terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sandy

A Natureza encenou, sem duplos, o que a América só pintava em cenários. Pegou na Grande Maçã, fez dela gato sapato e esfanicou-a.
E foi assim que eu vi Nova Yorque, e senti compaixão pela primeira vez.

Tarde piaste!

Conceder, ou aceitar, um crédito, significa "criar dinheiro titulado pela riqueza futura", que há-de vir a ser produzida.
Se o não for, por uma qualquer razão, um crédito é uma forca pessoal e uma tragédia colectiva.

Uma outra visão

Que é útil conhecer.

domingo, 28 de outubro de 2012

Todos iguais!

Durante as últimas décadas, a coberto da democracia, o PPD esquartejou a pátria na mesa do banquete. E acaba a submeter o país à ruína, a destruir o estado e as suas leis, a reduzir o povo à indigência e ao desespero, pela mão do último sarro do partido. 
Esta traição das elites já vem de há muitos séculos, mas nunca foi tão clara como hoje. O povo emigra para escapar à penúria, conforme sempre fez. E conclui erradamente que eles são todos iguais.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ecos da Sonora - XLVII

Há uma avó e uma neta que há-de ter um fim funesto, e um pastor alentejano, e uma miss Whittemore que dorme dentro da carcaça dum cachalote e tem lá em casa um sábio hindu e um feiticeiro yorubá para ilustração etico-filosófica, e um professor Borja que pinta nos muros da inglesa uns versos epicuristas de Diógenes de Oenoanda, e um sargento da guarda que ainda não desistiu de o apanhar em flagrante. Assim se desenha um mundo que é todo fruto duma fecunda imaginação criativa.
A narrativa é fragmentária, evoluindo ao sabor das peripécias. O discurso é seco e descarnado, expressionista se diria, condimentado por um sarcasmo impenitente, e pontuado por frequentes reflexões (sobre o budismo, o Eu, a identidade, o ADN, o sistema imunológico...).
Pena só que na viagem da velha Antónia a Jerusalém, uma cidade santa improvisada num cenário, se faça uso dum avião que já foi bar à entrada de Lisboa. Um tal plebeísmo narrativo não fazia falta nem era indispensável. Tudo o resto se recomenda vivamente.

"- Ninguém sabe, caros Jesus Cristo e seus apóstolos, por que razão o homem se sedentarizou, já que está provado que ser nómada dá muito menos trabalho. Então porque sucedeu esta mudança radical? Muito simples, vou explicar-vos, queridos apóstolos e Nosso Senhor:  foi a cerveja. Para ter cerveja era preciso cultivar. E assim nasceu a sociedade como a conhecemos. Graças à cerveja, temos hospitais e bibliotecas. Não existiriam livros se não fosse a cerveja. Não existiriam escritores nem ciência. Os nómadas não têm prisões nem conhecem o castigo, mas por outro lado não têm bibliotecas. Os nómadas não têm nada disto, porque andam dum lado para o outro e as prisões não podem ser transportadas, tal como as tipografias e os hospitais e as livrarias. E tudo isso se deve ao facto de alguns povos terem querido beber cerveja e, para isso, precisarem de se sedentarizar. No tempo de Cristo, no vosso tempo, andavam todos a beber cerveja. (...) O que se bebia no espaço geográfico em que Cristo habitava era cerveja. O vinho era uma bebida de romanos, dos invasores. Cristo não ia beber a bebida dos ricos, dos opressores,  como a inglesa que nos governa, mas a dos pobres, das putas e dos pecadores. (...)".

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Ratoeira

Tudo está a ficar maduro para o assalto à Saúde, à Educação e às outras funções do Estado, por parte dos mercados e das matilhas financeiras. A própria Constituição já está debaixo de mira.
De resto não foi para outra coisa que estas elites geraram esta imensa ratoeira.

Afinal, em Dezembro de 2008, não havia "festa socialista" nenhuma! Só passou a haver, quando apareceram as condições para assaltar o pote!

Era assim. 
"O Governo tem estado bastante bem nas respostas que tem encontrado para a crise financeira que, de resto, não são respostas muito originais, são concertadas ao nível europeu mas que têm funcionado bem em Portugal".

Triângulo virtuoso

Cheguei à vila, estacionei debaixo duma tília e desliguei a chave. O motor continuou a ronronar. Liguei o telefone, falei ao mestre Xico. - Tire-lhe o pé do travão! - E logo o motor se calou. 
Dito assim parece uma charada. Mas depois o mestre Xico esclareceu como é que um servo-freio em pré-falência provoca estes enigmas.
Existe aqui um triângulo virtuoso: eu que não dispenso o carro que não troco por nenhum, o carro nas mãos do mestre que lhe garante a saúde, e o mestre Xico a depender de mim, o mais assíduo cliente.
A viatura tem trinta e tal anos, e canta hoje no mesmo diapasão com que saiu da linha de montagem. Fez as campanhas da Rússia e ainda as voltava a fazer, com perdão da indecência da palavra. Não tem arcas encoiradas, nem mistérios electrónicos, abre-se uma tampa e fica-se encantado a olhar para aquilo tudo.
Metade de quanto sabe o mestre Xico já nasceu com ele, que é um génio natural. A outra metade aprendeu-a na vida e na oficina. Há muitos anos foi trabalhar para Luanda, onde o dinheiro corria e a vida era outra coisa. Foi lá que criou os filhos e aprendeu o resto que faltava. Não percebe nada de algoritmos, nem estudou resistência dos materiais, mas deixou várias vezes em silêncio os casmurros engenheiros alemães.
Regressou a Portugal quando teve que ser. Deixou para trás o que tinha e silenciou no peito esta amargura sem ódio, que ainda hoje aflora nas conversas que temos sobre o mundo. Mestre Xico tem a coragem dos ingénuos e a força dos humildes. E foi isso que o salvou. Construiu uma casa para viver, montou esta oficina e começou outra vez. Sabe tudo sobre os carros antigos, não há enigma que ele não resolva. Dá gosto vê-lo desmontar um vedante ressequido duma bomba de água com ferramentas que ele próprio inventou, ou abrir a tampa dum motor e afinar-lhe as válvulas com um chaveiro de linguetas que já não existem.
Agora os carros antigos começam a rarear, e os mais modernos trazem no ventre enigmas electrónicos, que só lá vão com bancadas de que ele não dispõe. O mundo está tão mudado que um dia destes vai ceder o triângulo virtuoso. Por que ponta é que ainda falta saber.

sábado, 20 de outubro de 2012

De Espanha

Mais vale ser rainha por uma dia, que duquesa toda a vida!
Foi isto que deixou dito a fidalga castelhana. E até podia ser uma bonita frase, se antes não fosse uma farronca triste.
Tão dados a bravatas são os portugueses, que ainda hoje lhe repetem o estribilho. Infelizmente nada disso é verdadeiro, como a vida não se cansa de mostrar.

Manuel António Pina

Vais fazer cá muita falta, Manel!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A mestra

Dona Belisanda carregava nos ombros uma tarefa medonha: ilustrar a criançada que lhe abarrotava a sala, onde viviam também um crucifixo e um mapa, uma ardósia, um Salazar e um Carmona. E o fantasma dum Navegador que metia medo à aula. De parceria com o padre, que repartia a farinha da Cáritas e prometia outros manás vindos do céu, competia-lhe ainda iluminar as trevas que ensombravam este mundo.
A mestra tinha ascendentes numa tribo visigoda, há muitos anos extinta, donde lhe viera o nome e as maneiras. Mas isso levei muito tempo a sabê-lo. E enchia a barriga aos perús, sempre a grasnar no quinteiro, com ortigas cozidas que eu trazia do quintal. 
Quando era tempo de aquecer a escalfeta, levávamos de casa umas achas de pinho. E ganíamos que voltasse a Primavera, enquanto bafejávamos as mãos.
Um dia, todo vaidoso, levei para a escola uma camisita nova, de riscado, aos quadradinhos vermelhos. Desta vez é que ia ser! E assim foi. Mal me viu ali ao lado, uma gaiata que fazia os meus encantos começou a derreter-se na carteira. Até o Navegador adoçou a catadura.
Mas a dona Belisanda não achou graça nenhuma. Talvez fossem ciumeiras, nunca o soube, eu de adultos ainda hoje pouco entendo. Recambiou-me para casa, que mudasse de camisa, e não voltasse a aparecer disfarçado de bombom de chocolate.
Perdi ali promessas de futuro, por troca duma camisa que nunca mais esqueci. E ainda hoje, dentro da minha cabeça, um bombom de chocolate tem quadradinhos vermelhos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mais um cabrão

Entre muitos.

Quem fala assim

Não é gago, claro!

Dá trabalho!

Mas é possível destrinçar os tipos decentes que existem, da escumalha que por aí pulula.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Serradura

Descontando esse pouco que fica no filtro, o que se diz aqui é verdade cristalina. Menos para quem traz serradura no bestunto.

Pastiche do Filinto

Eu hei-se ser um dia um marginal
Viver a vida à lei da natureza
Não aceitar senão a realeza
Das tuas gargalhadas de cristal.

Hei-de mandar às uvas a moral
Com que nos enlataram na tristeza
Tu serás o meu templo da beleza
E as linhas do teu corpo o meu missal.

Do teu amor farei minha seara;
De cultivar-te, apenas, cuidarei,
E de colher-te, só, com mão avara.

De outros fatais destinos nada sei.
Só tu serás a minha estrela clara
E o rio do desejo a minha lei.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Luiz Goes - Homem só

Datado. Aparentemente.

Ó Medina!

O Gaspar, esse coitado, falta-lhe vida e política. Que a tarimba não se faz nos gabinetes, no Banco de Portugal, na Europa, e coisa e tal, a gente compreende.
Já o primeiro Coelho, "esse teve-a, conheço-o há muitos anos..."!
Conta-me lá melhor essa história, ó Carreira! De que é que estás a falar?! Ou sacodes apenas a água do capote, meu farsante?!

Rir é o melhor remédio, sobretudo quando há palhaços de serviço

Dizem que o Mister Moedas anda lá pela América, a impingir aos índios a sua credibilidade. E quem o cita é o New York Times.

"The fact that we came back on our decision,” Mr. Moedas said, “had absolutely nothing to do with people coming out on the streets and everything to do with the fact that we got to understand that the ones who were supposed to be the beneficiaries actually did not want the measure.”

Com perdão da ousadia, traduzamos:

"O facto de termos retrocedido na decisão (sobre a TSU, entenda-se!), não tem absolutamente nada que ver com as pessoas que saíram às ruas, mas antes com o facto de termos compreendido que os supostos beneficiários da medida realmente não a queriam para nada." 

Carpe diem

Desprezando os caprichos do mercado, resolveu abrir uma papelaria. Registou-a como Carpe Diem.
O homem saberá muito latim. Já do seu ofício parece entender pouco. Embora seja verdade que o dia de amanhã não é nada seguro.

Tabaco avulso

Há cinquenta anos não havia dinheiro. Quer dizer, havia muito, mas não andava na rua. Certamente para evitar os maus olhados, e a gripe dos porcos, e a das aves, eu sei lá.
Saíamos do liceu, descíamos a ladeira do paço do bispo, e ao chegar à soleira da tasca do Zé Corno havia que descer ainda quatro degraus, até chegarmos ao balcão do estanco. Mesmo ao fundo da ladeira.
Por cinco tostões o homem dispensava três cigarros sem filtro, que tirava, um a um, do maço aberto. Três-Vintes, High-Life, Provisórios, às vezes Definitivos. Não era lá grande coisa, mas não havia dinheiro. E assim ganhava o Zé Corno e nós também.
Hoje dizem que prospera a venda de tabaco avulso. Quem fazia negócio era o Zé Corno, se ainda andasse por cá. Mas nós só ficamos a perder, ao descermos outra vez a ladeira.

domingo, 14 de outubro de 2012

Escroques

"(...) O "monstro" de que o Presidente Cavaco Silva tanto falou no seu tempo de pousio político começou a ser construído na ressaca da última passagem do FMI por Portugal, alimentou-se com Cavaco, prosperou com António Guterres e manteve-se voraz nesses anos em que Miguel Relvas era Secretário de Estado da Administração local do governo de Durão Barroso, e Pedro Passos Coelho gestor de empresas especialmente vocacionadas para explorar as oportunidades dos negócios públicos, como foi o Caso da Tecnoforma e do programa co-financiado pelo Fundo Social Europeu.
Quem inventa, autoriza e tenta executar um programa de formação no valor de 1,2 milhões de euros para funcionários de aeródromos perdidos no meio do nada, tem de assumir a sua quota de responsabilidade na "irresponsabilidade" que faz hoje os portugueses terem de pagar tantos impostos.
É hoje claro que Passos Coelho e Relvas trabalharam juntos para que a empresa (...) encaixasse como uma luva num protocolo assinado em 2004 por dois membros do governo social-democrata  apenas 17 dias antes, dando enquadramento legal a uma ideia que se resumia a isto: inventar uma forma de fazer dinheiro com base numa necessidade artificial, numa "premência" que não existia, num "problema" que Portugal não tinha (...). Passos e Relvas queriam formar mil pessoas para aeródromos que estavam fechados, que eram pistas perdidas ou que tinham um ou mesmo nenhum funcionário. (...)"
[Do editorial do PÚBLICO]

A crítica, na "república das letras"

Há três vozes que vale a pena ouvir: a do António Guerreiro, no EXPRESSO; a do Fernando Venâncio, aparentemente fora das lides; a da Clara Ferreira Alves, sempre ocasional e adventícia, porque não faz parte do milieu
Todas as outras são vozes de diletantes instalados, ou tarimbeiros que cumprem calendário e justificam o salário. Nunca dão a cara por uma opinião, se acaso a têm, e apenas servem o mercado e o seu sistema.

Leia-se então António Guerreiro, no último ATUAL:
"(...) surpreende, à primeira vista, que a Quetzal edite um livro dum crítico inglês, James Wood, que vive na América*** (...). Bons motivos de regozigo se ofereceriam em tal iniciativa, se ela não fosse um sintoma eloquente do estado miserável - disfarçado de cosmopolitismo - da república das letras. 
(...)
Entretanto, o último volume da obra completa de Eduardo Prado Coelho (...) nem sequer chega às livrarias. Em todos os seus cálculos e operações, a "vida literária" supõe que o que interessa é uma nova ideia de literatura universal - dominada por uma ficção de lugar nenhum - que atravessa fronteiras mal é publicada, quase sem precisar de ser traduzida, e que chegou ao fim toda a herança da "literatura nacional". 
Em suma: aquilo que faz com que um João Tordo e um José Luís Peixoto sejam internacionalmente premiáveis, enquanto uma Agustina e uma Maria Velho da Costa nunca conseguiram sair, mesmo quando traduzidas, do seu lugar minoritário".

[*** e escreve sobre os Woolfs, os Dellilos, os Updikes, os Roths, os Barnes e outras coqueluches.]

O processo Freeport é uma fraude. E quem é que fica surpreendido, a não ser o comité central que levou o Relvas ao colo, para ganhar mais tarde uns votos desesperados?!

Pinto Monteiro, à saída do vespeiro, em entrevista ao EXPRESSO:

- Mas porque é que José Sócrates nunca foi ouvido como testemunha?
- Nunca arranjaram elementos que metessem o homem em parte nenhuma.
- Com outro cidadão e com os mesmos indícios, o processo teria tido o mesmo desfecho?
- Mas o processo não tem indícios nenhuns. Tem uma carta anónima e uma senhora que ouviu uma conversa no café. Se fosse com outro cidadão, o processo teria sido arquivado liminarmente. Se eu mandasse investigar todas as participações que recebi, poucos políticos não estariam agora com um processo-crime. Mal de nós se formos condenar alguém por ouvir dizer. O processo Freeport foi muito bem investigado, e até foi o terceiro mais caro de sempre, depois de Camarate e da Maddie.
- Foi o tribunal a dizer que as suspeitas contra o antigo primeiro-ministro não foram bem investigadas pelo MP!
- Não comento decisões judiciais, mas o processo é uma fraude. O maior problema que o MP tem é a contaminação entre a Justiça e o poder político. E, mesmo que se apure que não há nada, fica sempre a suspeição. E o pior é que já há magistrados a fazer política. 
- Como?
- Basta lê-los e ouvi-los.
- Os magistrados fazem política durante as próprias investigações?
- Às vezes sim. Nos comentários das decisões e nas observações políticas que são desajustadas do aspecto judicial dos processos.

Ratos de porão

É sabido que um troglodita genuíno é mais casmurro que um asno. Por isso a ninguém causa surpresa se Carlos Abreu Amorim continua a afagar a garupa do governo e do Passos. É dos poucos que ainda o fazem.
Mas quando ouvimos isto ao João Marcelino, uma das femmes-de-ménage do governo no DN; 
ou quando lemos no EXPRESSO estas palavras de Henrique Monteiro: 
"Imaginem o que pensará alguém que está a utilizar dinheiro de todos nós para formar técnicos camarários para aeródromos. 1023 técnicos para uma região que só tem três aeródromos em actividade e mais seis desactivados. E que para isso sabe que se está a gastar 1,2 milhões de Euros.
Eu pensaria que é imoral. Estou convencido que a maioria das pessoas bem formadas teria o mesmo pensamento. Não se pode gastar o que é comum de forma tão desbragada! 
Mas, segundo o PÚBLICO, não foi o que pensou Miguel Relvas e Passos Coelho. Ambos colaboraram neste esquema, em conjunto com uns amigos. Se é ilegal ou criminoso, dirá a justiça. Por mim, apenas interrogo: é gente assim que nos vai tirar o peso do Estado de cima e cortar na despesa? Nem pensem! Vejam o OE..."
 Se isso acontece, ficamos a saber que é a hora dos ratos saltarem da barcaça, porque os porões já estão alagados.

sábado, 13 de outubro de 2012

Ainda não li

A seu tempo lá iremos. Mas não me admirava nada!

Uppercut

Foi aqui dito, talvez com ingenuidade, que ao Relvas boxeador "um round seria escasso".
Mas será?!

Se podes ler...

... vai ler ali! E agradece no fim.

Todos os tabuleiros

Momentos há que são veras dobradiças, pontos fulcrais em que as elites desenham destinos, em que as sentenças da História são executadas, em que os povos reúnem consciência e tomam o freio nos dentes. Seja para o bem ou para o mal. 
A ida a Ceuta, em 1415, é modelo dos primeiros. 
Alcácer-Quibir, em 1578, exemplifica os segundos. 
1383/85 e o 25 de Abril são dos terceiros.
Com as pseudo-elites mercenárias que aí estão, a dobradiça em que estamos é fatal. Nela se misturam destinos e sentenças, tornando tudo mais confuso e complicado. Joga-se tudo em todos os tabuleiros.

Ecos da Sonora - XLVI

No meio do lixo tóxico com que o mercado editorial nos vai adormecendo, a editora Tinta da China surpreende-nos muitas vezes pela positiva.
Os seus livros são objectos esteticamente irrepreensíveis, a sua qualidade literária é por norma notável, e as traduções, quando existem, são sem mancha.
Kaminer é um autor russo que nos oferece aqui o humor, a ironia e o sarcasmo frequentes na sua terra. Depois da queda do muro de Berlim, depois que os crimes, e os erros, e as contradições de Moscovo fecharam a porta a esperanças antigas e nos sepultaram onde estamos, não há nada como rir. Pelo menos gozar com isto tudo é mais saudável do que a depressão.
Logo que a possibilidade se lhe abriu, o narrador tratou de conhecer o mundo, tratou de conhecer a sua própria terra. E se não era possível fazê-lo pessoalmente, era-o por interposto viajante. E assim nos mostra Paris, a América, a Crimeia, a Dinamarca, a Sibéria... enquanto se diverte e nos encanta com o burlesco da vida do socialismo real e do capitalismo triunfante. Não falta lá nenhum dos clichés, nenhum dos lugares comuns.
Viagem a Tralalá, pois onde havia de ser?!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

De vez!

Desde Abril de 74, o PPD desfilou, e mandou para a reciclagem, gerações sucessivas de eminências inúteis, de senadores de papel, de barões enfatuados, de gangsters assumidos, de aventureiros cúpidos, de vendilhões de feira. Todos eles recostados no regaço da pátria, todos eles sufragados por um povo de indigentes políticos.
A novela dos fundos europeus do Relvas e do Coelho, que o PÚBLICO tem contado, desvenda um partido que hoje manda no país e se resume ao caroço: um bando de marginais oportunistas, de empreendedores venais, que mereciam o rigor dos códigos mas ficarão impunes.
A pátria, e alguns indigentes dela, sobreviverão. Mas talvez o PPD desapareça de vez.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Editais

Saturno instala-se, o sol foge para Sul. Inquietos andam tordos e estorninhos, a espingardear na ramagem, mal o céu se pôe a clarear. É que estão para chegar as azeitonas na encosta.
Antes disso ainda vai abrir a caça, mas eles não costumam ler os editais.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Instantâneos 11

O mais triste nisto tudo é um povo inteiro ser desfeiteado, às mãos duma tropa fandanga de pilha-galinhas.

Instantâneos 10

"O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público é um mero lobby de interesses pessoais, que pretende actuar como um pequeno partido político".
Isto é o que diz Pinto Monteiro, à saída do vespeiro.
Não é nada que se não soubesse. Mas assim dito sabe-se melhor.

Instantâneos 9

Como é que a primeira besta há-de lançar borda fora uma segunda, se a segunda tem na mão os tomates da primeira?!

domingo, 7 de outubro de 2012

O triunfo dos porcos

Antes de ser o que é hoje, Wall Street foi em tempos o local onde uns agricultores levantaram um muro à entrada de Manhattan, para evitar que os porcos devassassem as quintas agrícolas e destruíssem culturas.
A barricada submeteu os porcos fossadores, e os campos ficaram em sossego. Mas depois vieram os porcos da finança e reocuparam posições. Deitaram abaixo o muro, puseram o nome à rua, e instalaram-se nas quintas e nas nossas vidas. 
Só erguendo barricadas novas lhes escaparemos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Para memória futura

Foi há um ano e meio e aqui fica

Por este andar...

Enquanto o Gaspar nos aplica a sua poção mágica, o deputado do PPD Duarte Pacheco garante-nos coisas ainda mais extraordinárias.
O responsável pelo descalabro do BPN é o último governo do PS, o dum tal Sócrates. E a grande falha esteve na supervisão do Banco de Portugal, o do Constâncio. Para esses criminosos já pede o CDS a vara da Justiça.
E sabes tu quem salvou ainda alguma coisa? Foi o Passos, o coitado, que lá teve que vender aquela tralha por uma côdea, a uns amigos mais chegados.
Por este andar, um dia destes lá temos que acreditar que o Sol passa a vida às voltinhas à Terra. Não é isso outra evidência que o céu mostra?!

Ó Nogueira!

Depois de teres levado a escola pública ao açougue, e os professores ao talhante, tens agora que voltar à lide a sério
A vida de urso de circo é uma chatice!

Sepúlveda

Sempre se pensou aqui, sempre se disse, que o PPD era o actor primeiro no palco da tragédia nacional, que não ocupa sozinho.
O que não se imaginava era assistir outra vez a um naufrágio, em que o Sepúlveda é Portugal inteiro.

Polaroid (revisto)

Miguel Relvas é um boxeador da escola do Loureiro, um lutador de samarra que um dia subiu ao ringue para assestar nos queixos da pátria o uppercut funesto. - Já sou ministro, meu pai!
O Relvas não chegará a aplicar o uppercut, provável é que um round lhe seja escasso. Mas tem as luvas calçadas.

Ditos

Atrás de nós virá quem bom nos fará!
Dizem que diz isto a voz do povo. Melhor poderá dizê-lo um Sócrates qualquer. Mas aqui sou eu que o digo.