segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ó menino!

Não sei a quem chamas amigo nem a quem mandas abraços. Mas quando o fazes assim, por força estarás a incluir-me.
Toma nota! Vai chamar teu amigo ao caralho mais velho! E manda os teus abraços a quem te talhou as orelhas!

Quem não tem cão...

Canta o fado, claro! Marialva ou choradinho, dá no mesmo!
Umas dúzias de maduros resolveram abraçar a Casa da Música, porque o Gaspar lhes cortou 30% dos dez milhões. 
E assim os maduros do Porto são duplamente tristes. É que podiam ao menos ter ali uma Filarmonia a sério. E não têm mais que um descampado, ao fundo do qual os artistas se esbatem, ao longe, no nevoeiro.
Mas também, quantos destes maduros é que frequentam a Casa da Música para apreciar a dita, se o que mais os comove é o espectáculo?!

Uns mais aldrabões... outros mais conas...

Os mais deles são assim. E os indígenas merecem a choldra que aí anda! 

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Ecos da Sonora - XLIX

O que de mais belo há
sobre a terra negra dizem
alguns que é
um esquadrão de cavalaria; outros,
de infantaria; outros ainda,
uma esquadra de navios.
Para mim é aquilo
a que cada um está
preso pelo coração.

Fazer com que isto seja
de todos entendido
é o que há de mais fácil. Na verdade,
Helena, que em beleza
a todos muito suplantava, abandonou
o mais excelente dos homens, para Tróia
navegou e, esquecida
da filha e dos pais queridos, deixou...
......................................... Isso
me traz agora à lembrança Anactória,
que está ausente. Anactória cujo
gracioso andar e brilho
irradiante do rosto
mais desejaria ver que os carros
de guerra dos lídios e os soldados
com suas armaduras...

[Safo, pág.30]

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Natal 2012

Volta, Sol-rei,
que a noite se instalou 
a treva impera
e a luz da razão deixou de governar.
A escuridão confunde ao nosso olhar
as alcateias que tomaram a rua;
o frio congelou-nos a memória
e fez de nós outra vez animais.
Volta, Sol-rei,
que os deuses que inventámos
nem nos fodem de vez
nem nos libertam.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Garranos

Os portugueses entregaram a pátria nas mãos duma quadrilha de assumidos malfeitores.
Agora, se nem os lusitanos puro-sangue escapam ao açougue, o que é que esperam os garranos comuns?

domingo, 16 de dezembro de 2012

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Falta de avisos não houve

Só cegueira, ignorância e oportunismo já velhos.
E uma traição que se repete há séculos.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ecos da Sonora - XLVIII

A arte em geral (e a literatura em particular) tem uma função. E a função dela não é embrutecer-nos.
Este romance de Miguel Real tem lá dentro os conteúdos necessários para fazer dele uma obra de leitura obrigatória de todos os portugueses. Ou daqueles que ousam questionar a história, e os mitos todos que se escondem nela.
José Martins, degredado na armada do Gama, é o primeiro português a tocar solo indiano. Apaixona-se por Rhema, esquece a moura Rosa de Alfama, e morre em Goa, enfeitiçado pela Índia.
Augusto Martins é o único português a permanecer em Goa, depois da invasão da União Indiana em 1961. Apaixona-se por Rhema, esquece a Rosa que é mulher-a-dias, e morre em Goa, enfeitiçado pela Índia.
Luís Martins é o último português habitante de Goa, onde chegou em 1975, à procura do pai. Apaixona-se por Sumitha, filha de Rhema e sua meia-irmã, de quem nascerá Arun, que acaba desfeito em fumo.
E o Martins, que é o narrador, desfaz-se no nevoeiro, enfeitiçado pela Índia. Não sei o que fazer, perdi o último orgulho que me restava, o de ser o derradeiro português-português da Índia, não tenho forças para refazer a vida, penso sinceramente em suicidar-me, é possível que me suicide nos próximos dias, depois de alterar o testamento. (...)
Ao bisneto deixará ordem para que se chame Luís, o meu nome. Depois, será o grande silêncio, o puro sangue português e europeu de outras eras deixará de correr na Índia.
Não faltam, em 400 páginas, motivos de reflexão. Sobre quem somos, o que fomos, por onde andámos, e a fazer o quê. Mas esse salto não o dá o autor. Antes embrulha a narrativa num discurso de frase longa, longuíssima e despropositada, que torna a leitura penosa. A frase longa pode ser um recurso narrativo de grande significado. Mas dificilmente se encontra justificação e tolerância para uma construção em que as frases se alongam por seis, sete, oito páginas, antes que cheguem ao fim.
Quer formalmente, quer no que toca ao uso da volumosa matéria narrativa, O Feitiço da Índia (a que chega a chamar-se maldição) é uma bela oportunidade falhada. Para que se cumpra a tradição e o papel da maioria dos nossos intelectuais.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Convite

(...) De tudo quanto deu fé deixa relato. (...) Não se querendo confiar, o mais que o leitor tem a fazer é ir lá ver. Porque os países da literatura são todos inventados. Só existem se lá formos.

sábado, 10 de novembro de 2012

Crepúsculo ocidental

Nas nossas ruas, ao anoitecer,
há tal soturnidade, há tal melancolia,
(...)
que até eu finalmente percebi
o que o Cesário Verde então vivia.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Futuro

Na treva escura um astro
risca o céu, buscando rumo.
Perdidos, seguem-no os homens.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

sábado, 3 de novembro de 2012

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sandy

A Natureza encenou, sem duplos, o que a América só pintava em cenários. Pegou na Grande Maçã, fez dela gato sapato e esfanicou-a.
E foi assim que eu vi Nova Yorque, e senti compaixão pela primeira vez.

Tarde piaste!

Conceder, ou aceitar, um crédito, significa "criar dinheiro titulado pela riqueza futura", que há-de vir a ser produzida.
Se o não for, por uma qualquer razão, um crédito é uma forca pessoal e uma tragédia colectiva.

Uma outra visão

Que é útil conhecer.

domingo, 28 de outubro de 2012

Todos iguais!

Durante as últimas décadas, a coberto da democracia, o PPD esquartejou a pátria na mesa do banquete. E acaba a submeter o país à ruína, a destruir o estado e as suas leis, a reduzir o povo à indigência e ao desespero, pela mão do último sarro do partido. 
Esta traição das elites já vem de há muitos séculos, mas nunca foi tão clara como hoje. O povo emigra para escapar à penúria, conforme sempre fez. E conclui erradamente que eles são todos iguais.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ecos da Sonora - XLVII

Há uma avó e uma neta que há-de ter um fim funesto, e um pastor alentejano, e uma miss Whittemore que dorme dentro da carcaça dum cachalote e tem lá em casa um sábio hindu e um feiticeiro yorubá para ilustração etico-filosófica, e um professor Borja que pinta nos muros da inglesa uns versos epicuristas de Diógenes de Oenoanda, e um sargento da guarda que ainda não desistiu de o apanhar em flagrante. Assim se desenha um mundo que é todo fruto duma fecunda imaginação criativa.
A narrativa é fragmentária, evoluindo ao sabor das peripécias. O discurso é seco e descarnado, expressionista se diria, condimentado por um sarcasmo impenitente, e pontuado por frequentes reflexões (sobre o budismo, o Eu, a identidade, o ADN, o sistema imunológico...).
Pena só que na viagem da velha Antónia a Jerusalém, uma cidade santa improvisada num cenário, se faça uso dum avião que já foi bar à entrada de Lisboa. Um tal plebeísmo narrativo não fazia falta nem era indispensável. Tudo o resto se recomenda vivamente.

"- Ninguém sabe, caros Jesus Cristo e seus apóstolos, por que razão o homem se sedentarizou, já que está provado que ser nómada dá muito menos trabalho. Então porque sucedeu esta mudança radical? Muito simples, vou explicar-vos, queridos apóstolos e Nosso Senhor:  foi a cerveja. Para ter cerveja era preciso cultivar. E assim nasceu a sociedade como a conhecemos. Graças à cerveja, temos hospitais e bibliotecas. Não existiriam livros se não fosse a cerveja. Não existiriam escritores nem ciência. Os nómadas não têm prisões nem conhecem o castigo, mas por outro lado não têm bibliotecas. Os nómadas não têm nada disto, porque andam dum lado para o outro e as prisões não podem ser transportadas, tal como as tipografias e os hospitais e as livrarias. E tudo isso se deve ao facto de alguns povos terem querido beber cerveja e, para isso, precisarem de se sedentarizar. No tempo de Cristo, no vosso tempo, andavam todos a beber cerveja. (...) O que se bebia no espaço geográfico em que Cristo habitava era cerveja. O vinho era uma bebida de romanos, dos invasores. Cristo não ia beber a bebida dos ricos, dos opressores,  como a inglesa que nos governa, mas a dos pobres, das putas e dos pecadores. (...)".

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Ratoeira

Tudo está a ficar maduro para o assalto à Saúde, à Educação e às outras funções do Estado, por parte dos mercados e das matilhas financeiras. A própria Constituição já está debaixo de mira.
De resto não foi para outra coisa que estas elites geraram esta imensa ratoeira.

Afinal, em Dezembro de 2008, não havia "festa socialista" nenhuma! Só passou a haver, quando apareceram as condições para assaltar o pote!

Era assim. 
"O Governo tem estado bastante bem nas respostas que tem encontrado para a crise financeira que, de resto, não são respostas muito originais, são concertadas ao nível europeu mas que têm funcionado bem em Portugal".

Triângulo virtuoso

Cheguei à vila, estacionei debaixo duma tília e desliguei a chave. O motor continuou a ronronar. Liguei o telefone, falei ao mestre Xico. - Tire-lhe o pé do travão! - E logo o motor se calou. 
Dito assim parece uma charada. Mas depois o mestre Xico esclareceu como é que um servo-freio em pré-falência provoca estes enigmas.
Existe aqui um triângulo virtuoso: eu que não dispenso o carro que não troco por nenhum, o carro nas mãos do mestre que lhe garante a saúde, e o mestre Xico a depender de mim, o mais assíduo cliente.
A viatura tem trinta e tal anos, e canta hoje no mesmo diapasão com que saiu da linha de montagem. Fez as campanhas da Rússia e ainda as voltava a fazer, com perdão da indecência da palavra. Não tem arcas encoiradas, nem mistérios electrónicos, abre-se uma tampa e fica-se encantado a olhar para aquilo tudo.
Metade de quanto sabe o mestre Xico já nasceu com ele, que é um génio natural. A outra metade aprendeu-a na vida e na oficina. Há muitos anos foi trabalhar para Luanda, onde o dinheiro corria e a vida era outra coisa. Foi lá que criou os filhos e aprendeu o resto que faltava. Não percebe nada de algoritmos, nem estudou resistência dos materiais, mas deixou várias vezes em silêncio os casmurros engenheiros alemães.
Regressou a Portugal quando teve que ser. Deixou para trás o que tinha e silenciou no peito esta amargura sem ódio, que ainda hoje aflora nas conversas que temos sobre o mundo. Mestre Xico tem a coragem dos ingénuos e a força dos humildes. E foi isso que o salvou. Construiu uma casa para viver, montou esta oficina e começou outra vez. Sabe tudo sobre os carros antigos, não há enigma que ele não resolva. Dá gosto vê-lo desmontar um vedante ressequido duma bomba de água com ferramentas que ele próprio inventou, ou abrir a tampa dum motor e afinar-lhe as válvulas com um chaveiro de linguetas que já não existem.
Agora os carros antigos começam a rarear, e os mais modernos trazem no ventre enigmas electrónicos, que só lá vão com bancadas de que ele não dispõe. O mundo está tão mudado que um dia destes vai ceder o triângulo virtuoso. Por que ponta é que ainda falta saber.

sábado, 20 de outubro de 2012

De Espanha

Mais vale ser rainha por uma dia, que duquesa toda a vida!
Foi isto que deixou dito a fidalga castelhana. E até podia ser uma bonita frase, se antes não fosse uma farronca triste.
Tão dados a bravatas são os portugueses, que ainda hoje lhe repetem o estribilho. Infelizmente nada disso é verdadeiro, como a vida não se cansa de mostrar.

Manuel António Pina

Vais fazer cá muita falta, Manel!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A mestra

Dona Belisanda carregava nos ombros uma tarefa medonha: ilustrar a criançada que lhe abarrotava a sala, onde viviam também um crucifixo e um mapa, uma ardósia, um Salazar e um Carmona. E o fantasma dum Navegador que metia medo à aula. De parceria com o padre, que repartia a farinha da Cáritas e prometia outros manás vindos do céu, competia-lhe ainda iluminar as trevas que ensombravam este mundo.
A mestra tinha ascendentes numa tribo visigoda, há muitos anos extinta, donde lhe viera o nome e as maneiras. Mas isso levei muito tempo a sabê-lo. E enchia a barriga aos perús, sempre a grasnar no quinteiro, com ortigas cozidas que eu trazia do quintal. 
Quando era tempo de aquecer a escalfeta, levávamos de casa umas achas de pinho. E ganíamos que voltasse a Primavera, enquanto bafejávamos as mãos.
Um dia, todo vaidoso, levei para a escola uma camisita nova, de riscado, aos quadradinhos vermelhos. Desta vez é que ia ser! E assim foi. Mal me viu ali ao lado, uma gaiata que fazia os meus encantos começou a derreter-se na carteira. Até o Navegador adoçou a catadura.
Mas a dona Belisanda não achou graça nenhuma. Talvez fossem ciumeiras, nunca o soube, eu de adultos ainda hoje pouco entendo. Recambiou-me para casa, que mudasse de camisa, e não voltasse a aparecer disfarçado de bombom de chocolate.
Perdi ali promessas de futuro, por troca duma camisa que nunca mais esqueci. E ainda hoje, dentro da minha cabeça, um bombom de chocolate tem quadradinhos vermelhos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mais um cabrão

Entre muitos.

Quem fala assim

Não é gago, claro!

Dá trabalho!

Mas é possível destrinçar os tipos decentes que existem, da escumalha que por aí pulula.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Serradura

Descontando esse pouco que fica no filtro, o que se diz aqui é verdade cristalina. Menos para quem traz serradura no bestunto.

Pastiche do Filinto

Eu hei-se ser um dia um marginal
Viver a vida à lei da natureza
Não aceitar senão a realeza
Das tuas gargalhadas de cristal.

Hei-de mandar às uvas a moral
Com que nos enlataram na tristeza
Tu serás o meu templo da beleza
E as linhas do teu corpo o meu missal.

Do teu amor farei minha seara;
De cultivar-te, apenas, cuidarei,
E de colher-te, só, com mão avara.

De outros fatais destinos nada sei.
Só tu serás a minha estrela clara
E o rio do desejo a minha lei.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Luiz Goes - Homem só

Datado. Aparentemente.

Ó Medina!

O Gaspar, esse coitado, falta-lhe vida e política. Que a tarimba não se faz nos gabinetes, no Banco de Portugal, na Europa, e coisa e tal, a gente compreende.
Já o primeiro Coelho, "esse teve-a, conheço-o há muitos anos..."!
Conta-me lá melhor essa história, ó Carreira! De que é que estás a falar?! Ou sacodes apenas a água do capote, meu farsante?!

Rir é o melhor remédio, sobretudo quando há palhaços de serviço

Dizem que o Mister Moedas anda lá pela América, a impingir aos índios a sua credibilidade. E quem o cita é o New York Times.

"The fact that we came back on our decision,” Mr. Moedas said, “had absolutely nothing to do with people coming out on the streets and everything to do with the fact that we got to understand that the ones who were supposed to be the beneficiaries actually did not want the measure.”

Com perdão da ousadia, traduzamos:

"O facto de termos retrocedido na decisão (sobre a TSU, entenda-se!), não tem absolutamente nada que ver com as pessoas que saíram às ruas, mas antes com o facto de termos compreendido que os supostos beneficiários da medida realmente não a queriam para nada." 

Carpe diem

Desprezando os caprichos do mercado, resolveu abrir uma papelaria. Registou-a como Carpe Diem.
O homem saberá muito latim. Já do seu ofício parece entender pouco. Embora seja verdade que o dia de amanhã não é nada seguro.

Tabaco avulso

Há cinquenta anos não havia dinheiro. Quer dizer, havia muito, mas não andava na rua. Certamente para evitar os maus olhados, e a gripe dos porcos, e a das aves, eu sei lá.
Saíamos do liceu, descíamos a ladeira do paço do bispo, e ao chegar à soleira da tasca do Zé Corno havia que descer ainda quatro degraus, até chegarmos ao balcão do estanco. Mesmo ao fundo da ladeira.
Por cinco tostões o homem dispensava três cigarros sem filtro, que tirava, um a um, do maço aberto. Três-Vintes, High-Life, Provisórios, às vezes Definitivos. Não era lá grande coisa, mas não havia dinheiro. E assim ganhava o Zé Corno e nós também.
Hoje dizem que prospera a venda de tabaco avulso. Quem fazia negócio era o Zé Corno, se ainda andasse por cá. Mas nós só ficamos a perder, ao descermos outra vez a ladeira.

domingo, 14 de outubro de 2012

Escroques

"(...) O "monstro" de que o Presidente Cavaco Silva tanto falou no seu tempo de pousio político começou a ser construído na ressaca da última passagem do FMI por Portugal, alimentou-se com Cavaco, prosperou com António Guterres e manteve-se voraz nesses anos em que Miguel Relvas era Secretário de Estado da Administração local do governo de Durão Barroso, e Pedro Passos Coelho gestor de empresas especialmente vocacionadas para explorar as oportunidades dos negócios públicos, como foi o Caso da Tecnoforma e do programa co-financiado pelo Fundo Social Europeu.
Quem inventa, autoriza e tenta executar um programa de formação no valor de 1,2 milhões de euros para funcionários de aeródromos perdidos no meio do nada, tem de assumir a sua quota de responsabilidade na "irresponsabilidade" que faz hoje os portugueses terem de pagar tantos impostos.
É hoje claro que Passos Coelho e Relvas trabalharam juntos para que a empresa (...) encaixasse como uma luva num protocolo assinado em 2004 por dois membros do governo social-democrata  apenas 17 dias antes, dando enquadramento legal a uma ideia que se resumia a isto: inventar uma forma de fazer dinheiro com base numa necessidade artificial, numa "premência" que não existia, num "problema" que Portugal não tinha (...). Passos e Relvas queriam formar mil pessoas para aeródromos que estavam fechados, que eram pistas perdidas ou que tinham um ou mesmo nenhum funcionário. (...)"
[Do editorial do PÚBLICO]

A crítica, na "república das letras"

Há três vozes que vale a pena ouvir: a do António Guerreiro, no EXPRESSO; a do Fernando Venâncio, aparentemente fora das lides; a da Clara Ferreira Alves, sempre ocasional e adventícia, porque não faz parte do milieu
Todas as outras são vozes de diletantes instalados, ou tarimbeiros que cumprem calendário e justificam o salário. Nunca dão a cara por uma opinião, se acaso a têm, e apenas servem o mercado e o seu sistema.

Leia-se então António Guerreiro, no último ATUAL:
"(...) surpreende, à primeira vista, que a Quetzal edite um livro dum crítico inglês, James Wood, que vive na América*** (...). Bons motivos de regozigo se ofereceriam em tal iniciativa, se ela não fosse um sintoma eloquente do estado miserável - disfarçado de cosmopolitismo - da república das letras. 
(...)
Entretanto, o último volume da obra completa de Eduardo Prado Coelho (...) nem sequer chega às livrarias. Em todos os seus cálculos e operações, a "vida literária" supõe que o que interessa é uma nova ideia de literatura universal - dominada por uma ficção de lugar nenhum - que atravessa fronteiras mal é publicada, quase sem precisar de ser traduzida, e que chegou ao fim toda a herança da "literatura nacional". 
Em suma: aquilo que faz com que um João Tordo e um José Luís Peixoto sejam internacionalmente premiáveis, enquanto uma Agustina e uma Maria Velho da Costa nunca conseguiram sair, mesmo quando traduzidas, do seu lugar minoritário".

[*** e escreve sobre os Woolfs, os Dellilos, os Updikes, os Roths, os Barnes e outras coqueluches.]

O processo Freeport é uma fraude. E quem é que fica surpreendido, a não ser o comité central que levou o Relvas ao colo, para ganhar mais tarde uns votos desesperados?!

Pinto Monteiro, à saída do vespeiro, em entrevista ao EXPRESSO:

- Mas porque é que José Sócrates nunca foi ouvido como testemunha?
- Nunca arranjaram elementos que metessem o homem em parte nenhuma.
- Com outro cidadão e com os mesmos indícios, o processo teria tido o mesmo desfecho?
- Mas o processo não tem indícios nenhuns. Tem uma carta anónima e uma senhora que ouviu uma conversa no café. Se fosse com outro cidadão, o processo teria sido arquivado liminarmente. Se eu mandasse investigar todas as participações que recebi, poucos políticos não estariam agora com um processo-crime. Mal de nós se formos condenar alguém por ouvir dizer. O processo Freeport foi muito bem investigado, e até foi o terceiro mais caro de sempre, depois de Camarate e da Maddie.
- Foi o tribunal a dizer que as suspeitas contra o antigo primeiro-ministro não foram bem investigadas pelo MP!
- Não comento decisões judiciais, mas o processo é uma fraude. O maior problema que o MP tem é a contaminação entre a Justiça e o poder político. E, mesmo que se apure que não há nada, fica sempre a suspeição. E o pior é que já há magistrados a fazer política. 
- Como?
- Basta lê-los e ouvi-los.
- Os magistrados fazem política durante as próprias investigações?
- Às vezes sim. Nos comentários das decisões e nas observações políticas que são desajustadas do aspecto judicial dos processos.

Ratos de porão

É sabido que um troglodita genuíno é mais casmurro que um asno. Por isso a ninguém causa surpresa se Carlos Abreu Amorim continua a afagar a garupa do governo e do Passos. É dos poucos que ainda o fazem.
Mas quando ouvimos isto ao João Marcelino, uma das femmes-de-ménage do governo no DN; 
ou quando lemos no EXPRESSO estas palavras de Henrique Monteiro: 
"Imaginem o que pensará alguém que está a utilizar dinheiro de todos nós para formar técnicos camarários para aeródromos. 1023 técnicos para uma região que só tem três aeródromos em actividade e mais seis desactivados. E que para isso sabe que se está a gastar 1,2 milhões de Euros.
Eu pensaria que é imoral. Estou convencido que a maioria das pessoas bem formadas teria o mesmo pensamento. Não se pode gastar o que é comum de forma tão desbragada! 
Mas, segundo o PÚBLICO, não foi o que pensou Miguel Relvas e Passos Coelho. Ambos colaboraram neste esquema, em conjunto com uns amigos. Se é ilegal ou criminoso, dirá a justiça. Por mim, apenas interrogo: é gente assim que nos vai tirar o peso do Estado de cima e cortar na despesa? Nem pensem! Vejam o OE..."
 Se isso acontece, ficamos a saber que é a hora dos ratos saltarem da barcaça, porque os porões já estão alagados.

sábado, 13 de outubro de 2012

Ainda não li

A seu tempo lá iremos. Mas não me admirava nada!

Uppercut

Foi aqui dito, talvez com ingenuidade, que ao Relvas boxeador "um round seria escasso".
Mas será?!

Se podes ler...

... vai ler ali! E agradece no fim.

Todos os tabuleiros

Momentos há que são veras dobradiças, pontos fulcrais em que as elites desenham destinos, em que as sentenças da História são executadas, em que os povos reúnem consciência e tomam o freio nos dentes. Seja para o bem ou para o mal. 
A ida a Ceuta, em 1415, é modelo dos primeiros. 
Alcácer-Quibir, em 1578, exemplifica os segundos. 
1383/85 e o 25 de Abril são dos terceiros.
Com as pseudo-elites mercenárias que aí estão, a dobradiça em que estamos é fatal. Nela se misturam destinos e sentenças, tornando tudo mais confuso e complicado. Joga-se tudo em todos os tabuleiros.

Ecos da Sonora - XLVI

No meio do lixo tóxico com que o mercado editorial nos vai adormecendo, a editora Tinta da China surpreende-nos muitas vezes pela positiva.
Os seus livros são objectos esteticamente irrepreensíveis, a sua qualidade literária é por norma notável, e as traduções, quando existem, são sem mancha.
Kaminer é um autor russo que nos oferece aqui o humor, a ironia e o sarcasmo frequentes na sua terra. Depois da queda do muro de Berlim, depois que os crimes, e os erros, e as contradições de Moscovo fecharam a porta a esperanças antigas e nos sepultaram onde estamos, não há nada como rir. Pelo menos gozar com isto tudo é mais saudável do que a depressão.
Logo que a possibilidade se lhe abriu, o narrador tratou de conhecer o mundo, tratou de conhecer a sua própria terra. E se não era possível fazê-lo pessoalmente, era-o por interposto viajante. E assim nos mostra Paris, a América, a Crimeia, a Dinamarca, a Sibéria... enquanto se diverte e nos encanta com o burlesco da vida do socialismo real e do capitalismo triunfante. Não falta lá nenhum dos clichés, nenhum dos lugares comuns.
Viagem a Tralalá, pois onde havia de ser?!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

De vez!

Desde Abril de 74, o PPD desfilou, e mandou para a reciclagem, gerações sucessivas de eminências inúteis, de senadores de papel, de barões enfatuados, de gangsters assumidos, de aventureiros cúpidos, de vendilhões de feira. Todos eles recostados no regaço da pátria, todos eles sufragados por um povo de indigentes políticos.
A novela dos fundos europeus do Relvas e do Coelho, que o PÚBLICO tem contado, desvenda um partido que hoje manda no país e se resume ao caroço: um bando de marginais oportunistas, de empreendedores venais, que mereciam o rigor dos códigos mas ficarão impunes.
A pátria, e alguns indigentes dela, sobreviverão. Mas talvez o PPD desapareça de vez.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Editais

Saturno instala-se, o sol foge para Sul. Inquietos andam tordos e estorninhos, a espingardear na ramagem, mal o céu se pôe a clarear. É que estão para chegar as azeitonas na encosta.
Antes disso ainda vai abrir a caça, mas eles não costumam ler os editais.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Instantâneos 11

O mais triste nisto tudo é um povo inteiro ser desfeiteado, às mãos duma tropa fandanga de pilha-galinhas.

Instantâneos 10

"O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público é um mero lobby de interesses pessoais, que pretende actuar como um pequeno partido político".
Isto é o que diz Pinto Monteiro, à saída do vespeiro.
Não é nada que se não soubesse. Mas assim dito sabe-se melhor.

Instantâneos 9

Como é que a primeira besta há-de lançar borda fora uma segunda, se a segunda tem na mão os tomates da primeira?!

domingo, 7 de outubro de 2012

O triunfo dos porcos

Antes de ser o que é hoje, Wall Street foi em tempos o local onde uns agricultores levantaram um muro à entrada de Manhattan, para evitar que os porcos devassassem as quintas agrícolas e destruíssem culturas.
A barricada submeteu os porcos fossadores, e os campos ficaram em sossego. Mas depois vieram os porcos da finança e reocuparam posições. Deitaram abaixo o muro, puseram o nome à rua, e instalaram-se nas quintas e nas nossas vidas. 
Só erguendo barricadas novas lhes escaparemos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Para memória futura

Foi há um ano e meio e aqui fica

Por este andar...

Enquanto o Gaspar nos aplica a sua poção mágica, o deputado do PPD Duarte Pacheco garante-nos coisas ainda mais extraordinárias.
O responsável pelo descalabro do BPN é o último governo do PS, o dum tal Sócrates. E a grande falha esteve na supervisão do Banco de Portugal, o do Constâncio. Para esses criminosos já pede o CDS a vara da Justiça.
E sabes tu quem salvou ainda alguma coisa? Foi o Passos, o coitado, que lá teve que vender aquela tralha por uma côdea, a uns amigos mais chegados.
Por este andar, um dia destes lá temos que acreditar que o Sol passa a vida às voltinhas à Terra. Não é isso outra evidência que o céu mostra?!

Ó Nogueira!

Depois de teres levado a escola pública ao açougue, e os professores ao talhante, tens agora que voltar à lide a sério
A vida de urso de circo é uma chatice!

Sepúlveda

Sempre se pensou aqui, sempre se disse, que o PPD era o actor primeiro no palco da tragédia nacional, que não ocupa sozinho.
O que não se imaginava era assistir outra vez a um naufrágio, em que o Sepúlveda é Portugal inteiro.

Polaroid (revisto)

Miguel Relvas é um boxeador da escola do Loureiro, um lutador de samarra que um dia subiu ao ringue para assestar nos queixos da pátria o uppercut funesto. - Já sou ministro, meu pai!
O Relvas não chegará a aplicar o uppercut, provável é que um round lhe seja escasso. Mas tem as luvas calçadas.

Ditos

Atrás de nós virá quem bom nos fará!
Dizem que diz isto a voz do povo. Melhor poderá dizê-lo um Sócrates qualquer. Mas aqui sou eu que o digo.

sábado, 29 de setembro de 2012

Gaivota em terra

Íamos à escola os dois. E ao fim da tarde, estendidos ao sol no alpendre de pedra, fazíamos os deveres nos cadernitos pardos de papel costaneira. Depois era o assalto da cozinha, alguma coisa haveria para matarmos a fome, a minha ocasional, a dele persistente.
Fazia-me confusão o capricho do David em manejar o giz à mão canhota. E doíam-me as varadas com que a professora o corrigia. Ele acabou por forçar a mão direita, e lá ia desenhando letras hesitantes e algarismos trôpegos. Mas não chegou a derrotar um tamanho Golias.
Quando lhe chegou a altura fez-se marinheiro, que o bombordo era já nele o lado natural. Mas saudava o comandante com a direita, e fazia à esquerda os cálculos do rancho da equipagem da corveta.
Um dia reformou-se, deu um jeito na casa da mulher e é onde vive. Mas nunca se libertou das saudades do mar, naquele exacto momento em que chegava a porto seguro e punha outra vez o pé em terra firme. Foi assim que plantou no jardinzito um cedro, puxou duma tesoura, e fez dele o convés duma corveta nova. Todos os dias desembarca dela.

Intuição

Hoje ponho um garrote no peito. E fico em casa.

Voo de pássaro

A última trovoada arrastou encosta abaixo a aflição dos incêndios na serra de Guilheiro, que um paisano ateou à beira do caminho.
Para trás ficou este velho que já não existe, acamado e preso a tubos que o sujeitam. E a uma pilha que lhe cravaram no peito, e alimenta as fantasias duma Electra sonhadora, a quem o pai desenhava trancinhas no cabelo, numa infância que o tempo já levou.
Ficou esta viúva que vive duma horta e da pensão, e tem em casa um rapaz à procura de emprego.
Ficou este casal já trôpego, cujo filho partiu ontem para a Suíça porque as férias acabaram.
Ficou este polícia reformado, a quem uns falsários das finanças roubaram dois salários para acudir à dívida soberana. A quem ele gostava de acudir era aos dois netos, duma filha separada dum genro que é esquizofrénico e não se deixa tratar.
Ficou esta velhota com Alzheimer, à espera duma sopa que há-de vir das meninas da Misercórdia, caso elas ainda disponham da memória que a ela falta.  
Ficou esta casa de turismo que os turistas desertaram por causa da interioridade, por causa das distâncias, por causa das portagens, por causa da gasolina.
Ficaram os carvões acumulados no leito da ribeira, que só as enxurradas do inverno hão-de lavar.

Uma última vez

Na sua linguagem tosca, um parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida escandalizou alguns visionários. Convir-nos-á separar os alhos dos bugalhos.
 «No cancro, quando os pacientes não respondem aos tratamentos de primeira e segunda linha, avança-se muitas vezes para os últimos fármacos a surgir no mercado, bem mais caros. "Podem custar entre 30 mil a 50 mil euros por doente", diz Vaz Carneiro, que adianta que o impacto na sobrevida destes doentes oscila entre as seis semanas e os três meses, em média». [in PÚBLICO de hoje] 
Estes barcos de cruzeiro estão fora do porto, que a greve dos pilotos de barra lhes fechou a porta. Para a próxima buscarão outro cais de acostagem menos inamistoso. É o que não falta por aí.
De Norte a Sul os portos estão parados, não há estiva para ninguém por causa duma greve.
Uns e outros vão ter um lindo enterro, estes marítimos!

Em 1968 errava eu pelos sertões do Congo, à procura da pátria. E tarde lá chegou a imagem dum jovem que se imolou pelo fogo na praça Venceslau, numa página perdida do Paris-Match. 
Por isso a minha Primavera de Praga só aconteceu em Março de 2011, quando o comité central se aliou à pior escória de que há memória (a tal da credibilidade), para recusar o PEC IV e derrubar o governo de Sócrates.
E só há dias percebi essa traição, reparando no boneco da última sondagem. O que move o comité central não é proteger o povo, nem são as soluções para a vida dele, que as não tem e as dispensa. É apenas cavalgar a nossa raiva e garantir um precário nicho do mercado político. 
Se a manif de amanhã vier a ser tão poderosa como a de 15 de Setembro, bem garantido fica o comité central. O povo é que não tem garantia nenhuma.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Zoom

O quadro doméstico assusta, de tão inverosímil, de tão contraditório, de tão irracional.
Mas é só um pormenor do quadro mais geral.
Gasta uns minutos do teu tempo a observá-lo aqui, à frente dos teus olhos!

"Precisamos"

Para quê estar a inventar o que já foi dito ali brilhantemente?

Residência artística4

Performance Portugal 1143/2012 Guimarães
Cap.IV - MORTE

Residência artística3

Performance Portugal 1143/2012 Guimarães
Cap.III REPRESSÃO

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Residência artística2

Performance* Portugal 1143/2012 - Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura
Cap.II - TRAIÇÃO

Luiz Goes

Toada beirã.

É preciso acreditar

Comove-te, se preferires. Mas acredita!

As ridentes "primaveras" da Síria

Estes são os planos americanos
Estes são os modos de actuação.
Estes são os companheiros de luta
Esta é a hipocrisia geral.
Este é o papel triste da França.
Este é o futuro mais provável.

Residência artística1

Assim se chamou, e saiu dela, a performance Portugal 1143/2012, integrada na Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura.
O autor é o artista Miguel Januário e os capítulos são quatro. Este é o primeiro, e chama-se AVISO.
Recomenda-se, sem outro comentário.

Alquimias

Toadas árabes na Andaluzia.
Juan Martin

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Refugo

De todas as malfeitorias deste governo, geradas na cabeça do Passos, do Relvas e do Gaspar, a mais nefanda e gravosa, a mais insana de todas é a alteração das taxas da TSU. 
Ninguém concorda com ela, nem os seus beneficiários. Não inverte as curvas do desemprego, nem do desinvestimento, nem do consumo, nem do défice, nem da dívida. Estilhaça apenas o mundo do trabalho, reduz apenas salários já precários. Tira apenas a este, que pouco tem, para entregar àquele, que nada pediu. Serve apenas, enquanto a põe a nu, a ideologia perversa da finança mais negra.
Recuar ainda seria um gesto de remissão. Mas o que é que se espera do malfadado PPD, um partido que é já refugo de si próprio?

Alucinação

Eis uma simples amostra do estado de alucinação e irrealidade e pânico em que naufragam as cabeças dos trombeteiros do Relvas, do Passos e do Gaspar. 
Nada disto é novo. Mas dói nos olhos, por tão flagrante ser.  

Performance?

Tens aqui. Uma beleza!

domingo, 16 de setembro de 2012

Por quem és!

Não percas isto!

Encenador

Quando eu for o sultão do Brunei, e me fizer falta um encenador pós-moderno para divertir o serralho, juro que vou contratar o cabrão do Portas!

Dia D

O povo era um grande bicho que ali estava na praça, aflito e perplexo, de rabo preso numa gigantesca ratoeira perversa, dissimulada por trás da cortina do medo.
No princípio, um terço estava ausente. Depois já só faltava um quarto. E no fim apenas ficou de fora o quinto do costume, e os jogadores de sueca do jardim do Marquês, a espadeirarem trunfos no flanco da manilha.
Lá para o final do dia o povo era, na praça, aquele grande bicho inquieto e perplexo, de rabo preso na incompreensível ratoeira perversa. Não sabia muito bem o que fazer do rabo aprisionado, mas tinha perdido o medo.
Foi assim que foi para casa, sabendo muito bem que a cada dia basta o seu tormento.

Lavar a alma

Do ruidoso desespero anglo-saxão.

Ventos, por enquanto

Afeganistão, Iraque, Líbia, Cairo, Túnis, Kartum, Yemen, Síria(?), Irão(?)...  

sábado, 15 de setembro de 2012

De colher de pau na mão

Os druídas entretêm-se a remexer o caldeirão das poções mágicas.

Sempre é verdade!

Os filhos da puta andam sempre em parelha.

Decisão difícil

Estarei hoje na praça!
E não é para defenestrar in situ o bando de alienados, ignorantes e arrivistas que assaltaram o poder.
Verdade é que não têm formação pessoal, nem técnica, nem humana, nem cultural, nem política, para pôr as patas no leme. Mas baldeá-los, pura e simplesmente, é no momento presente um salto para o vazio.
Vou à praça porque é dever de cidadania sujeitar-lhes o freio e limitar-lhes os danos. Até futuro aviso.

Gorduras

Um anafado feiticeiro da tribo (o das gorduras do estado!), a esconder num frenesi o triste estado das cuecas.

Maravilhas

Quando ouvi o nosso primeiro Passos lançar o repto ao retalhista Belmiro, para aproveitar o maná da TSU e logo baixar os preços, deu-me vontade de rir.
Mas quando apareceu o jornalista Fernandes (esse mesmo da inventona cavaquista do Lima, a das escutas a Belém pelo cabrão do Sócrates), a considerar que os patrões até podem usar a benesse da TSU para a devolver aos seus trabalhadores, fiquei tão emocionado que só me deu para chorar.
É o que sucede a quem vive num país de maravilhas!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Pelos tomates

Conta TM, no PÚBLICO de hoje:

"(...) Há dias fui a Berlim. Escolhi a TAP porque gosto da TAP. Cresci a considerá-la como nossa. Mas já não é assim tão nossa. Dez minutos antes do embarque - já de si atrasado - fomos avisados, pelos altifalantes, de que por falta de um tripulante não haveria serviço a bordo, isto é, não seria servida a refeição que tínhamos pago.
A bordo constatámos que havia três tripulantes que, aparentemente, não tinham nada para fazer, pelo que cumprir o serviço de refeições não lhes seria impossível, ou sequer difícil. Mas deve resultar de um qualquer acordo de empresa a obrigação de existirem quatro tripulantes a bordo para servir a refeição. 
Como é evidente, não havia qualquer questão de segurança que impedisse que servissem as refeições. Daria mais trabalho, levaria um pouco mais de tempo. Mas não foi isso que aconteceu: os três tripulantes a bordo ficaram no fundo do avião a entregar pãezinhos e bebidas a quem os lá fosse buscar. Pelo que me foi dito, nem sequer a comida foi aproveitada, parece que teria de ser toda deitada fora. (...)" 

Estes proletários-fashion tresleram os manuais. E depois guincham, quando lhes aparece um Relvas qualquer e os pendura pelos tomates, num gancho do talho!

Misérias renovadas

Há dois anos atrás, no meio da hecatombe financeira que alastrava da América como uma peste negra, não havia entre nós oligarca, banqueiro, barão, não havia partido, politólogo, analista, não havia gestor, economista ou magistrado sindicalista, não havia opinador, intriguista ou jornaleiro que não apontasse a Sócrates a culpa pessoal dos males todos. Muito mais do que o próprio governo, era a cabeça de Sócrates que era urgente degolar, para que o sol raiasse.
Um povo ignaro deixou-se ludibriar, a história é pródiga em exemplos desses. E levou ao poder o pior que já se conheceu, desde que há eleições.
Passado um ano, face à rudeza da realidade, não há um único destes canalhas que ainda apoie o governo. E Portugal deitou dois anos fora. 
Que remédio haverá senão pagá-los?! Um povo que anda há séculos a pagar aventuras antigas à custa de penúrias, lá terá que resgatar as aventuras novas com renovadas misérias.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Nem mais!

Diz a espanhola, a respeito do Acordo Ortográfico:

"(...) se frequentei a escola de línguas da minha cidade (Zamora) durante cinco anos a estudar Português, se há dez anos costumo tirar todas as minhas férias e fins de semana alongados nesse país vizinho, se nos últimos cinco anos li apenas dois livros na minha língua materna mas dúzias e dúzias deles em língua portuguesa (...), determinei que tenho alguma coisa a dizer. E rogo-lhes que me permitam dizê-lo sem se ofenderem, porque é por respeito e afecto que escrevo.
Sou contra o mal chamado AO (porque nem é acordo nem é apenas ortográfico), em primeiro lugar porque defendo as diferenças. (...)
Quando falo com colegas, amigos ou familiares sobre o AO da Língua Portuguesa, eles ficam admirados. Não percebem e dizem que eles nunca permitiriam uma coisa dessas aqui. (...)
Até onde eu sei, nunca veio aqui um país maior em número de habitantes (o México, por exemplo) a dizer-nos que tínhamos que falar ou escrever como eles, como também não tivemos uns académicos que, servindo vá lá saber os interesses de quem, decidiram um dia inventar um acordo ortográfico irracional e completamente contra natura, uma vez que as línguas devem evoluir ao ritmo do uso que lhes dão os povos que as utilizam para a sua comunicação, e nunca servir interesses politico-económicos. 
(...) este Acordo que, longe de unificar, traz (ainda) mais duplas grafias e gera uma confusão que não existia. Inventaram um problema onde ele não existia.
(...) antes que seja tarde demais e a Língua Portuguesa seja definitivamente traída. (...)

[PÚBLICO, 07 Set.]

Couto privado

Se isto é há séculos couto privado duns tantos, porque é que agora havia de ser diferente?!

Lavar os ouvidos

do insuportável orneio anglo-saxão.

Encore27

Paco de Lucia - Rodrigo - Aranjuez

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O pior é o resto!

Diz-se que não custou mais que 5 milhões, que foi financiado por judeus, e feito por um desqualificado qualquer da Califórnia. 
É um objecto risível e abaixo de cão, como se poderá verMas está a incendiar embaixadas, e a matar embaixadores.
Cá por mim, estão muito bem uns para os outros. O pior é o resto!

Há uma voz ali...

... que é indispensável ouvir!
Por que será que os media ta escamoteiam?!

Tão cedo

Já estalam as castanhas, na boca duns facínoras! E outras mais ainda estalarão! 

Genial

Esta página do PÚBLICO de ontem diz mais sobre o mundo, e a história, e a sociedade, e a nossa vida, do que uma academia inteira de historiadores, sociólogos e politólogos em roda livre.
Não dispondo de um link, transcrevo-a integralmente, com grande vénia ao seu autor, José Vítor Malheiros.

O sonho de Pedro Passos Coelho

Um terço é para morrer. Não é que tenhamos gosto em matá-los, mas a verdade é que não há alternativa. Se não damos cabo deles, acabam por nos arrastar com eles para o fundo. E de facto não os vamos matar-matar, aquilo que se chama matar, como faziam os nazis. Se quiséssemos matá-los mesmo era por aí um clamor que Deus me livre. Há gente muito piegas, que não percebe que as decisões duras são para tomar, custe o que custar e que, se nos livrarmos de um terço, os outros vão ficar melhor. É por isso que nós não os vamos matar. Eles é que vão morrendo.  Basta que a mortalidade aumente um bocadinho mais que nos outros grupos. E as estatísticas já mostram isso. O Mota Soares está a fazer bem o seu trabalho. Sempre com aquela cara de anjo, sem nunca se desmanchar. Não são os tipos da saúde pública que costumam dizer que a pobreza é a coisa que mais mal faz à saúde? Eles lá sabem. Por isso joga tudo a nosso favor. A tendência já mostra isso, e o que é importante é a tendência. Como eles adoecem mais, é só ir dificultando cada vez mais o acesso aos tratamentos. A natureza faz o resto. O Paulo Macedo também faz o que pode. Não é genocídio, é estatística. Um dia lá chegaremos, o que é importante é que estamos no caminho certo. Não há dinheiro para tratar toda a gente e é preciso fazer escolhas. E as escolhas implicam sempre sacrifícios. Só podemos salvar alguns, e devemos salvar aqueles que são mais úteis à sociedade, os que geram riqueza. Não pode haver uns tipos que só têm direitos e não contribuem com nada, que não têm deveres.
Estas tretas da democracia e da educação e da saúde para todos foram inventadas quando a sociedade precisava de milhões e milhões de pobres para espalhar estrume e coisas assim. Agora já não precisamos e há cretinos que ainda não perceberam que, para nós vivermos bem, é preciso podar estes sub-humanos.
Que há um terço que tem de ir à vida não tem dúvida nenhuma. Tem é de ser o terço certo, os que gastam os nossos recursos todos e que não contribuem. Tem de haver equidade. Se gastam e não contribuem, tenho muita pena… os recursos são escassos. Ainda no outro dia os jornais diziam que estamos com um milhão de analfabetos. O que é que os analfabetos podem contribuir para a sociedade do conhecimento? Só vão engrossar a massa dos parasitas, a viver à conta. Portanto são: os analfabetos, os desempregados de longa duração, os doentes crónicos, os pensionistas pobres (não vamos meter os velhos todos porque nós não somos animais e temos os nossos pais e os nossos avós), os sem-abrigo, os pedintes e os ciganos, claro. E os deficientes. Não são todos. Mas se não tiverem uma família que possa suportar o custo da assistência não se pode atirar esse fardo para cima da sociedade. Não era justo. E temos de promover a justiça social.
O outro terço temos que os pôr com dono. É chato ainda precisarmos de alguns operários e assim, mas esta pouca-vergonha de pensarem que mandam no país só porque votam tem de acabar. Para começar, o país não é competitivo com as pessoas a viverem todas decentemente. Não digo voltar à escravatura – é outro papão de que não se pode falar – mas a verdade é que as sociedades evoluíram muito graças à escravatura. Libertam-se recursos para fazer investimentos e inovação para garantir o progresso, e permite-se o ócio das classes abastadas, que também precisam. A chatice de não podermos eliminar os operários como aos sub-humanos é que precisamos destes gajos para fazerem algumas coisas chatas, e para mais (por enquanto) votam, ainda que a maioria deles ou não vote, ou vote em nós. O que é preciso é acabar com esses direitos garantidos, que fazem com que eles trabalhem o mínimo e vivam à sombra da bananeira. Eles têm de ser aquilo que os comunistas dizem que eles são: proletários. Acabar com os direitos laborais, a estabilidade do emprego, reduzir-lhes o nível de vida de maneira que percebam quem manda. Estes têm de andar sempre borrados de medo: medo de ficar sem trabalho e passar a ser sub-humanos, de morrer de fome no meio da rua. E enchê-los de futebol e telenovelas e reality shows para os anestesiar, e para pensarem que os filhos deles vão ser estrelas de hip-hop e assim.
O outro terço são profissionais e técnicos, que produzem serviços essenciais, médicos e engenheiros, mas estes estão no papo. Já os convencemos de que combater a desigualdade não é sustentável (tenho de mandar uma caixa de charutos ao Lobo Xavier), que para eles poderem viver com conforto não há outra alternativa que não seja liquidar os ciganos e os desempregados e acabar com o RSI, e que para pagar a saúde deles não podemos pagar a saúde dos pobres. Com um terço da população exterminada, um terço anestesiado e um terço comprado, o país pode voltar a ser estável e viável.
A verdade é que a pegada ecológica da sociedade actual não é sustentável. E se não fosse assim não poderíamos garantir o nível de luxo crescente da classe dirigente, onde eu espero estar um dia. Não vou ficar em Massamá a vida toda. O Ângelo diz que, se continuarmos a portar-nos bem, um dia nós também vamos poder pertencer à elite.

Outra vez a memória

Porque sem memória nada sobrevive. Nem os vendilhões do templo.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Cultivar a memória

Para não viver completamente bronco, e não morrer completamente estúpido.

Desaparecer do mapa

Sobrevivente que foi do velho bafio fascista, o PPD sempre se constipou com as aragens de Abril. Acolitado pelos padres, alimentando-se de atavismos rurais e obscurantismos crassos, passou todos estes anos a arredondar o bandulho com o tutano do país. E assim foi reciclando gerações de oportunistas e de eminências de lata, umas atrás das outras: a dos senadores, a dos barões, a dos demagogos, a dos gangsters, a dos cavaquistas, a dos manobristas, a dos maoístas, a dos dândis inúteis, a dos autarcas dinossauros exemplares...
Restava a borra do fundo, a que agora está à vista. É de tal ordem que nem o país lhe sobreviveria, se não fosse antes o próprio PPD a desaparecer do mapa.

A desonra, o móbil e o mandante


 Este e aquele foram dois crimes distintos.
Mas para além da data coincide em ambos a desonra, o móbil e o mandante.

Ó Passos!

Deixa-te de pieguices de puta e assume o que te compete enquanto carteirista!
Passa ali à rua da esquadra e atira-me a carteira para o passeio. É que me ficou lá a carta de condução.
O resto havemos de ver!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Mesmo que só decifres metade da algaravia!

Atentando nisto, aprendes pelo menos três coisas. 
A primeira será o que é que pensa, o que é que move, e o que é que diz um filho da puta dum vigarista que faz vida a planear, a pôr em acção, e a justificar a desregulamentação dos mercados financeiros, isto é, a desordem das economias e a desgraça das pessoas. O qual é, ao mesmo tempo, conselheiro do Gaspar, substituto do Relvas, e principal arma secreta do governo do imbecil do Passos.
A segunda é poderes formar uma ideia concreta do que é a atitude profissional dum jornalista que pode ser tomado a sério.
A terceira é ganhares melhor perspectiva àcerca da escumalha com quem estás metido.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Tese 1

Nem aqui moram economistas, nem especialistas em gestão de catástrofes. Nem cá vêm, nem cá fazem falta. O que nos é indispensável é não abdicarmos do pensamento e da memória, não cedermos à confusão. Comecemos do princípio.
A gangrena e o desespero do mundo são criação da finança em roda livre, na City e em Wall Street.
Esta é a tese primeira, e está ali bem explicada. Poupemos por agora o nosso tempo.

Ó sorte malvada!

Acende aí o lampião, que o gajo não dá com a porta!

Abreviando

Nem mais!

Instantâneos 8

Ai que dor de dentes!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

4' 33''

Esta pérola da contemporaneidade é já um clássico, dado o grande valor de uso em círculos cabotinos.
Para os tímpanos, então, é um descanso!
Já o público melómano, do qual todos somos parte, é modelar. 
Cuida de ti, não destoes, faxavor!

Olha olha!

Então não é que voltou a ala dos namorados?! Lá razões é o que não faltava!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Yuri, Paulo, Joaquim

Não aparecia há dois anos, Yuri, o ucraniano. Nesse tempo perdera o trabalho certo que tinha na construção, esmolava sem pedir, era polido e humilde e alimentava a esperança com expedientes. O aspecto escorreito que mantinha era uma afirmação disso.
Agora já fala bem português e deixou crescer a barba. Fala dos estrangeiros que vivem lá para o Sul, em montes isolados, e guardam milhares de Euros no colchão, porque não têm multibancos perto. Às vezes vêm assaltantes da mafia e levam dinheiro aos sacos. O mundo está muito estranho.
O passaporte já perdeu a validade e ele ficou ilegal. Mas ir à Ucrânia arranjar outro custava-lhe meio ano, e uma fortuna de que nunca vai dispor. Uma piorreia séria começa a levar-lhe os dentes, acentua-lhe a degradação. Ele sorri... que às vezes faz uns ganchitos...
O Paulo frequentava a metadona, pedia uma moeda todas as manhãs, e metia petas que eu lá deixava passar, para comprar o passe do autocarro. De vez em quando recebia os filhos, que vinham de Coimbra a visitá-lo. Agora há muito tempo já desapareceu, que o levou a heroína, ou a sida, ninguém sabe.
O Joaquim já era velho. Usava barbas compridas e trazia num plástico tudo quanto possuía. Pedia umas moedas para comprar remédios. Pelos vistos também o não salvaram.

Lê aqui!

Que vale sempre a pena!

O circo dos mamões

Este palhaço triste, o bando de cãezinhos amestrados que assaltaram a arena, e o coro decadente que os aplaude (Catrogas, Ângelos, Leites, Borges, Mendes, Marcelos e tutti quanti) salivaram todos pela troika (que veio tarde demais!), para lhe mamarem nas tetas.
Agora que o leite lhes sai azedo, puseram-se todos a sonhar com o ovo no cu da galinha. Que a troika era responsável pelo circo, e certamente ia contemporizar, amaciar, facilitar, ajustar por sua própria iniciativa, para se limpar a si própria.
Enganaram-se outra vez, estes ranhosos!  A troika estendeu o guardanapo e mandou-os limpar as beiçolas.

A cor da coisa

Seja ele preto ou branco, o detalhe muda muito a cor da coisa!

domingo, 2 de setembro de 2012

Ó Marques Lopes!

Portugal só viveu em relativo sossego enquanto foi desse modo
Formataram-no assim elites de traidores, parasitas e aventureiros, há muitos séculos atrás, e o luxo dos últimos trinta anos foi um intermezzo, uma excepção que a história nos brindou por razões lá só dela. Tu é que já não te lembras, se alguma vez o soubeste, com essas teias de aranha que ainda trazes na cabeça! 
Por que pensas tu que o Sócrates foi objecto dum ódio tão feroz e personalizado, como já se não via desde o Marquês de Pombal?! Porque sonhou, esse triste, fazer desta merda um país.

Universidades de Verão

Uma adolescente que se desmamou há tempos a imitar os Morangos com Açúcar, e é da família política que já nos deu o Oliveira e Costa, e o Dias Loureiro, e o Coimbra, e o Arlindo Cunha, e o Duarte Lima, e o Isaltino Morais, e os gajos dos submarinos, e os outros da Portucale, e ainda tem lá mais para nos brindar, foi visitar a universidade do PSD, para aprender com os melhores mestres e assegurar um futuro.
E vai daí perguntou "como é possível que o eng. José Sócrates esteja em Paris a fazer uma vida de luxo com o salário de primeiro-ministro, sem ser preso."
A magistrada Cândida Almeida, que é procuradora-adjunta, e corre riscos de vir a ser procuradora-geral, e é directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, e já tem em mãos o recente acórdão do tribunal do Barreiro sobre o caso Freeport para que sejam tomadas as medidas convenientes face ao decidido no acórdão (aqui para nós, agitar outra vez a inculpação de Sócrates), lá titubeou enquanto palestrante que o ministério público não dispõe de poderes para chegar ao banco e começar por uma ponta a vasculhar as contas, e pegar nas algemas, e pôr-se a engavetar pessoas.
Realmente o patamar abaixo de cão existe mesmo! Porque é que eles não vão antes todos divertir-se para a benfeitora do Relvas, e deixam o mundo em paz?!

Emprestem um lenço ao homem!

Ou telefonem ao INEM, porra! Não fiquem p'raí pasmados, maré de lhe dar alguma coisa má!

Ó Cavaco!

Faz um grande favor a este país que não mereces. Vai-te foder com a conversa!

sábado, 1 de setembro de 2012

Ó Jerónimo!

Pedes tu mais força ao PCP, para poder fazer frente, e coisa e tal, já sabemos que é às políticas de direita. Tudo bem, mais força é o que todos precisamos. Mas diz-me agora uma coisa. Que fizeste tu da força que te deram, em Março de 2011, quando o governo que aí estava antes do Relvas pretendeu aprovar o PEC IV e puxar o freio à troika, como andam a ensaiar os espanhóis?! 
Pois usaste-a para estender a passadeira ao Relvas! Seguiste os velhos critérios dum fantasma paranóico, que há muitos anos também preferia os nazis aos sociais-democratas. Que venha Hitler, nós seguiremos Hitler! E ainda hoje consideras que o PS é igual ao PPD, caso não seja pior.
Sabes bem que o povo tem direito a ser estúpido, e mais ainda que é fácil endrominá-lo, conforme o Relvas fez exemplarmente. Tu é que não podes sê-lo. Para que te serve mais força? Para dares um nó mais forte no barbante das patas do cordeiro que levas ao açougue?!

Mestre Santos

O Santos atura um gancho como ajudante de farmácia, para a cobertura fiscal. Mas a sua verdadeira actividade começa às seis da tarde. É especialista em luxações, entorses, tendinites, em casos de pulso aberto e espinhela caída. Já não é o primeiro físico encartado que lhe pede uma consulta. E os pacientes comuns fazem bicha no pátio da vivenda, muito antes de ele chegar a cavalo na moto, a estrondear petardos no arrabalde.
Atende-os no rés-do-chão, enquanto o dia durar. E na sala de espera tem fotos do James Dean penduradas nas paredes, entre cursos de massagem desportiva e diplomas de fisioterapeuta. A um canto há uma gravura dum Isaac, e um Abraão de cutelo já nas unhas, e um anjo que ergue a mão sobressaltada, a suspender a bíblica insânia do velho que endoideceu.
Mestre Santos há-de ser o anjo salvador, mas cultiva outras facetas. Numa caricatura mais conservadora, ali dependurada, faz lembrar o Estaline, debaixo da bigodaça. Na outra, de traço mais modernista, é um Trotsky arrebatado.
Em volta há expositores de canetas, e colecções numismáticas, e relógios de bolso com tampa basculante. Quem se divertiu a vê-las foi esta adolescente, e mais a prima, que agora se sentaram no sofá. Ela conta, entusiasmada, as peripécias da parva da stôra, que a pôs na rua por lhe chamar paneleira. A tia gorda ri muito, de cadeiras enfaixadas nas calças de licra, e sopra balões de chuinga que faz rebentar no fim, sobressaltando a plateia.
Duas freiras carmelitas entraram com ar sisudo e interrompem a conversa. Padecem de artroses várias, têm fé nas mãos do mestre. E uma vez que foram relaxadas ao braço secular, vêm acompanhadas por uma assistente, a mulher jovem que as trouxe na carrinha do convento.
Mestre Santos manda entrar um paciente. E eu aproveito-lhe a deixa e fujo para o James Dean. Para as ilusões que havia no tempo dele.

Quasi-verdade

"Um povo que tem a coragem de ser pobre é invencível."
[Salazar]

Trata-se duma quasi-verdade e o resultado viu-se. Mas o Passos e o Gaspar acreditam piamente nela, porque foi o que aprenderam.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Quem sabe...

... é que explica! Mesmo quando prega aos peixinhos.

Questão de escala

A violência e o terror na dose adequada neutralizam os povos, como a história já mostrou.
Subindo sempre a parada, a desfaçatez e a falta de vergonha conseguem o mesmo efeito, como hoje podemos ver. É apenas uma questão de escala, e os Relvas sabem-no bem.

Hoje é assim!

É pá desgraça!

Penhora

Azar dos Távoras foi o daquele polícia da esquadra da Damaia! Destacado para Olhão numa campanha estival, tropeçou em dois maduros que traficavam cavalo. Logo ali os algemou!
O juiz agendou o julgamento e mandou-os aguardar em liberdade. Naturalmente eles não compareceram.
E deste modo não figurava nos autos quem pagasse as custas do processo... a não ser o polícia da Damaia. Não tendo melhor escolha, o meretíssimo penhorou ao agente o domicílio constante dos autos, que era a esquadra de polícia da Damaia.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Era uma festa!

Riem alguns pategos, que andaram na privada.

Já sentia a falta de ouvir na televisão uma voz que também já foi governo e não me faz sentir nojo

RTP a partir do minuto 13.

Como se fosse a mãe deles!

Este governo de cafres iletrados, quase todos filhos dum sertão qualquer, em lugar de edificá-la, de facto emporcalha, avilta e degrada a nossa vida. 
O Relvas então é uma vergonha tal que já tem vergonha de si próprio. Manda uns avençados a falar por ele.
E a propósito da RTP, são os avençados que pedem a demissão da administração. Põem a pátria na praça, como se fosse a mãe deles.

Pontos de vista privados, dirás tu!

E não era mau que fossem!
O problema é que são verdades fundas. E não termos nós consciência delas é-nos fatal. Como a história já muitas vezes mostrou.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O sr. François Hollande baixou as calcinhas

"Peço à oposição síria que forme um governo provisório, que possa ser o legítimo representante da nova Síria".

A Síria só não é uma nebulosa, porque tudo nela é um filme já visto. As primaveras árabes ridentes, os rebeldes coitadinhos a chorar pela democracia, e a pedir bombas da NATO que os protejam dum déspota que se diverte a dizimar o seu povo, as ameaçadoras armas químicas, tudo isto, no todo ou em partes, reedita a Tunísia, o Egipto, a Líbia, e segue um plano.
E o que nele mais surpreende é ver o sr. Hollande, que apareceu aí a exibir auréolas luminosas, a pegar nas deixas de Sarkozy e a enlamear a França.
O que está em causa na Síria são interesses energéticos e geo-estratégicos ocidentais em volta do golfo Pérsico. São as políticas imperiais e criminosas da América, que achincalha a ONU sempre que lhe convém, que põe a NATO a render quando lhe dá jeito, que procura a salvação impossível acelerando em frente, que despreza os povos da Europa e não hesita em lançá-los à fogueira, com a cumplicidade das respectivas elites dirigentes.
É a eterna questão de judeus e palestinos, que o Ocidente nunca resolverá. É o Irão e as centrais nucleares. São as enormes reservas de petróleo, simples e barato. É a manutenção do dólar como moeda internacional, o único factor que ainda o sustenta.
O direito de intervenção humanitária, esse conceito criado pela América e os seus títeres europeus, é a gazua que lhes faltava para destruírem países soberanos e nos calarem a boca.
Entretanto as vidas dos povos atacados retrocedem décadas, enquanto deslizam para o fanatismo das sociedades teocráticas.
As Torres Gémeas, o Afeganistão, o Iraque, a Líbia, a Síria, o Irão, são peripécias sucessivas dum crime que está em marcha e não tem final feliz. Nem para o mundo nem para nós.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Utopia

Mas que há nela um forte aroma a realidade... lá isso há!

Ecos 15***

Aqui há uns tempos fui visitar a última fragata da carreira da índia, ancorada ali à doca dos olivais. E regressava a casa, quando encontrei no pátio o cavalo d’el-rei dom sebastião.
Eu não queria acreditar no que via. O decrépito estado do corcel jogava a seu favor, mas só me conformei ao ouvi-lo jurar pelos santinhos que se chamava cá-vai. É que nem toda a gente conhecerá o pormenor. Ainda infante, trotava el-rei nos corredores do palácio, montado num rinchão de pau amarelo, cá-vai cavalo, cá-vai cavalo. Um dia o jesuíta privou-o do ginete, enquanto ele não rezasse as penitências, e o infante nunca mais recuperou do trauma. Mal se viu armado cavaleiro, logo baptizou desse nome o corcel predilecto.
Não me restava escusa, entendereis pois que eu tenha ficado pregado à calçada. Mas logo aproveitei para saber da batalha de alcácer, onde cada cabeça dá sua sentença. O velho ginetre não precisou de muita corda para começar a falar, e foi assim que disse.
Passado a vau o uéde mocassim, mandou el-rei assentar arraiais e pernoitar. Castelhanos na hoste havia muitos, e terços de italianos e teutões, gente azougada que por toda a santa noite folgou e tangeu alaúdes, só não entenderá quem nunca respirou os túrbidos ares das campanhas de além-mar.
Na manhã seguinte, à hora da alvorada, o arrebol apareceu ensanguentado. Pediu el-rei ao céu um compasso de espera, perante o mau agoiro, mas logo uma vasta moirama começou a agitar alfanges e estandartes por detrás da colina fronteira. Ainda uma vez el-rei mandou suster o levantado afã, mas a tropa já lá ia, só já pôde gritar cá-vai cavalo.
No meio de tão desencontrados falares, ninguém percebeu a algaravia suplicante dos perros de mafoma, enquanto morriam como pardais. Mas o pior foi a grande hecatombe que viria depois, quando a hoste do mulei almélico, nos finais da manhã, tomou posições na charneca. Foi tarde demais que alguém deu pelo enredo, afinal o mouro aliado é que provara o vigor dfas nossas lanças.
Ora se é verdade que um engano qualquer um pode ter, ademais perante perros que são todos iguais, assim embrulhados nas jilabas, não é menos verdade que ninguém vai à ceifa depois de fazer a malha, rematou sagazmente o velho pégaso. Ninguém nos pôde ali valer, e quando el-rei deu de peito num virotão certeiro, começou a escorregar-me pela ilharga e foi morrendo devagar. Ao ver assim a pátria moribunda, eu fiz cara ao deserto e dei às de vila-diogo, de venta aberta às aragens de arzila.
O velho corcel tinha o indiscutível ar sisudo que assumem os cavalos quando falam da história. Mas eu não podia aceitar uma cartesianice destas, já via os meus melhores mitos a naufragar. E logo eu, que todas as noites acendo um archote à janela, para alumiar el-rei que há-de chegar na escuridão. Há dias em que é melhor não vir à rua. Corri a alimária do pátio à sabrada e nunca mais acendi o farol.
[***Ecos de 2002]