domingo, 31 de maio de 2015

A Santinha da Vila Maior

Às oito da manhã lá estavam os fogueteiros, a estoirar a alvorada da Santinha da Vila Maior. É o último domingo de Maio e os mordomos não dormem em serviço.
Nestas mesas de pedra do terreiro, à sombra dos carvalhos, ruminei eu em seu tempo boa parte do Portugalmente - Peregrinação da Lapa a Riba-Côa. Quando foi editado, dele me disse alguém: - Ler-te faz de mim melhor pessoa! 
Que melhor desejará um autor, empenhado no que faz?! Nem a Santinha da Vila Maior!

sábado, 30 de maio de 2015

3º andamento

Em Alpedrinha, no solar do Picadeiro, não encontrei o simulador de voo que estava prometido. O mais certo é não ter surgido à câmara nenhum FMI disposto a financiá-lo! Mas encontrei este livro do Pedro Eiras e trouxe-o para casa.
É uma colectânea de textos, heteróclita e surpreendente, que estou ainda muito longe de entender. Mas já o primeiro texto a justifica.
Nós limitamo-nos hoje a usufruir da obra de Johann Sebastian Bach, isso nos basta. Nem pensamos um segundo naquilo que terá sido a sua vida de criador musical. O texto é uma longa carta, às vezes comovedora, de Anna Magdalena Bach, sua segunda mulher, ao Reitor da Escola de Cantores de São Tomás em Leipzig. E dá conta da precariedade em que ficou a viúva, da longa série de filhos do mestre e do casal, e sobretudo do abandono e da polémica que a obra de Bach suscitou, após a sua morte.
" (...) Que farei com trezentos e cinco táleres, ainda que me concedam o direito de viver nestes apartamentos mais seis meses, ainda que os meus filhos se dispersem entre as casas dos seus irmãos, noutras cidades, e eu os perca e deixe de os ver? Que farei, se as minhas filhas adoecerem? Quando precisar, posso vender os móveis que restam da casa, tão poucos. Os meus enteados estão longe: Wilhelm Friedemann em Halle, Carl Philipp Emanuel em Berlim. Sei que ajudarão a publicar as obras de seu pai, conhecem editores, decerto a Arte da Fuga ainda verá a luz do dia, e será como uma última oferenda aos apreciadores do contraponto, hoje tão desprezado mesmo entre quem diz amar a música. Não tenho ilusões. (...)"

" (...) Sim, Wilhelm e Carl Philipp estimam as composições do pai. Como não as estimariam? Foi por elas que aprenderam a arte da música. (...) E com os filhos já adultos (Bach) tocava os concertos para dois e três cravos no Café Zimmermann. Porém, hoje ambos servem a cidade de Halle e o rei da Prússia no lugar de organistas, cravistas e compositores; sei que abandonam o velho estilo do contraponto, e compõem a música ao novo gosto das cortes, leve e floreado. Mas eu sou apenas uma pobre mulher e eles servem os seus senhores, como poderia criticá-los? 
Mudaram-se os tempos e a música. (...) Pois a música não é eterna, diz-se, mas segue os gostos que passam."

" (...) Escrevo na casa vazia, e recordo aquela crítica de Scheibe contra a música do meu falecido esposo, há tantos anos, onde acusava as obras de serem demasiado ornamentadas, em conflito com a ordem simples da natureza. (...) Agora, desta crítica vou ouvindo as repetições, como uma planta daninha que se enraizasse, como se o meu esposo tivesse cometido um crime que mais valesse esquecer. E assim é esquecido. Incomoda, continua a incomodar. E esta cidade não perdoa a quem segue a sua lei mais verdadeira. (...)"

" (...) Tenho quarenta e nove anos, envelheço, vou morrer. Tive treze filhos, perdi sete. (...) levanto os olhos da folha e penso que vejo as mãos de Johann Sebastian, as veias, as manchas castanhas na pele, as mãos que dantes tocaram os órgãos de Leipzig, mãos cegas e inúteis. Levanto os olhos, deixo de o ver, era apenas a sombra duma nuvem a passar na janela, o resto dum cheiro de tabaco, suave engano que se esvai, uma despedida, estou sozinha outra vez. (...)"

" (...) Mas ainda que as partituras sejam esquecidas, ainda que ninguém mais cante estas obras, ainda que vendam e dispersem as cópias, e daqui a seis meses me façam sair destes apartamentos, ainda assim, a alegria de eu ter conhecido esta música, essa nunca me podereis pagar nem tirar. Pois a necessidade é cruel, são terríveis o frio e a fome, frágil o ânimo dos homens, e os exércitos atravessam as terras destruindo tudo quanto encontram. Mas que eu tenha ouvido um motete como Singet dem Herrn, que eu tenha ouvido e cantado está música, já nem esquecimento nem violência nenhuma, nem o frio e a fome, me podem nunca roubar. (...)"

Alvitre

Se um cansaço te assaltou ou a confusão se instala, sai ao alpendre! Põe a pastar os olhos na paisagem e verás o que acontece.

A mentira dos aldrabões profissionais

Deve ser desmascarada, por mais trabalho que dê. A ver se não merecemos o que temos!

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Um país a cair...

... da boca dos  cães!

Os gestores locais do PPD não fazem a coisa por menos!

O Ruas até deixou montada em Viseu uma coisa do género, antes de buscar refúgio em Bruxelas. Que eles atacam em bando! 

Mais um

A fazer salivar os ficcionistas paranóicos.

Se o filho da puta do ridículo matasse

Já 'távamos livres de tanta merda!

Pavarotti

E lucevan...

Viburno

É o seu nome de baptismo, nas taxonomias de Lineu. No linguajar comum é o noveleiro.
Já anda aí na horta a queixar-se deste sol, o descarado.

Ter duas mamas é exercício de risco

A cultura, a educação, os atavismos e a moral cristã que os séculos nos ensinaram e uns sotainas apregoam:
1 - Duas mulheres por mês são abatidas a sangue frio pelos companheiros de cama. Os casos inversos não entram aqui nas contas.
2 - O homem, de Matosinhos, prepara afanosamente uma excursão ao Algarve. Anda há dois anos à procura dela e encontrou-a.
Mete a arma no sovaco e põe-se em marcha. Mal desembarca no estanco onde ela serve cafés, desfecha-lhe três balázios e vai à vida.
3 - É viúva e gosto dela, por uma única razão. Se se fala do marido, que morreu e era um bom homem, logo lhe reza por alma: «O Fulano?! Deus o guarde e o tenha lá bem guardado, tão pouca falta cá faz!».

Comido por tolo

“São tão simples os homens e obedecem tanto às necessidades presentes, que quem engana encontrará sempre alguém que se deixa enganar”. [Nicolau Maquiavel (1469-1527).]

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Falácias de cretinos

Ou se não digam-me, estas luminárias, o que é que isto quer dizer: - Perdi o elise de ontem! Não vi nada fora do comum! 
É que isto anda por aí, em escritas oficiais, de empresas e universidades. Por força da consoante surda, por força da analogia, por força do erro, por força da ignorância! Mas desde quando passou a ser proibida por decreto a santíssima ignorância, digam lá!

Visitas

[clicar ajuda]
De vez em quando aparece por aí, qual planador dos antigos, a vogar no azul destas manhãs. Será uma águia que chegou da Gata, um milhafre que subiu do Douro a visitar o condado, não sei bem. 
Não é o falcão-peregrino, que esse é patrono duns aviadores que eu cá sei e tem muito que fazer. Nem um gavião a quem a pena caia, como o outro.
Sempre de asa espanejada deixa desenhos no ar, aproveita as correntes ascendentes. Se vislumbra um caçapo vem cá abaixo, um lagartito azul, mas isso é raro. E logo sobe outra vez, até desaparecer. Quando lhe quadra dorme a sua sesta, empoleirado num galho.

Favor dos deuses

Mantenho ainda em respeito a besta do desencanto nihilista, seja ele a golpes de bastão ou de chicote. Ou será favor dos deuses?!

2º andamento

A alameda é a mesma de há um século e as sebes de buxo estão muito maiores. A entrada lá ao fundo ainda é igual, mas agora está fechada. E há milhões de andorinhas nos beirais. O lombo enorme da Estrela continua ali em frente, salvo o frio que aos invernos de lá vinha. São os mesmos os cedros e os carvalhos, e algumas tílias que bordejavam recreios. Mas desapareceram os caminhos da quinta, de saibro áspero a ranger. E já não há vinhas a correr ao longo deles, nem as cerejas vermelhas que pendiam dos ramos e lembravam lábios de Eva, nos dias de retiro e silêncio e solidão. 
Os telheiros do logradouro ruíram, mas ainda sobrevive o ringue de patinagem, de pavimento partido e remendado. Ainda agora estou a ver o Pião e o adversário a disputar cavalgadas, com a bola sempre colada na pontinha do stick. Nunca participei nelas e ainda hoje tenho pena, faltou-me sempre com que comprar uns patins. 
Em toda a volta só há portas fechadas, hoje é domingo e o regime é de externato. Ali dentro jogava-se ao pingue-pongue, enquanto eu e o mestre de latim deambulávamos pelo corredor, num arremedo de Cíceros no foro. Ainda hoje me assombra essa lembrança. 
Ainda há-de haver lá dentro um claustro de laranjeiras que um certo dia pensei em assaltar. E camaratas agora vazias, e refeitórios e salas de estudo, onde o livro de inglês era o Animal Farm, muito mais tarde vim a perceber porquê. E haverá duas capelas, numerosas salas de aula e fundos corredores ao longo delas. 
Um dia pedi e fui autorizado a passar os intervalos das aulas numa delas. Havia um órgão de pedais, e exercícios de pauta, e páginas de partituras, eram lá os meus recreios. A pedalar por um lado e a dedilhar por outro, ao fim dum mês já se entendia Bach. Não era ainda bem este mas já fazia lembrar!
Atravesso o portão da alameda de lágrimas nos olhos, a caminho do Fundão. Onde vi o Marcelino Pão e Vinho pela primeira vez.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Uma seita sem vergonha

Entrevistador - Nunca se arrependeu de ter votado contra o PEC IV?
Jerónimo de Sousa - Nunca! Porque a política de direita estava lá!

Rubicão

Os destroços dos incêndios na serra desceram na torrente e derrubaram três poldras. Ninguém pôde atravessar, enquanto a junta de freguesia não reparou os estragos. Nem sequer o pobre do Júlio César, que lá teve que ir passar a outro lado.
Houvera sido mais diligente a junta, ou menos burocrática a hidráulica, e o nosso alea iacta est era já outro!

Há 70 anos

Era assim o submarino alemão U 1277, afundado pela tripulação ao largo de Angeiras/Labruge (Cabo do Mundo?!), a Norte do Porto. Hoje é um dos pontos mais importantes de mergulho sub-aquático e um foco de vida marinha significativo.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Eppure...

Si muove!

1º andamento

Chego à Cova da Beira como quem regressa a casa, onde há muito não entrava. Venho à procura (é domingo) do II Encontro Literário Gardunha 2015
A ausência (por certo justificada) de significativas personagens prometidas (E. Lourenço, João de Melo...) deixou a atmosfera um tanto rarefeita. Mas a presença de João Ricardo Pedro encheu-me a hora no velho TEATRO em Alpedrinha. 
Quem escreve O Teu Rosto Será O Último, e com ele obriga a LEYA a conferir-lhe o Prémio de 2011, só podia ser um puto assim. Discreto, humilde, eficaz. Não almeja carreiras fulgurantes, não acredita em famas demolidoras, não pretende fazer mais que três ou quatro trabalhos. 
É verdade que João Ricardo Pedro não pertence à galáxia da Rosário Pedreira, esse olimpo de génios que já têm o Nobel prometido! Este limita-se a escrever e fá-lo bem, e conhecê-lo pessoalmente foi um gosto e um ganho.    
Queiram os deuses guardar-lhe a cabeça varridinha e livre de poeiradas! É o que por aqui se estima, enquanto não chega um romancinho novo.

Cegonha-branca

Chegou durante a manhã. E eu entrevi-a, pairando, sobre o espelho de água. Temerosa, cuidadosa, receosa... ou zelosa, quem o sabe?!
Nunca teve um ninho por aqui, nem um alpendre nele. Foi-se embora.

Pregos no caixão

Cada gesto deste governo (nas Finanças, na Economia, na Educação, na Saúde, na Justiça, na Defesa, na Seg.Social...) é mais um prego no caixão de Portugal. Que só ainda não desapareceu porque os países não passam ao estado gasoso, nem se esvanecem no ar. Mas os pregos saem caros!

De vez em quando...

... este gajo engana-se e aponta os canhões ao alvo! Mas é com pólvora seca!
Desta vez, 10% dos foguetes visam o governo; o resto é fogo no PS e no Costa.
Com gente assim 'tamos nós bem fodidos!

Era de homem!

Mas como é que isso se leva à prática, com a barcaça agora em movimento no charco em que já se encontra?!

A tenaz

Toda a coisa assenta em várias partes.
1- A memória não é o forte dos indígenas portugueses. Nem a colectiva, nem a individual. Se tivessem memória colectiva, embora distante, haviam de criticar e lamentavam a gloriosa história que arrastam às costas. Se tivessem memória individual intermédia, lembravam-se de duas coisas: no tempo da outra senhora houve tribunais plenários, onde meretíssimos juízes avalizaram julgamentos criminosos e lavraram sentenças iníquas. Isso mostra (se não formos ingénuos) que por baixo da majestade eminente das togas, há muitas vezes pechisbeque em lugar de ouro de lei. 
Na memória mais recente, lembrariam ainda que José Sócrates, desde 2005, mal entrado no governo, foi de longe o político mais marcado, mais atacado, mais perseguido, mais caluniado e mais injuriado dos tempos democráticos: as calúnias anónimas do Freeport, que ficaram por provar; as escutas e corrupções do Furacão, que magistrados e polícias de Aveiro puderam esgrimir e que ninguém demonstrou; as alegadas escutas de Sócrates a Belém, que apenas revelaram o carácter dos reais conspiradores, com a cumplicidade activa do jornalista José Manuel Fernandes num estanco da Av de Roma. Desde a sugerida mariquice ao péssimo carácter, à irascibilidade, à megalomania, à corrupção, tudo serviu para atiçar o fogo do "ódio a Sócrates". Não se via coisa assim desde o marquês de Pombal!
2 -  O super-juiz Alexandre e o magistrado Teixeira justiceiro construíram a sua ficção com base num primeiro dado: em Paris, enquanto estudava, o ex-primeiro-ministro Sócrates vivia à tripa-forra, muito além das suas capacidades conhecidas; em seguida já tinha uma fortuna oculta em nome de terceiro; ora quem cabritos vende e cabras não tem de algum lado lhe vem.  A fortuna teve teve origem criminosa, designadamente em actos de corrupção passiva enquanto foi governante. Tudo perfeitamente verosímil, no mais estrito respeito pelas regras da boa ficção.
 A Suíça informou que nas contas bancárias não constava o nome de Sócrates; e os investigadores protelaram, pediram, sonegaram, fingiram durante um ano não ter recebido essa informação, até encontrarem um novo fio da meada narrativa. Finalmente prenderam-no quando aterrou no aeroporto, e os Magistrados Unidos VIP exultaram nos seus círculos privados do Facebook, emdesbragadas que são indescritíveis. E depois de transformarem um ex-primeiro ministro de Portugal no preso 44 de Évora, os investigadores ligaram-no ao grupo Lena, para demonstrar as comissões nos negócios da Colômbia e nas obras da Venezuela, e nos contratos da renovação milionária do parque escolar. Porque o preso 44 era um corrupto, que conduzira a política nacional ao serviço da rapina pessoal.
3 - A tenaz com que as decadentes elites nacionais pretenderam garrotar José Sócrates tem dois braços e um modo de actuação: por um lado o poder judicial, pela mão duns juízes e magistrados que são um ferrete da corporação; por outro a comunicação social mercenária, onde se destaca o SOL, o Correio da Manhã, o jornal i, e a revista SÁBADO. Outras participações são generalizadas, que os media servem os donos e estão em boas mãos. Mas são mais acidentais. 
O modo de actuação desta tenaz apoia-se desde sempre no crime da violação do segredo de justiça, em cujo banco dos réus só cabe o traseiro mal-lavado de juízes, magistrados e polícias ligados à investigação. São eles que distribuem (venderão eles?) o pão da informação secreta das averiguações a jornalistas famintos. O resultado só pode ser um, e todos eles o sabem muito bem: na tosca, na primitiva, na primária opinião pública indígena, Sócrates está condenado há muito tempo! Sem nunca ter sido arguido, nem julgado, nem sentenciado.
4 - E no entanto, uma vez que tudo isto não passa de ficção, as provas factuais, retumbantes e definitivas não aparecem. E é cada vez mais claro e evidente o falhanço estrondoso destas investigações. É por isso que já se vai saltando para a etapa derradeira. Já se vai tirando a conclusão de que a maior de todas as fragilidades de Sócrates é que qualquer outro cenário que não a sua culpa é mais grave para o regime do que a sua inocência. No dia em que Sócrates saísse do tribunal como inocente, o custo seria altíssimo. (...) Num caso a democracia fortalecer-se-á; no outro ficará envenenada.
Quer dizer, a questão que o país tem com o preso 44 já não é uma questão jurídica. É aquilo que sempre foi, uma questão política. Que não procura atingir só o preso 44, mas também danificar o PS, a direcção de António Costa e a governação do país. Tal e qual como aconteceu no caso Casa Pia, em que o PS ficou decapitado
José Sócrates pode muito bem vir a apodrecer em prisão preventiva, num aljube qualquer, às mãos destes carrascos. Não é ele o primeiro caso na nossa história! Mas o super-juiz Carlos Alexandre e o seu comparsa do ministério público Rosário Teixeira bem andarão ao pendurar-se num candeeiro, antes de largarem o osso que abocanharam ao serviço de agendas ideológicas, que não são terreno da Justiça. A ver se esta terra de cobardes e sonsos encontra algum dia salvação.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Os sete pecados capitais

Nunca me tinha passado pela cabeça! Mas esta não só é perfeitamente plausível, como é mesmo a única maneira de explicar infinitos enigmas.
1 - As elites traiçoeiras percebem perfeitamente e muito a tempo que o BES vai estoirar.
2 - O BES não pode implodir antes de a troika ir embora, porque isso seria o descrédito total da mesma.
3 - Todas as instâncias implicadas (PR, governo, reguladores, CMVM) assobiam para o ar, protelam, procrastinam, mascam, adiam o estoiranço do BES.
4 - Carlos Costa, o supervisor do BdP, faz-lhes o frete.
5 - 900 milhões da PT vão à vida no BES, o Bava e o Granadeiro naufragam.
6 - O mexilhão acaba por se lixar, nos 1000 milhões de papel comercial do BES que subscreveu.
7 - Passos Coelho retribui o frete, reconduz surpreendentemente o Carlos Costa no BdP.
O cúmulo criminoso perfeito!!!

Guerras frias

Hoje tenho um éden no alpendre. mas nem sempre foi assim.
A forneirita passava o tempo no choco, a acalentar a ninhada. Compenetrada, zelosa, só perdia a compostura quando me via lá fora a fumar o meu cigarro. Na dúvida paus por baixo! E desertava.
Dias depois chegaram as andorinhas. Eram duas, que entraram e saíram e voltaram a entrar. Agarraram-se à parede e puseram-se a mirar, como quem não acredita no desplante. A forneirita, lá dentro, nem pestanejava. Uma rainha Vitória!
A dada altura estalou a discussão. - Que o ninho já tinha dono, fui eu quem o construiu, matei a cabeça nele, o trânsito no estreito é que atrasou a chegada! - Pois achei-o devoluto, vi-o sujo e desprezado, passei-lhe o sobrado a pano! Paguei dízima e as moras! A forneirita acabou por alegar as leis de usucapião. E as andorinhas lá foram, a ruminar entredentes.
Dias depois acordei num sobressalto, corri cá fora, rosnei uma asneirada. Era uma esquadra da nato que chegara, aquela gente das bombas inteligentes que a mordem pela calada. Entravam às parelhas em picada, faziam rebentar ondas de choque, cheguei a temer-me das vidraças. Propus logo um armistício.
- Qual armistício, qual quê?! A nato existe pelas liberdades, garante soberanias, guarda civilizações!
Aturdida, a forneirita bateu em retirada. E até eu me recolhi, portas trancadas, já temendo uma líbia no alpendre.
Depois disso instalou-se o casalito. Pôs alguma ordem nos destroços, pediu um fundo de reconstrução, mandou fechar a marquise para cortar a cieirada impenitente. Agora choca a ninhada e dá-se comigo às boas. Já me prometeu ajuda nos pulgões das favas, ainda estou à espera dela. E se esqueci utopias juvenis, perdi em causas quanto ganhei em sossego. Porque a loiça é toda outra, com gente civilizada!

domingo, 24 de maio de 2015

Os homens-máquina dos barcos-fábrica

Depois de ganha a guerra contra os pardais (que devastavam as searas), e a batalha da produção de aço em altos-fornos de quintal, (duas peças fundamentais do Grande Salto em Frente!), os chineses integraram o conceito moderno de produtividade. Milhões deles acederam ao consumo e mais ainda escaparam à fome. E hoje em dia não querem outra coisa, compreensivelmente.
No que toca a madeiras, por exemplo, buscam-nas onde as houver, nas costas de África ou da América Latina. Saem dum porto com o barco atulhado. E logo que levantam ferro transformam-no numa fábrica, enquanto dura a viagem. Os obreiros entram cedo ao trabalho, e na verdade não chegam a sair dele, por não haver espaços de lazer.
Chegam a casa com a obra realizada. Enchem contentores dela e despacham-nos para o mundo inteiro.
É uma forma de manter a fome longe, com proveitos fortuitos para a ciência. Como naquele caso de há uns anos, o dos patos de plástico amarelo. Um contentor escorregou do convés e naufragou. O mar forçou enfim os cadeados, e os patitos puseram-se a nadar. Deram à praia nas costas da Terra Nova, se antes não foi na Jutlândia. Isso permitiu aos cientistas conhecer muito melhor as correntes e os caprichos do mar, sem o dispêndio e a real chatice das medições no terreno.

"O povo português não precisa de actos de inteligência do PS"

Durante décadas do século passado, enquanto existiu o "socialismo real" e as esperanças que trazia, o PCP foi um partido de heróis, os únicos que enfrentaram a máquina de guerra das elites opressoras. Hoje, na situação em que o povo e o país se encontram, tudo isto é uma trapaça, uma vergonha, uma traição.

«O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse este sábado, em Ponte de Sor, que o PS “desertou em combate” como partido da oposição nos últimos quatro anos e esteve “comprometido” com as políticas desenvolvidas pelo Governo PSD/CDS-PP. “Em relação ao estar na oposição, tardou muito, um PS que durante quatro anos esteve preso, eu não diria pelo rabo, porque a imagem pode ser ofensiva, mas esteve condicionado, desertou em combate porque esteve comprometido com esta política, com a situação que vivíamos”, disse o líder do PCP.
O PS, segundo Jerónimo de Sousa, “teve responsabilidades de chamar a troika estrangeira para cá”, assinou o “pacto de agressão juntamente com o PSD e o CDS-PP” e foi o partido que “aprovou o PEC I, PEC II, PEC III e PEC IV, que já lá tinha muitas das medidas que este Governo [PSD/CDS-PP] acabou por executar”. E considerou que o PS “não tem políticas alternativas”:
“Chegados aqui, nós verificamos que o PS não tem uma política alternativa, que o PS, no essencial, quer continuar o mesmo caminho. Claro que a direita mais à bruta, mas o PS de forma inteligente”, disse. Para o líder do PCP, “o povo português não precisa de actos de inteligência do PS, o que o povo português exigiria era que o PS fizesse uma ruptura com esta política de direita e fosse, de facto, uma alternativa e não mera alternância como pretende ser nestas eleições”.
Fazendo um balanço “dramático e trágico” da acção do actual Governo, Jerónimo de Sousa lamentou que o país esteja nesta altura “mais endividado” ao estrangeiro, viva com “mais desemprego”, e sublinhou que Portugal passa por uma situação “dramática”, ao possuir, em risco de pobreza, cerca de três milhões de pessoas. E frisou que o PCP é “cada vez mais ouvido” pelos portugueses, porque não está envolvido no “lodo” da corrupção e de casos de “pouca-vergonha” que têm ocorrido.» Lusa [in PÚBLICO]

Já é mais do que sabido! O PCP só concorda em ser útil ao país e à esquerda, se o PS mais o Costa forem directamente a despacho com o fantasma do Stalin. E melhor ainda com o Sócrates pela arreata, a fazer penitências e a apresentar desculpas!
Estas elites agradecem, encantadas! E hão-de recompensar, porque são de boas contas!

Adagio para cordas

Samuel Barber, uma coisa bonita que veio da América.

Paleio de cona

A galdéria dos SWAPS (antes de o ser das finanças) baixou finalmente as calcinhas e assumiu-o em Ovar: vai ser indispensável fazer alguma coisa e reduzir as pensões, incluindo as actuais, para garantir a sustentabilidade da Segurança Social e o muito que os portugueses já conseguiram com tanto sacrifício!
Isto não é verdade!!! Vai ser indispensável reformar as pensões porque os "nossos credores" continuam a exigir-nos a política do empobrecimento, como o FMI já repetiu!
Subtraindo 600 milhões à SS através da baixa da TSU, este governo de marionetas e sipaios cumpre as ordens da finança internacional, sem ficar dependente de juízos adversos do Tribunal Constitucional, como tem acontecido!  Vão ao bolso do povo por fanatismos políticos e ideológicos, e não por motivos de equilíbrio de contas!

Altas pressões

Anda no ar um cieiro vadio, tão glacial como incompreensível. Até o sol, tão perto do solstício, só lá para o meio da tarde consegue dar conta dele. As plantas de fruto já andam aflitas a retirar promessas, crestam as terras das hortas e os gados põem-se a olhar para o ar e não entendem.
Ouvi falar a quem sabe que isto são altas pressões que andam lá pela Europa. Já me cá tinha parecido!

Simbologias

« (...) O viajante tem fraco entendimento destas simbologias, e das razões que lhes deram nascimento. Observa de relance a dúzia de finas agulhas rendilhadas, que se espetam no céu e lhe causam vertigens, e irrompem dum confuso jardim de ramagens de pedra, dum turbilhão de linhas em que os olhos se perdem em arabescos de calcário, qual teia duma aranha atónita, onde ficaram eternamente imóveis assembleias de apóstolos, concílios de beatos, comícios de sisudos profetas, estátuas de evangelistas circunspectos, bustos de princesas coroadas, academias de arcanjos, virgens a esmagar dragões zangados, béstias mitológicas, sátiros infernais, grifos, tritões, centauros, sibilas, polifemos, elfos e olharapos, copistas presos às bancas, bodes de costas voltadas, sereias de cauda dupla, touros de cornos em lira, gnomos sem cabeça, pégasos alados, águias bicéfalas, demónios a ferver proscritos nus em caldeirões, basiliscos, lobisomens, gárgulas, brasões, e sobre este portal dão-se as mãos um sujeito de casula e mitra e outro de elmo e couraça, e meio escondida aqui neste recanto ergue uma taberneira um pichorrão de vinho em cada mão, e no alto desta coluna abriga-se ao capitel uma abadessa cujos peitos inflados dois faunos abocanham, não vale a pena procurarmos mais, vivas aqui só as gralhas a ralhar entre si nos pináculos, e quem nos espia rindo é o diabo em pessoa, atrás daquele arcobotante.
Gaspar conclui rapidamente o circuito dos terraços e das platibandas, das cornijas e das carrancas, um dia saberá apreciar, um dia aprenderá a entender melhor estes lugares e estes mistérios da vida. Hoje tem apenas a vaga intuição de que ninguém constrói uma fábrica assim, senão para afirmar o poder que tem. Todas as divindades lhe são por igual indiferentes. Mas, a haver um criador dos homens e do mundo, por certo o seu único e profanado templo era o corpo do alvanil que um dia subiu a esta torre para acomodar.lhe a pedra de fecho, e com ela se despenhou no terreiro desta praça de Santa Maria.
Mal deixam Burgos para trás, (...)»
[As Aves Levantam Contra o Vento, ed. Quasi, V. N. Famalicão, 2007]

sábado, 23 de maio de 2015

A desfaçatez de alguns canalhas já perdeu os limites

E a cobardia de outros faz o resto. 
«É uma situação complexa, que, sem paradoxo, é de uma enorme simplicidade. A maior de todas as fragilidade de Sócrates é que qualquer outro cenário que não a sua culpa é mais grave para o regime que a sua inocência. No dia em que saísse do tribunal como inocente, o custo seria altíssimo. Esta é a questão central desde o início do processo; a sua culpa fará com que o país lamente profundamente que um primeiro-ministro tenha traído a sua confiança, mas a sua inocência fará com que a democracia seja corrompida por uma dúvida que trará o caos e a incerteza. Não há meio-termo. No primeiro caso, a democracia fortalecer-se-á. No segundo, ficará envenenada.» [Luís Osório, jornal i] 

De horas em quando, ou seja, de quando em horas...

O ADN transcendental deste melro, que muito cedo aprendeu a ler a vida na AOC, ou na FEC-ml, ou num cafundó quejando, não lhe augurava grandes literacias. E a oportuna transladação para o PPD limitou-se a respeitar as tradições e o manual costumeiro. 
Sobra-lhe hoje este fadário triste de agitar a poeirada, para turvar atmosferas. Com uma no cravo e as outras na ferradura... vai-se compondo a vidita.

Prelúdios

As primícias da horta já cá cantam! São ervilhitas de grão, que se hão-de secar em verde, para acabarem qualquer dia num belo cozinhado.
Não tardam também as favas. Mas essas são reserva do Jacinto, que vai passar a fronteira empanturrado de Europa. Pobre dele, como eu o entendo bem!

Uma visão

Dos farrapos da manta europeia.

A choldra em manobras de campo

No tabuleiro, avança o pião de rei.

Descarados vendilhões do templo

Estes adoradores de múmias!

O Sepúlveda?! Qual deles?!!!

 «(...) O bicho estava no visor, partido em quatro pelo retículo, o avião ganhava altura e despenhava-se sobre ele num frenesi desesperado, alongando o focinho raivoso enquanto semeava estrondos na paisagem. As armas espirravam frenéticas e ninguém podia perceber onde iam parar as putas das balas, o bicho estava no visor e continuava aos saltos provocantes no capim, se prolongarmos aqui a picada um segundo talvez nos não escape, um só segundo e resgatamos o pundonor, mais um segundo e Gaspar sente o avião a afundar-se no capim, sente-o a pentear os arbustos com o rebordo grosso das asas, sente-o a rasgar a barriga no mato rasteiro, o bicho fugiu do visor e parou de saltar quando um trovão lhe desabou no espinhaço e o matou.
Gaspar viu também a morte que ali estava. Puxou o avião para o ar antes de a viseira partida lhe ter rasgado os olhos, antes de o capacete se estilhaçar contra os ferros da carlinga, viu a morte e execrou-a num clarão de raiva, e logo se deixou inundar por uma indescritível renúncia, quase mística, quase doce, aquela morte era distinta e inelutável. Caiu sobre ele um manto escuro de aniquilamento, perdeu a consciência por força da violenta pancada na cabeça e já não assistiu à derrocada restante, nunca chegará a perceber como saiu vivo daquilo.
Esperaram por ele em sobressalto os companheiros, que ao longe o tinham visto desaparecer atrás da colina redonda. Sabiam ao que andava, o suficiente para lhe entenderem as manobras, deram conta de como o zumbir do motor se evaporara da infinita paisagem, e aguardaram que voltasse a aparecer do outro lado do monte. Mas ele já não veio pelo seu próprio pé, e ao fim de várias horas de busca tropeçaram nele a esgrimir contra o capim altíssimo, enterrado até às partes nas lodagens dum charco onde as pacaças tomavam banhos de frescura, a cabeça disforme alagada no sangue que lhe espirrava das pálpebras em chaga, cego e alucinado, em busca dum caminho improvável. (...)» 
[As Aves Levantam Contra o Vento, ed. Quasi, V.N.Famalicão, 2007]

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Capela Sistina

Tecto, Michelangelo.

Ri-te ri-te!

« (...) A situação de partida descrita no enunciado é esta: “O Diogo largou um gato da varanda do seu quarto, situada a cinco metros do solo.” Pede-se depois aos alunos de 14 anos que indiquem “qual a intensidade da força aplicada ao gato durante a queda” e “o valor da velocidade” com que este chega ao solo.
Esta questão faz parte de um livro de exercícios elaborado para a editora Areal pelos quatro autores que lhe costumam fazer os manuais de Físico-Química do 3.o ciclo. O livro, chamado Zoom, foi distribuído a professores da disciplina para que o avaliassem. O passo seguinte foi rápido: o exercício apareceu estampado na quarta-feira numa página de Facebook e foi replicado depois por uma série de blogues, dando origem a um coro de protestos, que já teve efeitos.
“Este exercício não vai constar da versão destinada aos alunos”, garantiu ao PÚBLICO um dos responsáveis da editora, Diogo Santos, acrescentando que, por enquanto, “o livro foi só distribuído a professores, não se encontrando ainda à venda”. A sua comercialização estava prevista para Agosto e provavelmente o exercício do gato continuaria a figurar na página 30, se não fosse o alerta entretanto gerado. “O livro foi revisto por três pessoas e ninguém se apercebeu da situação”, justificou Diogo Santos. (...)» [in PÚBLICO]

Mas como é que isto tudo é possível?!

Ó tu que fumas!

Toma lá! É lingerie, é cosmopolitismo, é arte do subliminar, ou será erotismo de pacote?!

Augúrios

- Do castanho ao cerejo mal me vejo.
Assim tem sido.
- Do cerejo ao castanho bem me avenho.
Oxalá!

Ó cabrões!

Mamute socrático?!

Fura mas é o caralho!

Outro filho da puta mercenário, muito divertido a levantar poeiradas! Parece inacreditável mas é verdade! Não há dia em que não surja disto, na imprensa especializada na canalhice: vazio puro, retórica manipulatória, verdadeira muleta de toureiro a fazer de nós toiro! O efeito pretendido é aquele da água mole: vai dando na pedra dura até que fura. Que lugar é este, em que vivemos nós?!

O tanso, o crime, o Marquês, um rei Bragança, os Távoras e uma rainha Louca

Não precisa de ser um tipo cínico, ilustrado mas confuso, umbiguista e decadente, distanciado do vulgo, - os políticos são todos uma sujeira! O nosso tanso comum emprenha de ouvido, não quer ficar atrás de mais ninguém nem ser comido por tolo. 
Por isso mesmo enfileira no rebanho, masca o feno que lhe dão, - o Sócrates foi um criminoso, está muito bem na prisão!
A leitura desta bazucada no preso 44 demora meia horita, mas é determinante para chegar a conclusões: - o crime único de Sócrates é ter sido, bem de longe, o melhor primeiro-ministro que Portugal já teve, desde o antigo fascismo até ao mais moderno! 
Lembras-te do que fizemos ao Marquêsdepois que morreu um rei Bragança e veio uma rainha que era Louca?

Já pintaram as cerejas!

E os estorninhos é que ninguém pega neles.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Qual é a dúvida nisto?!

O FMI reclama, insiste, na reforma de salários e pensões. E este governo de sipaios de quimbo tem várias experiências escabrosas, com as decisões anteriores do Tribunal Constitucional.
Uma forma de lhes escapar é a redução da TSU. Fragilizando a Segurança Social em 600 milhões de euros, precipita uma ruptura. Que será um facto consumado, incontroverso, quando um dia acontecer.

Atão ó alegado ministro da Defesa!

Que raio de porra é esta aqui?!

Mais um filho da puta divertido

A levantar poeiradas! Já não há pachorra que aguente este jornalismo de sabujos!

Conciso, claro, pertinente e actualíssimo...

Que mais queremos?!

A anoneira

Na sala das visitas havia dois retratos. Um era do grande peito duma dona Emília, que trazia uns cordões de ouro a escorregar do pescoço. O outro era dum senhor antigo, um Manuel Maria com um garruço na cabeça. Muito sisudo, por cima dum cadeirão de palhinha. 
A um canto dormitava uma caixa de madeira, com uns pés amarelos de metal. Levantávamos-lhe a tampa, só para ver os dentes que tinha lá dentro. Eram macios e brancos e pretos, e dois ou três já lhe tinham caído. Se carregávamos num deles, a caixa logo tocava. Mas só fazíamos isso quando estávamos sozinhos. 
No quintal havia árvores que não eram como as outras, e frutas que ninguém tinha, e flores que levavam às cestadas para enfeitar as capelas dos santinhos, e águas que vinham da mina, e pintassilgos nos buxos. Mais tarde fui descobrindo a muita sabedoria que havia naquilo tudo, e acabei mesmo a entender que a mim me matara a fome.
Há tempos vim a saber que tinha havido na horta o tronco duma anoneira, e só então lhe cheguei às raízes. Eram restos dum Brasil de há uns duzentos anos.
Não fora ele perdido, não seria um paraíso. Ainda bem que se perdeu.

Se acaso ainda tens dúvidas sobre a traição que foi a recusa do PEC 4 de Sócrates em 2011, por toda a direita a quem deu as mãos o comité central e um Louçã lunático...

... limpa os beicinhos a este guardanapo

Transformar

«A literatura não serve obviamente de nada a não ser que sirva para alguma coisa. E se serve para alguma coisa, é para transformar quem a lê. O leitor que chega ao fim de O Livro do Desassossego exactamente igual à pessoa que era quando começou a ler a primeira página é alguém a quem a leitura não serviu de nada. O que queremos da literatura é o que queremos da vida: queremos que nos transforme. (...)»
(Frederico Lourenço, O Lugar Supraceleste, Ed.Cotovia)
[Com toda esta clareza, FL põe em pratos limpos uma questão essencial. Outras subsistem, lá iremos!

Os Maias - Cenas da Vida Romântica - um filme de João Botelho

(Última cena)

João da Ega - Não aparecer por aqui uma tipoia!
Carlos da Maia - Olha! Vai ali um americano!
Ambos - Ainda o apanhamos! Ainda o apanhamos!!!

[Nem eles apanharam então, nem nós agora. E é nisto que andamos, há cento e cinquenta anos.]

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Explosão

É singelíssima a talha. E as pombas, os pelicanos, as folhagens de acanto, as rosetas dos anjos e as barbas do orago são barro pintado. Mergulhada na penumbra, a nave é fresca, acolhedora, doce. 
E eis que surge nela um estrondo, uma explosão, um grito, que destrói e causa medo. Veio de Braga e chamaram-lhe o Senhor da Paixão.
Podia ser o sinal duma fé, a marca dalguma crença, o estandarte duma devoção. Mas não.
Foi só um gesto de arrogância maligna, de soberbia oca. Aquela dos dois mordomos que resolveram apresentar serviço e mostrar que mandavam. Já morreram.

Magistrados Unidos VIP

Leia-se: Escumalha Abaixo de Cão.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Abstenções

Platão em A República: “o preço a pagar pela não-participação na política é podermos ser governados pelos piores”.

Eu não sei que tenho em Évora

A débâcle (ruptura, desmoronamento, implosão) ética, moral, política e social da pátria deixou de ser alerta de pessimistas ou abelhudos. Está em processo à frente dos nossos olhos aquiali, acolá, dentro, fora, aquémalém... para onde quer que olhemos.  

domingo, 17 de maio de 2015

Tudo ligado

O pobre do candidato H. Neto sofre de miopia, e acha que descobriu a pólvora. Diz ele que não hesitará em dissolver o parlamento, perante um governo que não respeite os interesses do país, como é o caso das PPP's.
A primeira PPP foi a da Lusoponte, decidida em 1992 por Ferreira do Amaral, ministro do inefável Cavaco. Quando saiu do governo, o ministro refugiou-se no local do crime, pois que mais! O problema tem mais de 20 anos, e só agora o aprendiz de feiticeiro tropeça nele e traz a solução.
Estes candidatos-espantalhos à Presidência apenas levantam poeirada. Confundem os eleitores e abrem alas à direita. Particularmente esse Neto, a jogar as setas predilectas no alvo do PS, e do Costa. E do Sócrates, evidentemente, que isto anda tudo ligado.

Papinha feita

Num exercício de cultura pura e dura, FL editou um conjunto de Crónicas de utilidade pública. Lê-las devagar e conhecê-las é só ganho.

« (...) Para percebermos qual é a melhor maneira de viver a nossa vida, consultemos antes esse maravilhoso texto acima referido, da tradição hindu. Ora a Bhagavad Gita diz-nos muitas coisas surpreendentes e desconcertantes, mas nenhuma, no meu entender, é mais surpreendente do que esta: o essencial, na vida, é arredarmos de todas as nossas acções o proveito próprio. Nada do que empreendemos, nada do que fazemos deve ter como objectivo o nosso próprio benefício. Pelo contrário, tudo o que fazemos deve ser feito tão-somente pelo valor intrínseco da acção em si.
A minha própria experiência de vida tem-me ensinado de forma muito pragmática que nada nos dá uma sensação tão agradável como empreendermos uma tarefa cujo benefício irá reverter a favor de outrem. Por outro lado constatamos tantas vezes que acções empreendidas com base numa expectativa de proveito próprio acabam por não redundar em nosso benefício. Na verdade, todas as acções que empreendemos para beneficiar os outros, em vez de nos deixarem de mãos vazias, deixam-nos mais ricos, pois é delas que advém a felicidade mais pura. O tal amor que (segundo o estudo de Harvard) nos traz mais felizes é justamente aquele que nada pede em troca.
Como complemento à fórmula da felicidade proposta pela Bhagavad Gita, poderíamos ainda compulsar o indispensável Mundo Como Vontade e Representação de Arthur Schopenhauer, e determo-nos um pouco no capítulo 38 do Livro III.
Segundo Schopenhauer, aquilo que nos leva a agir em proveito próprio é a vontade. "Todo o querer", escreve o grande filósofo, "advém da carência, portanto do sofrimento". A sensação de carência - esse abismo hiante dentro de nós mesmo - leva-nos a procurar realidades e circunstâncias que a mitiguem; mas cada vez que satisfazemos um desejo (...), damo-nos conta de que ficaram no mínimo dez desejos ainda mais vorazes por satisfazer. As nossas necessidades e desejos canibalizam-nos. O sentimento da sua satisfação é evanescente e ilusório. Sob esta perspectiva, agir em proveito próprio nunca nos traz a saciedade, nunca preenche um único milímetro cúbico que seja, do vazio de carência devoradora com que viemos ao mundo. (...)»

Johann Sebastian Bach

Pois quem?!

Em última análise

“Em última análise, a aplicação do programa de austeridade foi para o Governo uma oportunidade e uma alavanca. Uma oportunidade para implementar um conjunto de políticas que faziam parte da sua agenda ideológica. Uma alavanca porque foi utilizado para reforçar as capacidades políticas do executivo, que assim foi capaz de ultrapassar pontos de veto e a representação dos interesses organizados, concretizando políticas que pretendia implementar, mas que, sem esse constrangimento externo, não teriam sido concretizadas.
No fim, resta uma certeza, os sacrifícios exigidos aos portugueses foram desproporcionados e, em importante medida, inúteis.”
[Maria de Lurdes Rodrigues, PÚBLICO]

Trabalhos de Sísifo

Só uma coisa é mais trabalhosa e exigente do que o exercício mental de pensar. É fazer isso organizadamente, elaborando um sistema de pensamento próprio, capaz de enquadrar a vida e o mundo. 
O pensamento desgarrado e flutuante é um exercício mental desconexo e inútil, quando não pernicioso. Transforma o pensador num animal de razão, que foi para o mar tenebroso com uma bússola de lata. O resultado gera equívocos fatais. 
Só o pensamento em sistema constitui arma fiável. Só ele é pensar por si próprio. Só ele faz cidadãos que são donos dos seus gestos. E é por isso que as elites destroem a Escola e a Educação Públicas e transformam a Cultura num xarope. Muito bom artista colabora nisso, para singrar na vida e enfeitar a carreira!

Selfie a sério

Com vénia e sem permissão do talentoso, engenhoso artista!

sábado, 16 de maio de 2015

Sabias desta?!

Pois fica a sabê-la melhor! Para melhor poderes entender outras! É isto o famoso fracking, um terror ambiental.

Ó Passos, ó Laparoto!

Afinal em que ficamos?! Sei que a tua pátria é outra, a dos escravistas, a dos netos de negreiro!  Mas vê lá o que andas a fazer, ó cabrãozito inútil e daninho

E se puderes...

Aprende ainda mais!

E agora!

Ó MAC?!

Aprende!

Que é sempre tempo!

Benesses várias

Manhã na horta, onde a tarde acabará enquanto as favas granjeiam. Pelo meio um pexinho divino, que a dona Rosa grelhou.

País desventurado.

«O Presidente da República considera prioritário que Portugal recupere os jovens que emigraram nos últimos anos e deixou esta sexta-feira, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, um apelo para que sejam criadas condições para que o regresso se verifique. "Portugal não pode desperdiçar o imenso capital humano dos seus jovens. (...) Devemos fazer um esforço acrescido para o regresso dos nossos jovens"».[in DN]

O país tem, há dez anos, no lugar do Supremo Magistrado da Nação, uma cavalgadura indescritível e perversa. Foi o que o povo elegeu.
A factura respectiva já se encontra a pagamento, mais o juro da tabela!

Concessão

Cristo moleiro

Tem a sua história tudo quanto há sob a rosa do sol. Assim o viajante que ali vai, ou este seixo que ri no espelho da ribeira, a própria rosa do sol. Também tem história sua este Cristo que do nicho nos observa, pequena coisa parece na penumbra de capela, que mágicos poderes esconderá tamanha simplicidade.
Saiu, há muitos anos, das mãos dum mestre carpinteiro, que aparelhava carros de bois por estas terras. Era Inverno, de noites pesadas, quando o mestre por aqui se quedou em trabalho. E foi ao serão dos seus rudes lavores de escopro e enxó que deu lugar a mais perfeitas vozes e emoções do seu ofício antigo.
O Cristo que assim nasceu numa noite de Inverno era de pau de amieiro. Encostava à alta cruz um corpo desproporcionado, em que a arca do peito se avantajava às dimensões do ventre, cavado pelas dores do calvário, e das coxas sumidas pela febre do azorrague pagão. Os membros eram diminutos, feitos só para fixar os sacrílegos cravos, que o místico empenho do mestre carpinteiro assim viu de desconformes tamanhos, e desde modo fixou em cabeças desmesuradas.
Os pálidos tons da matéria original davam-lhe ao corpo as cores naturais da agonia e do suplício, que ainda hoje mantém. Ficou decerto satisfeito o mestre com a obra, salvo o incómodo vermelhão de um nó aflorando, e que do informe tronco original vinha a corresponder exactamente ao alto da cabeça. A bico de canivete lhe lavrou esta mistura de coroa de espinhos e desgrenhada melena, que veio salvar a situação.
Não sabemos por que modos foi este Cristo parar a casa de um moleiro, à beira da ribeira. Nem se lhe agitou as noites o cantar da mó alveira sobre o grão, nem as invernias que terá contado até ficar sozinho, na mesinha de um quarto sem janela, quando o moleiro, a tanto forçado pelas andanças do mundo, abandonou por outras as sagradas artes da água e do pão. O que temos por seguro é que, num certo dia, um cristão que passava ao correr da ribeira decidiu entrar a porta escancarada do moinho abandonado, e sobre a mesa encontrou o solitário Cristo, afogado em humidades. E sobre a face esquerda, do alto da cabeça lhe escorria um lento fio de sangue sofredor. Cristão dos verdadeiros, no íntimo consumido ao fogo dos pecados que o Salvador sozinho ia expiando, levou consigo o Cristo, e a todos convenceu da evidência milagrosa do divino sinal. Era, por certo, a mordedura dum espinho dos pecados dos homens, nunca findos e nunca finalmente expiados, que assim atormentava a salvadora carne. Era um alarme do céu, um grito às consciências, quem sabe se uma trágica advertência, uma tão vermelha lágrima de sangue assim correndo.
Cuidado pelos temores da contrição geral, ao Cristo foi cedido um nicho na capela. Houve que desalojar um São Teotónio, mas esse era um velhíssimo abade, obtuso e distanciado. Não lhe constava real e visível sacrifício, a troca não deixou remorsos a ninguém.
Veio o Inverno. Não era preciso que o Inverno viesse para trazer a chuva, elemento ignorado porém de grande peso nesta história. Por estes montes tão velhos como o mundo, é sabido que as nuvens se desatam sem tempo nem pretexto. E a invernia chegou, muito molhada e muito persistente. Antigo e mal-cuidado, o telhado da capela fazia o que podia para guardar em recato os místicos inquilinos. Mas uma telha, idosa telha mourisca, que mais fraca saíra das mãos do forneiro, e que estava ali mesmo à flor da parede, cedeu a tanta água. O tecto gotejou, e uma lágrima de sangue vermelho e sofredor voltou a correr pela face esquerda deste Cristo.
A repetida ocorrência foi notada com o maior alvoroço, e deixou um fundo de aflição. Vieram, devotas, as zeladoras, a recolher a gota num sudário de linho. As vozes de milagre, agora urgentes e definitivas, voltaram a correr mundo. Cedeu, enfim, a rebeldia duns incréus, e acordou-se para Março uma jornada de louvor e desagravo. Romaria que juntasse os povos rendidos ao fervor divino, sem folguedos nem outros paganismos. Notou uma zeladora mais atenta que havia humidades no tecto da capela. E a intempérie atingira o pobre nicho, porventura afligindo o Cristo desta história. Era tempo e ocasião de correr o telhado, não há como os trovões para valer a Santa Bárbara.
Serenaram os ânimos na pacatez da vida. Mas o que não esmoreceu foi o ardor da fé dos romeiros, os de mais perto e os de longe. Atraídos por este aroma de sobrenatural, pressionados por correntes aflições de vida madrasta, de porco doente ou de filho distante, foram aparecendo em número cada vez maior. Pediam milagres e deixavam oferendas. E levavam para as suas terras o mesmo coração aflito, temperado agora no bálsamo desta celeste intimidade. Assim começou este Cristo a ouvir notícia dos seus próprios milagres, e sentiu uma indizível comoção interior.
Já vinha perto o dia da romagem. Ninguém voltara a ver sinais de sangue na tosca face do Cristo. Mas ninguém duvidava de que, nesse dia, a mão divina, insondável e magnânima, voltaria a manifestar-se. O povo andava contente, e a chuva que voltou, persistente como por estes montes sempre cai, era a única preocupação. Na véspera combinou-se que, diante da invernia, justo era não fazer sair os andores em procissão. De mortificações do corpo tinham os santos todos larga história, seria desamor martirizá-los mais. Além disso eram fatos e enfeites que se punham em risco, eram rendas e veludos expostos à ruína. O bom senso fechou as cerimónias na capela, a devoção de cada um lhes acrescentaria o que perdiam em fulgor de vistas.
Quando a noite chegou e, tudo preparado, o último devoto fechou a porta da capela, o Cristo da ribeira estava preocupado. Não lhe desagradava este conforto do nicho seco e protegido por um telhado novo. Mas pesava-lhe na alma, tanto como o peso dum renovado calvário, a decepção que inundaria os corações do povo, se o divino choro não voltasse no dia da Sua festa. Passou neste conflito a noite inteira. E de madrugada, caía por esses montes a água que Deus mandava, subiu sorrateiro ao telhado e partiu uma telha que ali estava, rente à flor da parede.
Na manhã seguinte uma lágrima vermelha escorregava pela face esquerda deste Cristo. De novo exultaram os povos, postos assim entre o temor divino e a mística exaltação. E desde então, sempre que a chuva regressa, nova gota se derrama. Porque os humanos pecados são sem fim.
[Texto de 90, retocado]

Prova

Há boas pingas, na Prova! Mas não é preciso tanto! 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Este cretino armado em brincalhão

Confunde o cu com as calças. Mistura a trampa com a ervilha de cheiro. E acha que nada disso é importante.

Bruxas

Um camponês que se preza nunca falta ao mercado semanal, para tratar de negócios e conversas. E o lugar deles foi sempre o Largo das Portas.
Agora as coisas mudaram. O Largo antigo estava muito velho. E a câmara tirou da cartola uma Parceria Público-Privada, encomendou o projecto a um arquitecto famoso (alguém há-de pagar os honorários), e um empreiteiro ajeitou a requalificação do largo. O pavimento é hoje uma paisagem alpina, mau na forma e nas funções, e uma dúzia de passantes já esmurraram nele os queixos.
Eu só lá passo de bastão empunhado, prefiro isso a ligar aos bombeiros e acabar no hospital. E vou levar do mercado uma arruda das novas, dizem que é boa para as bruxas!

Concessão

À América de Selma!

Bichos do betão

A dona Margarida mora na cidade, num subúrbio de betão. Mas de horas em quando vem à aldeia, maiormente na festa da padroeira. Saboreia o ar da serra, encanta-se com o pitoresco. E recorda a romaria dos pastores, as borregas pintalgadas de anilina, a cavalgar à volta da capela. - Agora já não há disso! - lamentou.
Foi assim que a dona Margarida teve a ideia. À custa duns grãos de milho, levou ao adro uma dúzia de galinhas, da vizinhança em redor. Pôs-se a andar à volta da capela, e as galinhas foram atrás dela, a ciscar no empedrado. Quando se acabou o milho tresmalharam, e a tradiçao não pegou.
Ao contrário do que dizem as más-línguas, as galinhas são muito cartesianas, não faltam a uma missa do Voltaire. E apreciam mais o milho do que os milagres da santa. Que são muito contingentes.

Encontros do 1º grau

Fiquei tão embatucado quanto ela, mal tinha nascido o sol. Estava ali à beira da rodeira, a meia dúzia de metros, a esmiuçar nuns arbustos alguma lagartixa. Elegante, rabuda, bem lançada, a orelhita no ar, uma beleza de bicha!
Mirámo-nos uns segundos - como é que eu me deixei surpreender?! Na dúvida pôs-se ao fresco. Atravessou o caminho e foi à vida.
- Hás-de vir ao alpendre, a conferência! - sugeri-lhe em alta voz. Não sei se tomou nota do recado.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Isto sim, é o que nós somos!

Um povo de heróis do mar, da aventura, da diáspora, dum destino insatisfeito. Temos a alma tão grande que abarca o mundo inteiro, repartida aos pedacinhos. Metemos dó

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Águas

«Nada melhor para um homem que o gosto da água... que o som da água... que a vista da água!»
(Afonso da Maia na quinta de Santa Olávia, Os Maias, filme de João Botelho)

Queira Deus queira!

O odre vasto dos poderosos da Europa é um Hindenburg de hidrogénio. Queira Deus queira não tenha o mesmo destino.

Comédias

Vou tomar café ao estanco, lanço a mão ao Correio da Manhã. Está ali todos os dias, é uma luz que já não posso dispensar. Nem eu nem o povo inteiro.
Ao contrário do costume, hoje não traz uma letra sobre o preso 44. Muitas vezes, se não tem nada de novo, serve uma sopinha de ontem, a que juntou uma areiinha de sal. Hoje nem isso.
O que é que vai ser de nós, se nos faltar um bode expiatório, um cordeiro para nos redimir as culpas, e o bombo para anunciar as comédias?!

E mais bocas

Sujitas, que é o mais certo e costumeiro!

Bocas

«A tarefa de escrever é muito solitária, cansativa e toma todo o tempo. Portanto, se uma pessoa se dedica apenas a escrever, acaba por enlouquecer.»
Alessandro Barico, autor, El Clarín
[in rev. LER 137]
Já me cá tinha parecido! Há escreventes por aí que ganhariam juízo se fossem mondar os alhos!

Consciência

«A coisa mais importante da minha vida foi a minha tomada de consciência.»
Isto foi o que Maria Lamas disse, após décadas de combate, em reunião popular depois de Abril ter chegado.
- Tirou-me as palavras da boca! - digo eu hoje, à distância a que estou e a recordo. - Ou fui eu que lhas tirei a ela?!

Frases

«Escrever é um forma de nos libertarmos da vergonha.»
[Karl Ove Knausgärd, in LER 137]
(Salvo se for uma forma de mergulharmos nela! - ouve-se também dizer.)

terça-feira, 12 de maio de 2015

O desacordo do Acordo

Por que razão a razão se me recusa a escrever uma frase com as grafias do novo AO?
Por que razão não me aceitam os olhos o corpo das palavras que o AO deformou? 
Por que razão sinto como traição as escrituras do outro que respeita o AO?
Se não houvesse AO, havia esta canção?
E para haver esta canção era preciso um AO?
Eu não sei. Sei que não escreverei.

Tás a morder?!

O desplante, a indignidade, a falta de vergonha e a impunidade desta seita não conhece limites. Como é que o povo comum há-de responder a isto?! A esta descrença, a este desamparo, a esta náusea vizinha do desespero?! Com o azedume estéril, o alheamento, e com a rendição, em muitos casos

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Há luzes

No túnel!

Filigranas

Uma revista qualquer já tinha anunciado uma cachopa novata, que trazia aí a tiracolo a edição dumas histórias breves. Sumarentas. Pôs-me logo a sonhar com filigranas. Ontem encontrei-a num livreiro, passeei os olhos nela.
Os chamados textos breves têm cinquenta páginas. E o discurso deles é mais áspero do que a palha centeia. 
Livrai-nos, Senhor, se nós o não fizermos, dos ajuntadores de palavras! A música deles traz-nos ao ouvido uma empilhadora a soluçar. Não ilustram a literatura. E apenas servem para dar alguma vida à fábula da cigarra e da formiga.

Erros

É um erro considerar que a greve da TAP foi o naufrágio dos pilotos, ou da companhia, ou duma elite qualquer.
A história mostra, há séculos de sobra, que nunca o naufrágio deixou vencedores. Os náufragos foram sempre a pátria e fomos nós.

Perdoe-se à Sofia!

Um verso de pé quebrado, e esta apologia da insânia.

LUSITÂNIA 

Os que avançam de frente para o mar
e nele enterram como uma aguda faca
a proa negra dos seus barcos
vivem de pouco pão e de luar.
(Sophia de Mello Breyner Andresen, No Tempo Dividido, 1954)

É uma pressa!

A cidade sai à rua, despiu-se apressadamente. O Inverno já passou. 
Mas o povo sabe bem que o verãozito do Porto é fugaz e contingente.

Que os pariu!

A jornada está no fim, o autocarro larga-me no meu destino. Para o dele, o pobre do coitado, faltam ainda uns duzentos quilómetros.
E ainda dizem uns farsantes, sem corarem de vergonha, que quem tem um IP2, uma A4 e um IC5 anda a viver além das possibilidades.
Real puta que os pariu!

sábado, 9 de maio de 2015

Olha cá!

"Se podes olhar, vê", nas mãos de quem anda a galdéria da pátria! Vê e espanta-te, porque isto não dura sempre.
Depois vai-te a ler a história e faz comparações. Nada disto por certo te fará surpresa, pois nada disto acontece a Portugal pela primeira vez.