A queda do muro de Berlim deixou o campo integralmente
livre às rapaces elites oligárquicas da América e da Europa. Particularmente às
elites financeiras de Wall Street e da City. Com o inimigo desarmado, era o momento de as elites capitalistas
ocidentais ajustarem as contas com os respectivos povos, e recuperarem o poder
que haviam perdido ou partilhado.
A desregulamentação total dos mercados financeiros, o
regabofe do subprime, a desindustrialização,
a financeirização da economia, a globalização, a deslocalização empresarial, a
criação de dividendos para o accionista, transformaram radicalmente a economia,
a sociedade e a vida dos povos. Encurralaram os trabalhadores dos países do
mercado, uns reduzidos à condição de escravos sem quaisquer direitos, outros
condenados ao desemprego e à desocupação.
Em 2008 rebentou na América uma gravíssima crise
financeira, que o mundo já não vivia desde 1929. E as suas metástases
rapidamente chegaram à Europa, porque a finança sem regulação não conhece
fronteiras. As elites europeias, atraiçoando naturalmente os seus povos,
alinharam contentíssimas no jogo. Inventaram a trapaça da austeridade. E os povos europeus, particularmente os do Sul,
espartilhados numa moeda única disfuncional, sem mecanismos adequados para
responder à crise nem armas para se defender, acabaram a aceitar que viviam acima das suas possibilidades e merecem
adequada punição.
Com políticas monetárias mais realistas e adequadas, a
América vai saindo da crise financeira que engendrou. E é numa Europa à beira
da deflação que a devastação económica, social e humana mais persiste. Com
vantagens para as elites da Alemanha, que se vão apoderando da Europa. Coisa
que a poder das armas, ficaram sempre a um passo de obter.