quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Isto

Só teria uma resposta à altura, sem metáforas hiperbólicas: uma parede e o fuzilamento.

O prometido "guião"

Avaliação.

O coração por uma múmia

Durante cinquenta anos foi dos meus maiores amigos. Desbravámos em conjunto a juventude, e a custo abrimos caminho nas trevas donde partimos. Conhecemos a insânia dos sertões, abominámos heróis, e acalentámos os sonhos que iam chegar amanhã.
Mais tarde deu-me agasalho e conforto, matou-me a fome sem regatear, tolerou-me as confidências de novato. Até que um dia uns amigos, que andavam nas eleições, vieram pedir-me um texto para a folhita de campanha dum partido concorrente. Custou-me desapontá-los. Para mim o grande inimigo era a velha oligarquia, desde sempre, decadente e envenenada. Lá lhes escrevinhei uns votos pios, umas balelas que o vento em breve levou.
O meu amigo logo me atirou aos cães. Acusou-me de traições ficcionadas, de infamantes heresias, de crimes de lesa-fé. Tal como o provocador ao serviço inimigo, enterrara-lhe nas costas a facada mais ignóbil.
Eu pus-me a pensar na vida, até que deslindei aquela insânia. Eram ordens do Stalín. E finamente entendi os desperdícios da história, os delírios, os desmandos e os destroços. Os passados e os presentes, para não falar dos futuros. 
Para nossa comum desgraça, não nos tornámos a ver. E não viriam daí grandes dramas ao mundo, se isto não fosse o reflexo de tragédias bem maiores.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Perfeito

O senhor Blatter não passa duma besta, quadrada e decadente. Já o CR7 fez o que tinha a fazer. Contratou um ghost-writer e devolveu-lhe a pílula adequada.

Ecos da Sonora - LVIII

1 - O Nº 127 da revista LER traz uma notícia curiosa. De acordo com um estudo feito em Inglaterra, mais de 60% dos leitores que enchem a boca com os clássicos do cânone nunca os leram. Os Shakespeare, os Proust, os Guerra e Paz, os Crime e Castigo, os Orwell, os Joyce e outros quejandos (deixando em justa paz os Dante, os Virgílio, os Homero...) são assim uma espécie de espantalhos de palha, com que muitos académicos enfeitam a paisagem da vida. Já se suspeitava disso, e não será aqui nem agora que alguém se vai pôr a atirar pedras!
2 - O trabalho de locução na Sonora tem múltiplas vantagens e um grande inconveniente: uma vez iniciada, a gravação duma obra já não pára. Ninguém pode chegar à pagina vinte e devolvê-la à estante. Amargo será o cálice, mas bebe-se até ao fim. O último que me coube e tenho em mãos é a Montanha Mágica, de Thomas Mann, com 850 páginas editadas pela D. Quixote, em tradução de Gilda Lopes Encarnação. 
3 - Em regra, (é a experiência empírica que o revela), um texto depressa impõe ao locutor a sua voz, o seu timbre, o seu ritmo, a sua toada e o seu compasso próprios. Se eles não forem respeitados, a coisa não bate certo. E quanto mais apurada for a qualidade do texto, mais depressa a exigência se mostra. Bastam por vezes meia dúzia de páginas. 
Será este um improvisado argumento suplementar de análise crítica. Mas se o texto não impõe ao leitor uma voz própria... é porque a não contém, é porque ela não está lá dentro. Culturalmente será uma lança em África, mas enquanto Literatura não passará de um equívoco. Ora esta Montanha Mágica, a páginas 350, continuava em silêncio.
Isso pode transformar a locução (que é uma leitura em voz alta) num exercício penoso, em que o locutor tem que vestir ao texto um sobretudo usado, para poder sobreviver na solidão da cabine: a toada irónica da pantomima é um recurso divertido, que aqui se desvenda em confidência.
4 - Hans Castorp, um jovem burguês de Hamburgo que prepara carreira na engenharia naval, visita o primo Joachim Ziemssen, o qual acalenta projectos de vida militar e está internado no Berghof, um sanatório em Davos-Platz. Vai por uma semana e ficará sete anos. Passa-se isto nos inícios do século, antes da descoberta da estreptomicina, antes da 1ª Guerra Mundial.
As figuras do director Behrens, do doutor Krokowski, do humanista Lodovico Settembrini herdeiro do espírito carbonaro italiano, e dum controverso jesuíta, o judeu Leo Naphta, ocupam o palco narrativo por onde desfila minuciosamente a vida no sanatório, entre um sem-número de tipos secundários mais ou menos exóticos, de ambos os sexos. É neste teatro do Berghof que Hans Castorp mergulha, como quem entra num mar de erudição e eloquência onde cabe a vida inteira. Não há tema, nem assunto, nem matéria que não entrem no desfile: a história, a física, a botânica, a filosofia, a arte, a farmacologia, a pedagogia, o protoplasma, a anatomia, a medicina, a literatura, a química, a teologia medieva, o luminoso renascimento humanista, a música, o lied alemão, a religião, o espiritismo, a sociologia, a igreja, o tempo, a eternidade, a morte, o amor, a liberdade... É um banho lustral de conhecimento e descoberta.
5 - No texto predomina a descrição exaustiva e minuciosa; o pseudo-diálogo quilométrico e esgotante; a longa dissertação argumentativa; a divagação irrelevante muitas vezes. E apenas, de horas em quando, a propósito de alguma peripécia, surge um pequeno excerto narrativo em que o texto ganha uma voz específica.
Formalmente (por fragilidades da tradução?), o discurso é pesado e indigesto, usa e abusa da frase longa, complexa, com subordinada atrás de subordinada. A pp. 502 e 520, adopta mesmo a aberração semântica corrente e analfabeta: "(fulano) teve que abandonar o colégio, por se encontrar em risco de vida."
6 - Thomas Mann recebeu o prémio Nobel em 1929. E a Montanha Mágica pode muito bem ser "uma enciclopédia da vida, em que há páginas inesquecíveis de beleza e insólita originalidade". Porém não creio que à literatura sirvam as motivações do tratado científico, nem creio que nela caibam as funções do ensaio académico. Se isso era assim há um século atrás, com o Bildungsroman, há muito tempo que já deixou de o ser. Por isso eu compreendo os leitores que se furtam ao cânone e poupam o seu tempo e a paciência. Vou desenterrar o Tonio Kröger, de um Thomas Mann que já tinha esquecido. Há-de andar ali nalguma estante há décadas, e trouxe-me a propósito uma boa lembrança. Com todo o respeito pelas eminências, voltarei depois à arte das palavras e à literatura a sério. Às manobras de tiro tenso e aos textos de quinze linhas, onde ela cabe toda e onde habita.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Paco

Em Aranjuez.http://www.youtube.com/watch?v=e9RS4biqyAc&feature=player_detailpage

A reforma dum país

E os mapas dela.

Texto exemplar

Este. http://www.ionline.pt/iopiniao/os-pobres-paulo-portas

Mudanças

[rapinado a JJRoseira]
Manhã em que o trânsito mudou da esquerda para a direita, numa avenida sueca, em 1967.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Devagar se vai ao longe

O povão ainda não perdeu a fundamentada esperança de ver um dia o Relvas com assento no CC!

Lá está!

«(...) E, nas eleições de 2009, já com a crise em cima da mesa e após quatro anos a enlamear, diariamente e com voracidade, o carácter do então primeiro-ministro, o PSD apenas subiu quatro décimas em relação a 2005, enquanto o PCP não saía do mesmo sítio - sete por cento nas últimas três eleições legislativas. (...)» [Integral aqui].

Entre as legislativas de 2005 e 2009, o PPD subiu quatro décimas; o PCP estacionou nos 7%. Nas autárquicas deste ano, o PPD naturalmente despenhou-se; enquanto o PCP, mais um pouco, duplicava a fatia.
É isto que desvenda o manobrismo infame e cúmplice de 23 de Março de 2011!

domingo, 27 de outubro de 2013

Mediocridade em série

Julgaremos nós que isso não tem importância, que tudo cabe na literatura, que o exercício de ler é o único que conta. Mas não é verdade. O que é medíocre distrai-nos, esvazia-nos, leva-nos a criar imagens falsas e aliena-nos. Em vez de nos construir.
Eu tinha prometido aqui que havia de reincidir no Filho de Mil Homens, do Valter Hugo Mãe. A duras penas lá cheguei a páginas oitenta. E um dia destes tropecei neste texto de Maria do Rosário Pedreira (editora da Leya, esse colosso de paixão pela literatura), onde se farpeia um crítico do Ypsilon, Riço DireitinhoApenas concedera um par de estrelas ao Mil Homens!
Riço Direitinho, autor, é-me familiar desde os anos 90, quando publicou A Casa do Fim e o Breviário das Más Inclinações. Trouxe então algo de muito novo, de notável. Depois perdi-o de vista, passei a tropeçar nele enquanto crítico.
Muito embora canhestro e prolixo, para um homem das palavras, o texto de Direitinho chega a ser condescendente com o Mil Homens. A mediocridade geral campeia também na cidade das letras. E a crítica será questão mais séria, se pretender cumprir a função integralmente.
Cá por mim sinto-me desobrigado de levar a estopada até ao fim. A tabela de vendas salvará a caixa da editora que o impinge, mas não salva o romancinho nem os consumidores que o disputam. Vou pôr o esparguete ao lume, e encomendo a literatura e os leitores a esta fala do António Guerreiro. Deixarão de ter razões de queixa!

Conas destes

Não hesitam perante o ridículo, para nos fazer a cabeça. Julgam escapar assim à decadência moral, e estão muito enganados.

Do livro de Sócrates, na livraria Bulhosa em Oeiras

- Não temos nem vamos ter!
- Porquê! Estão a fazer censura?!
- Não sei, são ordens!

Em três palavras

Nem mais.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fazer oposição a desqualificados

É isto. Um baile.

"Ainda mal começou"

Mas ainda bem!

Cristãos-novos

Numa aldeia da Beira, que nem vem no mapa nem tem habitantes, ficaram estas pedras pelas paredes. Têm quinhentos anos e algumas já nem estão no sítio original. E assinalavam moradas de judeus, nos derradeiros anos do séc. XV. 
Caçados como gamos em Castela, os seus donos procuraram refúgio em Portugal. Penamacor, Belmonte, Guarda, Trancoso, Moncorvo, Castelo de Vide e outras terras fronteiriças tiveram judiarias importantes. O que estas imagens lembram é que os judeus chegaram às aldeias mais recônditas e viveram nelas. 
Desde cedo forçados à conversão, os que puderam fugiram, quando o país mais precisava deles. Foram praticar lá fora aquilo que os portugueses nunca souberam fazer: organizar o comércio das veniagas da Índia.
 Os que fugir não puderam ficaram por cá. E picotaram à porta cruzes e sinais, que atestavam a nova condição religiosa e os preservavam da segregação. Eram os novos cristãos. Mas demos a palavra a António Borges Coelho.  
[pedra deslocada e invertida]
«(...) Os portugueses da época são todos cristãos católicos, apostólicos, romanos. (...) O Édito pregado nas igrejas ordenava que viessem denunciar as crenças e práticas judaicas, a "seita"  de Maomé com o seu Alcorão e a seita de Lutero ou Calvino, ou de outro heresiarca antigo ou moderno. (...)
A conversão forçada dos judeus levara à distinção entre cristãos-velhos e cristãos-novos. A resistência à integração provinha dos dois lados. A Inquisição aprofundará o fosso mediante as perseguições, a obrigação de denunciar e a espionagem duma rede de informadores, os familiares, e a exercida pelos quadros e órgãos da Igreja, sem esquecer os confessores, atentos a qualquer diferença manifestada sobre a verdade obrigatória. A pressão social no sentido da denúncia do diferente era diabólica. (...)
A principal comunidade portadora de outra fé era a dos antigos judeus. Com a conversão forçada, tomaram, por fora, os sinais dos cristãos, mas demoraram a interiorizar as novas crenças. Desde logo a crença na Trindade e o reconhecimento de Jesus Cristo como Messias. (...) Os praticantes ocultos do judaísmo revelavam-se no guardar do sábado; em não comer carne de porco, lebre, coelho, nem peixe sem escama. Jejuavam no dia grande de Setembro (Quipur). Solenizavam as suas Páscoas. Rezavam orações judaicas. Metiam dinheiro na boca dos mortos, cortavam-lhes as unhas e choravam-nos atrás da porta, por dó.
O espião de D. João III e do inquisidor espanhol Lucero, o cristão-novo Henrique Nunes, o Firme Fé, adiantava razões sociais profundas para a tensão entre os cristãos-novos e os cristãos-velhos. Estes, na sua maioria, lavradores, mal vestidos, descalços à chuva, ao sol e ao frio, produziam as novidades do pão, do vinho, pastoreavam os gados, sustentavam o reino. Por seu lado os cristãos-novos, "sem lavrar, semear nem cavar nem plantar vinhas nem olivais", andavam vestidos de pano fino e seda como cortesãos, estavam gordos, frescos e carregados de anéis e jóias de ouro e prata, mesmo sapateiros, e arrematavam as rendas, alçavam-se a juízes, vereadores, escrivães, alcaides. (...)
Esta minoria está presente no alto comércio da pimenta e das drogas, na colonização do Brasil e no negócio do dinheiro. As perseguições de que são alvo por parte da Inquisição levam-nos a fugir e a desenvolver o negócio na Flandres, nas cidades italianas e nas duas margens do Mediterrâneo, sem perderem o pé no espaço ibérico e no dos seus impérios.»
[Borges Coelho, Na Esfera do Mundo, Vol. IV, pág. 120]

Salários mínimos europeus?

São estes.

Dizer bandalhos é pouco

E filhos da puta não chega!

Mau carácter?!

Vão-se foder!

O percurso dum partido de canalhas

Visto ao pormenor.

Elvis na tropa

Quando a havia!         [rapinado a JJRoseira]

Visão geral

Da boiada.

Dilema

Cautelar ou não-cautelar,  venha o diabo e escolha.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O tiro ao Sócrates

A sair pela culatra.

Sentinela

Em 1990, na Arménia, era assim. Aos 106 anos.
[rapinado a JJRoseira]

Números irracionais

Nunca fui muito longe em Matemática. E acerca de números irracionais, sei apenas que a disciplina abrange o campo deles.
Foi assim até que há dias soube que, só no Porto, 500 peões foram atropelados nas ruas no ano passado.
É uma lição integral, ver o modo como peões e condutores se comportam por aí. Explica tudo melhor que sete catedráticos.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Agora de noite, a cores

Uma outra voz

Na escuridão.

Horas

Nas nossas ruas, ao anoitecer / há tal soturnidade, há tal melancolia...
Era assim nos dias do poeta! Porque agora, pela cidade e nos olhos da gente, todas as horas são crepusculares.

domingo, 20 de outubro de 2013

Estes bandalhos não têm um pingo de vergonha

Há três anos apoucavam a coisa, e logo que chegaram ao governo tiraram o tapete à JP Sá Couto de Matosinhos.
Hoje andariam descalços, não fossem estes sapatos que sobraram do defunto.

"Não compreenderei, cem anos que viva, como pôde o país dar-se ao luxo de dispensar este homem."

Temos a história pejada de esquinas de emergência, de equívocos e de enganos, de escolhas temerárias, de catástrofes, de traições das elites. A todas elas teve que responder um povo menorizado e alimentado por mitos, com o sofrimento e a penúria resignada.
A rapaziada cortesã da farronca de Ceuta, o desastre de Tânger, a intriga fatal de Alfarrobeira (onde atraíram à morte o infante D. Pedro, o único espírito ilustrado da ínclita geração), as ávidas miragens da canela, a catástrofe de Alcácer, o horror da Inquisição, a perda da independência, o descalabro dum império de ficção, o Pombal aniquilado, as invasões francesas e o protectorado inglês, as guerras civis do liberalismo, um século XIX desperdiçado, a ditadura dum biltre paranóico, a guerra pelos destroços do império, o sonho da liberdade e da Europa, três décadas de dignidade enquanto povo... até este crepúsculo a que as pseudo-elites de novo nos querem submeter... agora com o nosso voto!
[Link da entrevista]

Grotesco 9

[Gubarev Valentin - rapinado a JJ Roseira]  (clicar)

sábado, 19 de outubro de 2013

23 Março 2011

A história do povo registará. Os nomes dos traidores, dos seus cúmplices oportunistas, e de todos os aventureiros.

Na América

Até os bois são marados dos cornos.

Piada da semana

Esta aqui!

"A história universal da infâmia"

[Já há muito, muito tempo, se disse aqui que o PPD é actor primeiro no palco da tragédia nacional, que não ocupa sozinho. Hoje só não vê isso quem é cego (há por aí muitos!), ou quem não quer ver (há sempre alguns).]
«Este governo, o de Pedro Passos Coelho, nasceu duma infâmia. No livro "Resgatados", de David Dinis e Hugo Coelho, insuspeitos de simpatias por José Sócrates, conta-se o que aconteceu. O então primeiro-ministro chamou Passos Coelho a São Bento para o pôr a par do PEC4, o programa que evitava a intervenção da troika em Portugal e que tinha sido aprovado na Comissão Europeia e no Conselho Europeu, com o apoio da Alemanha e do BCE, que queriam evitar um novo resgate, depois dos resgates da Grécia e da Irlanda.
Como conta Sócrates na entrevista que hoje se publica, Barroso sabia quanto este programa tinha custado a negociar e concordava com a sua aplicação, preferível à sujeição aos ditames da troika, uma clara perda de soberania que a Espanha de Zapatero, e depois de Rajoy, evitou.
Pedro Passos Coelho foi a S. Bento e concordou. O resto, como se diz, é história. E não é contada por José Sócrates, que um dia a contará toda. No livro, conta-se que uma personagem chamada Marco António Costa, porta-voz das ambições do PSD, entalou Passos Coelho entre a espada e a parede. Ou havia eleições no país, ou havia eleições no PSD. Pedro Passos Coelho escolheu mentir ao país, dizendo que não sabia do PEC4. Cavaco acompanhou. E José Sócrates demitiu-se, motivo de festa na aldeia. 
Detenho-me nesta mentira porque, quando as águas se acalmam no fundo do poço, é o momento de nos vermos ao espelho. Pedro Passos Coelho podia ter agido como um chefe político responsável e ter recusado a chantagem do seu partido. Podia ter respondido ao diligente Marco António que o país era mais importante do que o partido, e que um resgate seria um passo perigoso para os portugueses. Não o fez, fraquejou. Um governo que começa com uma mentira e uma fraqueza em cima duma chantagem não acaba bem. Houve eleições, esse momento de vindicação do pequeno espaço político que resta aos cidadãos, e o PSD ganhou, proclamando a sua pureza ideológica e os benefícios da anunciada purga de Portugal. Os cidadãos, zangados com o despesismo de Sócrates e do PS, embarcaram nesta variação saloia do mito sebástico. O homem providencial. Os danos e o sofrimento que esta estupidez tem provocado a Portugal são impossíveis de calcular.
Consumada a infâmia, a campanha contra José Sócrates continuou dentro de momentos. Todos os dias aparecia uma noticiazinha que espalhava pingos de lama, ou o Freeport, ou a Face Oculta, ou a TVI, ou todas as grandes infâmias de que Sócrates era acusado. Ao ponto de o então chefe do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, que se tinha aliado ao PCP e ao PSD para deitar o governo abaixo e provocar a demissão e eleições (no cálculo eleitoralista misturado com a doutrina esquerdista que ignorava a realidade e as contas de Portugal), me ter dito numa entrevista que considerava "miserável" a "campanha pessoal" da direita contra Sócrates. Palavras dele. 
Aqui chegados, convém recordar o que o governo de Passos Coelho tem dito e feito. Recordar as prepotências de Miguel Relvas, os despedimentos, os SMS, os conluios entre a Maçonaria e os serviços secretos, os relatórios encomendados, os escândalos, a ameaça da venda do canal público ao regime angolano, e por fim o suave milagre de um inexistente diploma [universitário]. Convém recordar as mentiras sobre o sistema fiscal, os cortes orçamentais, a adiada e nunca apresentada reforma do Estado, as privatizações apressadas e investigadas pelo ministério público, os negócios e nomeações, a venda do BPN, as demissões (a de Gaspar, a "irrevogável" de Portas), as mentiras de Maria Luís, os swaps, e por último, cúmulo das dezenas de trapalhadas, o espectáculo da "Razão de Estado" vista pela miopia de Rui Machete.
Convém recordar que na semana de demissão de José Sócrates os juros do nosso financiamento externo passaram de 7% para 14%. E os bancos avisaram-no de que não aguentavam. Sócrates sentou-se e assinou o memorando. Que o atual primeiro-ministro não hesitasse, mais uma vez, em invocar um segundo resgate para ganhar as eleições autárquicas que perdeu, diz tudo sobre a falta de escrúpulos deste governo, a que se soma a sua indigência, a sua incompetência, o seu amadorismo. A intransigência. Este é o problema, não a austeridade. 
José Sócrates foi estudar. Escreveu uma tese, agora em livro, que o honra, porque tem um ponto de vista bem argumentado, politicamente corajoso, vindo de um ex-primeiro-ministro. E vê-se que sabe o que diz. Podem continuar a odiá-lo, criticá-lo, chamar-lhe nomes. Não alinho nas simpatias ou antipatias pela personagem, com a qual falei raras vezes. O que não podem é culpá-lo de uma infâmia que levou o país ao colapso político, financeiro, cívico e moral. Entre os portugueses e a luxúria do poder, Passos Coelho escolheu o poder. Fica registado.»
(Clara Ferreira Alves - EXPRESSO -19 Out 2013)

Sarna

Ao lado deste cabrão desqualificado, que desonra Portugal e serve outras alheias, até a bandeira nacional é falsificada! Aqui, no México.

Picardias

[R. Doisneau - rapinado a JJ Roseira]

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Os credores, as carraças, o povo que foi além das suas possibilidades e os grandes crimes do cabrão do Sócrates (Rev.)

« (...) Faltava um mês e meio para a falência do Lehman Brothers. [16Set2008] (...) Em Portugal, os tempos ainda não eram difíceis para a banca, que valia cerca de três vezes mais que a economia do país.
"O setor financeiro, sobretudo a banca, é sem dúvida o mais poderoso da economia portuguesa, e tutela a política económica", explica Nuno Teles , investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Nuno apresentou a sua tese de doutoramento sobre "financeirização da economia".
Esse poder aumentou, graças à moeda única europeia: "O setor financeiro nacional teve a oportunidade de se endividar no exterior, de forma quase ilimitada, a preços muito baixos. Contudo, aliado à tradicional falta de competitividade da nossa indústria, a banca optou por colocar todo este capital disponível em setores onde o seu lucro estava garantido, nomeadamente a construção e imobiliário. A banca financiava o construtor e em seguida financiava o comprador, ficando com o imóvel como garantia."
O resultado foi um endividamento líquido recorde ao exterior, apenas ultrapassado pelo das Seychelles. (...)
Além do crédito com "lucro garantido", a banca apostou na área do "rentismo"(...). São rendimentos de rendas garantidas pelo Estado, como as PPP, em Portugal.
É assim que a crise de Wall Street tem um elo com a crise portuguesa. Os credores da banca portuguesa eram, em grande medida, os mesmos do falido mercado hipotecário norte-americano: os grandes bancos do Norte da Europa. (...)».

« (...) 16 de Março de 2008. O Bear Sterns, 5º maior banco americano, foi salvo in extremis da falência. O seu rival JP Morgan comprou por 2 dólares ações que valiam 172 dólares um ano antes. (...) Numa palavra: subprime.
Os norte-americanos, mesmo aqueles que não tinham documentos, emprego ou qualquer tipo de bens, foram aliciados a contrair empréstimos avultados. Entre 2003 e 2005, pediram emprestados 3,7 biliões de dólares. (...)
Quando o mercado do subprime começou a cair, o Banco Central Europeu e a Reserva Federal americana abriram a bolsa aos bancos, para prevenir o "risco significativo de uma crise bancária". Os bancos usaram essa "liquidez" dada pelos bancos centrais para "aumentarem os seus empréstimos aos países da periferia" na Europa. "A garantia era de que as bancarrotas na Zona Euro seriam impossíveis". (...)
Por essa altura, em Lisboa, também havia reuniões de alto nível. Vítor Constâncio mandou chamar, na terça-feira 30 de Setembro, ao Banco de Portugal, cinco banqueiros: Faria de Oliveira, da CGD, Carlos Santos Ferreira, do BCP, Fernando Ulrich, do BPI, Ricardo Salgado, do BES, e Nuno Amado, do Santander-Totta. A conversa, rigorosamente sigilosa, fora marcada a propósito da crise americana. (...)
A Zona Euro entrou, definitivamente, na espiral da crise, com os resgates à Grécia e à Irlanda, em 2010. Foram os bancos portugueses que, ficando sem liquidez nos mercados interbancários, e impedidos pelo BCE de aceder aos financiamentos com garantias, fizeram pressão no sentido da intervenção da troika. Fizeram-no em privado, durante algum tempo, e convenceram o ministro das Finanças Teixeira dos Santos, e o novo governador do BdP, Carlos Costa. Mas precisaram de pressionar em público para convencer José Sócrates. Judite de Sousa, na TVI, convidou os banqueiros para uma série de entrevistas. "48 horas depois, o primeiro-ministro estava a pedir ajuda financeira", contou a jornalista numa entrevista ao PÚBLICO. "Acabei por, com aquelas entrevistas, fazer parte de uma narrativa que foi meticulosamente preparada pelos banqueiros. (...)
O antigo responsável pelo Lehman Brothers ibérico, o espanhol Luis de Guindos, é (hoje) o ministro da Economia do governo de Madrid. Dois quadros portugueses do gigante falido norte-americano ocupam hoje posições sensíveis: João Moreira Rato é o presidente do IGCP, que gere a dívida pública portuguesa; Deixou o Lehman em Julho de 2008, quando era director executivo. João Quintanilha, que começou a sua carreira na equipa de derivados do Lehman, é hoje membro da consultora Stormharbour, escolhida para assessorar o IGCP na análise dos SWAPS das empresas públicas. (...)» [rev. VISÃO 1072, pág. 36 e seg.]

Farrapos

São oito e meia da manhã. Fulano, ao lado da mulher, segue na fila encostada ao passeio. Quando chega à porta do colégio, pára sem advertir, para deixar um filhito. Sicrano, logo atrás dele, protesta com uma buzinadela. Ultrapassa e pára a cinquenta metros, num semáforo.
A mulher sai, para entregar o filhito. E é quando Fulano tira do porta-luvas uma faca, sai do carro e corre atrás de Sicrano. Logo que o vê, com um ar de adamastor, Sicrano arranca com sinal vermelho. Por pouco choca noutra viatura, que vem da direita e tem o sinal aberto. Fulano regressa ao carro, a babar-se de raiva.
É a esta desesperada miséria que as nossas pseudo-elites nos querem reduzir. Pois é com os nossos farrapos que elas há séculos tapetam os pés.

As 'bocas' de Soares

Serão felizes ou não! Mas "não custaram milhares de milhões de euros aos portugueses."

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Um sonso

A assobiar para o ar. Ou a chamar-nos parvos.

"Esta é a hora."

Já tarda!

Pirotecnias de feira

E palhaçada.

"O nacionalismo sempre foi a mãe de todas as guerras."

» (...) Há uma alternativa, dizem os coveiros. A saída do euro. Portugal finalmente livre (?) dos credores, a imprimir dinheiro a eito, ainda que cada vez mais pobre. Eis como afirmar o sentimento nacional num país do fim do mundo pode erguer novos heróis de papel. No entanto, não nos enganemos: quando até em Portugal cresce a ideia dos benefícios do isolamento, percebemos melhor o que querem alemães, franceses, holandeses, etc.: não dividir nada com os outros e tratar de si próprios. O nacionalismo sempre foi a mãe de todas as guerras e a dívida o rastilho da revolta. 2014 é o ano decisivo para a Alemanha travar esta espiral ou ainda acordamos com a extrema--direita a mandar em toda a Europa. Uma absurda união do "cada um por si".» [link]

Folias

Mas alheias!

F. Liszt

Liebestraum.http://www.youtube.com/watch?v=eW_MAQj0aIA

O discurso do filho da puta

Revisto e actualizado. Com uma plateia de imbecis ou escroques a aplaudir.

O Galamba explica

Aqui.http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=WFc2_L8qzw4

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Toma lá

Mais! http://corporacoes.blogspot.pt/2013/10/como-e-que-o-tipo-nao-sendo-de-direita.html

Nunca é demais repeti-lo, contra a vozearia alarve que aí anda. Porque a memória é uma coisa útil e muito saudável!

A troika só está em Portugal porque um bando de lacaios, de ignorantes, de incompetentes, de traidores e 'delinquentes', ao serviço da velha oligarquia, forçou a sua vinda em 2011. Já vem tarde! - vociferavam todos.
E também porque uma boa parte dos indígenas, que não chegaram ainda à maioridade mental e cívica e política, foram às eleições e se deixaram levar no conto do vigário.
Agora estão fodidos e mal-pagos. É bem caso para pensar que o merecem.

Orçamento?

Receita para empobrecimento geral e vão. Para pagar uma "dívida" que, por este caminho, não tem como ser paga. E entregar juros a agiotas que engordam com a miséria de milhões.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Porém foda-se!

Há exemplos de quem mostra a essa Europa que ainda tem alguns colhões. Outros há que baixam as calcinhas e lhe oferecem as nalgas massajadas, conforme se explica aqui.
Os portugueses nunca tiveram razões para confiar nas elites, tanto suas como alheias. Porém foda-se! Uma coisa é responder às elites do modo que elas merecem. E outra muito diferente é correr com o Sócrateselegê-las nas urnas.

O sétimo de cavalaria

Quando o cachorro se aventurou à porta, logo o talhante fez o que tinha a fazer. Pô-lo na rua. Os cachorros trazem raiva, trazem pulgas, abrem portas ao mosquedo. Mas o cachorro insistia e o talhante voltou a correr com ele. Andaram nisto. Até que o homem, já esgotada a paciência, reparou no papelito entalado nos caninos do bicho.
O papel trazia uma encomenda. E enrolada na encomenda vinha uma nota de vinte.
O  talhante puxou da faca grande, deu-lhe o fio do costume, e separou duma peça três bifes da rabadilha. O cachorro acompanhava-lhe os gestos com meneios de cabeça. 
O talhante fez uma trouxa num saco, juntou-lhe uns trocos da caixa, pôs-lha à frente do nariz. Fez-lhe uma festa no lombo. O cachorro entalou-a nos caninos e dirigiu-se à porta, apaziguado.
Vi o talhante a encolher os ombros, mas fiquei em sobressalto. E no passeio pus-me a olhar o cachorro. Lá vai ele, muito produzido, é claro que dá cartas a muito cidadão. Vira na esquina da avenida, aguarda pelo semáforo, pôe-se a subir a calçada. E só vai parar à porta duma casita baixa, num rés-do-chão do bairro das Colónias.
O cachorro empinou as duas mãos à fechadura da porta. Depositou a trouxa na soleira, voltou a erguer-se até ao puxador, e foi então que perdeu a compostura. Deu dois golpes numa aldraba arredondada, foi arranhar nos vidros duma janelita, e acabou mesmo por soltar alguns latidos.
Um homem, seria o dono, veio entreabrir a porta. Era um homem obeso, desconforme, e dirigiu-se ao cão em altos berros. Acabou por atirar-lhe um pontapé aos queixos, enquanto ameaçava piores penas.
Era a altura de chegar o sétimo de cavalaria. E eu decidi-me a intervir, mas lá na sua o homem tinha razão. Pela segunda vez nessa semana, o cachorro foi à rua e deixou a chave em casa. Uma falha inaceitável, se eu a não tivesse visto não acreditava.

domingo, 13 de outubro de 2013

Rifão

Se eu tivesse uma fortuna, por bem pequena que fosse, por certo havia de achar a política deste governo a única possível.
Já se fosse um patoléu comum, preferiria o rifão: perdido por cem, perdido por mil. Ao menos podia erguer-lhes nas trombas um manguito das Caldas. 

sábado, 12 de outubro de 2013

A partícula de deus

Cheguei a pensar que o sub-atómico bosão de Higgs ia resolver velhos enigmas, explicar-nos o big-bang e a formação do Universo e da Vida, libertar-nos do recurso aos deuses e remeter ao arquivo a transcendência e os tratados antiquados da teologia.
Foi uma esperança vã. Porque além do bosão de Higgs há um caminho a percorrer, tão longo ou mais que o trajecto percorrido até chegar a ele.
A galáxia da Via Láctea tem mil milhões de sóis. O Universo tem mil milhões de galáxias. Um tal número (10 elevado a 22) equivale ao número de grãos de areia de todas as dunas e praias da Terra. 
Vou a Leça, escolho um grão, trago-o para casa. Mas ponho-me a imaginar o que ficou para trás e claudico.
Dava-me jeito, o bosão! Porém dar-lhe um aval é sair do diabo e cair no regaço da mãe dele. E volto aos deuses, à transcendência e à teologia, que criaram e me explicam os enigmas todos que há no Universo. 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Os intelectuais são fracas companhias

Mas são úteis, muitas vezes.

Vá lá, diverte-te!

Se ainda te é possível!

Vieira da Silva

Esse, o ministro de Sócrates, dá uma geral na AR: ao governo, ao PPD, ao PCP, ao BE e ao CDS.

O Nobel, a literatura, e certos correlatos

Alice Munro ganhou. E Oscar Wilde avisou, há muito tempo: Ninguém sobrevive ao facto de ser considerado acima do seu valor. Não é, claro, o caso da laureada canadiana.

Pérolas duma caixa de comentários

António:
Porquê? – Porque somos (tenho 65 anos) a geração que fez o 25 de Abril e negociou a independência das colónias. Porém, não demos ouvidos à profecia de Natália Correia: “A sua influência (dos retornados) na sociedade portuguesa não vai sentir-se apenas agora, embora seja imensa. Vai dar-se sobretudo quando os seus filhos, hoje crianças, crescerem e tomarem o poder.”
Permitimos que os “putos” da juventude partidária (hoje no poleiro) fossem governo e, destilando ódio, vingarem-se no povo.
Temos que arranjar forças e continuar Abril…

Do Retornado para o Tóino:
Os filhos dos retornados são superdotados ó Tóino
Os filhos dos retornados acordam com a fotografia do pai à cabeceira, a dizer-lhe, vai-te a eles filho.
Olha filho, os portugas são todos uns analfabetos e quando aprenderem a ler, já tu decoraste as instruções da Natália Correia.
Ó Tóino, sabes que os professores dos sacanas dos filhos dos retornados, foram seleccionados para os ensinarem a vingar-se dos alunos metropolitanos.
Os filhos dos retornados nasceram Indigos, ó Tóino, estás lixado com eles.
Natália Correia era poeta e vidente, Tóino, mas só os retornados sabiam ler, de maneira que só eles se aperceberam da ideia.
Tóino como o teu filho só agora te leu aquilo que Natália escreveu e disse, tarde piáste.
Os filhos dos retornados estão agora a mandar para Angola os filhos dos metropolitanos.
A vingança é terrível Tóino!

Voyeur
“Do Retornado para o Tóino”:
Não ponhas tanto na carta, ó Retornado! Por aqui já se imaginava que só trazes na cabeça areia do sertão, e palmeiras, e cocos, e sombras de pretos que ainda hoje te assustam.
Na verdade metes dó, ó Retornado. Passou-te por cima um cilindro das estradas, e tu ainda não percebeste porquê.
Pede o RSI e vai a um psiquiatra a sério. Porque essa história dos teus filhos superdotados que te hão-de vingar… é melhor não confiares muito nela. Pode-te sair uma segunda vez o caralho da vida outra vez todo furado.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Manifestação na ponte

O Arménio Carlos, e o comité central, resolveram brincar às emoções alpinas. O povo que se divirta e que se foda, enquanto a oligarquia manda os seus valetes abrir o champanhe.

Os bons, os maus e os vilões

Isto é, os canalhas, os cúmplices e os empatas.
Os canalhas não nos surpreendem, sobem para a balsa dos náufragos.
O PCP reivindica o governo inteiro na rua, que é o mesmo que dizer 'lá chegaremos quando for caso disso! Corra entretanto o marfim'.
O BE está naquele caso do tipo que fuma mas não chega a engolir.
A Maria de Belém é fogo amigo, do tipo SG Ventil. 
Quem é que de facto leva a peito a demissão desse escarro do Machete?
Os ministros do Sócrates, pois quem?!

O artista na televisão

E o povo em quem ele manda, na plateia, estão muito bem uns para os outros. Nem uns coiso, nem outros saem de cima. Mas a quem é que isto surpreende?!

Shutdown 2

O que a América, de facto, está a dizer ao Obama, com o arrastamento do shutdown é muito simples.
- Obrigadinho, ó niger! Não fizeste mal o teu papel, mas acabou. Desampara-me a loja e vai pentear macacos!

Nano-BPN

A princípio falou-se que era a ASAE. Chegou ali, exigiu alterações sanitárias, saiu e fechou a porta. O bairro confiou que tudo era transitório (lá andam estes cabrões!), porque o pão de lenha tinha qualidade. Mas a padaria não voltou a abrir. 
Mais tarde veio a saber-se que havia anos de rendas em atraso, falou-se que houve denúncias, que alguém andara a pôr a mão na massa. E o fecho acabou definitivo.
A escala é de nano-BPN, ao certo ninguém o sabe. Mas a moral é a mesma: o bairro ficou sem pão.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Ironia, humor, sarcasmo, vinagre concentrado?!

Seja o que for, é de morte! 

Prémio

Pagamos a tecnologia alemã. Usamos a lata automóvel francesa. Consumimos a fruta dos espanhóis. Dedilhamos os Nokia finlandeses. Compramos o design dos italianos. Imitamos os tiques culturais dos saxões. Frequentamos as baiúcas dos agiotas holandeses. Comungamos das misérias dos gregos. Sonhamos com as mamas das suecas. Abastecemos o mercado dos escravos sem os odores da catinga. Ainda vamos à neve na Suíça. Da Europa, já merecíamos um prémio. Olha, um Nobel, a propósito!

domingo, 6 de outubro de 2013

A fama do caramelo é manhosa, e o proveito sê-lo-á também

Mas a correcção desta leitura não é de perder! E uma visão adequada faz-se de muitas visões. 

Bons augúrios

Ontem, quando pela primeira vez se comemorou a data identitária do regime, sem feriado, senti que foi a última vez que os a(u)tores estiveram em cena. Não duram mais um ano.

Quem aboliu o 5 de Outubro já não tem tempo para extinguir o 25 de Abril.

[Rapinado ali]

Cinco momentos que se juntaram uma vez na vida

[R. Doisneau, rapinado de JJRoseira]
O do fotógrafo caçador de instantes, o do cão que o vigia, o do transeunte curioso, o do pintor concentrado, e o da cidade numa manhã perplexa.

Sindicatos da Justiça

Muito longe vão os tempos em que o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, capitaneado por um bandalho chamado João Palma, punha todos os dias no pelourinho o governo legítimo da nação. É que o Sócrates foi-lhes às férias, à ronha e às benesses.
Hoje é diferente. Quando os manifestos escroques que nos governam emporcalham o país internacionalmente, o Sindicato dos Magistrados coça as micoses por baixo da toga e mete o rabo entre as pernas.

E agora o que é que vamos fazer destes amadores todos?!

Recolhê-los aos curros?!

[Phoska-se: Este cabrão canta o fado marialva como ninguém!]

sábado, 5 de outubro de 2013

No melhor pano

Clara Ferreira Alves deu à luz Estado de Guerra, há-de haver um ano. É uma colectânea de vários anos de crónicas, de proveito e muito bom exemplo. São sempre desassombradas, não sofrem da irrelevância umbiguista frequente em escribas muito consagrados e são servidas por um discurso honesto e claro. Aqui e ali perpassa nalgumas delas uma aragem pedante e um cosmopolitismo com seu quê de possidónio. Mas isso é um pecado venial dos portugueses todos.
A páginas tantas, achava-se ela na redacção da Revista do Expresso, quando desabou o muro de Berlim. «Passados uns meses fui a Berlim. Atravessar a cidade do Ku'damm à Berliner Alexanderplatz, atravessar a porta de Brandeburgo e entrar em Unter den Linden, olhar a Ópera, a Universidade Humboldt, o Hotel Adlon. Ver Berlim aberta (...)»
Mas onde é que esta mulher foi descobrir o Hotel Adlon, em Berlim de 1990?!

LER - 3

A propósito da publicação dum novo romance em que a longínqua Islândia tem lugar central, a LER Nº 128 dedica a Valter Hugo Mãe uma dúzia de páginas. Nada menos. (Não sei a que propósito me lembrei agora do Peixoto, que também foi fazer obra à Coreia do Norte, e do Tordo que andará a fazê-la numa residência de escrita de romances em Xangai. Todos três são ramalhetes dum tronco comum: o dos Prémios Saramago, descobertos pela Maria do Rosário Pedreira, uma editora ao serviço da Leya, queixosa já das mistelas que há muito impinge aos leitores. Mas adiante!)
Ando de olho no Valter Hugo Mãe desde o Baltasar Serapião. O tal prémio Saramago de 2006, que a senilidade do patrono terá levado a qualificar de tsunami literário. A mesma senilidade que fez saber ao Tavares (outro prémio Saramago) que já tem à espera o prémio Nobel. E ando de olho no Valter Hugo Mãe para saber quando é que ele se liberta da sintaxe de quimbo que trouxe da Lunda, daquela semântica ortorrômbica de quem inventou a pólvora das palavras, e do discurso canhestro de quem anda à procura duma estética literária e de voz própria. É necessidade urgente.
Acompanhei o Apocalipse dos Trabalhadores e a Máquina de Fazer Espanhóis sem ter notado progressos. E fiquei sobressaltado com as cenas de Paraty, onde o Mãe pôs a chorar meio Brasil, e se fartou de receber currículos de candidatas a oferecerem-lhe um filho, num espectáculo que o António Guerreiro viria a imputar às perversões do marketing das editoras, a que chamou a máquina de triturar escritores. Guardava ele as esperanças de que a qualidade do romance viesse a resgatar o seu autor. Mas por desgraça tal não aconteceu.
Cheguei assim ao Filho de Mil Homens, que rapidamente dei ao pó da estante e esqueci. Mas agora vou recuperá-lo, a propósito da entrevista da LER. Pois quem há-de resistir a isto:

«Esta escrita implicou muito trabalho?
  Tenho a sorte de ter uma espontaneidade incrível, que me deslumbra a cada passo. Sinto     que os livros são milhões de vezes mais inteligentes do que eu. Eu não consigo no meu        quotidiano fazer uso duma ínfima parte da inteligência que os meus livros têm.
  Como é que isso acontece?
  Há uma qualquer intuição que me oferece os livros. Entrego-me à intuição ou deixo que ela me domine e me angustie e me estrague a vida. Mas sou recompensado com o descobrir alguma coisa. Não sei se isto é válido para todos os escritores e tudo quanto se escreveu no mundo, mas sei que escrevo pelo desconhecido, em direcção ao que preciso de descobrir. (...) Sou atropelado pelo acontecimento do livro. (...)»

Ainda não desisti da minha espera, mas a entrevista não me alimenta esperanças realistas. Já da Desumanização, que veio da Islândia e por aí anda... Deus te livre ó Marques! A facilidade com que os simples se deixam enfeitiçar pelo próprio umbigo, pelo canto de sereias mercenárias e por trejeitos de puta, é sempre surpreendente.
Balha-nos Deus, que é quem pode, a nós e à literatura! Que há-de saber resistir.

Toma lá!

O discurso que a República merecia. Um discurso é um discurso, mas este é também um guardanapo que assoa muitos focinhos.

LER - 2

E saímos dos diabos da literatura para entrarmos na mãe deles!

O escritor mais prolixo, que mais rende no mercado, e que os leitores indígenas mais aconchegam na alminha, faz-nos saber o seguinte: «Tenho é angústia de ter demasiadas coisas sobre as quais quero escrever, e de não ter dois gémeos que me ajudem. Escrevo os livros que gostaria de ler mas que não encontro à venda.» 
(José Rodrigues dos Santos, jornalista e escritor)

«Durão Barroso é o nosso Ronaldo da política internacional.»
(João Vale de Almeida, embaixador da União Europeia nos Estados Unidos)

Mas o que tem o cu a ver com as calças? - poder-se-á perguntar. Pois tem tudo, porque esta trampa anda toda ligada! O marketing, as elites pensadoras, o mercado, as editoras... e os equívocos gerados dentro das nossas cabeças. Balha-nos Deus, que é quem pode, a nós e à literatura!

LER - 1

A revista LER, cujo ofício são Livros & Leitores mas que só é legível a poder de lupa, é pródiga em preciosidades na matéria. A última (Nº 128), que custa 5 € tal como as irmãs, é um regabofe de generosidade com os seus pacientes compradores. Até à última página.
A propósito dum discreto sinal de que Tiago Patrício publicou na Gradiva uma coisa que se chama O Estado de Nova Iorque, temos direito a entrevista.
Ora Tiago Patrício já uma vez aqui andou, e não foi por razões boas. Imagino o que serão as razões da obra nova, uma vez que o técnico de serviço não adianta sobre ela uma palavra. A mim, Deus me livre e guarde! Depois de cair na primeira emboscada, basta-me ficar a saber que o jovem está arrependido «de ter lido Aparição, do Vergílio Ferreira, e O Evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago, ainda na adolescência. Não se consegue voltar a olhar para o mundo da mesma maneira.»
O mínimo dos mínimos ditaria que o entrevistador desfizesse logo ali ambiguidades. Devia o nosso jovem tê-las lido só mais tarde? Não as devia ler nunca? Tiraram-lhe a virgindade original? Abriram-lhe a cabeça? 
Isso era exigir demais a qualquer deles. E lá ficamos nós sem o saber, atolados em equívocos que nos saem muito caros. Balha-nos Deus, que é quem pode! A nós e à literatura!

Johann Sebastian Bach

Outro.http://www.youtube.com/watch?v=nLeQuvhLczU

Carlos Paredes

Um génio.

Viva a República!

Viva a Liberdade, a Democracia e a Laicidade!
Viva a Igualdade, a Saúde e a Escola Pública!
Viva a Fraternidade, o Trabalho e a Vida!
Fora a Sotaina farisaica, a Finança agiota, e esta iletrada cafraria revanchista que atraiçoou a Pátria!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Shutdown

Por uma vez, convirá que os cowboys americanos ponham ordem no bordel. Aos povos europeus já lhes sobra em demasia ter que aturar o seu próprio putedo.

Investimentos

A partir do séc. XV (com mais rigor a partir da rapaziada de Ceuta em 1415), as elites dirigentes lusitanas iniciaram uma era visionária e paranóica, que foram povoando de mitos, de equívocos e de falácias, e se manteve por séculos. Durou até 1975, data em o povo teve que pagar a última factura. Mas o dano dos estilhaços ainda dura e durará.
Antero de Quental (Causas da Decadência...), António Sérgio (Breve Interpretação...), Oliveira Martins e outros explicaram isso muito bem. O que não significa que a pátria tenha ligado a ponta de um corno ao que eles deixaram dito. Mas adiante!
O leit-motiv da era visionária era a luta contra o infiel (ao serviço do Vaticano), era a dilatação da Fé (Católica) e do Império. E foi nisto que a pátria se esgotou durante quinhentos anos. 
Hoje nada resta da , no Oriente. Em África há residuais resquícios, e são nulas as perspectivas de crescimento, face aos animismos, islamismos, e quejandos. O verdadeiro mercado da do Vaticano está na América Latina. À política de terra queimada seguida por portugueses e sobretudo espanhóis, (o Bartolomeu de las Casas que o diga), pouco ou nada sobreviveu dos povos e civilizações indígenas.
Mais do que um qualquer espírito-santo de orelha, foi este mercado enorme que ditou aos cardeais do último conclave a eleição do papa Francisco, vindo lá dum sertão. É verdade que lhes saiu fresco para assar, mas são ossos do ofício e isso é outro assunto!
Aqui a questão essencial é que as cruzadas ibéricas de há quinhentos anos vêm hoje a revelar-se muitíssimo rentáveis para o Vaticano. E como é que o Vaticano retribui?! Assim!

O triunfo

Dos porcos. Que engordam até à véspera da matança.

Com papas e bolos...

Tens aqui, feitinha e apurada, a papa com que estes filhos da puta nos têm empanturrado.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

American dream

[rapinado a JJRoseira]
Em 1949, esta máquina dispensava, por uns patacos, bronzeado instantâneo. Como quem mete ar no pipo. E foi assim que a América se pôs escura.

A justiça da oligarquia lusa

É um chouriço rançoso que anda na boca dos cães.

Vê-me isto!

Não deixes de ver.

Se puderes...

Erbarme Dich mein Gott! (Nathalie Stutzmann)

Ler isto demora três quartos de hora

Mas não o ler é perder uma reportagem rara.

Mau Maria!

[Foto de R. Doisneau]
Já chegámos à Madeira, ou quê?!

"Troika não cede um milímetro"*

Compreende-se porquê. É mesmo a única forma de conservar em serviço o seu faz-tudo, o miserável do Passos. É lavar, em lugar dele, o esterco da testada que ele ocupa.
* DN.

Espaço vital

Em São Lázaro vem crescendo a frequência das damas da virtude. E os jogadores de sueca, já reformados em todos os sentidos, temem-se apenas da falta de espaço, debaixo das magnólias.

Quoque tu Cavaco!

No tempo em que Portugal tinha um governo patriota (que procurava responder à tempestade financeira internacional protegendo os interesses dos portugueses com o mínimo dano possível), tu chefiavas o bando de aventureiros serviçais da oligarquia que não olhou a meios para o derrubar, para se apoderar do poder, para reivindicar a troika que já vinha tarde, para governar a vidinha própria e do partido.
Nessa altura era assim que falavas, em pose de incendiário traidor e demagogo. 
Agora insultas a corja que te cerca, e já viste que os mercados não são racionais.
Não tens remissão do nojo que provocas, nem do ódio do povo que traíste. 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Day after 6

Agora em números claros.

Day after 5

Uma coligação de vozes heteróclitas desmantelou finalmente o feudalismo jardinista da Madeira. Ausente esteve apenas o comité central.
E haverá uma explicação para isto, que aqui se omite por razões de pudor.

Aula de sociologia

A dona Dina é um coração de manteiga. Vive com o marido, duma pequena pensão. E tem em casa duas tartarugas, que lhe lembram África e se tornaram enormes, já não cabem na bacia. Há-de levá-las ao parque biológico.
O seu dia começa de madrugada, com as pombas, que tem o bando à espera no pátio, desde as seis e meia. Só vão embora depois de ela semear umas mancheias de trinca. 
Às sete chega o bando do café, que vai abrir não tarda. Divagam o seu pouco no passeio, passam a ferro as penugens, até que o dono abre a porta e traz as migalhas de ontem.
A dona Dina já sabe que os bandos não se misturam, cada um ocupa o seu lugar. Por isso trata do seu, o do Carlos que se amanhe. E à tarde, quando o gato da vizinha está sozinho, sobe ao terceiro andar e dá-lhe mimos. Estendido no tapete, o bicho enrola-se todo.