terça-feira, 30 de setembro de 2014

Ó Tadeu!

O que tu queres sei eu!

Alta-tensão

Chamo-lhe só Alpoim, ao da Mar Verde e das bombas, e do tesouro de Santa Maria da Oliveira assaltado em Guimarães, e das peripécias do MDLP. Agora falecido, paz à sua alma.***
Para mim o Calvão era outro. Ambos de Chaves, provavelmente parentes. Mas o meu Calvão era um chavalo cadete, o primeiro do curso a patinar. Íamos à quarta-feira experimentar à Ota as primeiras emoções, no Chipmunk. Às vezes empilhavam-nos num JU-52 e era um pau!
Acompanhado por um alferes já velhinho, um dia o Calvão embateu com a passarola nuns cabos de alta-tensão, diluídos na neblina. E nós lá fomos, num armão da tropa, devolver o Calvão à sua terra.
Passámos naquilo um dia e uma noite, e o pior foi a subida do Marão. Mas lá chegámos, lá passámos a ponte dos romanos, creio que a mãe do Calvão é que nos matou a fome num estanco da praça. E lá deixámos ficar o Calvão verdadeiro, sem torres nem espadas de lata na lapela.

*** Outra versão da Mar Verde, em modo "paleio de cona fascista".

Turn turn turn

To everything, there is a season!

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Desde há séculos, que são cinco

Condenado à penúria geral, à sobrevivência crua e a iliteracias múltiplas, o povo foi sempre muito melhor que as elites que gerou e o dirigiram.
Muitas vozes o têm afirmado. E outra vez o mostra a experiência recente.

Esperança já há!

E as dores de corno do PCP e do BE compreendem-se sem ir à bruxa nem ao psicanalista.
Agora falta o Carlos César como presidente do partido, reformando esta bonina, e pondo nos carris os estatutos e os prazos estatutários. E agilizando procedimentos que ficaram inquinados e se arrastam.

domingo, 28 de setembro de 2014

Sócrates

21 de Setembro.

Erro

Para o comité central, as eleições a que o PS acaba de ser submetido não passam d'uma farsa
É questão de honra ser ainda mais tóxico, inútil e sectário do que já antes parecia?!
Será fadário, determinismo histórico, praga duma bruxa?
Forte erro é!

Despacho ao domicílio

Nesse tempo não era nada fácil chegar a Vila Franca, que os caminhos não eram os de agora. Passa um homem o Chafariz do Vento, desce à várzea dos Vilares, estradinha fora, em dois tempos põe-se na estação.
Na altura corria a guerra, lá bem longe, o padre apregoava do altar para baixo que Deus estava connosco, quem sou eu para o desdizer. Mas ali ninguém dava razão do que a guerra seria. A lamúria dos patrões é que se não calava, lá de longe. Que havia bichas do pão, e senhas para o açúcar, da manteiga é melhor nem falar. De modo que ali na casa fazia-se o possível, que já era o costume. Pelo Natal, arrumadas as castanhas e desmanchada a ceva, preparava-se o fumeiro e despachava-se para Lisboa, ao domicílio.
Saí nessa madrugada no carro das vacas, eram três da manhã, com três cestões de fruta, queijos e morcelas, e algumas sacolas de feijão. Tudo bem cosido a serapilheira. Eu e mais o criadito, por cima da carrada levávamos lenha seca, porque um homem prevenido nunca se vê ao rebusco.
Era uma madrugada de judeus. No alto da Broca rompeu-nos a alvorada, eu fiz um alto para acender uma fogueira e as mãos não mo consentiram. As pobres das vacas levavam fusos de gelo a alindar os focinhos, sem que em volta se topasse uma luzinha de vida. Lá descemos as reviravoltas todas da encosta, até chegarmos à curva da chouriça. Parecia mesmo que a estrada queria voltar para trás.
Foi então que apareceu aquela alminha santa, um cristão que subia para o Feital. Acendeu-nos o lume, cuidou-nos dos narizes dos desgraçados bichos, deixou-nos a todos confortados. E pôs-se a mexer para casa, ainda tinha que andar.
O resto já pouco era. Pus os cestos na balança, pendurei neles as etiquetas de pau, e paguei o despacho ao domicílio. Meia hora depois o comboio parou, e cobriu a estação de fumarada.

sábado, 27 de setembro de 2014

Cantelowes

No Alcazar.

Uma nebulosa

De escroques.

Planos

Amanhã, depois de votar no Costa, vou a um estanco de Amarante, empanturrar-me de paio de Mondim e vinho verde do Basto. Fora com este frugalismo!

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Movida

Aproveitei o fecho da campanha do Costa e fui ao Ferreira Borges. Fiquei a conhecer as mudanças da cidade, nos últimos longos meses.
Um Porto atípico, com gaivotas a vogar na tarde plácida e o sol a morrer na Foz. Um teleférico a girar na outra margem, e Gaia a escorrer para o rio uma dívida de 300 milhões.
O largo dos Loios, a rua das Flores, a Cordoaria, os Clérigos (a movida?), são agora mercearias gourmet, com filigranas de arame, e compotas de frutos vermelhos, e esplanadas de mesa só, à beira do passeio, para consolar escandinavos de sandália. Os pavimentos tornaram-se transitáveis. Mas até as cachopas celtas que por lá sobrevivem são de plasticina, com sotaque e unha de gel.
Do Porto a sério, que ficou na história, só o Augusto Santos Silva. Esse mesmo, que foi ministro do Sócrates!

Intermezzo

Houve o Soares, o Constâncio, o Sampaio, o Guterres, o Sócrates... e agora vai haver o Costa à frente do PS.
Houve erros, confusões, discussões, algumas trafulhices, como não?! Mas o que é inegável é que o PS esteve na origem das nossas aquisições fundamentais, como país moderno. Só o comité central é que não reconhece isso, que o missal apócrifo lho não consente.  
Entre os dois últimos houve um intermezzo, muitíssimo agradável à direita oligárquica e alarve. Em que um paisano patego e deslumbrado ocupou o varandim, ainda "ensombrado pelo fantasma do locatário anterior".

Resto

Aberta parece apenas esta fissura. Hipotética, improvável, contingente.

Cinq-à-sec!

E pronto! O espantalho de primeiro-ministro que governa Portugal consultou finalmente a papelada pessoal e ficou tranquilo. Limpinho como quem vai ao cinq-à-sec. Cumpriu exemplarmente as suas obrigações de cidadania, enquanto ocupou as funções de deputado. Tudo quanto recebeu da empresa Tecnoforma (ninguém dirá quanto foi) foram despesas de representação, em cartão de crédito ou não, que não têm que ser declaradas ao fisco. O resto da limpeza fá-la-á a legião de sabujos que o rodeiam, igualando-o a Sócrates sempre que for necessário. Aqui não se falará mais do cadáver.
Vem-me à lembrança o chileno Gustarino, que há 40 anos escapou do Chile e chegou a Lisboa ensanguentado: o povo não imagina do que são capazes as classes poderosas, quando se trata de manter ou restaurar privilégios e mando. Ou quando imagina já é tarde, digo eu, que só vi a primavera de Praga em Março de 2011.

Rabona

«- E o nosso?
- (O hino da Carta) ginga de rabona!»
Fui ver Os Maias, do João Botelho. E ver outra vez as Cenas da Vida Romântica, agora no ecrã, com o Afonso da Maia, o Pedro e o Carlos, um João da Ega sósia do Eça, a Gouvarinho, os Cohen, o Craft e o Cruges e o Alencar, o Dâmaso Salcede, o Palma Cavalão e a Corneta do Diabo, a Toca dos Olivais e a Maria Eduarda nela, e por fim o Guimaran... provocaram-me um prazer, uma emoção e uma comoção que não esperava.
Será da técnica enxuta do realizador, que dispensou guiões? É outra a coisa?
Vai-me custar um mês a descobri-lo!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Slow motion

1 - Entre 1991 e 1999, Passos ocupou a função de deputado na AR. Ao contrário da norma canónica, não declarou à entrada que desempenharia essa função em exclusividade, embora tal condição lhe aumentasse em 10% a subvenção respectiva. E por que é que não declarou?
2 - Porque em breve iria ser designado vice-presidente da bancada, e essa condição aumentar-lhe-ia a subvenção em 15%, não acumulável com outras. Ora Passos pode ser, e é, um canalha ético, mas não é completamente estúpido.
3 - À saída da AR, em 1999, Passos requereu a subvenção de reintegração na vida activa (60 mil €?). E teria automático direito a ela, no caso de ter sido deputado em regime de exclusividade. É por isso que só entregou essa declaração no fim do mandato, e não no seu início.
4 - Mas o regime de exclusividade proibia a acumulação com outros proventos mensais. Concretamente os pagamentos da Tecnoforma, esse buraco negro de fundos da Europa, essa empresa fantasmática orquestrada pelo Relvas (secretário de estado e facilitador de negócios) que agenciava trabalhos de formação e fundos para os pagar. 1,2 milhões de euros foram usados na formação de pessoal autárquico na Região Centro, para a operação duma dúzia de aeródromos, dos quais apenas três não estavam em total abandono. E não saiu daí um único formando que tenha recebido credenciais da formação recebida.
5 - Ao requerer, no final do mandato, a subvenção de reintegração, Passos teve que entregar as declarações de IRS dos anos em causa. Mas delas não poderiam constar quaisquer valores recebidos da Tecnoforma, sob pena de negarem o regime de exclusividade. Por isso mesmo não foram tais valores declarados ao fisco, constituindo um crime fiscal que entretanto prescreveu.
6 - É por isso que Passos alega amnésia e chuta para canto. Primeiro para a AR, onde o lacaio Albino Soares sonega informação ao jornalista Cerejo. O Soares é jurista e secretário-geral da AR, com provas dadas a levantar poeirada no universo cavaquista. E por enquanto não cospe na mão que lhe abastece a escudela.
7 - Depois disso Passos chutou para a PGR, a pedir averiguações para aumentar a poeirada. Sabendo muito bem que a PGR não pode, nem deve poder, gastar o seu tempo com averiguações de eventuais crimes já prescritos. A PGR é paga para fazer tarefas úteis.
8 - Tudo isto cheira a esgoto, disfarçado com cal branca.

Raiz

Valsa chilena.

O bicho táqui!

Diverte-te!

O Passos e o Seguro

Serão o padre mais o sacristão, para não dizer vice-versa.
Mas são os oficiantes deste velório canalha.

Depressa

Se não fores depressa ler isto, e mais isto, não passas duma besta quadrada que merece de sobejo o fadário que tem.

Sete condes dos de agora

Não estou em condições de avaliar o merecimento do Livro de Linhagens do conde de Barcelos, um bastardo real. Mas não lhe terá faltado utilidade, num tempo em que não havia Facebook nem cartórios notariais.
Sei que o conde deu uma trabalheira à mãe-rainha, posta entre as hostes do pai e do filho em rebeldia, na charneca de Alvalade. Maré de apanhar um coice duma besta intranquila, a pobre Isabel das flores! E isso não abona em seu favor.
Mas duas coisas grandes teve o conde. Uma era o pai, D. Dinis, esse rei que bem mereceu Portugal, e Portugal precisava. Outra foi este imponente sarcófago de pedra, onde caberiam à vontade sete condes dos de agora.
Fui a São João de Tarouca expressamente para voltar a vê-lo, com os seus relevos de caça ao porco-bravo. Porém o chavalito cicerone não se deixou comover, nem me permitiu guardar uma imagem. Mal ele sabe que eu hei-de voltar à carga!

Afinal...

O velho era sibila. Aguardemos!

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

E. Satie

Gymnopedie 3.

'Pera aí!

1 - Álvaro Beleza publica este texto em 24Set2014.
2 - Há cerca de oito anos corria 2006, e Sócrates era SG do PS e 1º ministro.
3 - «... fizemos um pacto que continua em vigor. Dali a dez anos, se eu sobrevivesse, jantaríamos em São Bento. Sobreviver era a minha parte do acordo que até hoje cumpri. Chegar a São Bento é a parte dele». 
4 - Em 2011, perante a rejeição do PEC IV, Sócrates faz o discurso de demissão. É quando Seguro desce do elevador, como quem atingiu o momento de se chegar à frente. E assume o seu triunfo com o ar surpreendente dum César vitorioso.
5 - Afinal quem é que tinha pressa, quem é que viveu emboscado a servir que fins, quem é que traiu quem?!

Primeiro o melro chutou para a AR

Depois chutou para a PGR, só para tourear o pagode!

Estes sobreviveram à ministra sinistra, ao Mariano Gago e ao cabrão do Sócrates.

E agora vê lá tu quanto não vale uma boa política da Ciência, pautada pelo Relvas, pilotada pelo Passos, e afinada pelo Crato, esse guru! 

A vida tem sempre uma infinita reserva de surpresas.

Mas isto o que será?!

A nave dos loucos

Além da versão original, já com 50 anos, temos um remake em cena, vai para quatro. Para que é que precisávamos agora deste pastiche, patético e paranóico?!
Para percebermos de que barro aparelhista nasceu o Seguro.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Trapezanadas

[clicar]
Se convenientemente desenvolvidos, estes tortulhos podem crescer além dos dez quilómetros de altitude. Chamam-lhes cumulonimbus e não são uma pêra doce. Cinco mil pés para baixo, sete mil pés para cima, desarmam qualquer cristão e metem-no num inferno. É assim, em correntes descendentes e ascendentes, que se geram os ovos do granizo.
Um dia o Melo foi apanhado num deles, que estava emboscado ali atrás duns arbustos, num descampado do Alto Alentejo. Só um radar, de que o pássaro não dispunha, o poderia livrar. 
Os aços da passarola aguentaram-se no balanço. E o Melo criou-lhes medo, pois pudera!

Porra!

Ainda há futricas com sentido de humor!

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Muita atenção!

A estas miudezas!!!

Com a verdade me enganas!

[Lisboa, Martim Moniz]
No site da comunidade islâmica em Portugal, terá sido um hacker jihadista que deixou a provocação. "Iremos tomar conta de Portugal e deste povo fraco".

domingo, 21 de setembro de 2014

Sócrates

Disponível aqui.

Os três lados do polígono mínimo português

1 – Já em 1975, os maoístas filhos do fascismo não instalaram a revolução cultural do livrinho vermelho no país, porque os militares e a UEC resistiram conforme puderam.
Agora, com a cumplicidade de variados escroques e o aplauso de múltiplos vendidos, o ministro Crato leva finalmente a cabo a tarefa de arruinar e lançar no caos a escola pública do país. No fim despede um director-geral e apresenta desculpas pelo incómodo.
Pela minha parte, vá o sr. Crato apresentar desculpas à puta que o pariu, que é quem o pode desculpar. O país está cansado destas desculpas de péssimos pagadores. Precisa de actos de governo e gestão competentes e adequados, e não de salamaleques. Precisa de que o ministro assuma as suas responsabilidades políticas e desapareça do mapa.
- Apesar dos atempados alertas (de que o sistema informático não aguentaria as mudanças da maior reforma dos últimos duzentos anos, que a ministra Paula pretendia realizar na Justiça), a senhora levou a sua avante, contra ventos e marés. Lançou assim o caos numa Justiça que já não precisava dele. No fim despediu um funcionário e apresentou desculpas pelo transtorno.
Pela minha parte, vá a dona Paula apresentar desculpas à puta que a pariu, e coisa e tal…
Isto acontece porque no governo que temos, dum pobre Passos Coelho, predomina a ignorância, a incompetência, a incultura, a impreparação, a incapacidade, o improviso, o truque retórico, e a humildade aparente dos tartufos. É de esperar que ministros como o do Interior, o da Saúde, o da Economia, sintam mesmo incómodo e vergonha perante tais companhias.
2 – O inútil e venerando chefe do estado, que abusivamente ocupa um palácio em Belém, jurou defender a Constituição da República e garantir o normal funcionamento das instituições democráticas.
É evidente que as ditas não estão a funcionar com normalidade. Porém o venerando, em lugar de cumprir os compromissos e correr com a canalhada, faz-se de morto e resume-se ao que é: um presidente da quinta da Coelha em vilegiatura.
3 – O Seguro submeteu o PS a um doloroso, longuíssimo e traumático processo de eleições primárias, com a participação de simpatizantes, sob pena de se demitir caso as perca.
Perante a opinião da maioria das concelhias, das distritais, das federações, Seguro abandonou os argumentos iniciais do queixume, do caminho das pedras, da traição do adversário, da falta de solidariedade, do seu suposto direito de levar o mandato até ao fim.
Passou a apregoar o seu combate infatigável aos interesses e promiscuidades da política e dos negócios, e à suposta questão que opõe os barões de Lisboa aos descamisados da província. E por puro desespero vai deixando cair propostas populistas, como a revisão das leis eleitorais e a redução do número de deputados na AR.
Ontem combatia essa ideia, hoje defende-a, não importa que seja em cima do joelho, improvisadamente, sem mesmo a discutir no próprio partido. Não lhe importa sequer fraccionar o grupo parlamentar. Menos lhe importa o absurdo momento para o qual a agendou potestativamente, dois dias depois das eleições primárias.
Seguro representa no PS o mesmo cancro de incapacidade, incompetência, ignorância e impreparação que campeia no governo. Depois da saída de Sócrates, em 2011, a coincidência de leituras políticas sobre os problemas do país irmana o ainda SG do PS à direita.
Se ele ganhar as eleições, rasga as entretelas do PS. Se as perder, pode demitir-se ou não de SG. Mas pode esfacelar a tessitura dos militantes do partido, e da sua base eleitoral que não regressará. Ora os danos do PS serão os mesmos danos do país, ao contrário do que pregam os oportunistas da esquerda messiânica, que fazem do PS o inimigo principal. Um vezo que transportam há cem anos, desde a República de Weimar.
Por isto tudo, Seguro Não Pode ganhar as eleições. É aos portugueses que cumpre dizê-lo agora.

sábado, 20 de setembro de 2014

Imprensa

Mercenária.

Privilégios

Embaladas nas promessas da alvorada, as cotovias inundaram a manhã com as suas badineries. E deixaram-me no peito um júbilo antigo.

Ladrar à Lua

É um lugar de encontro de estetas e carroceiros. De cidadãos inteiros. 
De olhos abertos se rendem ao belo e abusam do vernáculo.
Como a vida, tal e qual.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

4º Andamento

E em Portugal?!
Em 2005, o primeiro governo de Sócrates herdou do PPD um défice de 7%, e uma dívida que rondava os 90% do PIB. Em 2007 estava em 2,9%. Em 2008 chega da América a maior crise financeira que o mundo vira desde há 80 anos, com o perigo de ruína do sistema bancário. O Lehman Brothers faliu. E a resposta das instâncias da União Europeia para enfrentar a situação foi no sentido das políticas contra-cíclicas, recomendando investimento público. Chegado tão atrasado ao progresso europeu do pós-guerra, Portugal ensaiava um salto notável nas frentes da Educação, da Saúde, das infra-estruturas, das novas tecnologias. Mas em 2009 e 2010 o défice voltou a subir.
A Grécia sucumbiu às agências de rating, aos especuladores do juro da dívida e às loucuras armamentistas. Pouco depois a Irlanda claudicou perante o estoiro bancário e a chegada da troika. E Sócrates, já no segundo governo em minoria, corrigiu o tiro e apresentou o PEC IV, depois de assegurar o aval da Europa. É claro que o PEC IV propunha restrições, contenções e cortes na despesa. O PEC IV era o mal menor, tantas vezes o último gesto inteligente e sensato. Os juros da dívida foram galopando, e as agências de rating fizeram o seu papel, que é conhecido.
Há seis anos que este Sócrates vinha sendo sujeito a uma campanha suja, sistemática e selvagem, de assassinato político e pessoal, nunca vista desde os tempos do marquês de Pombal, esse facínora. Moveram-na, ou associaram-se a ela, escroques refinados, fascistas pintados de fresco, diletantes cínicos, estalinistas confusos, idiotas úteis, iletrados básicos e taxistas bastantes. Nem a Presidência da República do inútil Cavaco se coibiu de participar activamente nela. E era este o momento oportuno para a Viradeira. Dirigido por escroques, por incompetentes, por cafres iletrados chegados dum sertão, era este o momento que o PPD aguardava para assaltar o poder, em conluio com o homem da Quinta da Coelha. Ao mesmo tempo que apagava do discurso a grave crise internacional, toda a direita berrava que já se fazia tarde para mandar entrar a troika. E ela trazia-lhe de facto o que faltava: a oportunidade de voltar ao poder, e um programa para “ajustar contas atrasadas” com o país que saíra de Abril.
Sócrates resistiu enquanto pôde e avisou. Mas o PEC IV foi recusado pelo parlamento, onde os demagogos da direita caceteira se misturaram alegremente com os demagogos da esquerda messiânica. Sócrates apresentou a demissão. E a cumplicidade oportunista do comité central e do BE levaram ao altar o Passos mais o Relvas. Pregava então a luminária Louçã que recusar o PEC IV era já iniciar a saída da crise!
Depois disso a direita ganhou as eleições, com enganos, com truques, com trapaças, e encurralou o povo na tragédia conhecida. O BE duns tantos aventureiros dissolveu-se em boas intenções. Um comité central estalinista, inútil e sectário, a viver no tempo das cavernas, ganhou cinco pontos no mercado eleitoral, alcançando plenamente os seus objectivos. Portugal retrocedeu algumas décadas. E as elites, as antigas e as modernas, fizeram estalar a rolha do champagne.

Ínclita Geração 2

Nova Teoria do Sebastianismo, de Miguel Real, tem entre vários defeitos uma grande virtude: relembra a propósito dados significativos, que têm que ver com a história dos Templários e com a história portuguesa.
« (…) Foram monges-soldados cuja ordem militar, fundada em Jerusalém no período das Cruzadas, em 1118, visava proteger os peregrinos nos lugares santos da Palestina contra a ameaça dos infiéis. (…) A obediência respeitava exclusivamente ao papa, já que estavam dispensados por este de prestar vassalagem a quaisquer outras autoridades políticas ou eclesiásticas. (…) Detentores duma enorme fortuna, acumulada com as doações de bens e territórios que os soberanos de vários países lhes concederam, (…) os Templários organizaram um dos primeiros sistemas pré-bancários de empréstimos e cobranças (…). O contacto com o mundo islâmico permitiu-lhes adquirir e integrar novos conhecimentos, tanto no domínio da técnica militar e de navegação, como ao nível das doutrinas gnósticas e esotéricas. (…)
Com a queda da Terra Santa para os muçulmanos em 1291, os Templários radicam-se na Europa, continuando a usar o seu poder dum modo ostensivo a ponto de criarem poderosos inimigos, como o rei Filipe IV de França e o papa Clemente V, os quais, juntos, levaram à perseguição e à extinção da Ordem (…).
Muitos dos cavaleiros que conseguiram fugir à perseguição do rei francês albergaram-se nas fronteiras da cristandade, como a Escócia e Portugal. (…) O rei D. Dinis solicitou a criação da Ordem de Cristo, (…) afectou-lhe os bens dos Templários, e os cavaleiros foram transferidos para esta nova Ordem. Os cavaleiros de Cristo desenvolveram os conhecimentos de astrologia e astronomia, bem como as técnicas de navegação, cujo contributo terá sido fundamental na epopeia dos Descobrimentos portugueses. (…)
Consolidado o território nacional com a conquista definitiva do Algarve, a Ordem de Cristo, herdeira do espírito de cruzada dos Templários, não podia prosseguir em Portugal a “prática” da Reconquista cristã. Assim, a Ordem de Cristo mobilizar-se-á, nos sécs. XV e XVI, principalmente no período sob administração do Infante D. Henrique (que foi seu grão-mestre), como a grande impulsionadora dos Descobrimentos. De facto, teria sido esta Ordem que, provendo capitais financeiros, subsidiaria parcialmente a construção das primeiras caravelas, e consequentemente teria estado nos momentos fundadores da expansão ultramarina de Portugal. (…) É justamente por via do papel do Infante D. Henrique que emerge como um enigma histórico de contornos ainda nublados a exacta função da Ordem de Cristo na gesta dos Descobrimentos.»

NOTA: Há muito é sabido que a Escola Náutica de Sagres nunca passou duma mitologia de engrandecimento do Navegador. Não houve Escola nenhuma, nem invenções técnicas dum ignoto génio indígena, surgidas do nevoeiro. 
O que houve foi a herança templária, a técnica e a financeira, de que o maior crápula da história portuguesa se serviu. 
O que houve historicamente, e ainda hoje existe fisicamente em Lagos, foi o primeiro mercado de escravos da Europa, que os ínclitos negreiros lusos praticaram durante quatro séculos.

Ínclita Geração 1

Há um ano e tal gastei o meu latim a carpinteirar um texto sobre a Ínclita Geração. Falei com o Oliveira Martins e perdi nisso dois dias. No fim de tudo, um clique desajeitado deixou-me o ecrã em branco. Não conhecendo ainda a terapia do Ctrl+Z, caiu-me o texto num buraco negro e lá ficou. Desconsolado, nunca mais o refiz.
Falava daquela rapaziada de corte, que foi a ida a Ceuta em 1415. E alargava-se no modo como o infante do chapéu grande (muitas vezes em conluio com a rainha Leonor), destruiu paulatinamente a Geração e os irmãos.
O rei Duarte, esse Melancólico, acabou vitimado pela melancolia, se não foi antes por pesos de consciência, por não ter preservado o reino das temeridades do cruzadista lunático. O infante D. Pedro, duque de Coimbra, o príncipe das sete partidas, fez o grand-tour da Europa e terá sido o primeiro espírito português escapado ao nevoeiro medieval. Opunha-se às aventuras da corte, às manobras do irmão. Mas as intrigas de escroques nobres e arrivistas, que rodeavam o juvenil rei Afonso V, atraíram-no e mataram-no em Alfarrobeira.
Vinte e dois anos depois, a aventura de Tânger levada a cabo por impulso do fanático e sob o seu comando pessoal, levou a expedição ao descalabro. Só pôde regressar ao reino, deixando no calabouço o refém infante Fernando. Porém mais tarde o paranóico negou-se a devolver Ceuta, e condenou o irmão.
O juvenil rei Africano lá foi finalmente conquistar as praças de África, Alcácer, Arzila, Tânger, a partir de 1458. E lá manteve Ceuta, e outras inutilidades, às custas de Lisboa e do reino inteiro. Muitas delas mandou-as abandonar o rei João III, por não saber o que fazer com elas. Até que veio el-rei Sebastião e sepultou aquilo tudo no deserto.
Esse Infante D. Henrique (que o Alfredo Cunha retratou magistralmente cercado de caixotes retornados na Praia das Lágrimas em 75, e que as nossas pseudo-elites, nada por acaso, ainda hoje endeusam), foi um dos mais nocivos crápulas da História de Portugal.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

3º Andamento

Conduzida por elites financeiras e empresariais rapaces, a América tinha necessidade vital de reverter as regras da vida política democrática. E precisava dum pretexto para dar livre curso aos seus objectivos imperialistas, de controlo geo-estratégico e energético do mundo, sem ferir em demasia as muitas opiniões públicas. É neste contexto que entra em jogo a peripécia das Torres Gémeas.
A América destruiu as Torres, criando assim o pretexto indispensável, e um oportuníssimo inimigo global, que era o terrorismo internacional da Al-Qaeda. É claro que uma tal ideia é logo embrulhada no plástico das teorias da conspiração, pelos escribas avençados que nos formatam a cabeça e são uma peça fundamental da guerra que aqui se trava. Nenhum deles nos recorda, a propósito, as circunstâncias do ataque japonês a Pearl-Harbour, nem o crime de Hiroshima e Nagasaki, para nos lembrar que os exemplos são muitos e que não há limites. Nem nos mostra que o relatório oficial da Comissão de Inquérito à queda das Torres Gémeas é contraditado por largos sectores da opinião pública americana, por ser uma trapaça que não resiste à mais elementar análise.
Com base no Patriot Act, que o Bush depressa pôs em vigor, e noutras determinações que o Dick Chenney engendrou, a América atacou sem demora o Afeganistão, em cujas grutas o Bin Laden se acharia. E logo depois invadiu o Iraque, por causa das armas químicas com que o déspota Saddam Hussein ameçava o mundo, alimentava o terrorismo internacional e tiranizava o povo. A América bombardeou bairros urbanos de Bagdad com bombas equivalentes a 10 toneladas de TNT, e usou munições de urânio empobrecido com efeitos letais que ainda hoje se manifestam. Isto antes de se entregar à missão franciscana de patrocinar as primaveras árabes e os direitos humanos dos povos do Mediterrânio, espezinhados por déspotas e tiranos avulsos. A Tunísia, a Líbia, o Egipto fizeram parte da lista, que só foi interrompida nos rebeldes da Síria porque o Assad tinha Moscovo à ilharga e mostrou à América os caninos. O Irão vinha a seguir.
Acontece que o Khadafi, (esse mísero que foi sodomizado depois de morto pelos combatentes da liberdade que a França e a Inglaterra apoiaram com aviões da NATO), esse mísero ameaçava, tal como Saddam Hussein, usar no comércio do petróleo outra moeda que não o dólar americano. Isto seria a ruína das finanças da América, que ela não podia tolerar. Mas foi esse o lume das primaveras árabes, mais que os direitos duns indígenas exóticos de turbante e jilaba.
Depois das Torres Gémeas, os crimes cometidos pela América (e pelos seus sipaios europeus) assustam qualquer mortal e envergonham o mundo. A vida do povo líbio retrocedeu cinquenta anos, o Egipto mergulhou num torvelinho, o Iraque foi reduzido a cinzas. As leis internacionais foram violadas insistentemente, com trânsitos clandestinos de prisioneiros para Guantânamo, para combater o terror. Foi de tal forma que as elites americanas acharam por bem “lavar a face” em público. E depois que o Bin Laden foi morto no Paquistão e atirado ao mar, às mãos do triunfante Bush, fizeram do cordeiro do Obama, pelo partido democrata, o primeiro Presidente negro da história vinda e a vir.
Um Obama Presidente não poderia cumprir o muito que trazia na cabeça, e Guantânamo ainda hoje lá está. Mas o negro desempenhou o seu papel, e até concedeu que a CIA praticou a tortura dos prisioneiros laranjas. Não lhe vai sair barata a louçania, mas dá no mesmo, que está em fim de mandato. Entretanto o próprio partido republicano teve transitoriamente um presidente negro, que a história já esqueceu. E ainda bem, por ser demasiado indecoroso e obsceno.
Até que apareceu o Estado Islâmico do Califado. A Al-Qaeda original, e os movimentos rebeldes de todas as primaveras árabes que tinham sido amamentados pela América, foram tomados por dentro pelos radicais islâmicos das decapitações. Combatendo o terror com o terror, estes dão lições aos mestres. Praticam selvaticamente o terror absoluto, aquele que anestesia os povos, os desvitaliza e neutraliza. Hitler, Stalin e Mao Tsé Tung sabiam isso bem por experiência própria. E agora vê-se o Presidente negro e o mundo inteiro metido no vespeiro, face a um islamo-fascismo à beira do vulcão.
O mundo, e a vida dos povos dele, estão bem pior do que antes da implosão das Torres Gémeas. Mas os escribas de serviço asseguram-nos que essa ideia não passa de teoria da conspiração. Durmamos então tranquilos, que os abutres oligárquicos já chegaram onde queriam.

Biodiversidade

Natural. Sem preconceitos nem xenofobias

Mais um toma, do Vale Ferraz!

«A frase vem do mundo da bola, treinadores, jogadores, dirigentes, adeptos, comentadores e apanha-bolas em geral. E, vindo do mundo da bola, é genuína como o caldo verde, a entremeada e a banha da cobra. É a opinião de quem conta. De facto reflecte, mais do que o hino, um estado de alma nacional. O resultado aceita-se. Podia ser outro, em princípio melhor, mas foi este. Não vale a pena chorar por leite derramado. A frase serve para tudo. É a nossa visão da nossa História: o resultado aceita-se. O resultado da monarquia abandalhada a todos os títulos, a começar pela vida pessoal do rei Carlos de Bragança, aceita-se. Deu na República e o resultado desta também se aceita, pela mesma incapacidade de encontrar uma forma de convivência nacional de estabelecer prioridades da anterior. O resultado foram 47 anos de ditadura. Aceitável durante muito tempo por muita gente. Salazar, tal como os resultados da selecção de futebol e do Festival da Eurovisão, aceitava-se. O 25 de abril também se aceitou, com o fim da guerra que se embrulhou com o fim de um periclitante império colonial e deu uma democracia de fim de tabela, mas que evita a descida e que se aceita, mas pela qual não se luta. Aceita-se como os jovens de há 50 anos tomavam óleo de fígado de bacalhau. O resultado da vinda do FMI e, recentemente, da Troika, também se aceita: a generalidade dos portugueses está mais pobre e a elite que mama nos negócios do Estado muito mais rica. Já aceitamos estrangeiros a tomar conta de nós desde a dona Filipa de Lencastre, pelo menos, neste caso com bons resultados: graças a ela durante 100 anos tivemos a maior agência de viagens do planeta, a melhor indústria naval e militar e a melhor construção em pedra de geniais inutilidades que são hoje património da humanidade, caso dos Jerónimos, da Torre de Belém e do Convento de Cristo em Tomar. Diga-se. Temos de aceitar e levantar a cabeça, dirão os pensionistas, os funcionários púbicos, os doentes do SNS, como os jogadores derrotados. Levantar a cabeça e levar nos cornos. Resmungam os velhos do Restelo. É o fado que nos cantam: Foi o resultado de vivermos acima das nossas possibilidades – o resultado aceita-se. Todos a fazer de Ricardo Salgado, de Jerónimo Martins, de Amorim, de Lili Caneças, de Pimpinhas e Pimpões. Não há lagosta nem lavagante que aguente. Hoje o défice devia ser 3%, parece que vai ser 4%, ou 10%, mas o resultado aceita-se, diz o chefe do governo e a ministra das finanças – uma Joana d’Arc das contas públicas. Tão analfabeta na matéria como a donzela de Orléans quanto a letras e leituras. Mas cheia de fé. O resultado do desemprego também se aceita. Até é previsível que aumente a partir de outubro. Um dos ministros do desemprego já deu a explicação duas vezes, sempre por esta altura de arrumar as barracas de praia: acabaram as mordomias dos que vendiam bolas de Berlim, alugavam gaivotas, serviam lamejinhas e caracóis. É tempo de irem para a apanha clandestina de bivalves, ou para a Suíça fazer camas de hotéis. O resultado do crescimento económico do esperado 0,6% para 0,3%, depois de uma previsão inicial de 1% também se aceita. As coisas estão más, ninguém nos compra nada. Para o ano será melhor, com a introdução no PIB dos negócios da droga e da prostituição. Estão 2 ministros em contentores, a da justiça e o da educação, a das finanças está fora de jogo, o dos negócios estrangeiros está empalhado, o da defesa está no Porto, o do interior anda por aí a cumprimentar polícias e bombeiros, a da agricultura anda em viagem de estudo pelas feiras e romarias, mas o resultado aceita-se. O resultado não diz só respeito aos rebenta canelas convocados para as quatro linhas, também temos de aceitar os do balneário à espreita de uma oportunidade de mostrarem o seu valor. O resultado das eleições para as federações do PS também se aceita. Costa e Seguro têm ambos argumentos para dizer que não foi mau, se os mortos e os em parte incerta votam, é bom sinal: juntos não somos demais! Os diletantes do costume, entre os quais me incluo, dizem que não aceitam o que se passa, mas aceitam o resultado das sua boas intenções: uma caixa de bolos sortidos no meio de uma mesa de piquenique. Para os camaradas de Jerónimo tudo vai bem, isto é: há um mal que sempre dura, o que justifica a CGTP, a festa do Avante e a existência de um exorcista. O resultado do exorcismo aceita-se. Não cura, mas os crentes saem aliviados das suas dores. Aceita-se que Portugal tenha um Partido Exorcista, que se chama oficialmente Comunista. Aceita-se. O resultado da distribuição de pelouros dos comissários europeus também se aceita, ou vai aceitar. O nosso Moedas tem um pelouro significativo. Com gabinete, chefe de secretaria e motorista. Aceita-se e agradece-se. Bom era ter-lhe calhado a da política da vizinhança. Ele é pequenino, sossegado, deve ser bom vizinho, mas se calhar era pedir muito. A investigação vai-lhe bem. Vem de um país de investigadores, e não, como se tem dito de descobridores.  Veja-se o histórico do resultado das comissões parlamentares de inquérito. Nem saberíamos aceitar uma conclusão de investigação com consequências. Aceita-se que não tenham resultado. Somos investigadores dedicados e em exclusividade. O Moedas vai ser uma lapa na investigação. Podia começar por explicar aos colegas que a investigação do caso da queda do avião em Camarate em 1980 ainda esteja em comissão. O resultado da investigação do processo do BPN também se aceita. Entre o nunca e o mais tarde temos de aceitar o nunca. Os netos dos arguidos serão julgados pelos netos dos juízes. O resultado do caso Face Oculta também se aceita. É extraordinário e temos de aceitar que a justiça tivesse sofrido de um espasmo. Desta é que foi, aconteceu em Aveiro. Vivemos numa terra de milagres e até tivemos um fuzilado para exemplo na I Grande Guerra. Uma réplica do coice da mula, a justiça de uma mulher do Cartaxo sobre os franceses do general Maneta. Remédio santo, quando lhes acertava. O resultado dos negócios criativos no BES ena PT aceita-se. Ricardo Espirito Santo, ZeinalBava, Henrique Granadeiro meteram golos na própria baliza. Belos golos. Aceita-se. Faz parte do jogo. As bolas que eles meteram eram as nossas, mas que se há-de fazer! E tinham todos tão bomaspeto!Fomos roubados, mas o resultado aceita-se. O resultado dascomissões dos submarinos, dos helicópteros, dos blindados também se aceita. Foram-se as contrapartidas, mas salvaram-se as despesas com as PPP, com os SWAPS, as comissões nos offshores e o Portas subiu a vice primeiro ministro. A propósito, também se aceita que o presidente da República aconselhe a comprar acções de bancos falidos e depois rume ao Algarve…Felizmente não aconselhou a comprar dióspiros, que dão diarreia…
Os resultados das saídas de Paulo Bento da velha seleção, como do Vitor Bento do novo banco também se aceitam, só não se percebe é quais os negócios que estão por de trás….O  que se aceita porque o segredo é a alma do negócio.
Eu, se estiver a uma mesa com faquistas, aceito que eles não vão usar a faca para espalhar manteiga…  só não sei em quem a vão espetar… mas o resultado aceita-se, claro…e só espero que não me calhe a mim.
O resultado aceita-se quer dizer que tudo vai continuar na mesma. Para quê alterar o funcionamento de uma organização, ou o comportamento de dirigentes e pessoas comuns se o resultado se aceita? O resultado aceita-se desculpa a nossa inércia, a nossa placidez perante a decadência, a nossa forma de não existirmos.»

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Ainda te restam dúvidas?!

Vai ler isto!

Elites

Do bom tempo e do caralho!

Sibila?

Ou Cassandra?!

2º Andamento

A queda do muro de Berlim deixou o campo integralmente livre às rapaces elites oligárquicas da América e da Europa. Particularmente às elites financeiras de Wall Street e da City. Com o inimigo desarmado, era o momento de as elites capitalistas ocidentais ajustarem as contas com os respectivos povos, e recuperarem o poder que haviam perdido ou partilhado.
A desregulamentação total dos mercados financeiros, o regabofe do subprime, a desindustrialização, a financeirização da economia, a globalização, a deslocalização empresarial, a criação de dividendos para o accionista, transformaram radicalmente a economia, a sociedade e a vida dos povos. Encurralaram os trabalhadores dos países do mercado, uns reduzidos à condição de escravos sem quaisquer direitos, outros condenados ao desemprego e à desocupação.
Em 2008 rebentou na América uma gravíssima crise financeira, que o mundo já não vivia desde 1929. E as suas metástases rapidamente chegaram à Europa, porque a finança sem regulação não conhece fronteiras. As elites europeias, atraiçoando naturalmente os seus povos, alinharam contentíssimas no jogo. Inventaram a trapaça da austeridade. E os povos europeus, particularmente os do Sul, espartilhados numa moeda única disfuncional, sem mecanismos adequados para responder à crise nem armas para se defender, acabaram a aceitar que viviam acima das suas possibilidades e merecem adequada punição.
Com políticas monetárias mais realistas e adequadas, a América vai saindo da crise financeira que engendrou. E é numa Europa à beira da deflação que a devastação económica, social e humana mais persiste. Com vantagens para as elites da Alemanha, que se vão apoderando da Europa. Coisa que a poder das armas, ficaram sempre a um passo de obter.

A liquidação

De quem?! 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Antes de fazer juízos...

Abre esses olhos, caralho! Se não comem-te por parvo.

Sepúlveda e naufrágio

O Manjalero era cantineiro na Angónia, lá para os confins do Malawi. Vivia com a mulher mesmo à beira da picada, debaixo da mangueira. E quando rebentaram os tumultos e o sertão se amotinou, deixou de sair de casa.
Um dia ia a entrar para a camioneta. Cercaram-no ali, levaram-no para o terreiro e ataram-lhe os pulsos ao tronco do mamoeiro. Tiveram-no lá dois dias. Passava um, pegava no bambu, estendia-lhe no lombo um par de bordoadas. Passava outro e descarregava-lhe a raiva na barriga das pernas. Isto enquanto recitavam entre dentes uma ladainha que não se decifrava.
A mulher vinha num choro de silêncio, trazia-lhe comida e confortava-o. Eles à noite prendiam-no rente ao chão, e o Manjalero dormia enovelado no pó.
Ao terceiro dia correram dali com ele. O pobre subiu a mulher para a camioneta, juntou duas maletas na caixa de carga e desapareceu da Angónia.

1º Andamento

Depois da II Guerra Mundial, uma Europa reduzida a cinzas pela insânia nazi dividiu-se em dois blocos, correspondentes aos braços que aniquilaram o nazismo. Dum lado o bloco socialista, que a mão de Stalin procurou assegurar; e do outro a Europa Ocidental, debaixo do guarda-chuva económico, técnico e militar americano. Para a América, esta guerra em casa alheia foi a cereja em cima do bolo: pelo preço de meio milhão de soldados, ganhou direito a um império.
A disputa de hegemonia entre os dois blocos conduziu à inevitável guerra-fria. E as elites dirigentes ocidentais não tiveram outra escolha senão fazer concessões aos povos. Tinham que evitar o perigo de que eles se voltassem para Leste, para as promessas que durante gerações alimentaram a esperança numa sociedade nova. Sindicatos e partidos, direitos políticos e laborais, assistência e protecção social, tudo isso cresceu à sombra do muro de Berlim, o símbolo maior da divisão.
Em Portugal foi um pouco diferente. O fariseísmo das democracias ocidentais trocou as vantagens ofertadas da presença portuguesa na NATO, e a disponibilidade do porta-aviões das Lages no meio do Atlântico, pela continuação do salazarismo no final da guerra. Portugal pagou por isso um altíssimo preço, que lhe custou trinta anos de vida, dez mil mortos e trinta mil feridos numa guerra inútil e demente, e gerações de atraso e de miséria. Até que Abril um dia aconteceu.
Nos finais da década de 70, tornou-se claro à América e à Inglaterra que a economia e a vida nos países do socialismo real não tinha pés para andar. O seu poder de atracção estava dissolvido. É em função disso que Reagan e Thatcher ensaiam os primeiros passos para reverter a situação social e económica dos povos da Europa, que há muito tempo não servia os interesses das oligarquias dirigentes. Na década de 80, Reagan proletarizou rapidamente os trabalhadores da aviação civil e da indústria automóvel, e Thatcher destruiu os sindicatos de mineiros e fechou as minas de carvão ao fim de seis meses de guerra aberta. A desregulamentação financeira, o endeusamento dos mercados, o combate aos direitos laborais, a desindustrialização, as privatizações, a globalização, a deslocalização empresarial, fizeram paulatinamente o seu caminho.
Os erros de Moscovo e as suas políticas internas e externas, de que o Afeganistão é apenas um triste exemplo, aceleraram a ruína da economia e da vida do socialismo real. E Reagan deu-lhe a machadada final com o desafio da Guerra das Estrelas, à qual nem a economia nem a tecnologia de Moscovo tinham resposta para dar. Era um sistema defensivo de armas no espaço, com estações que reagiriam de imediato a qualquer sinal de mísseis intercontinentais, destruindo-o praticamente à nascença.
Na guerra soviética do Afeganistão, a América amamentou aquilo que viria a ser a Al-Qaeda do Bin Laden, com os talibãs que abatiam a míssil os helicópteros de combate, cortavam às postas os aviadores capturados, e massacravam o exército russo. No final da década de oitenta, Gorbatchov claudicou.
No pensamento estalinista, Gorbatchov não passou dum traidor, com a perestroika e a glasnost. E assim será, para espíritos a quem a liberdade e o arbítrio pessoal pouco ou nada dizem. Se tais caminhos tivessem sido seguidos, eu questiono-me apenas sobre que futuro teria Portugal, na solidão radical da ponta da Europa, virado para o mar, depois da queda de Moscovo em 1989.

O passarito albino

Nunca tinha visto por aqui, nem supus que existisse, um pássaro todo branco. Foi ontem ao crepúsculo, ali ao largo das roseiras bravas. Levantou do medronheiro para uma silva, e desta voejou para o sabugueiro. Pelo adejar não era pintassilgo nem pardal. Talvez um pisco, um tentilhão, não sei.
Só sei que vê-lo ali, a luzir no crepúsculo, me deixou num enigma. Nunca tinha visto, nem ouvi falar, nem supus que existisse. Mas lá vê-lo, vi, um passarito albino.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Sócrates, domingo à noite

No meio da charlatanice servil ou avençada da comunicação social (um dos capítulos da tragédia do país), três coisas me são incompreensíveis:
- Como é possível que José Sócrates continue a ter 30 minutos semanais de voz, na televisão pública generalista?
- Como é possível que o geral dos cidadãos, a despeito da violência que os fustiga, se mantenham alheios a esse facto, indiferentes a uma das poucas vozes com que vale a pena perder tempo?
- Das duas, uma: ou o geral dos portugueses não chegam a ser cidadãos, ou trocam alegremente os deveres de cidadania por uma passeata no Audi A6. 

domingo, 14 de setembro de 2014

Três perguntas, uma resposta e uma constatação

1- Em que prescrição legal se fundamenta o facto de o governador de BdP ter sido incumbido pelo governo de resolver o imbroglio criminoso do BES?
2 - Em que critérios se fundamentaram o Passos e a ministra dos SWAPS, para entregarem nos braços do sr. Carlos Costa a solução do problema do banco?
3 - A função do BdP é a de controlador, de regulador, de supervisor das actividades do sistema bancário, ou é a gestão dos próprios bancos?
No meu ponto vista, a atitude do Passos e da sua ministra revela apenas a incapacidade, a cobardia e o oportunismo deste desgraçado governo. Se as coisas correrem bem, lá estarão eles a receber os louros. Correndo mal, conforme tudo indica, já dispõem dum bode expiatório.
Um Cavaco inútil e ardiloso assiste a tudo em silêncio. E o país paga as facturas.

Aflição

A Lapa recebe-me com chuva. E eu ponho-me logo a torcer o nariz, antes de ouvir as primeiras gargalhadas duns ouriços mais aflitos.

Mal por mal

Indo contra as leis da Física, os aviões despejam em Pedras Rubras legiões de europeus de pé descalço, a vinte euros por cabeça, porque o Porto está na moda. São os turistas das pommes frites.
O melhor destino europeu de 2014 recebe-os com a D'bandada, em dezenas de espectáculos simultâneos ao ar livre. E recolhe os lixos das pracetas, e das ruas pedonais, no final das madrugadas.
Os autocarros prometem serviços ininterruptos. Mas só passam de hora a hora, em lugar do quarto de hora do costume. Nas estações do metro, as máquinas do Andante não se entendem com línguas estrangeiras. E só funcionam a mando duns assistentes, que não há. Se tens pressa e consegues lá chegar, não te entregam o cartãozito azul porque esgotaram o stock.
Mal por mal, prefiro o V Império a estas modas pelintras! Ao menos põe-me a dormir, encharcado em metafísica!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Sangramento

Quando um país não sangra os seus porcos, são os porcos que sangram o país.

Contra-ciclo

Se antes não for esta manada em contra-mão.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A justiça, o país, a vida do povo dele...

Que se fodam! Mas isto paga-se!

Dar a mama

Vi o debate diferido.
O Seguro é mesmo o que mostrou, no meio do seu pânico: um demagogo verboso, canalha descarado e rancoroso, auto-centrado e queixoso. Ombreia perfeitamente com a escumalha da direita (vide questão Sócrates!), e merece tanta confiança como ela.
O Costa tratou com pinças demasiadas (injustificadas?) a questão dos governos de Sócrates. Foi didáctico mas faltou-lhe nervo, talvez por razões tácticas. E sobretudo faltou ali uma caralhada na mesa (que a prudência não aconselharia).
À jornalista só faltou dar a mama, ali mesmo, ao inSeguro.

Depuração

Isso mesmo!

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Debates

Um e outro.

E. Satie - 3

Gnossienne 1.

E. Satie - 2

Gnossienne 1.

E. Satie - 1

Gnossienne 1.

Deixa-me rir!

Porque mais hilariante do que o inglês do Grande Salto em Frente, do despachado Barroso, só mesmo o inglês da Catumbela, desse orador do Passos!  

E o filho da puta do cão

Sempre a andar à roda, à roda, às dentadas nas pulgas do próprio rabo.

Excelente pontaria

É grande pena que não leve na ponta uma bala de 9 milímetros.
Mas um dia... há sempre um dia.

LER

Isto.

Desabafo

A abarrotar de razões e paradoxos dela.

É isso mesmo!

Esquecimento ou memória!

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O pobre do inSeguro está afónico

E é aí que bate exactamente o ponto. É que ninguém percebe para que é que a voz com que nasceu lhe serve há tanto tempo.

Aprender sempre

Porra!

Periférica

Acabei de empacotar uns livros e dos destroços da estante saiu-me a Periférica. Uns cadernos de cultura e crítica, editados há uns anos por uma redacção de jovens bandeirantes, sediada no quartel dos bombeiros de Vilarelho. Uma aldeia transmontana, para quem não souber. Quando a descobri um dia na livraria Latina fiquei-lhe rendido até à adicção.
Ao Rentes de Carvalho estava ali atribuído o papel de pontífice, de horas em quando deixava a sua marca. Eu não o conhecia, mas fazia dele uma imagem maciça e impositiva, um Alexandre Herculano de hoje, distante como ele, que os deuses me perdoem!
As trabalheiras de fundo saíam das mãos dum grupo com formações variadas. E foi para mim uma coisa de enigma, compreender donde saía um tal saber e a sua voz: aquela desenvoltura de pensamento, a criatividade sem concessões ao vulgo, o discurso de tiro tenso e certeiro, a ousadia distanciada do sarcasmo, o bálsamo da boa iconoclastia. A Periférica era o oposto do Portugal erudito, magistral e encartado.
Mais tarde entendi melhor. O carácter marginal e remoto da publicação, cuja redacção não frequentava capelas nem usava opas de confraria, era, nem mais nem menos, o selo da sua garantia. Independente da bolsa de patrocinadores, do vulto de académicos avalistas, dos fumos de incenso e mofo de que o poder se alimenta e com que nos corrói. Tudo foi sempre assim em Portugal, há muito tempo; a única verdadeira voz é a marginal.
Quando a revista acabou, ficou-lhe no lugar uma cratera que ainda hoje lá está.

Arianna Savall

Tarantela.

Pensamentos 4

As folhas, as flores e os frutos

O verbo desfolhar sempre existiu desde que o mundo é mundo. Desde que o Outono chegou aos olmos do Paraíso.
Usavam-no muito as lavradeiras do Minho, no tempo em que milho havia. E os americanos fizeram dele indústria, largando agente laranja na copa das florestas do Vietnam. Isto antes de ficarem a saber que só o primeiro milho é dos pardais. O segundo já não é.
Igualmente o verbo desflorar existe há muito. À letra, tirar a flor. Nem se imagina o deserto do mundo, e a tristeza toda dele, se o verbo não existisse.
Hoje em dia a palavra é desfrutar. À letra, comer o fruto. Há quem lhe questione a elegância e o purismo, mas a prática faz lei. E não há quem a dispense.
Ou nisso pense! Pois em rigor me parece que uns poucos colhem as folhas, os frutos e as florações. E aos muitos sobram os verbos, e algumas recordações.

domingo, 7 de setembro de 2014

E não é que é mesmo!

Rai do veterano!

Roer as unhas de inveja

Muito embora não tão gigantes como esta, o parque municipal de Trancoso exibe três exemplares da espécie.
E deve-as a um autarca de há cem anos, Bravo de nome e de acções. Que o burgo já teve disso, aqui se diz para que conste!

Sic transit

Gloria mundi.                                                [clicar]

Ululâncias

[Miller e duas leitoras]
[Duma série de fotos exemplares da LER]
Por essas catedrais das letras, não faltam mamas ao léu com mais semântica do que a arrojada metáfora. Mas exemplares de quê, se não for do óbvio ululante?!

sábado, 6 de setembro de 2014

P. Floid

The Wall.

A tabuleta do 12

Quando frequentei a Uninova, num processo de reconversão profissional que o fim do PREC tornou inevitável, já eu era mais que veterano. Ainda hoje me lembro de alguns amigos futricas, a cantar de galo à mesa do café, naquele Verão escaldante. – É preciso aproveitar a oportunidade histórica de implantar o socialismo! - Diziam isto com ar compenetrado, apelando-me aos galões, lá saberiam porquê. Isto enquanto analisavam os avanços da distensão entre blocos, que alguém andava a discutir na Escandinávia. E foi assim, para a futricada comum. No fim do Verão, a vidita lá seguiu sem sobressaltos, enquanto a minha dava uma volta completa, a desenhar cambalhotas. Mas não podia ser de outra maneira.
As instalações eram as do velho Trem-Auto, ali à igreja de Fátima, e não tinham ainda aquele aspecto de cárcere blindado, que mais tarde edificaram ao logo da avenida. Havia azulejos polícromos nas paredes do primeiro andar, e uns renquezitos de murta em volta dum jardim. O mesmo chão era o empedrado antigo, e estavam inteiras as rampas onde os mecânicos içavam os tanques, para lhes poderem esmiuçar as tripas. E no final das manhãs, quando acabava a semiótica e a gramática generativa, lá íamos à procura dum almoço de chamuças num estanco da Poeta Mistral.
Aparte uns poucos cabotinos descomprometidos, que a idade tornaria cada vez mais translúcidos, o grosso da frequência era o mulherio juvenil das Letras. E havia mestras novatas, assistentes, que repartiam entre si a pouca sabedoria e a muita falta de maturidade. De modo que o mulherio aproveitava para dar que fazer à língua. Era então que algumas delas me pediam emprestada a veterania, quando algum desassossego ameaçava motim.
Um dia lembrei-me da tabuleta do 12, e declinei-a: - Quem conversa com o guarda-freio torna-se moralmente responsável…
Nenhuma delas guardava na lembrança coisa semelhante!

Na dúvida, paus por baixo!

Para isso tens que ler isto.

À atenção duns canalhas

Que pescam em águas turvas!

Sultans

Of Swing.

Pensamentos 3

Elites

Tudo o que faz um escrevente comum é servir-se das palavras para que elas o exprimam. E elas fazem o que podem para executar a tarefa: reproduzem, bem ou mal, o que viram pelo mundo.
Já o escrevente incomum lança mão delas para que signifiquem. Organiza-as e soltou-as. Os mundos que elas contêm não existem fora delas, e hão-de ser carpinteirados pelo leitor.
No disputado “mercado da atenção”, em que naufragaram os leitores e onde já só há consumidores, o exercício é muito contingente. Por isso a literatura é um passatempo de elites. Tão inúteis e precárias, como únicas verdadeiras.

Hotel

California.

Augúrios para 2015

«Entrando o ano à quinta-feira, tem a norteá-lo o bonníssimo planeta Júpiter, o maior do sistema solar, entre Palas e Saturno (...).
O domínio deste magnífico planeta exerce-se sobre (...) os homens sábios, justos, compassivos, misericordiosos e tementes a Deus. E é tal a sua ânsia de praticar o bem, que ampara e acarinha todos os inclinados a mulheres, alegres e amorosos.»

Estando a mansarda pronta, uma horta a prometer primícias, um Seringador a lembrar as enxertias e a distribuir conselhos... é só mutatis mutandis e ala moleiro!

Moralismos

Estranho e surpreendente: que eu desse conta, as cigarras não se fizeram ouvir neste Verão. Influências climatéricas, ao que dizem. E, mesmo que ainda apareçam, já não se ouvirão cantar.
O aleivoso pensamento moralista da fábula ganhou uma batalha pírrica. Porque essa moral é a mesma da austeridade, um engano miserável em que uma cigarra a sério não alinha.
O mais certo é o governo ser ainda mais tóxico do que o muito que parece! 
- Pois cantavas?! Dança agora!
- Vai-te foder! - ouviu-se acrescentar.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Nenhum cretino iludirá muito tempo a realidade

O inSeguro não será excepção. 

Porque: 
a) Costa empalma Seguro; 
b) Passos empalma Seguro; 
c) Costa empalma Passos, dobrando-lhe a parada.

Não pode!

Nem deve abandoná-lo!

Só vendo e lendo

É inacreditável a ligeireza, o amadorismo, a irresponsabilidade e a impunidade com que estas supostas elites nos governam, e decidem dos nossos interesses, e nos envergonham como país, e nos levam à ruína.
Os destroços maoístas, sempre de braço dado com a escumalha salazarista. Só vendo e lendo bem as entrelinhas.

O sol da Lapa

Cada manhã nasce um pouco mais distante do castro do solstício. Até regressar um dia, como os filhos pródigos.

Pensamentos 2

Velho do Restelo

É uma das figuras mais injuriadas e mais caluniadas do sótão da nossa história. E no entanto o poeta deixou dele uma visão positiva, sem auréolas pintadas nem coroas de louro falso.
Era um velho de aspeito venerando, tinha um saber só de experiências feito, e tirou do experto peito anátemas de bom-senso: contra a glória de mandar e a vã cobiça, contra a temeridade que põe em risco a vida, contra as promessas falsas que o povo néscio enganam, contra a vaidade que enleva a fantasia, contra a feridade e a crueza a que puseram nome esforço e valentia.
Tresleram-no desde logo os poderosos do reino, que das misérias alheias sempre encheram a barriga. Crismaram-no de timorato e de cobarde. O néscio povo seguiu-lhes o exemplo, e agora já é tarde para mudar.

Missal

O país subiu 15 lugares na escala das competitividades.
Sobretudo tendo em conta parâmetros como as infraestruturas, a saúde e a educação.
Tudo isso, por junto, foi o que nos levou à bancarrota. E o culpado é o cabrão do Sócrates, conforme está escrito no missal.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Arianna

Savall.

Pensamentos 1

País litoral

Os portugueses mudaram-se para a costa. Tanto ouviram contar histórias de marinheiros, que agora só se querem nas dunas. Alguns mesmo na rebentação.
As marés é que vão ganhar com isso. Em qualidade e volume de destroços.

Património imaterial

Angola pretende que a localidade de M'Banza Congo seja considerada património imaterial da humanidade. 
Comoveu-me ver de novo, ali na televisão, as paredes (recauchutadas) da sé catedral. (A primeira igreja católica a Sul do Equador - disseram).
Já no que respeita ao património imaterial, a história mostra que o mais significativo e frutuoso foi o tempo de comissão que lá passou um tipo que se chamava Melo Antunes.

Inquérito parlamentar

O comité central, com autorização da direita, terá direito à sua comissão de inquérito parlamentar ao BES.
Porém o inquérito alargará as supostas averiguações a partir de 2008, podendo assim distribuir suspeitas aos governos de Sócrates e ao regulador Constâncio. 
A direita agradecerá, conforme é hábito. Porque assim ficará no ar a poeirada bastante para obnubilar os criminosos reais. 
A isto chama-se misturar alegremente a trampa com a ervilha de cheiro. Mas a quem é que esse gesto ainda surpreende, vindo de quem vem?!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Curiosidades

Coloridas.

Perplexidades

Repetidas, renitentes, recorrentes.

Dizem

Sim, dizem! Que estes cedros vieram da Toscânia, em camião expresso, para emprestarem uma patine clássica às muralhas de Trancoso. 
Dizem que eles ainda não foram pagos, porque a factura se perdeu numa embrulhada qualquer. Dizem, mas ninguém sabe.
O que se sabe é que os Paços do Concelho estão a cair de podres e a meter água. E sabe-se também, por estar à vista, que a praça dos mercados está numa ruína vergonhosa, em que os vendedores das bancas protegem os produtos de guarda-chuva aberto.
Claro que isto, como tudo, tem uma explicação. A dita cuja está no cabrão do Sócrates, esse proscrito, que nos conduziu tenazmente à bancarrota.   

Informar

O Público de ontem escreve em editorial:
« (...) Sim, há jihadistas oriundos de países da União Europeia e até há pelo menos 
doze de nacionalidade portuguesa. E se a descoberta não devia ser tão surpreendente 
(foi também na Europa que foram planeados os infames atentados do 11 de Setembro de 2001), a verdade é que a simples difusão deste facto reabre o dossier da desconfiança 
generalizada.»
Assim mesmo, entre parêntesis, o jornal produz duas afirmações simultâneas: as queda das Torres Gémeas foi um atentado do Bin Laden; e o seu planeamento foi feito na Europa.
A primeira resulta duma fezada, e pronto. Pouco importa que a bota do sucedido não dê com a perdigota da sua explicação. É uma questão de crença!
Já sobre a segunda, não era mau que o jornal se explicasse melhor: onde foi que as coisas foram planeadas, por quem e quando.
É que informar consiste nisso.