quarta-feira, 17 de setembro de 2014

2º Andamento

A queda do muro de Berlim deixou o campo integralmente livre às rapaces elites oligárquicas da América e da Europa. Particularmente às elites financeiras de Wall Street e da City. Com o inimigo desarmado, era o momento de as elites capitalistas ocidentais ajustarem as contas com os respectivos povos, e recuperarem o poder que haviam perdido ou partilhado.
A desregulamentação total dos mercados financeiros, o regabofe do subprime, a desindustrialização, a financeirização da economia, a globalização, a deslocalização empresarial, a criação de dividendos para o accionista, transformaram radicalmente a economia, a sociedade e a vida dos povos. Encurralaram os trabalhadores dos países do mercado, uns reduzidos à condição de escravos sem quaisquer direitos, outros condenados ao desemprego e à desocupação.
Em 2008 rebentou na América uma gravíssima crise financeira, que o mundo já não vivia desde 1929. E as suas metástases rapidamente chegaram à Europa, porque a finança sem regulação não conhece fronteiras. As elites europeias, atraiçoando naturalmente os seus povos, alinharam contentíssimas no jogo. Inventaram a trapaça da austeridade. E os povos europeus, particularmente os do Sul, espartilhados numa moeda única disfuncional, sem mecanismos adequados para responder à crise nem armas para se defender, acabaram a aceitar que viviam acima das suas possibilidades e merecem adequada punição.
Com políticas monetárias mais realistas e adequadas, a América vai saindo da crise financeira que engendrou. E é numa Europa à beira da deflação que a devastação económica, social e humana mais persiste. Com vantagens para as elites da Alemanha, que se vão apoderando da Europa. Coisa que a poder das armas, ficaram sempre a um passo de obter.