"Peço à oposição síria que forme um governo provisório, que possa ser o legítimo representante da nova Síria".
A Síria só não é uma nebulosa, porque tudo nela é um filme já visto. As primaveras árabes ridentes, os rebeldes coitadinhos a chorar pela democracia, e a pedir bombas da NATO que os protejam dum déspota que se diverte a dizimar o seu povo, as ameaçadoras armas químicas, tudo isto, no todo ou em partes, reedita a Tunísia, o Egipto, a Líbia, e segue um plano.
E o que nele mais surpreende é ver o sr. Hollande, que apareceu aí a exibir auréolas luminosas, a pegar nas deixas de Sarkozy e a enlamear a França.
O que está em causa na Síria são interesses energéticos e geo-estratégicos ocidentais em volta do golfo Pérsico. São as políticas imperiais e criminosas da América, que achincalha a ONU sempre que lhe convém, que põe a NATO a render quando lhe dá jeito, que procura a salvação impossível acelerando em frente, que despreza os povos da Europa e não hesita em lançá-los à fogueira, com a cumplicidade das respectivas elites dirigentes.
É a eterna questão de judeus e palestinos, que o Ocidente nunca resolverá. É o Irão e as centrais nucleares. São as enormes reservas de petróleo, simples e barato. É a manutenção do dólar como moeda internacional, o único factor que ainda o sustenta.
O direito de intervenção humanitária, esse conceito criado pela América e os seus títeres europeus, é a gazua que lhes faltava para destruírem países soberanos e nos calarem a boca.
Entretanto as vidas dos povos atacados retrocedem décadas, enquanto deslizam para o fanatismo das sociedades teocráticas.
As Torres Gémeas, o Afeganistão, o Iraque, a Líbia, a Síria, o Irão, são peripécias sucessivas dum crime que está em marcha e não tem final feliz. Nem para o mundo nem para nós.