domingo, 30 de novembro de 2014

A realidade real

Já foi assim.

Progresso

Muito longe vai o tempo em que o país exportava trolhas e femmes-de-ménage. Era gado de terceiro-mundo. Hoje exporta médicos e enfermeiros aos milhares, de um skill sofisticado e abundante mais-valia. É assim que há progresso e vale a pena.
Generosas, as sociedades europeias acenam-lhes com salários e carreiras. Chamam-lhe um figo, pudera!

Esmola muita

Escassa meia hora de Sócrates ao domingo, num canal generalista, sempre me pareceu demasiada fruta. Mas tudo agora voltou à justíssima medida.
E o mundo ficou melhor. Pois sempre que a esmola é muita, qualquer pobre previdente se torna desconfiado.

sábado, 29 de novembro de 2014

Flanação com pérola

O progresso é de upgrades que vive, dizem. Por isso são de má sina os múltiplos downgrades que estamos a viver.
Noutros tempos, na messe dos almirantes havia no hall de entrada um ecrã com Internet. Hoje o ecrã está cego surdo e mudo.
Quando o recepcionista precisava de saber se ainda tinha para vender uma ementa do dia, usava um telefone para a cozinha. Hoje vai a pé saber as novidades e demora dez minutos.
O serviço em geral era cuidado, os hospedeiros tinham ar cosmopolita. Hoje trazem à lembrança os faxinas de serviço na messe da Bambadinca, quando a havia.
Ali ao lado fica o São João, oiço falar de circo modernista e nada me surpreende. Mas não é muito claro em que se ocupa. Quando me dava ao trabalho de sair de casa à noite, assisti a um espectáculo cenicamente fascinante, do Ricardo Pais. Pelo meio havia uns vagos heterónimos do Pessoa a balbuciar odes. Nunca soube quanto custou ao erário essa beleza.
Da montra da Latina é de fugir. Com ilhotas isoladas, o downgrade da literatura é bastante para assustar. Mas às vezes há milagres, como as pérolas que arredondam na tripalhada das ostras. É esse o caso deste Mário de Carvalho.

Com vénia, ouvido aí numa caixa de comentários

  1. "As cadeias não se fizeram para os ratos e os grandes homens, ou melhor, os Homens invulgares muito acima da vulgaridade e mediocridade reinante são invariavelmente rejeitados por, precisamente, constituírem uma anormalidade ainda desconhecida da normalidade dominante no tempo.
    A grande massa do povo que vive agarrada á superfície dos trabalhos do dia a dia jamais pode perceber, no mesmo tempo, uma figura que fala, pensa e actua de forma diferente, com uma verdade complexa e incomum, com base em valores e éticas ainda não perceptíveis ao comum mortal.
    Não compreende a grande massa do povo e as elites medíocres são broncos que também não estão à altura de compreender, e por tal se sentem ameaçadas nos seus postos de pequenos reis. E, evidentemente, reagem para extirpar do corpo da sociedade os novos valores e visões tomados como uma possível contaminação perigosa.
    Sócrates é um desses tais Homens que vieram ao mundo prematuramente. E, precisamente por isso não te percas ou amofines porque Sócrates sairá sempre vitorioso desta contenda entre o novo e o velho, entre o futuro e o passado.
    Nenhum cavaco, vidal, alexandre ou rosário ficarão vencedores pese embora vençam este round.
    Pela carta enviada há dias e agora com o telefonema para o expresso vê-se, claramente, que Sócrates não teme absolutamente nada do que lhe possa acontecer e sabe, certamente sabe, que a emboscada que lhe montaram não é para jogar a brincar e, inevitavelmente, dado que face à sua própria contestação taco a taco, não terão recuo e tornar-se-á inevitável calá-lo na cadeia.
    A cadeia também se fez, quase sempre, para os Homens Grandes que não são ratos ou ratazanas com figura humana. Estes ficarão eternamente assinalados como ratazanas de sargeta enquanto Sócrates restará, mais tarde ou mais cedo, um Homem Histórico desta actualidade portuguesa.
    Não é preciso chorar Sócrates, nem ele quer nem ele precisa."

Razões e causas. Fora delas, o que há é um golpe de estado

Artigo 202.º
Prisão preventiva

1 – Se considerar inadequadas ou insuficientes, no caso, as medidas referidas nos artigos anteriores, o juiz pode impor ao arguido a prisão preventiva quando:
a) Houver fortes indícios de prática de crime doloso punível com pena de prisão de máximo superior a 5 anos;
b) Houver fortes indícios de prática de crime doloso que corresponda a criminalidade violenta;
c) Houver fortes indícios de prática de crime doloso de terrorismo ou que corresponda a criminalidade altamente organizada punível com pena de prisão de máximo superior a 3 anos;
d) Houver fortes indícios de prática de crime doloso de ofensa à integridade física qualificada, furto qualificado, dano qualificado, burla informática e nas comunicações, receptação, falsificação ou contrafacção de documento, atentado à segurança de transporte rodoviário, puníveis com pena de prisão de máximo superior a 3 anos;
e) Houver fortes indícios da prática de crime doloso de detenção de arma proibida, detenção de armas e outros dispositivos, produtos ou substâncias em locais proibidos ou crime cometido com arma, nos termos do regime jurídico das armas e suas munições, puníveis com pena de prisão de máximo superior a 3 anos;

(Código de Processo Penal)

Para que conste e se saiba o que não é sabido

Artigo 194.º
Audição do arguido e despacho de aplicação

(…)
6 – A fundamentação do despacho que aplicar qualquer medida de coacção ou de garantia patrimonial, à excepção do termo de identidade e residência, contém, sob pena de nulidade:
a) A descrição dos factos concretamente imputados ao arguido, incluindo, sempre que forem conhecidas, as circunstâncias de tempo, lugar e modo;
b) A enunciação dos elementos do processo que indiciam os factos imputados, sempre que a sua comunicação não puser gravemente em causa a investigação, impossibilitar a descoberta da verdade ou criar perigo para a vida, a integridade física ou psíquica ou a liberdade dos participantes processuais ou das vítimas do crime;
c) A qualificação jurídica dos factos imputados;
d) A referência aos factos concretos que preenchem os pressupostos de aplicação da medida, incluindo os previstos nos artigos 193.º e 204.º
7 – Sem prejuízo do disposto na alínea b) do número anterior, não podem ser considerados para fundamentar a aplicação ao arguido de medida de coacção ou de garantia patrimonial, à excepção do termo de identidade e residência, quaisquer factos ou elementos do processo que lhe não tenham sido comunicados durante a audição a que se refere o n.º 3.
8 – Sem prejuízo do disposto na alínea b) do n.º 6, o arguido e o seu defensor podem consultar os elementos do processo determinantes da aplicação da medida de coação ou de garantia patrimonial, à exceção do termo de identidade e residência,durante o interrogatório judicial e no prazo previsto para a interposição de recurso.
9 – O despacho referido no n.º 1, com a advertência das consequências do incumprimento das obrigações impostas, é notificado ao arguido.
10 – No caso de prisão preventiva, o despacho é comunicado de imediato ao defensor e, sempre que o arguido o pretenda, a parente ou a pessoa da sua confiança.

(Código de Processo Penal)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O Avante! expressa o pensamento do comité central do PCP

Em questões de seriedade, honorabilidade e compostura, é isto.

Legado

Tudo por junto, um império de quinhentos anos deixou a Portugal quatro coisas: uma boa, uma má, uma péssima e uma neutra.
A primeira foi a última epopeia digna desse nome, que o génio europeu engendrou.
A segunda é este governo de sipaios escapados dum sertão, que em nossa perdição se conjuraram.
A terceira é o Presidente da República que temos, desgraçadamente eleito duas vezes pela necedade indígena. Se mais mundo houvera, lá chegara. E quem não vir a pertinência da coisa, é porque anda muito distraído.
A quarta é a vastidão da lusofonia, que muitos lunaticamente elegem como nova fronteira. A vastidão da língua portuguesa só existe por via do Brasil, esse mesmo que a vai abastardando perante a nossa vergonha e impotência e vitupério.
Tudo o resto são mitos persistentes e vazios.

O Tratado Orçamental

É isto. E sobretudo aquilo!

Sete crimes sem surpresas

O CM sabe mais sobre o processo do que o preso e o seu advogado.

Uma ponta do véu

É esta.

"Jornalismo de punheta"

O destes Catarinos onanistas doentes.

Areal funesto

Sem armaduras nem ferros, o que a pátria tem hoje pela frente é um Alcácer novo. Os traidores são os netos dos antigos, os mercenários são igualmente muitos, e os peões erguem as mãos no mesmo desespero, num areal semelhante.
O desenlace é incerto. Mas desta vez está nas mãos do povo, sem que ele dê mostras claras de o saber.

O cante é património?

Felizmente é! A quem vai mal é aos Ceifeiros de Cuba, que arriscam ser trocados por uns patacos, por estes canalhas, imolados à dívida sinistra!

A carta

Que o preso nº 44 fez sair da pildra, em Évora, através dum telefone. E uma leitura disto.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

"Infâmia"

E "bandalheira". E o seu exacto contráriono CM

Negócios marados

De futricas peralvilhos e aldrabões.

Foda-se que já é descaramento!

"Coloca-se ao país uma pergunta simples mas cheia de conteúdo: Portugal está ou não a ser melhor governado hoje do que estava pelos anteriores governos socialistas?", perguntou Montenegro. Que somou um passo em frente, ainda mais clarificador da estratégia do PSD:  "Este Governo, esta maioria, este primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e a sua equipa estão ou não a tratar com mais competência, com mais rigor, do interesse das pessoas e do futuro de Portugal, do que fizeram os governos do PS, do anterior primeiro-ministro e das suas equipas?".http://expresso.sapo.pt/psd-atacar-socrates-sem-o-nomear=f899809

Ele há males que vêm por bem, ou a parábola das pragas


Introduzido na aquacultura espanhola, o lagostim-vermelho da Louisiana depressa se tornou uma praga em toda a Península Ibérica, com fortes prejuízos nos campos de arroz. Já para as cegonhas foi um maná bíblico, uma vez que existem hoje em Portugal mais 4 mil ninhos do que em 2004. "Durante parte do séc. XX, a população de cegonhas brancas diminuiu de modo preocupante, sem se saber porquê. Em 1984 foram contados 1533 ninhos, quando em finais de 1950 eram 3490. (...) Dantes a maior parte dos casais migrava no Outono rumo a África, em busca de alimento. (...) E o que fez a cegonha desistir de migrar foi a existência cada vez maior de alimento disponível, sobretudo no Inverno. (...) Em 1995 foram contadas 1187 cegonhas brancas a passar o Outono em Portugal. Em 2008 eram já dez mil." Ora o lagostim-vermelho desempenha nisso um papel fundamental.
O caso da cegonha negra é algo diferente. "Muito bela também, é no entanto mais temerosa. Não acompanha os tractores enquanto lavram. Não faz ninho nas torres das igrejas nem se aproxima tanto das pessoas."
Quanto mais se baixam as calças, mais as bragas íntimas se vêem! Este princípio geral não o descobriu ainda a cegonha negra, a timorata. Um dia destes vai ter que o aprender.
[Citações de A. Caldeira, no jornalinho de S. Pedro do Rio Seco]

terça-feira, 25 de novembro de 2014

O número 44, em Évora

Convém abrir com algo que está na história, e na memória de quem a tiver: o magistrado Rosário Teixeira é o mesmo que há uns anos foi à Assembleia da República, com a televisão atrás, para deter Paulo Pedroso no processo Casa Pia. E os investigadores da PJ são os mesmos que apresentavam, para escolha, fotografias de pedófilos possiveis aos putos casapianos. Condenado em praça pública, embora ilibado na justiça, o mísero Pedroso do PS nunca mais saiu do fosso. E outros houve, que saíram chamuscados.
A procuradora Marques Vidal, o magistrado Teixeira e o super-juiz Alexandre imputam a Sócrates os crimes de corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. Não é nada que não possa ser feito, baste-nos olhar em volta. E fortes suspeitas terão, se não certezas, já que lhe fixaram a tabela máxima do indiciado, que é a prisão preventiva. Alegam para o despautério o perigo de fuga, o perigo de perturbação do inquérito, e o perigo de alteração da ordem pública.
Pela parte que a mim me diz respeito, enquanto cidadão desta pátria tristonha, vão os senhores magistrados, todos juntos, chamar estúpido ao caralho! Eu sei bem que Sócrates é diferente, e é do PS. Mas isso toda a gente o sabe, há muito tempo. E ajuda a compreender.

Lá está!

Confundir a trampa com a ervilha-de-cheiro, para nos fazer a cabeça, foi sempre a arma preferida pelos trafulhas. E a verdade é que funciona muitas vezes!

Para o bem e para o mal, faz hoje 39 anos

« (...) Havia tropas amigas na rua, nos últimos dias era duma evidência transparente que ficaria sem cabeça quem a expusesse, e por isso Gaspar não compreende, sabe só que as tropas nunca se movimentam sem ordens, não sabe ainda que nunca saberá donde tais ordens vieram. Mas vai, porque já não pode recuar. Vai para uma base militar onde encontra confinada num salão toda a oficialidade, pastoreada pela tropa alevantada enquanto joga às damas, enquanto dá umas tacadas no bilhar, enquanto a meia voz comenta o insólito, quem sabe se inesperado, súbito lance. 
Gaspar ensaia uma explicação do que está a acontecer, tenta mostrar os limites da sublevação, procura legitimar-lhe os objectivos. Ainda não sabe que a razão não desempenha aqui qualquer papel, outros são os motivos que levam os homens a ver, não o que está, mas o que querem ver, numa revolução. E ele próprio é quem vê, pela primeira vez, o ódio nos olhos dos camaradas de ontem, o ódio nos olhos dos companheiros de África de ontem, que lhe chamam traidor e não entendem, alguns cospem-lhe aos pés e não entendem que se possa desejar outra coisa, que se pretenda substituir a definitiva rigidez de cadáver dos códigos deontológicos pelo calor suado e desprezível do povo, não entendem que se possa trocar esta vazia, mas certa, segurança, pela duvidosa aventura de indefinidas utopias, por sonhos incertos de transformar o mundo, assim é a tropa, a fingir-nos a vida para nos interditar o ofício de a criarmos, e eles sem entenderem que chegou o momento do resgate, e que não o aproveitar será deixar toda a história a meio. (...)».
[As Aves Levantam Contra o Vento, Quasi Edições, Famalicão, 2007]

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Foram anos de luta pelo bem, mas enjaulámos a besta!

Mais urbano ou mais rural, é muito raro o estanco português em que não esteja estendida no balcão essa pérola da imprensa que é o Correio da Manhã. E eu, que faço questão de andar bem informado, leio-o sempre. Na verdade considero que um tão grande favor dos leitores só pode ser o prémio da sua qualidade como órgão de informação. Diz o mercado que o consumidor premeia aquilo que é melhor, e eu acredito.
Ontem informava a primeira página do CM: motorista (de Sócrates) caçado com malas de dinheiro do seu patrão. Eu não podia resistir à novidade, levado por essa onda de fervor patriótico, que me avassala sempre que vejo a pátria sangrar.
Na página 4, a cimalha era já algo diferente, assegurando que o motorista de Sócrates tinha sido fotografado com malas de dinheiro do seu patrão. E eu, que ia à procura duma jaula onde estaria aprisionado o motorista caçado, lá me resignei. Fui em busca duma imagem, duma fotografia do meliante com as malas na mão. Mas não havia jaula nem imagem. Ainda imaginei que houvesse um texto, a explicar o despautério. Qual quê?!  
Concluí que o corpo redatorial do jornalinho, coitado dele, na sua incansável luta pela verdade e pela completa informação dos seus leitores, não teve tempo de esmiuçar melhor as afirmações feitas sobre o motorista caçado, ou sequer fotografado. O justo tempo de fazer as afirmações e fundamentá-las. Não me passa pela cabeça a ideia infame da manipulação, por parte do jornal mais desfolhado pelos leitores como eu. Confesso que senti alguma frustração, mas acabei por compreender. E amanhã voltarei ao CM, onde quer que o encontre à minha disposição.
É que preciso de saber o que decide o super-juiz Carlos Alexandre, em relação ao patrão do motorista que foi caçado com as malas da grana. O Alexandre é, em juiz, o mesmo que, em jornal, é o CM. É o dono disto tudo, no que à justiça respeita. Não há mega-processo em que não mande, ou dele não dependa. Como se os códigos dele tivessem mais capítulos, ou alíneas, ou notas de roda-pé, ou anotações à margem, do que os manuais em uso pelos míseros colegas.
Ainda bem que Portugal tem um juiz Alexandre para tomar as decisões, e um magistrado Teixeira para maestrar as investigações. É que ter só um Correio da Manhã, uma coisa de papel, era capaz de ser pouco eficaz, para acabar com tanta impunidade e fazer disto um país.

[Ironias da História, ou Com a verdade me enganas! - As pegas chamam a isto o Processo Marquês. E ao Marquês fizeram-lhe a mesma coisa, logo que fechou os olhos o rei do terramoto.]

Onde é que se encontra agora o Palácio de Inverno?!

Jerónimo de Sousa repisa aqui uma tecla conhecida, embora nunca expressa: prefere um governo da direita decadente a um governo do Costa e do mísero PS.
E critica aquelas gentes da esquerda, empenhadas em "juntar as águas para que o afluente vá ter ao PS". Para isso não contem com ele, porque ele é patriótico e de esquerda.
O que Jerónimo não explica é a bengala trôpega do PEV de que se serve há séculos, para ir à urna do voto com o mal-me-quer duma coligação, a CDU.
Segundo a teoria de Jerónimo, o PS é igual ao PPD, se não for muito pior. E vem de há cem anos atrás, da desgraçada República de Weimar, na Alemanha. Foi nessa altura que o Stalin pôs na boca de Thälmann, dirigente dos comunistas alemães, esta ignomínia que ainda hoje dura: "Que venha Hitler! Nós seguiremos Hitler!". E ele veio, claro, conforme veio o Relvas, e o Passos, e o Portas, e a troika, e a oligarquia toda. E o Jerónimo ganhou 5% nas eleições seguintes.
Jerónimo podia ao menos dizer-nos onde é que fica hoje o Palácio de Inverno. Para nos servir de alguma utilidade, e ajudar-nos a pôr a coisa em pratos limpos.

Ora toma lá

Um rasto de dignidade. E outro de legalidade.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

«Tenho um percurso político que não é dos melhores, mas também não é dos piores, mas a verdade é que estou num dos momentos mais altos do meu percurso político.»

O resto vem aqui, e ali, e acolá.

A demissão

Por singelas razões de sanidade mental, há muito que fechei a porta ao exterior. À informação, à imprensa, à internet. Montei uma tenda no terraço, reconciliei-me com as megeras das gaivotas e ganhei algum sossego.
Porém um dia destes cedi à cafeína. Logo me constou na rua que um ministro, de entre os pares, pedira a demissão. Ora, a mim, a pátria em lágrimas e o Passos em haraquíri, sem aquela trabalheira jihadista de lhe cortar o pescoço, sempre me comoveram altamente. Aquilo era o bom da festa, não o perdia por nada. E foi por essa razão que decidi activar o sistema de escutas que ali anda, e que em tempos mandei vir da América. Por então eu tinha crenças na utilidade das tecnologias modernas, coisa que depois me passou. Mas o gadget é infalível e escapa-lhe muito pouco.
A primeira intersecção veio de perto. Era uma vizinha ao telefone, a ladrar contra as misérias da cunhada, que é uma cabra. Depois passaram conhecidos do Salgado, mais que muitos, e ouvi mesmo inconfidências que não ouso aqui trair, dentro do júri dum prémio literário. Por vezes o discurso empastelava, e fazia-me lembrar os hackers sabotadores de que a loira se queixava. Mais que razão tinha, a pobre! Mas ainda ouvi o Crato, a desvendar a um guru o seu ardiloso plano de passar o Ministério à clandestinidade, para conseguir levar a exame os professores contratados. Ao sábado e à sorrelfa, longe do horário das greves. E assim ficar com o Nogueira taco a taco, pois também ele desapareceu do mapa e se clandestinizou, logo que levou à certa os professores, contra a ministra sinistra de há uns anos.
Foi no meio de tanta algaravia que ouvi falar alemão. Era o Passos que falava com a Merckel, a queixar-se do poltrão desse ministro que tinha claudicado. E ele não descortinava onde encontrar substituto.
Ora Frau Merckel, a mim, conhece-me de jingeira. Fomos vizinhos há 40 anos, na terra dela, em Berlim, onde me levaram os ventos duma história generosa. Subíamos para o eléctrico ainda de madrugada, ali num logradouro, cada um à sua vida. Mas éramos jovens e sonhávamos a cores, apesar do cinzentismo do clima. E a silhueta da Merckel, nessa altura, não era nada daquilo em que depois se tornou. De maneira que aos domingos praticávamos nudismo numa praia fluvial. E certa noite fomos à Ópera Cómica, ver La fille mal-gardéeHonni soit, era assim a tradução em língua compreensível do bailado anunciado no cartaz: Die schlecht behütete Tochter.
Para voltar à fria vaca, oiço a Merckel dar ao Passos o remédio do ministro tão poltrão: era eu a boa chave da questão! 
A minha alma ficou parva, resisti a custo ao pânico. Faltava-me agora o Passos a tocar-me à campainha para fazer de mim ministro! Bloqueei o ferrolho, pus uns tampões nos ouvidos, cheguei a meter um cartucho na câmara. Mas lá resisti ao frenesi.
Hoje parece que já posso desarmar. Ouvi na escuta que apanharam numa rusga uma megengra qualquer e puseram-na a cantar. Ela escolheu o mal menor e acabou a mandar no ministério. 
Oxalá que amaine esta invernia, já que posso enfim voltar à rua!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Sócrates

16 de Novembro.

O terno feminino

Nessa altura eu era jovem, era ele um ganapito. E a perfídia maternal, a mais impune, a mais acarinhada, e a mais venal das possíveis, elidiu-nos aos dois trinta e cinco anos de vida e de convívio.
Finalmente ele chegou, uma doçura com cabelos brancos. É que a história será lenta, como um camelo em frente do deserto. Mas nunca deixa facturas por entregar.

Avivar a memória

«Em 1953, há 60 anos - apenas uma geração - a Alemanha de Konrad Adenauer entrou em default, falência, ficou kaputt, ou seja, ficou sem dinheiro para fazer mover a actividade económica do país. Tal qual como a Grécia actualmente. A Alemanha negociou 16 mil milhões de marcos em dívidas de 1920 que ... entraram em incumprimento na década de 30 após o colapso da bolsa em Wall Street. O dinheiro tinha-lhe sido emprestado pelos EUA, pela França e pelo Reino Unido. Outros 16 mil milhões de marcos diziam respeito a empréstimos dos EUA no pós-guerra, no âmbito do Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs (LDA), de 1953. O total a pagar foi reduzido 50%, para cerca de 15 mil milhões de marcos, por um período de 30 anos, o que não teve quase impacto na crescente economia alemã. 
O resgate alemão foi feito por um conjunto de países que incluíam a Grécia, a Bélgica, o Canadá, Ceilão, a Dinamarca, França, o Irão, a Irlanda, a Itália, o Liechtenstein, o Luxemburgo, a Noruega, o Paquistão, a Espanha, a Suécia, a Suíça, a África do Sul, o Reino Unido, a Irlanda do Norte, os EUA e a Jugoslávia.  As dívidas alemãs eram do período anterior e posterior à Segunda Guerra Mundial. Algumas decorriam do esforço de reparações de guerra e outras de empréstimos gigantescos norte-americanos ao governo e às empresas. Durante 20 anos, como recorda esse acordo, Berlim não honrou qualquer pagamento da dívida (!). 
Por incrível que pareça, apenas oito anos depois de a Grécia ter sido invadida e brutalmente ocupada pelas tropas nazis, Atenas aceitou participar no esforço internacional para tirar a Alemanha da terrível bancarrota em que se encontrava. Ora os custos monetários da ocupação alemã da Grécia foram estimados em 162 mil milhões de euros sem juros. Após a guerra, a Alemanha ficou de compensar a Grécia por perdas de navios bombardeados ou capturados, durante o período de neutralidade, pelos danos causados à economia grega, e pagar compensações às vítimas do exército alemão de ocupação. As vítimas gregas foram mais de um milhão de pessoas (38960 executadas, 12 mil abatidas, 70 mil mortas no campo de batalha, 105 mil em campos de concentração na Alemanha, e 600 mil que pereceram de fome). Além disso, as hordas nazis roubaram tesouros arqueológicos gregos de valor incalculável. 
Qual foi a reacção da direita parlamentar alemã aos actuais problemas financeiros da Grécia? Segundo esta, a Grécia devia considerar vender terras, edifícios históricos e objectos de arte para reduzir a sua dívida. Além de tomar as medidas de austeridade impostas, como cortes no sector público e congelamento de pensões, os gregos deviam vender algumas ilhas, defenderam dois destacados elementos da CDU, Josef Schlarmann e Frank Schaeffler, do partido da chanceler Merkel. Os dois responsáveis chegaram a alvitrar que o Partenon, e algumas ilhas gregas no Egeu, fossem vendidas para evitar a bancarrota. "Os que estão insolventes devem vender o que possuem para pagar aos seus credores", disseram ao jornal "Bild". Depois disso, surgiu no seio do executivo a ideia peregrina de pôr um comissário europeu a fiscalizar permanentemente as contas gregas em Atenas. 
O historiador Albrecht Ritschl, da London School of Economics, recordou recentemente à "Spiegel" que a Alemanha foi o pior país devedor do século XX. O economista destaca que a insolvência germânica dos anos 30 faz a dívida grega de hoje parecer insignificante. "No século xx, a Alemanha foi responsável pela maior bancarrota de que há memória", afirmou. "Foi apenas graças aos Estados Unidos, que injectaram quantias enormes de dinheiro após a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, que a Alemanha se tornou financeiramente estável e hoje detém o estatuto de locomotiva da Europa. Esse facto, lamentavelmente, parece esquecido", sublinha Ritsch. 
O historiador sublinha que a Alemanha desencadeou duas guerras mundiais, a segunda de aniquilação e extermínio, e depois os seus inimigos perdoaram-lhe totalmente o pagamento das reparações ou adiaram-nas. A Grécia não esquece que a Alemanha deve a sua prosperidade económica a outros países. Por isso, alguns parlamentares gregos sugerem que seja feita a contabilidade das dívidas alemãs à Grécia para que destas se desconte o que a Grécia deve actualmente. A ingratidão dos países, tal como a das pessoas, é acompanhada quase sempre pela falta de memória.»

domingo, 16 de novembro de 2014

Gold

« (...) Um país que vende autorizações de residência não em função do talento dos requerentes, do seu mérito, ou do papel que possam representar na cultura, na economia ou na sociedade, mas que os acolhe apenas em função da sua conta bancária, torna-se numa tenda de feira. Que tanto pode vender vistos, como empresas estratégicas, como favores. 
O facto de a prática ser comum a vários países aflitos, ou o reconhecimento de que vender vistos a milionários é como vender anéis para salvar os dedos, não deve esconder a questão essencial: um Estado decente de um país decente não devia vender cidadania. Deve oferecê-la a quem a merece.»
(Manuel Carvalho, in PÚBLICO)

Futricas outra vez!

«O governo prepara-se para aprovar o novo EMFAR *** nos próximos dias, sem ouvir os principais interessados, precisamente os seus destinatários, e sem ter integrado as Associações Profissionais de Militares nos Grupos de Trabalho como a Lei Orgânica nº 3/2001 estabeleceComo vem sendo habitual, o Governo vai mascarar esse seu procedimento com uma “comunicação” apressada do que fez às APM (que pretenderá fazer passar por audição, a fim de contornar a Constituição e a Lei, aspectos em que se vem revelando exímio), depois de tudo estar decidido.
No final do processo, depois de impor as suas condições, o Governo afirmará que o documento mereceu a concordância dos Chefes Militares, como, também, tem sido habitual.
O EMFAR traz GRAVÍSSIMAS alterações que vão ainda piorar, MUITÍSSIMO, as legítimas expectativas e, com isso, a vida dos Militares, especialmente os do Activo, bem como a das suas Famílias (assim indicam os "rumores" que nos têm chegado (...)»

*** Estatuto dos Militares das Forças Armadas

Troco

Em entrevista à Visão, disse o SG do PCP que a substituição da liderança no PS, pelo Costa, não foi mais que "um processo de mudança de caras". Assim mesmo e só!
Ora isto (em linguagem despida dos véus de uma certa urbanidade e da dita boa educação), é o mesmo que mandar à bardamerda 200 mil cidadãos eleitores da área do PS, envolvidos no assunto.
Pela parte que me toca, e é alguma, deixo aqui, a Jerónimo, o troco. Exactamente na mesma moeda, a igual câmbio. Vá bardamerda mais os seus palpites!

Visto de longe

Parece um texto chato. Mas é leitura útil.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Com a verdade me enganas!

[Martin Luther King, líder dos direitos cívicos na América, assassinado a tiro em 1968]
Foram sempre assim. Estes acabam sempre por tirar a máscara, quando isso já não servir a ninguém.

Futricas aos comandos. Ainda por cima cretinos chapados.

"A Força Aérea pediu ao ministro da Defesa que aprove a "convocação de militares na reserva de disponibilidade", com vista a ultrapassar a situação crítica que a falta de militares bombeiros está a ter na execução e segurança da atividade aérea. Num memorando enviado a José Pedro Aguiar-Branco, o general José Araújo Pinheiro, Chefe do Estado-Maior da Força (CEMFA), deixa claro que a situação "está a pôr seriamente em causa a capacidade da Força Aérea para garantir a prestação de assistência e socorro nas suas unidades."
Se o ministro da Defesa aprovar a convocação dos militares bombeiros na reserva, os interessados terão de se oferecer para prestarem serviço durante quatro meses, prorrogáveis até um ano. Ainda segundo o CEMFA, de um efetivo total de 115 militares bombeiros, a partir desde mês "o efetivo real passará a ser de 64 militares."
[António Sérgio Azenha, CM de 2014NOV14]

Um vígaro apoiado num paraplégico

Ou será antes ao contrário?!

Os mantras dos mixordeiros, para esvaziarem o efeito Costa - 8

Manchete do arquitecto Saraiva, num jornal que só anda por aí à custa duns petro-dólares dos donos, que moram longe:

«Costa deita fora Seguro e recupera Sócrates.»

Aqui para nós, não é que o rapaz ficasse a perder com a troca. Mas o que dói ao romancista Saraiva, e à Newshold que lhe paga o estipêndio, é esta coisa do Costa ser algo mais que uma brincadeira Leggo. 

Ainda a propósito!

PAC

Antes de haver as rotas que hoje existem, atravessava-se o Ribatejo, o Alto Alentejo e a Idanha pelas estradas nacionais. Via-se através delas um país que agora deixou de estar à vista.
Ainda me lembro das plantações de tabaco do Sorraia e do Ródão, do tomate e dos pêssegos de Montargil, e sobretudo da beterraba sacarina dos campos de Coruche. Produzia-se açúcar de cubinhos numa açucareira dessas, num cruzamento de estradas, igualzinho ao que se gasta para lá da fronteira e por essa Europa fora. Os campos conheciam o seu destino, os agricultores tinham trabalho e rendimento, a produção nacional tinha um papel.
Em 2006 as imposições da PAC e as cotas de sacarina encerraram a fábrica. Para protecção, claro está, da poderosa agro-indústria europeia, mormente a francesa. E a fábrica de Coruche só achou sobrevivência retrocedendo à refinação de ramas de cana de açúcar, produzidas por escravos muito antigos e importadas dum Caribe qualquer.
Serve este pormenor como exemplo da qualidade e ousadia das políticas agrícolas nacionais. Há muitos anos atrás, depois de constituída, o primeiro gesto da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal) foi inventar as mocas de Rio Maior, dum tal Casqueiro. E o segundo foi construir uma sede de raiz, que ainda hoje lá está, por um milhão de contos dos de então. Pagos com apoios da PAC, ao que suponho!

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A dor de corno dos herdeiros da União Nacional, que aí andam a esfacelar Portugal

Pois pudera!!!

A frase

"Cuidado com aqueles que estão sempre a ler livros." 
(Charles Bukowski (1920-1994), poeta e romancista norte-americano).
[no PÚBLICO de hoje]

Esta a única frase do autor que justifica o trabalho da impressão.

Porqué no te callas?!

Francisco Assis é um homem inteligente. Mas tem lá uma costela de estúpido e de imbecil, a que hoje deu voz numa página do PÚBLICO. 
Isso a propósito duma nota do PCP sobre a RDA e o muro de Berlim, cuja queda, há 25 anos, foi recentemente celebrada e badalada.
O texto de Assis pode ser visto no PÚBLICO, por quem estiver curioso. O que se não pode ver em lado nenhum é para que serve aquela página inteira, de semi-verdades, de inverdades e de tiradas retóricas sobre a história e os falhanços do socialismo real, e coisa e tal . A não ser para atiçar um formigueiro ideológico enraivecido, que há cem anos já vive em polvorosa fatal.

Morre o marquês vermelho

Sem se dar conta, Portugal perde.

O trapio dos bichos

É este aqui!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

União Europeia?!

Ou covil de bandidos?! Ou quadrilha de salteadores?!

O cabrão do Portas

Faz da malta parva. Mas nem todos o são.

Querem entalar o homem?

Têm sugestões avulsas:
"Será importante que ele explique a estratégia para que:
1. Portugal ganhe muito proximamente o concurso da Eurovisão;
2. Jorge Jesus integre a lista dos dez melhores treinadores do ano;
3. se conclua se Deus está ou não no Bosão de Higgs;
4. António Lobo Antunes satisfaça enfim a sua vaidade e ganhe o Nobel;
5. Joana Carneiro deixe de dar tantos pulinhos quando está a fazer que dirige uma Orquestra;
6. as raparigas jiadistas voltem do Médio Oriente e tenham entrada direta na Casa dos Segredos;
7. a Catherine Deneuve se passeie com o sua sósia no Parque Eduardo VII;
8.  José Rodrigues dos Santos nunca mais cause estragos ambientais com a sua escrevinhice;
9. se encontre o famigerado ponto G, que alguns cientistas dizem não existir;
10. Jessica Athayde perca os quilos que dizem ter a mais." 

E há mais AQUI!

Os mantras dos mixordeiros, para esvaziarem o efeito Costa - 7

Dum lado chove: "A obra prima de vacuidades e banalidades confrangedoras que é a tal moção do sargento Costa!"
Doutro troveja: "Para se antecipar o que será uma governaçâo com Costa, é favor olhar para Hollande e ver o que se passa em França."

A seta

No centro do alvo. Aguardemos o congresso do PS.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Boa varada

Velho!

Cachorros fiéis

Um carro de ferro sempre é outra coisa, di-lo e redi-lo a experiência. Uma noite estava eu parado na ponte da Arrábida, era o último da bicha que um imprevisto causara, lá à frente. Às tantas ouvi um baque na traseira. Mau Maria!
O velho duque tinha lá atrás o espigão do reboque. É um aríete de respeito, e eu nem me dei ao trabalho de sair, o frenesi do mundo que se avenha. Não tardou muito aparece-me à janela um cidadão cordato e pesaroso, que vinha distraído, e coisa e tal. Era o antigo presidente da câmara de Gaia, um tal Meneses. Custou-me a reconhecê-lo. Mas entendi que viesse naufragado nos calotes da câmara, pudera! Entendemo-nos depressa. Ele teve que mudar metade do motor, eu engrenei a primeira e fui à minha vida.
Bem pior passou o duque, numa emboscada que há uns anos lhe fizeram, na 2ª circular da capital. Eram duas da manhã, vinha do aniversário duma gente amiga, no Pátio do Seabra, ali à Ajuda. Por cima do viaduto do relógio tinham organizado um grandíssimo arraial. Cirenes da polícia lá à frente, rotativas dos bombeiros, uma matilha de pronto-socorros, e quinhentos metros de trânsito parado nas três faixas de rodagem. Eu fiquei no fim de todos.
Às tantas senti um choque, e assustou-me um grande estardalhaço. Um meteoro tresmalhado entrou-me pela direita, começou a fatiar-me o duque desde a porta traseira, foi-lhe enterrando cada vez mais os dentes, até chegar ao guarda-lamas da frente e arrancar a roda inteira. 
Era um velho Austin inglês, a cento e tal quilómetros por hora. Fez ricochete para a fila da direita, entrou pelas traseiras dum Renault que estava ali parado e foi bater num jipe à sua frente. Ainda mal-contente ressaltou para fila da esquerda, roçou-se numa carrinha Toyota com um atrelado de cães de caçadores que iam para o Alentejo, e acabou o tal Maestro num destroço de ferrugens amassadas contra o betão do separador central.
O acidentado, um guarda-portão da TAP encharcado em cocaína, já não foi pegar no turno. Uma ambulância levou-o para o hospital e a polícia nem lhe fez o teste do balão. O marginal nunca fez a participação ao seguro. E tiveram que passar dois meses, até que a oficina do C. Santos me devolveu o panzer como novo. Mas lá veio, como os cachorros fiéis.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Sócrates

9 Novembro.

Emoções

Não frequento salões nem fariseus soberbos. Na minha cidade chove, há desesperos, as ruas têm buracos. E as pessoas comovem-me e enfurecem-me.
A um lado porque são tão frágeis e precárias. A outro, sempre que são néscias, alheadas e inconsequentes.
É que depois dá nisto: "(...) [Gaspar] ainda não tinha então concluído que os ricos têm sempre razão, já que, quando a não têm, vem a fraqueza dos pobres oferecer-lha. (...)" ***

***As Aves Levantam Contra o Vento, Quasi Edições, Famalicão, 2007, pág. 25.

Narradores

Refugiei-me n'A Estrada do Tabaco, com os seus oitenta anos. Será um realismo algo vetusto, démodé, que hoje não reserva novidades. Terá tanto de ingénuo quanto de previsível, se assim me posso exprimir. Mas está vivo, ensina e edifica, menos no discurso e mais nos tipos que o povoam.
É que me falta paciência para os narradores que aí andam, e apenas deixam vazio quando passam. Uns pintam a vida tal como ela é, ou como sonham que fosse, quotidiana, cor-de-rosa, light. Uma sensaboria onde não há relevos, onde pouco se sugere e menos ainda se aprende. 
Uns tantos chegam a surpreender, pelo caos doente da contemporaneidade. Imitam sem o saber o que o Bret Easton Ellis fazia há trinta anos, e era bem menos inútil do que estes sucedâneos. 
Outros são mais requintados. Do Bukowski reproduzem o cabotinismo cínico, imitam-lhe os excessos, abastecem o mercado. E são ainda mais tóxicos do que ele.

domingo, 9 de novembro de 2014

Uma destas

É do caralho!

Delícias tecnológicas

«De Janeiro a Outubro deste ano os incidentes com raios lasers aumentaram significativamente.
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) recebeu, entre 2012 e Outubro deste ano, o registo de quase 550 casos de lasers apontados a aviões em pleno voo, perto dos aeroportos nacionais.
"Incidir um feixe luminoso de um laser para a cabine de uma aeronave não é apenas um ato criminal, é uma questão de segurança grave para os pilotos"
A situação é considerada "grave" para a aviação e, segundo dados a que agência Lusa teve acesso, o GPIAA recebeu 108 reportes em 2012, número que praticamente duplicou em 2013, para 215.
De Janeiro a Outubro deste ano os incidentes com raios lasers aumentaram significativamente, para 218, perfazendo um total de 541 ocorrências reportadas por pilotos de várias companhias aéreas e pela NAV Portugal -- prestador de serviço de tráfego aéreo -, desde 2012.
Só este ano, verifica-se que, dos 218 reportes registados, 94 ocorreram no Aeroporto do Porto, 70 no Aeroporto de Lisboa, enquanto em Faro há o registo de 34 situações relatadas e 20 nos aeroportos dos arquipélagos da Madeira e dos Açores. (...)
Álvaro Neves explicou que a incidência de um laser "pode ocasionar um dano à visão do piloto, com queimaduras e hemorragias na retina, além de distracção e uma cegueira momentânea, que impossibilita manter a proficiência de pilotagem da aeronave em segurança, culminando até mesmo com a perda de controlo em voo".»

É isto e as chamadas para o 112 com falsas emergências. Uma autêntica delícia da nossa civilização!

sábado, 8 de novembro de 2014

Outubro

Ou Novembro.

Europa?!

1) Diz-se aí à boca cheia que o governo do Luxemburgo tem acordos secretos firmados com centenas de multinacionais (bancárias, tecnológicas, industriais e de serviços), ao abrigo dos quais as empresas escapam aos impostos devidos nos seus países, e pagam no Luxemburgo taxas que se aproximam do zero. O mais certo é haver entre elas empresas portuguesas. Ao tempo da celebração desses acordos, J.C. Juncker chefiava o governo luxemburguês, e foi seu ministro das finanças. Hoje é o Presidente da Comissão Europeia. Inquirido pela imprensa, sacudiu a poeira da lapela e deu carta branca à sua Comissária das Finanças, por achar que essas práticas são indecentes.
2) Os países do sul da Europa, e Portugal especificamente, estão a ser esquartejados por programas de austeridade e ajustamento, como cordeiros no açougue, a pretexto dos limites da dívida e do défice públicos. Sujeitos ao espartilho do euro, com as economias paralisadas, com o desemprego que aí anda, com os gastos em subsídios sociais às famílias em penúria, os países do sul não dispõem de mecanismos de intervenção que lhes acalentem qualquer hipótese de diminuir as dívidas e domesticar os défices públicos. A América, que gerou esta sarna das finanças com a bomba do sub-prime, pôs as rotativas do Tesouro a funcionar e tem o problema ultrapassado.
3) O salário mínimo nacional é aumentado em dois patacos. Logo a Comissão admoesta que os governos não podem baixar a guarda do ajustamento, e que os compromissos da dívida são para cumprir.
4) Duma assentada, o governo de Portugal manda para o desemprego setecentos trabalhadores dos serviços sociais.
5) O FMI afirma e considera que Portugal tem que reformar o ensino e aumentar os alunos por turma, para diminuir a despesa e reduzir o défice público.
6) A sra. Merckel alemã considera e avisa que Portugal tem licenciados a mais.
7) Nos 4 anos de vigência deste governo, 350 mil portugueses emigraram para escapar ao desemprego e à penúria, num movimento que Portugal não via desde os anos 60 do século passado. Para além dos apanhadores de fruta, e dos canalizadores, e das femmes-de-ménage, uma boa parte destes novos emigrantes são engenheiros, são cientistas e pesquisadores, são arquitectos, são informáticos, são técnicos de saúde e enfermagem. A sociedade e as empresas alemãs, e as inglesas, e as australianas, e as luxemburguesas, e as brasileiras, e as canadianas, e as dos cheques do petróleo, e as restantes servem-se desta força de trabalho e chamam-lhe um figo. Sem terem gasto um tostão na sua formação.
8) Em Bruxelas, os trabalhadores incendeiam automóveis pelas avenidas e entram em batalhas campais com a polícia, em protesto contra a austeridade que o novo governo quer impor.
9) Em Londres e noutras cidades, milhões de máscaras protestam nas alamedas contra o liberalismo selvagem, contra o capitalismo, contra a ausência de democracia, contra as desigualdades obscenas. Em Lisboa juntou-se uma centena. 
10) Em Portugal, já foram assassinadas este ano 31 mulheres, vitimadas pela violência doméstica. Nos últimos dois anos, mais de uma centena de crianças ficaram órfãs de mãe, imolada pelo respectivo pai.
11) Na Comissão Parlamentar de Economia, o ministro Pires de Lima, o das cervejas, compondo um ar de bêbado ou de atrasado mental a armar ao engraçado, reafirma que a PT foi destruída pelos seus gestores, envolvidos em interesses e negócios de ruína, por culpa dum cabrão chamado Sócrates.
12) O secretário-geral do PCP não se cansa a declarar que para a ruína de Portugal se conjugam o PS, o PSD e o CDS. Igualitariamente, porque são iguais, os três. Será verdade?!

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Morcegos

Soube depois que a Ferrominas entrou em processo de falência em 1983. E o facto arrastou consigo o abandono da extracção dos minérios, a morte súbita do comboio de vagões, o fecho do gabinete dos projectistas e o encerramento das minas. E isto tudo aproveitou a uma colónia de morcegos, que se puseram a dormir lá dentro de cabeça ao pendurão.
Mas ficaram na serra do Reboredo oitenta milhões de toneladas de minério. E consta que a MTI quer retomar a exploração durante 60 anos, quer investir 600 milhões e quer pôr a trabalhar 500 mineiros. 
A notícia deixou luz na escuridão, não fosse o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas ter o projecto parado. Bem promete a MTI fazer uma galeria para os morcegos dormirem em sossego. O Instituto precisa de saber se os morcegos lá hibernam, ou se apenas se limitam a invernar.
Pelo trilho que as coisas levam neste mundo, a cada dia amanhece um cristão mais perto da condição de sem-abrigo. Cá por mim, se os fados o permitirem, antes quero ser morcego na próxima incarnação.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Os mantras dos mixordeiros, para esvaziarem o efeito Costa - 6

Para qualquer observador atento, é evidente que o PS de Costa não tem nada de diferente a apresentar aos portugueses, que seja diferente do PS de Seguro. Assim como este nada tinha, em relação ao PSD de Passos.

Os mantras dos mixordeiros, para esvaziarem o efeito Costa - 5

Confusas cavalgaduras assustadas vão sugerindo que o PS tem de escolher: ou quer recuperar José Sócrates ou quer recuperar o país. Os dois juntos, não dá.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Melhor que esta versão

Não há disponível!

Os mantras dos mixordeiros, para esvaziarem o efeito Costa - 4

Esse papão da bancarrota sempre que se fala de Sócrates, visa apenas insinuar na cabeça do Costa e do PS, que é melhor "apagar" Sócrates da história do PS e do país.

Estava aqui a pensar que isto é demais

Mas não é verdade. Uma grande parte merece o enxovalho. E uns tantos até o aplaudem. 

Foi de facto assim

Que as coisas se passaram.

Não estava preparado, nunca está!


[350 mil emigraram nos anos deste governo. Não se via disto há meio século]

Sempre pela traição corrupta de pseudo-elites, várias vezes Portugal foi conduzido ao calvário desde há séculos. Já o tinha sido por insânia pura, e por temeridade, e por cobiça infrene, ou pura inveja, ou falsos ideais, ou fanatismo religioso, ou vil jactância, que todas são fatais. Só elites de falhados apostam quinhentos anos de vida num império que não chegaram a materializar.
E volta a sê-lo, desta vez, por más fortunas, que em sua perdição se conjuraram: o refúgio numa Europa, que afinal é um coio traiçoeiro de assaltantes da finança global; servida aqui por um governo em que a ignorância, a necedade primária, a incompetência e o videirismo malsão atingem proporções nunca vividas.

José Sócrates

2 de Novembro.

domingo, 2 de novembro de 2014

Os mantras dos mixordeiros, para esvaziarem o efeito Costa - 3

O PS do Costa, ao assumir o passado dos governos socialistas, põe-se em risco. Sócrates está por trás disto. E o povo não o entende, porque detesta e culpa Sócrates.

Os mantras dos mixordeiros, para esvaziarem o efeito Costa - 2

O Ferro Rodrigues, o Vieira da Silva e o grupo parlamentar são tralha ferrugenta. O PS do Costa não traz sangue novo.

Os mantras dos mixordeiros, para esvaziarem o efeito Costa - 1

O Costa não se define, não diz o que quer. O PS não tem programa alternativo para o país.

Sócrates

26 de Outubro.

Da capo

Pai Natal

Diz-se que nascer é uma benesse. E assim será. Mas a bênção verdadeira consiste em ser infante no seio dum casalinho português da middle-class. É uma cornucópia de bem-aventuranças bem digna do Pai Natal.
A primeira decisão que os papás tomam, mal o infante se instala nas suas vidas, é deixarem de ser mulher e homem. Abdicam da condição, no bom propósito de se tornarem papás a tempo inteiro.
Há um tempo em que o infante se limita a deglutir, a dormir e a defecar. E os dois papás, enquanto seguem ansiosamente o gráfico dos pesos e medidas, vivem o seu período de exaltação.
Depois o infante começa a gatinhar, começa a gaguejar, ensaia os primeiros gestos de representação. É então que os dois papás, mais a família inteira, e também os amigos que vieram, lhe oferecem o papel de prima-donna e lhe cedem o palco inteiro. Organizam no salão a roda em volta dele e cada um a seu modo o estimula. A mamã pede-lhe um gesto, a tia dá-lhe uma deixa, a avó bate-lhe palminhas à precocidade. E o infante faz o pino, puxa a orelha do gato, deita a linguita de fora, cospe na mão da madrinha. A distância entre o infante e um macaquito de circo reduz-se perigosamente. Mas ganha imenso a alegria do salão e a felicidade colectiva.
O infante já descobriu que está no centro dum mundo onde nada mais existe que o seu egoísmo cruel. E estabelece metodicamente a sua ditadura, em que vai introduzindo invencíveis tácticas de guerrilha. Não tem horas de dormir ou de comer, nem de chegar ou partir, nem de falar ou de ouvir.
O casalinho há muito que anda esfalfado, que não dorme, que não vive. Evita lugares públicos onde se exija alguma compostura, e há muito tempo que trabalha a meio gás. Mas assume esse calvário em função dum projecto de família, e mais que tudo em função do seu projecto de futuro.
Tendo assim sido menino, o infante faz-se criança, e torna-se adolescente, e há-de alcançar um dia a maturidade. Na escola descobriu o telemóvel, conheceu o mp3 dum companheiro, ouviu falar duma nova play-station. E só há boa cara para os papás se eles aceitarem o negócio. Caso contrário não abre a porta do quarto. Depois a cena repete-se por aquela marca de roupa, por um acessório gótico, por um camuflado da guerra do Afeganistão.
Um dia a criança quer ir à discoteca. E os papás, que já não têm vida própria, que têm que trabalhar, que deixaram de ter intimidade, que há muito se não entendem, que padecem de impotência irreversível, pagam a um segurança profissional que a venha buscar a casa, e lha devolva às quatro da manhã.
Os papás já não são uma família. O infante agora só tem mamã, porque o papá foi-se embora. E um dia o adolescente, desinteressado da escola, vai à sua viagem de finalistas, porque no último período fez um esforço que afinal não resultou. A mãe arranja um segundo trabalho, que um só não chega para as encomendas. Além dum carro para poder ir às aulas, ela tem que lhe pagar as propinas na privada, onde o infante se há-de licenciar um dia em Relações Internacionais.

Weltliteratur

No último Ípsilon, António Guerreiro abre-nos o cartucho do Prémio Leya (cem mil euros, recentemente atribuído), desenrola o novelo que ele de facto é, e aponta o que isso significa para a literatura. Tudo bem diverso do que imaginamos.
1)
- O júri é constituído por 7 (sete) destacadas personalidades do mundo literário e cultural;
- A escolha do júri é feita sobre um corpus de dez inéditos, no máximo;
- As centenas de trabalhos concorrentes são previamente seleccionadas pela editora, segundo critérios que hão-de ser tudo menos neutros; 
- O autor premiado abdica de direitos de autor até aos 85 mil exemplares vendidos;
- E "cede à Leya o direito exclusivo de explorar comercialmente (o livro) sob todas as formas e em todas as modalidades, em todo o mundo";
- Isto é, não existe aqui prémio algum. Há um contrato comercial, onde alguma alínea obscura incluirá um prestígio simbólico e imaterial, avalizado por destacadas personalidades.
2)
- A concepção de uma literatura como objecto autónomo cedeu aqui lugar a um produto literário do género editorial.
- E este editorialismo define hoje uma "literatura mundial", que nada tem que ver com a Weltliteratur de que em tempos se falou. Esta "mundialidade" literária não é o estado de um conjunto de obras, é o produto que sai duma "fábrica do universal".
- Por este caminho, para onde vai a literatura? - [pergunta A. Guerreiro, que responde]: vai no sentido do seu desaparecimento, ou pelo menos de uma forma de desaparecimento que nos faz ver claramente quão exíguo é o espaço público que lhe está reservado.
3)
Há nos trabalhos de Tordo uma grande vantagem: ele sabe o que é uma história, e conta-a com eficácia. O que lá vem dentro, e para que serve, é outra questão. 
É literatura de sala de espera, que alguns académicos confusos misturam com cosmopolitismo, sem darem conta dos equívocos em que nos encurralam.
Ou a obra literária rompe dum húmus cultural próprio, ou é um produto de mercado semelhante aos pepinos. Que são iguais aqui, ou na Finlândia, ou na ilha da Taprobana.

Cartas ao director

A propósito da comenda de Cristo a outorgar pelo Cavaco (que a Sócrates não faz falta), oiça-se a voz do povo, o nevoeiro mental que para aí anda, a tolice contentinha, a necedade, a desinformação, a ignorância de quem emprenha de ouvido.
Um tal Gaio, quiçá ingénuo e bem intencionado, há dias dizia assim:

« (...) Houve benefícios para o País a creditar ao consulado de José Sócrates? Certamente que houve. Mas também houve incontáveis prejuízos que pesam negativamente no seu desempenho. (...) Lembro a “febre” da construção de auto-estradas, muitas absolutamente desnecessárias — como o constata o reduzidíssimo tráfego que lá se verifica. Lembro o frenesim do projecto do novo aeroporto de Lisboa — primeiro na Ota, depois no Montijo — a enormidade de trabalho realizado em estudos, em avaliações, em propostas, etc. Lembro, finalmente, o comboio de alta velocidade. Os estudos que se fizeram, os pareceres que se procuraram, os consultores que foram solicitados, a enormidade de propostas avaliadas! E tudo isto rigorosamente para nada! E o dinheiro incontável que foi enterrado nestas aventuras — e cujo montante, os contribuintes desconhecem — certamente que faria muito jeito para minorar a gravidade da nossa presente situação. Acham que este despesismo descontrolado, este esbanjamento sem medida do dinheiro dos contribuintes é compatível com a atribuição de qualquer condecoração? Eu acho que não.»

O Sócrates andará longe de merecer a comenda da rotina. Em contrapartida, muitos portugueses merecem bem o que têm.

sábado, 1 de novembro de 2014

A natureza mostra o que é básico

A desorientação, o sofrimento, a angústia, o medo, o desespero, a anarquia e o caos, que dia a dia se vêem alastrar na sociedade portuguesa, são o mesmo efeito inelutável de uma causa conhecida: quando um rebanho abandona o pastor, acaba tresmalhado.
Os portugueses (em grande parte e desgraçadamente a imagem do rebanho) tinham um governo limitado, contingente, mais do que capaz de errar. Mas era patriota e era sério, mesmo quando cometia erros.
Levados pelas vozes falaciosas duns escroques primários que servem a oligarquia, e empurrados pelo aventureirismo dumas seitas conhecidas, os portugueses lançaram-no borda fora. Esquecidos já de tantas lições da história, que nunca conheceram muito bem, deram a chave da casa a um bando de assaltantes e traidores. Agora é isto. Até à redenção!

Ulular

O ulular das bestas perante a realidade é sempre patético, enquanto não for trágico. Salvífico é só não o temer, nem recuar perante ele.
Há mais, aqui.