quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Ele há males que vêm por bem, ou a parábola das pragas


Introduzido na aquacultura espanhola, o lagostim-vermelho da Louisiana depressa se tornou uma praga em toda a Península Ibérica, com fortes prejuízos nos campos de arroz. Já para as cegonhas foi um maná bíblico, uma vez que existem hoje em Portugal mais 4 mil ninhos do que em 2004. "Durante parte do séc. XX, a população de cegonhas brancas diminuiu de modo preocupante, sem se saber porquê. Em 1984 foram contados 1533 ninhos, quando em finais de 1950 eram 3490. (...) Dantes a maior parte dos casais migrava no Outono rumo a África, em busca de alimento. (...) E o que fez a cegonha desistir de migrar foi a existência cada vez maior de alimento disponível, sobretudo no Inverno. (...) Em 1995 foram contadas 1187 cegonhas brancas a passar o Outono em Portugal. Em 2008 eram já dez mil." Ora o lagostim-vermelho desempenha nisso um papel fundamental.
O caso da cegonha negra é algo diferente. "Muito bela também, é no entanto mais temerosa. Não acompanha os tractores enquanto lavram. Não faz ninho nas torres das igrejas nem se aproxima tanto das pessoas."
Quanto mais se baixam as calças, mais as bragas íntimas se vêem! Este princípio geral não o descobriu ainda a cegonha negra, a timorata. Um dia destes vai ter que o aprender.
[Citações de A. Caldeira, no jornalinho de S. Pedro do Rio Seco]