e elogiadas, não preciso de dizer nada. "Vedi Napoli e poi muori!"»