terça-feira, 31 de maio de 2011
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Ponto de ordem
Não tenho particular interesse nesta disputatio, que não procurei, nem alimentarei mais. Por não lhe reconhecer bondade nem utilidade prática. E em que entrei mais num gesto de cortesia do que por outros motivos, neste contexto febril dum acto eleitoral engendrado por um estranho casamento de oposições parlamentares, que a uma voz derrubaram o governo. Com os custos que já se viram, e com os custos mais que traz no ventre.
Mas convirá centrar este exercício, por uma questão de clareza e de lisura:
1 – Estou muito longe de considerar a república de Weimar como uma ordem política que servia os interesses e aspirações dos trabalhadores alemães;
2 – Não disse, nem penso, que o ascenso do nazismo tenha ficado a dever-se aos comunistas alemães, mal feito fora;
3 – Disse apenas, e continuo a dizer, o que Thaelmann afirmou, num momento desgraçado e numa frase fatal: entre o nazismo e a social-democracia, “que venha Hitler!”
4 – Thaelmann foi aniquilado pelos nazis. Não desconheço, nem me é indiferente, nem menosprezo o sacrifício desse e doutros dirigentes comunistas alemães.
5 – Sobre o “momento Catroga”, cuja subtileza me deixou rendido: o que Catroga fez foi identificar Sócrates com Hitler, num assomo de inteligência, de compostura moral e de rigor de análise, que com muita justiça o inscreve na história. Eu não identifiquei ninguém com nada. Sustento apenas que a direcção dos comunistas alemães, no contexto da República de Weimar, levou os trabalhadores alemães ao engano, certamente involuntário. Ao sugerir-lhes que a social-democracia era igual ao nazismo, se não pior. Os eleitores alemães acabaram por eleger Hitler. E conforme concede o João Vasco, “estavam errados”. Mas isso serviu de muito pouco consolo aos 50 milhões de mortos que o nazismo vitimou.
6 – Pessoalmente, estou muito longe de considerar o PS um partido de virgens, e Sócrates um primeiro-ministro a tomar como exemplo. O que disse, e sustento, (no contexto dumas eleições saídas de tão estranho casamento parlamentar), é que “apesar das muitas trapalhadas… (…) dos erros e das desilusões, nenhum dos governos que há trinta anos tivemos meteu a mão na massa do que era urgente fazer, e ainda é: na educação, na saúde, na cultura, na justiça, na ciência, na diplomacia económica, nos privilégios das corporações, nos atavismos mentais, e até mesmo na miséria”. E nem disse que o governo conseguiu, disse apenas que meteu a mão na massa. Ao João Vasco, em lugar do meter a mão na massa da governação, agrada por certo mais este simples programa: o ódio a Sócrates, que a direita mais vil há seis anos demoniza, como pessoal e único responsável pelos males que nos desabam em cima, a nós e ao mundo inteiro. E como PS e PSD são uma e a mesma coisa, (na febre neo-liberal de desmantelar o Estado, de entregar a Saúde nas unhas dos privados, de destruir a Escola Pública, de arruinar a Segurança Social em benefício dos Seguros, de privatizar Serviços Públicos sob a falácia das vantagens da gestão privada), segue-se que a orientação que os comunistas têm para deixar aos eleitores que não acharem razões para votar no PC, é só uma: votar no PS ou no PSD é exactamente igual. Isto num momento em que de facto está em causa a manutenção ou a destruição do edifício democrático saído de Abril.
A isto chamo eu alienar o povo, levá-lo ao engano, que é aquilo por que saliva há muito tempo a direita mais vil. A isto chamo eu levar carneiros ao açougue.
Mas convirá centrar este exercício, por uma questão de clareza e de lisura:
1 – Estou muito longe de considerar a república de Weimar como uma ordem política que servia os interesses e aspirações dos trabalhadores alemães;
2 – Não disse, nem penso, que o ascenso do nazismo tenha ficado a dever-se aos comunistas alemães, mal feito fora;
3 – Disse apenas, e continuo a dizer, o que Thaelmann afirmou, num momento desgraçado e numa frase fatal: entre o nazismo e a social-democracia, “que venha Hitler!”
4 – Thaelmann foi aniquilado pelos nazis. Não desconheço, nem me é indiferente, nem menosprezo o sacrifício desse e doutros dirigentes comunistas alemães.
5 – Sobre o “momento Catroga”, cuja subtileza me deixou rendido: o que Catroga fez foi identificar Sócrates com Hitler, num assomo de inteligência, de compostura moral e de rigor de análise, que com muita justiça o inscreve na história. Eu não identifiquei ninguém com nada. Sustento apenas que a direcção dos comunistas alemães, no contexto da República de Weimar, levou os trabalhadores alemães ao engano, certamente involuntário. Ao sugerir-lhes que a social-democracia era igual ao nazismo, se não pior. Os eleitores alemães acabaram por eleger Hitler. E conforme concede o João Vasco, “estavam errados”. Mas isso serviu de muito pouco consolo aos 50 milhões de mortos que o nazismo vitimou.
6 – Pessoalmente, estou muito longe de considerar o PS um partido de virgens, e Sócrates um primeiro-ministro a tomar como exemplo. O que disse, e sustento, (no contexto dumas eleições saídas de tão estranho casamento parlamentar), é que “apesar das muitas trapalhadas… (…) dos erros e das desilusões, nenhum dos governos que há trinta anos tivemos meteu a mão na massa do que era urgente fazer, e ainda é: na educação, na saúde, na cultura, na justiça, na ciência, na diplomacia económica, nos privilégios das corporações, nos atavismos mentais, e até mesmo na miséria”. E nem disse que o governo conseguiu, disse apenas que meteu a mão na massa. Ao João Vasco, em lugar do meter a mão na massa da governação, agrada por certo mais este simples programa: o ódio a Sócrates, que a direita mais vil há seis anos demoniza, como pessoal e único responsável pelos males que nos desabam em cima, a nós e ao mundo inteiro. E como PS e PSD são uma e a mesma coisa, (na febre neo-liberal de desmantelar o Estado, de entregar a Saúde nas unhas dos privados, de destruir a Escola Pública, de arruinar a Segurança Social em benefício dos Seguros, de privatizar Serviços Públicos sob a falácia das vantagens da gestão privada), segue-se que a orientação que os comunistas têm para deixar aos eleitores que não acharem razões para votar no PC, é só uma: votar no PS ou no PSD é exactamente igual. Isto num momento em que de facto está em causa a manutenção ou a destruição do edifício democrático saído de Abril.
A isto chamo eu alienar o povo, levá-lo ao engano, que é aquilo por que saliva há muito tempo a direita mais vil. A isto chamo eu levar carneiros ao açougue.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Pavlov
À campanha da malta do pote parecem bastar dois mantras: a bancarrota e o número 700.000. Hão-de ser suficientes. Já que, para demonstrar que Sócrates é o caviloso e pessoal responsável por eles, lá está a comunicação social.
Esta é a foto da 1ª página do DN de hoje, uma cena da campanha do PS na Amadora. Isenção, decoro, profissionalismo?!
Tomam-nos por cãezinhos de Pavlov. E queixam-se de "claustrofobia democrática".
Esta é a foto da 1ª página do DN de hoje, uma cena da campanha do PS na Amadora. Isenção, decoro, profissionalismo?!
Tomam-nos por cãezinhos de Pavlov. E queixam-se de "claustrofobia democrática".
Visitas
Em Abril, na Junta de Freguesia de S. Pedro do Rio Seco, apresentação da Associação Rio Vivo a um grupo de jovens antropólogos da Uni Nova, e discussão com o arquitecto dos projectos de recuperação de casas na aldeia.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Auto-retrato
Não voltará aqui a repetir-se aquilo que já foi dito.
Apenas se procura mostrar, olhando para o retrato, porque é que tudo aquilo ameaça continuar.
A diletância decadente e contraditória desta gente mete medo.
Apenas se procura mostrar, olhando para o retrato, porque é que tudo aquilo ameaça continuar.
A diletância decadente e contraditória desta gente mete medo.
Bons ares - 6
Nos primeiros cinco meses deste ano, a despesa do Estado na comparticipação de medicamentos sofreu uma redução de 150 milhões de Euros, em relação ao mesmo período de 2010.
A quota de genéricos subiu para 21% do total do mercado.
A quota de genéricos subiu para 21% do total do mercado.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Raposa no galinheiro
Mario Draghi há-de ser o substituto de J. C. Trichet à frente do Banco Central Europeu.
O italiano era o director do famigerado Goldman Sachs (Europa) [esse mesmo do subprime da América], quando este banco de Wall Street vendeu à Grécia, por muito bom preço, umas lições práticas de vigarice, e a ajudou a maquilhar as contas públicas, para entrar no Euro.
A "crise do Euro", e os ataques de que é alvo, são hoje indesmentíveis, em benefício do insustentável "muro do dólar", e do periclitante sistema financeiro internacional.
É como quem mete a raposa no galinheiro, enquanto as galinhas cabeceiam!
O italiano era o director do famigerado Goldman Sachs (Europa) [esse mesmo do subprime da América], quando este banco de Wall Street vendeu à Grécia, por muito bom preço, umas lições práticas de vigarice, e a ajudou a maquilhar as contas públicas, para entrar no Euro.
A "crise do Euro", e os ataques de que é alvo, são hoje indesmentíveis, em benefício do insustentável "muro do dólar", e do periclitante sistema financeiro internacional.
É como quem mete a raposa no galinheiro, enquanto as galinhas cabeceiam!
terça-feira, 24 de maio de 2011
Claro/escuro
O meu amigo João Vasco está preocupado comigo. E não lhe faltam razões, mas não são as que exprimiu.
Se a vida fosse um exercício teórico, tudo era duma maneira: elaborava-se um plano em cima do estirador, e era só seguir o tira-linhas.
Mas a vida é sobretudo um exercício prático e activo, operado num contexto de circunstâncias concretas, com as quais as pessoas reais têm que se aver. Isso torna tudo menos linear. E mormente a questão eleitoral.
A propósito de passados estados escravistas, sustenta o João Vasco que entre o PS e o PSD não há um conjunto significativo de diferenças. Porque um qualquer governo de qualquer desses partidos actua em nome do Belmiro, do Salgado, do Amorim… contra a luta de emancipação dos trabalhadores e as suas conquistas, os seus direitos, as suas estruturas representativas… e privatiza a escola pública, e entrega a saúde aos grupos financeiros, para dar estabilidade à burguesia na exploração económica e no domínio político.
Infelizmente, por erros e crimes que não vale a pena lembrar, mas que não convirá desconhecer, o modelo de sociedade alternativa que chegou a vislumbrar-se não passou dum vislumbre. E, tendo desabado, para mal dos nossos pecados, deixou o campo livre à burguesia. A qual aproveitou o ensejo para refinar métodos, e assumir a sua face mais hedionda, mais cleptocrata e mais ignóbil, de repartidora da miséria. O mundo que aí está é o fruto natural desse circunstancialismo, e é nele que temos que viver, enquanto outro se não tornar possível.
Diz o João Vasco que eu entro num ataque cerrado a tudo o que cheire a esquerda. Mas não é verdade, eu não ataco ninguém. O que eu sinto é pena, é vergonha, de ver os comunistas mancomunados com a direita mais vil para derrubar o governo existente, pela miragem dum inexistente prato de lentilhas.
Quanto às diferenças entre serventuários, na destruição do Estado e nos atentados contra os trabalhadores… muito suspeito de que o meu amigo João Vasco ainda não viu metade da missa. Mas a confirmarem-se as reles perspectivas, creio que não tarda muito para ficar à vista a metade que falta.
A esse propósito, e mal comparando, lembra-me a situação de violenta ruptura na Alemanha de Weimar, antes da eleição de Hitler. A direcção dos comunistas, com Thaelmann à cabeça, também não via diferenças nenhumas. E seguindo as directivas de Stalin, proclamou alto e bom som: Que venha Hitler! Nós seguiremos Hitler! Os resultados estão documentados.
Não é negando a realidade que se chega ao dia claro, meu caro João Vasco.
Se a vida fosse um exercício teórico, tudo era duma maneira: elaborava-se um plano em cima do estirador, e era só seguir o tira-linhas.
Mas a vida é sobretudo um exercício prático e activo, operado num contexto de circunstâncias concretas, com as quais as pessoas reais têm que se aver. Isso torna tudo menos linear. E mormente a questão eleitoral.
A propósito de passados estados escravistas, sustenta o João Vasco que entre o PS e o PSD não há um conjunto significativo de diferenças. Porque um qualquer governo de qualquer desses partidos actua em nome do Belmiro, do Salgado, do Amorim… contra a luta de emancipação dos trabalhadores e as suas conquistas, os seus direitos, as suas estruturas representativas… e privatiza a escola pública, e entrega a saúde aos grupos financeiros, para dar estabilidade à burguesia na exploração económica e no domínio político.
Infelizmente, por erros e crimes que não vale a pena lembrar, mas que não convirá desconhecer, o modelo de sociedade alternativa que chegou a vislumbrar-se não passou dum vislumbre. E, tendo desabado, para mal dos nossos pecados, deixou o campo livre à burguesia. A qual aproveitou o ensejo para refinar métodos, e assumir a sua face mais hedionda, mais cleptocrata e mais ignóbil, de repartidora da miséria. O mundo que aí está é o fruto natural desse circunstancialismo, e é nele que temos que viver, enquanto outro se não tornar possível.
Diz o João Vasco que eu entro num ataque cerrado a tudo o que cheire a esquerda. Mas não é verdade, eu não ataco ninguém. O que eu sinto é pena, é vergonha, de ver os comunistas mancomunados com a direita mais vil para derrubar o governo existente, pela miragem dum inexistente prato de lentilhas.
Quanto às diferenças entre serventuários, na destruição do Estado e nos atentados contra os trabalhadores… muito suspeito de que o meu amigo João Vasco ainda não viu metade da missa. Mas a confirmarem-se as reles perspectivas, creio que não tarda muito para ficar à vista a metade que falta.
A esse propósito, e mal comparando, lembra-me a situação de violenta ruptura na Alemanha de Weimar, antes da eleição de Hitler. A direcção dos comunistas, com Thaelmann à cabeça, também não via diferenças nenhumas. E seguindo as directivas de Stalin, proclamou alto e bom som: Que venha Hitler! Nós seguiremos Hitler! Os resultados estão documentados.
Não é negando a realidade que se chega ao dia claro, meu caro João Vasco.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Trabalhos de Hércules
Desde a foz do Sabor, na Vilariça, até às escarpas do Penedo Durão já viradas a Castela, a cortina de alturas e serranias ao longo do Douro é intransponível. Há uns três milhões de anos, afirmam os geólogos.
Só a brecha de Alpajares abre uma porta ao planalto mirandês.
Por isso se fizeram, há mil anos, estes trabalhos de Hércules.
Para subirem e descerem almocreves e récuas de alimárias, entre a barca de Alva e as terras de Poiares, de Freixo de Espada à Cinta, de Mogadouro e Sendim, de Bragança e de Miranda.
Hoje voltaram os burros,
e os gaiteiros,
para animar os caminhantes que se cansaram do tédio, e dos absurdos das cidades confortáveis.
Só a brecha de Alpajares abre uma porta ao planalto mirandês.
Por isso se fizeram, há mil anos, estes trabalhos de Hércules.
Para subirem e descerem almocreves e récuas de alimárias, entre a barca de Alva e as terras de Poiares, de Freixo de Espada à Cinta, de Mogadouro e Sendim, de Bragança e de Miranda.
Hoje voltaram os burros,
e os gaiteiros,
para animar os caminhantes que se cansaram do tédio, e dos absurdos das cidades confortáveis.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
O Berrão
Lá em baixo, na crista dum outeiro, alvejava a casa branca, que antes de ser uma casa era um esqueleto de alvenaria crua.
Um dia, há-de haver cinquenta anos, chegaram os mestres carpinteiros, de alguma terra distante. Construíram o sobrado, ouvia-se-lhes ao longe o tambor dos martelos, a ressoar na caixa das paredes. Içaram as cumeeiras, alinharam caibros e barrotes, montaram a gaiola do telhado. E eu via-os cá de longe, da varanda, a gatinhar lá por cima, a encaixar as telhas avermelhadas. Ainda guardo no ouvido o grasnar do capataz, o Berrão, que não fazia mais do que berrar. A este que se atrasava, àquele que acendia um cigarrito, a outro porque deixara uma falheira em falso, porque ficara uma telha mal assente.
No final caiaram as paredes e a casa ficou pronta, era um sinal novo na paisagem. O Zé da Estrada criou os filhos nela. E os castanheiros que povoavam a quinta eram da altura das nuvens e ramalhavam ao vento. Tinham troncos carcomidos, tinham a idade do mundo.
Muitos anos depois do Zé da Estrada, os donos da casa branca morreram, na cidade. Os filhos nem a quinta conheciam, e a casa branca vendeu-se. A um sujeito que traficava na coca, já não sabia o que fazer ao dinheiro. Tinha negócios de areias, e máquinas, e cavalos, e mulas que despachava no comboio para a Europa, a entregar as encomendas.
O sujeito era o espelho do futuro, dum Portugal triunfante, por muito pouco não foi comendador. Até ministros pouco recomendáveis lhe apareciam ao serão, em automóveis escuros, que se embuçavam atrás do lusco-fusco, à beira do ribeiro. Bebiam conhaques velhos, trocavam cumplicidades, faziam uma mãozinha de sueca. E desapareciam alta noite, numa piscadela de olho, aconchegados pela escuridão.
A certo ponto as coisas correram mal, porque apareceu a polícia, a farejar. O sujeito passou um tempo em África, e a casa branca acabou em leilão. Mas ninguém a arrematou. Numa noite alguém lhe pegou fogo, certa manhã apareceu dinamitada. Desde então é um cadáver de cascalho, amontoado na crista do outeiro.
Agora nenhum sinal branqueja na paisagem. E já ninguém se lembra do Berrão.
Um dia, há-de haver cinquenta anos, chegaram os mestres carpinteiros, de alguma terra distante. Construíram o sobrado, ouvia-se-lhes ao longe o tambor dos martelos, a ressoar na caixa das paredes. Içaram as cumeeiras, alinharam caibros e barrotes, montaram a gaiola do telhado. E eu via-os cá de longe, da varanda, a gatinhar lá por cima, a encaixar as telhas avermelhadas. Ainda guardo no ouvido o grasnar do capataz, o Berrão, que não fazia mais do que berrar. A este que se atrasava, àquele que acendia um cigarrito, a outro porque deixara uma falheira em falso, porque ficara uma telha mal assente.
No final caiaram as paredes e a casa ficou pronta, era um sinal novo na paisagem. O Zé da Estrada criou os filhos nela. E os castanheiros que povoavam a quinta eram da altura das nuvens e ramalhavam ao vento. Tinham troncos carcomidos, tinham a idade do mundo.
Muitos anos depois do Zé da Estrada, os donos da casa branca morreram, na cidade. Os filhos nem a quinta conheciam, e a casa branca vendeu-se. A um sujeito que traficava na coca, já não sabia o que fazer ao dinheiro. Tinha negócios de areias, e máquinas, e cavalos, e mulas que despachava no comboio para a Europa, a entregar as encomendas.
O sujeito era o espelho do futuro, dum Portugal triunfante, por muito pouco não foi comendador. Até ministros pouco recomendáveis lhe apareciam ao serão, em automóveis escuros, que se embuçavam atrás do lusco-fusco, à beira do ribeiro. Bebiam conhaques velhos, trocavam cumplicidades, faziam uma mãozinha de sueca. E desapareciam alta noite, numa piscadela de olho, aconchegados pela escuridão.
A certo ponto as coisas correram mal, porque apareceu a polícia, a farejar. O sujeito passou um tempo em África, e a casa branca acabou em leilão. Mas ninguém a arrematou. Numa noite alguém lhe pegou fogo, certa manhã apareceu dinamitada. Desde então é um cadáver de cascalho, amontoado na crista do outeiro.
Agora nenhum sinal branqueja na paisagem. E já ninguém se lembra do Berrão.
Bons Ares - 5
Diz a lenda que a pêra-rocha teve origem em Sintra, na horta dum tal Pedro Rocha, de quem herdou o nome. Hoje é produzida no Oeste e dizem-na inimitável, por razões de solo e de clima.
No ano passado, o Oeste produziu 200 milhões de Euros deste mimo, e exportou 150 milhões. Sobretudo para a Inglaterra, a França, o Brasil e a Rússia.
No ano passado, o Oeste produziu 200 milhões de Euros deste mimo, e exportou 150 milhões. Sobretudo para a Inglaterra, a França, o Brasil e a Rússia.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Convém notar
Pelos vistos, na figura de Strauss-Kahn cabe tudo o que quisermos. Com excepção da imagem daquele magala tosco que desceu à cidade para fazer a recruta, e se perdeu na grande babilónia.
A quem podia interessar a peripécia da camareira, tão absurda como alucinante?
No plano doméstico, a um Sarkozy em riscos de afogamento. Kahn era o único concorrente com muito boas hipóteses de o vir a derrotar nas eleições.
No plano internacional, à grande América que se esfarela. E que em múltiplos aspectos sempre tratou a Europa como uma ameaça, senão como inimigo.
E não é que o não merecesse!
A quem podia interessar a peripécia da camareira, tão absurda como alucinante?
No plano doméstico, a um Sarkozy em riscos de afogamento. Kahn era o único concorrente com muito boas hipóteses de o vir a derrotar nas eleições.
No plano internacional, à grande América que se esfarela. E que em múltiplos aspectos sempre tratou a Europa como uma ameaça, senão como inimigo.
E não é que o não merecesse!
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Pratas da família
Na artilharia de campanha do PSD, causa maior espanto a falta de vergonha do que o calibre da dita. Esse é já património da família.
Porém os estilhaços que mais são de temer hão-de vir do artilheiro de Belém. É esperar pela pancada, depois das eleições.
Porém os estilhaços que mais são de temer hão-de vir do artilheiro de Belém. É esperar pela pancada, depois das eleições.
terça-feira, 17 de maio de 2011
Cornucópia
A minha banca da fruta é o estendal do planeta. Galga mares em porta-contentores, cruza os céus em aviões cargueiros, e desagua-me de camiões-expresso no saquito das compras, empilhada em paletes.
Chega da Côte d’Ivoire, de Marrocos, do Brasil, da China, de Espanha, do Peru, da França, da Itália, da Costa-Rica, do Chile, e até da Nova Zelândia. A pêra-rocha vem-me da Estremadura.
No meio do estendal, em caixinhas de plástico transparente, descubro amoras silvestres, maduras do sol do México. São elas que me abastecem dos anti-oxidantes que o dietista aconselha, para derrotar a ferrugem que me degrada os tecidos.
Saio de lá cada vez mais consolado, a agradecer ao criador esta largueza. Fez ele bem em pôr na rua o velho pai Adão. No paraíso havia maçãs com bicho, e era um pau. E era só quando lhes chegava o tempo.
Chega da Côte d’Ivoire, de Marrocos, do Brasil, da China, de Espanha, do Peru, da França, da Itália, da Costa-Rica, do Chile, e até da Nova Zelândia. A pêra-rocha vem-me da Estremadura.
No meio do estendal, em caixinhas de plástico transparente, descubro amoras silvestres, maduras do sol do México. São elas que me abastecem dos anti-oxidantes que o dietista aconselha, para derrotar a ferrugem que me degrada os tecidos.
Saio de lá cada vez mais consolado, a agradecer ao criador esta largueza. Fez ele bem em pôr na rua o velho pai Adão. No paraíso havia maçãs com bicho, e era um pau. E era só quando lhes chegava o tempo.
Uff!
"A confirmarem-se as últimas sondagens, Portugal não vai escolher um governo. Vai escolher um desgoverno. Há povos assim."
(João Pereira Coutinho)
É desta vez que a direita decide mudar de povo, vai para o Brasil e lá fica. De puro enjoo.
E o Zé Povinho, num trejeito despachado, atira com a albarda ao ar. De enfado puro.
(João Pereira Coutinho)
É desta vez que a direita decide mudar de povo, vai para o Brasil e lá fica. De puro enjoo.
E o Zé Povinho, num trejeito despachado, atira com a albarda ao ar. De enfado puro.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Calores
Não sei se Kahn pecou, nem quero ser informado.
É uma coisa secundária.
Pois de Kahn os enlevos terão sido, os bons calores.
Mas o verdadeiro êxtase foi de Sarkozy.
É uma coisa secundária.
Pois de Kahn os enlevos terão sido, os bons calores.
Mas o verdadeiro êxtase foi de Sarkozy.
domingo, 15 de maio de 2011
Festa
"A nossa cultura jurídica [note-se: o sarro acumulado no fundo da cabeça das nossas elites da Justiça] serve os interesses burocráticos da própria administração da Justiça, não os dos cidadãos".
(Sociólogo Boaventura Sousa Santos)
Se um dia qualquer, por força do cavalo-marinho do FMI, o país vier a ter um sistema de Justiça que o não envergonhe no mundo civilizado, haverá razões de festa. Nesse dia Portugal deixará a Idade Média, com cinco séculos de atraso.
(Sociólogo Boaventura Sousa Santos)
Se um dia qualquer, por força do cavalo-marinho do FMI, o país vier a ter um sistema de Justiça que o não envergonhe no mundo civilizado, haverá razões de festa. Nesse dia Portugal deixará a Idade Média, com cinco séculos de atraso.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Líbia
Os bombardeamentos da NATO estão a reduzir a pó um país que já foi soberano, sem que se lhes veja o fim. E o mais provável é ser a intervenção terrestre a única solução.
Tudo isto a coberto da falácia da protecção humanitária do povo líbio, que já deixou de ser possível engolir.
O crime não surpreende, vindo da América: o petróleo, e a protecção impossível do muro do dólar, sempre lhe foram justificação bastante. Conforme se viu no caso do Iraque, e do desgraçado Saddam Hussein.
Mas ver a França, e a Inglaterra, participar atarefadas na malfeitoria, só nos mostra em que estado a Europa se encontra.
Tudo isto a coberto da falácia da protecção humanitária do povo líbio, que já deixou de ser possível engolir.
O crime não surpreende, vindo da América: o petróleo, e a protecção impossível do muro do dólar, sempre lhe foram justificação bastante. Conforme se viu no caso do Iraque, e do desgraçado Saddam Hussein.
Mas ver a França, e a Inglaterra, participar atarefadas na malfeitoria, só nos mostra em que estado a Europa se encontra.
Suicida
Christine Lagarde, a ministra francesa das Finanças, diz que novo apoio à Grécia deve passar por empréstimos bilaterais e ajuda do FMI, mas não pelo fundo europeu.
Aos franceses e aos alemães agrada sobremaneira impingir aos gregos, e a outros palermas tristes, as esquadrilhas de submarinos, as esquadras de caças, os esquadrões de blindados, e outras tralhas que lhes atravancam os orçamentos.
Se a ministra fala verdade, e a Europa não for mais que isto, então a UE é um conto do vigário. Suicida, ainda por cima.
Aos franceses e aos alemães agrada sobremaneira impingir aos gregos, e a outros palermas tristes, as esquadrilhas de submarinos, as esquadras de caças, os esquadrões de blindados, e outras tralhas que lhes atravancam os orçamentos.
Se a ministra fala verdade, e a Europa não for mais que isto, então a UE é um conto do vigário. Suicida, ainda por cima.
Talismã
Oito pontos de taxa social única, trocados por taxas de IVA!
Esta "desvalorização fiscal" que o PSD foi buscar à loja dos trezentos, é um falso talismã.
Não favorece exportações nenhumas.
Dá lucros às grandes empresas de serviços.
Parte as pernas à Segurança Social.
Fragiliza ainda mais os portugueses.
Debilita o Estado, à boa maneira duns visionários que aí andam.
Podia não ser verdade o que diz o Baptista Bastos, no DN: "De cada vez que o Estado diminui, a democracia decresce. (...) As perspectivas que se abrem aos nossos horizontes visíveis são assustadoras". Podia não ser verdade, mas infelizmente é!
Esta "desvalorização fiscal" que o PSD foi buscar à loja dos trezentos, é um falso talismã.
Não favorece exportações nenhumas.
Dá lucros às grandes empresas de serviços.
Parte as pernas à Segurança Social.
Fragiliza ainda mais os portugueses.
Debilita o Estado, à boa maneira duns visionários que aí andam.
Podia não ser verdade o que diz o Baptista Bastos, no DN: "De cada vez que o Estado diminui, a democracia decresce. (...) As perspectivas que se abrem aos nossos horizontes visíveis são assustadoras". Podia não ser verdade, mas infelizmente é!
13, sexta
E de súbito desapareceram textos aqui apresentados.
É verdade que o mundo não perdeu nada de fundamental.
É mais que provável que não seja por mal.
Mas...
ADENDA: Há mesmo bruxas, porque eles voltaram!
É verdade que o mundo não perdeu nada de fundamental.
É mais que provável que não seja por mal.
Mas...
ADENDA: Há mesmo bruxas, porque eles voltaram!
quinta-feira, 12 de maio de 2011
O mantra dos decadentes
1 - Talhada assim pelas elites de séculos, a pátria portuguesa nunca foi a mãe dos filhos todos. Fizeram-na para amamentar um terço, e amadrastar os restantes: um gado de exportação que nunca foi cidadão, que nunca teve direito à dignidade, e que só matou a fome quando fugiu para a Europa, ou para um canto qualquer deste planeta. Toda a doença de Portugal vem daí.
Este quadro mudou nos últimos trinta anos, com o voto, a escola, o médico, a habitação, o almoço, o hospital, as férias, o sindicato, a liberdade, a palavra mesmo se mal soletrada, a opinião mesmo se estúpida.
Mas para tanto não chega Portugal, que o não fizeram para isso. Só haverá equilíbrio nas fórmulas antigas, mesmo se retocadas, como a História impõe: ajustando o tamanho dos pés à dimensão da cama que lhes foi feita.
As nossas elites novas consideram que chegou o momento adequado para pôr os pontos nos is. E o FMI é uma excelente alavanca: impõe o que elas sozinhas não têm capacidade para fazer.
2 - Demais se tem aqui falado de políticos nefastos e seus mantras vazios. E hoje se falará dos jornalistas que lhes trombeteiam a vozearia. E de como os seus mantras são os mesmos.
"Nestas eleições joga-se, evidentemente, o problema essencial da responsabilidade por quem nos deixou neste estado. Sócrates está ou não na origem da nossa pre-falência?"
"Imaginem os próximos anos com Sócrates, mesmo sob a vigilância da Comissão Europeia, actuando de forma imprevisível, manipulando números, insistindo em conflitos com o Presidente da República e cada vez mais isolado."
"Será que o inapagável défice de credibilidade de Sócrates e do governo augura uma boa representação? Ninguém confia, ninguém acredita".
Este senhor, um tal Lomba, é colunista do PÚBLICO. Tem direito às suas opiniões. Mas convém-lhe um mínimo de rigor naquilo que nos oferece, para não se confundir com o cão que ladra à voz do dono. Para além do ódio a Sócrates, de que coisas, concretas e objectivas, é que ele está a falar?
Este quadro mudou nos últimos trinta anos, com o voto, a escola, o médico, a habitação, o almoço, o hospital, as férias, o sindicato, a liberdade, a palavra mesmo se mal soletrada, a opinião mesmo se estúpida.
Mas para tanto não chega Portugal, que o não fizeram para isso. Só haverá equilíbrio nas fórmulas antigas, mesmo se retocadas, como a História impõe: ajustando o tamanho dos pés à dimensão da cama que lhes foi feita.
As nossas elites novas consideram que chegou o momento adequado para pôr os pontos nos is. E o FMI é uma excelente alavanca: impõe o que elas sozinhas não têm capacidade para fazer.
2 - Demais se tem aqui falado de políticos nefastos e seus mantras vazios. E hoje se falará dos jornalistas que lhes trombeteiam a vozearia. E de como os seus mantras são os mesmos.
"Nestas eleições joga-se, evidentemente, o problema essencial da responsabilidade por quem nos deixou neste estado. Sócrates está ou não na origem da nossa pre-falência?"
"Imaginem os próximos anos com Sócrates, mesmo sob a vigilância da Comissão Europeia, actuando de forma imprevisível, manipulando números, insistindo em conflitos com o Presidente da República e cada vez mais isolado."
"Será que o inapagável défice de credibilidade de Sócrates e do governo augura uma boa representação? Ninguém confia, ninguém acredita".
Este senhor, um tal Lomba, é colunista do PÚBLICO. Tem direito às suas opiniões. Mas convém-lhe um mínimo de rigor naquilo que nos oferece, para não se confundir com o cão que ladra à voz do dono. Para além do ódio a Sócrates, de que coisas, concretas e objectivas, é que ele está a falar?
quarta-feira, 11 de maio de 2011
PIGS
[Excerto roubado AQUI]
A bancarrota da Grécia e a da Irlanda são explicáveis com palavras simples: os gregos foram aldrabões e irresponsáveis, e os irlandeses foram estúpidos à n potência. A situação da Irlanda é espantosa: o país sofreu basicamente uma explosão de uma bolha imobiliária, à semelhança dos EUA, que destruiu o seu sistema bancário. De um momento para o outro, os poderosos bancos irlandeses ficaram com dívidas gigantescas incobráveis garantidas por propriedades cujo valor era, para efeitos práticos, zero. A diferença para a Grécia é que, à semelhança da Islândia, isto era uma crise de capitais exclusivamente privados. O estado estava bem e recomendava-se, sem problemas de financiamento e sem défice. E o que é que os irlandeses resolveram fazer? Em vez de deixar os bancos falir, mesmo com consequências nefastas, e reconstruir a partir daí, resolveram nacionalizá-los, e assumir todas as dívidas. Todas, sem excepção, e sem perdas para os investidores que lá tinham posto o dinheiro. De um momento para o outro, os cidadãos irlandeses eram responsáveis por uma dívida que está agora em 160 mil milhões de Euros. E ainda nos queixamos do BPN.
A grande questão da Irlanda é que o capital dos bancos vinha em grande parte dos bancos Alemães e Franceses. Caso tivessem falido, as perdas aconteciam nesses países, obrigando a que factura da bolha especulativa que o governo irlandês permitiu fosse paga não pelos Irlandeses, mas pelos contribuintes alemães e restantes países. Mas alguém pagaria. Por isso, não consigo sequer imaginar a pressão que o governo irlandês, apanhado de surpresa pelo rebentamento, sofreu por parte dos seus poderosos vizinhos para limparem a porcaria que tinham deixado acontecer. Por isso assumiram as dívidas, passando a ser um problema de estado. Estado esse que passou, então, a necessitar de ajuda urgente por parte dos seus parceiros.
A bancarrota da Grécia e a da Irlanda são explicáveis com palavras simples: os gregos foram aldrabões e irresponsáveis, e os irlandeses foram estúpidos à n potência. A situação da Irlanda é espantosa: o país sofreu basicamente uma explosão de uma bolha imobiliária, à semelhança dos EUA, que destruiu o seu sistema bancário. De um momento para o outro, os poderosos bancos irlandeses ficaram com dívidas gigantescas incobráveis garantidas por propriedades cujo valor era, para efeitos práticos, zero. A diferença para a Grécia é que, à semelhança da Islândia, isto era uma crise de capitais exclusivamente privados. O estado estava bem e recomendava-se, sem problemas de financiamento e sem défice. E o que é que os irlandeses resolveram fazer? Em vez de deixar os bancos falir, mesmo com consequências nefastas, e reconstruir a partir daí, resolveram nacionalizá-los, e assumir todas as dívidas. Todas, sem excepção, e sem perdas para os investidores que lá tinham posto o dinheiro. De um momento para o outro, os cidadãos irlandeses eram responsáveis por uma dívida que está agora em 160 mil milhões de Euros. E ainda nos queixamos do BPN.
A grande questão da Irlanda é que o capital dos bancos vinha em grande parte dos bancos Alemães e Franceses. Caso tivessem falido, as perdas aconteciam nesses países, obrigando a que factura da bolha especulativa que o governo irlandês permitiu fosse paga não pelos Irlandeses, mas pelos contribuintes alemães e restantes países. Mas alguém pagaria. Por isso, não consigo sequer imaginar a pressão que o governo irlandês, apanhado de surpresa pelo rebentamento, sofreu por parte dos seus poderosos vizinhos para limparem a porcaria que tinham deixado acontecer. Por isso assumiram as dívidas, passando a ser um problema de estado. Estado esse que passou, então, a necessitar de ajuda urgente por parte dos seus parceiros.
Bons Ares - 4
Segundo dados do INE, no primeiro trimestre do ano corrente, as exportações portuguesas apresentaram um crescimento de 17%, face a igual período do ano passado.
As importações aumentaram 8,5%.
Isso corresponde a uma taxa de cobertura de 70,3%, mais 5,1% do que a taxa homóloga anterior.
As importações aumentaram 8,5%.
Isso corresponde a uma taxa de cobertura de 70,3%, mais 5,1% do que a taxa homóloga anterior.
Insulto
"- Mas as sondagens...
- Repare: o Hitler tinha o povo atrás de si até à derrocada, até à fase final da guerra. Faz parte das características dos demagogos conseguirem arrastar multidões. José Sócrates, honra lhe seja feita, é um grande actor, um mentiroso compulsivo, que vive num mundo virtual em que só ele tem razão."
Eu podia pôr-me aqui a falar de decoro e da falta dele, de respeito por si próprio, de senilidade, de senso perdido e outras larachas bonitas.
Mas há coisas que só um bom vernáculo exprime. Pela parte que me toca no insulto, real puta que os pariu!
- Repare: o Hitler tinha o povo atrás de si até à derrocada, até à fase final da guerra. Faz parte das características dos demagogos conseguirem arrastar multidões. José Sócrates, honra lhe seja feita, é um grande actor, um mentiroso compulsivo, que vive num mundo virtual em que só ele tem razão."
Eu podia pôr-me aqui a falar de decoro e da falta dele, de respeito por si próprio, de senilidade, de senso perdido e outras larachas bonitas.
Mas há coisas que só um bom vernáculo exprime. Pela parte que me toca no insulto, real puta que os pariu!
terça-feira, 10 de maio de 2011
Recomendações da UE para lidar com a crise
"Face à ameaça de recessão, o Conselho considerou que as regras da UE sobre os défices orçamentais, que limitam a dívida pública a 3% do PIB, devem ser aplicadas por forma a reflectir as actuais «circunstâncias excepcionais».
Excerto de um Comunicado da União Europeia de 16/10/2008, que pode ser visto AQUI.
"As derrapagens orçamentais são consequência do declínio drástico das receitas fiscais e das crescentes despesas sociais, como os subsídios de desemprego. Os governos vêem-se forçados a ir aos cofres públicos para fomentar o crescimento e o investimento e, deste modo, lutar contra a pior recessão económica desde a 2ª Guerra Mundial. No seu conjunto, os países da UE vão injectar na economia cerca de 3,3% do PIB da UE, o que equivale aproximadamente a 400 mil milhões de euros ao longo de dois anos".
Este outro fóssil é um excerto dum Comunicado da União Europeia, de 24 de Março de 2009, que pode ser visto AQUI.
Quer dizer: depois da avalanche de problemas resultantes da grande crise americana do subprime, em 2008, as derrapagens dos défices orçamentais verificadas na Europa foram inevitáveis, a partir de 2009. E os governos seguiram as determinações da própria UE para fazer face à situação.
Os aventureiros do PSD não desconhecem nada disso. Mas escamoteiam-no, porque a sua preocupação não está no país, mas no poder. O alvo é abater Sócrates, diabolizá-lo, levá-lo à justiça, como responsável único por tudo. E qualquer arma lhes serve. Aprenderam-no na história, está-lhes na massa do sangue.
Excerto de um Comunicado da União Europeia de 16/10/2008, que pode ser visto AQUI.
"As derrapagens orçamentais são consequência do declínio drástico das receitas fiscais e das crescentes despesas sociais, como os subsídios de desemprego. Os governos vêem-se forçados a ir aos cofres públicos para fomentar o crescimento e o investimento e, deste modo, lutar contra a pior recessão económica desde a 2ª Guerra Mundial. No seu conjunto, os países da UE vão injectar na economia cerca de 3,3% do PIB da UE, o que equivale aproximadamente a 400 mil milhões de euros ao longo de dois anos".
Este outro fóssil é um excerto dum Comunicado da União Europeia, de 24 de Março de 2009, que pode ser visto AQUI.
Quer dizer: depois da avalanche de problemas resultantes da grande crise americana do subprime, em 2008, as derrapagens dos défices orçamentais verificadas na Europa foram inevitáveis, a partir de 2009. E os governos seguiram as determinações da própria UE para fazer face à situação.
Os aventureiros do PSD não desconhecem nada disso. Mas escamoteiam-no, porque a sua preocupação não está no país, mas no poder. O alvo é abater Sócrates, diabolizá-lo, levá-lo à justiça, como responsável único por tudo. E qualquer arma lhes serve. Aprenderam-no na história, está-lhes na massa do sangue.
Se...
... for indispensável afogar Portugal na bancarrota, ou desmantelá-lo, para derrubar Sócrates e o PS, esta direita que temos não hesitará. E não ia ser agora a vez primeira.
Bonitona
Era uma silhueta vestida de preto, debaixo dum chapéu de palha de aba larga, a resguardar-se do sol. Aparecia ao pé do poço, acarinhava as sécias, e lembrava à minha mãe um pingo de água aos manjericos.
- Ué! Ué! Tens aqui um morgado!
Eu estranhava-lhe o rouquejar raspado, os modos brandos, as manchas escuras nas costas da mão. O nome exótico punha-me a sorrir. E só a conheci muito mais tarde, muitos anos depois dela morrer.
Casou-se com o Cipriano e logo foi para o Brasil. Viveu por lá, em Santos, muito tempo, vendia frutas estranhas num mercado. E um dia que regressou, era diferente. Recusava as novenas da capela, e recitava um remoto padre-nosso, falando não sei com quem. Grande foco vivo do universo, venha a nós a vossa luz, e cumpram-se as vossas leis, neste e nos outros planetas. Nem a Nossa Senhora a percebia.
Quando o Cipriano lhe morreu não deitou uma lágrima. Vestiu-lhe o fato melhor, fez-lhe uma festa na cara e despediu-o:
- Adeus, meu perfeitoso! Os anjos vieram a buscar-te, vai com eles!
Nem a Nossa Senhora a percebia. E por pura caçoada chamavam-lhe a Bonitona. Por ser feia.
- Ué! Ué! Tens aqui um morgado!
Eu estranhava-lhe o rouquejar raspado, os modos brandos, as manchas escuras nas costas da mão. O nome exótico punha-me a sorrir. E só a conheci muito mais tarde, muitos anos depois dela morrer.
Casou-se com o Cipriano e logo foi para o Brasil. Viveu por lá, em Santos, muito tempo, vendia frutas estranhas num mercado. E um dia que regressou, era diferente. Recusava as novenas da capela, e recitava um remoto padre-nosso, falando não sei com quem. Grande foco vivo do universo, venha a nós a vossa luz, e cumpram-se as vossas leis, neste e nos outros planetas. Nem a Nossa Senhora a percebia.
Quando o Cipriano lhe morreu não deitou uma lágrima. Vestiu-lhe o fato melhor, fez-lhe uma festa na cara e despediu-o:
- Adeus, meu perfeitoso! Os anjos vieram a buscar-te, vai com eles!
Nem a Nossa Senhora a percebia. E por pura caçoada chamavam-lhe a Bonitona. Por ser feia.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Sniper
Durante anos apareceu-me este melro, nas páginas do PÚBLICO, a perorar sobre Educação. As mais das vezes vociferando contra as decisões tomadas no sector pelo governo, e por uma ministra que aí houve.
Dada a natureza polémica de algumas dessas decisões, e a controvérsia que foram levantando; apresentado ele como professor do ensino superior; e sendo eu um leitor ansioso por confrontar argumentos, analisar razões e formar opinião, fiz o que tinha a fazer, enquanto cidadão: levei-o a sério e li-o com interesse. E tudo correu bem, até que há dias descobri no mesmo PÚBLICO a real face da luminária com quem andei metido.
E bem levado fui, pelo escriba e pelo jornal. Pois muito antes de ser mais um putativo especialista em questões de Educação, o melro é um activista político contra as decisões do governo (um direito que muito bem lhe assiste); e sobretudo um patético sniper, como tantos por aí, especializado na caça ao homem, que tomou o primeiro-ministro como alvo da sua paranóia. Não desperdiça nenhuma das munições usadas pela direita decadente que nos coube.
O primeiro-ministro é o grande maestro.
- Na farsa de Matosinhos, a que o PS chamou congresso, usou bem a batuta da mistificação;
- tendo preparado astutamente a queda do governo, ei-lo agora a passar para o PSD o ónus da vulnerabilidade que nos verga;
- (...)os hesitantes impressionam-se com o espalhafato e o discurso autoritário, ainda que recheado de mentiras (...);
Um episódio de uma longa série de acções para calar a opinião livre e subjugar o espaço público, que o grande maestro protagonizou. José Manuel Fernandes, Henrique Monteiro e Mário Crespo, entre outras, denunciaram-nas sem peias.
- Para encontrar alguma analogia com a cadeia de escândalos que envolveram José Sócrates, temos que ir à Itália de Berlusconi. Na nossa História, não há precedente que lhe dispute tamanho mar de lama.
- (...) um primeiro-ministro que vos mente sem rebuços, teimosamente cego, presumido omnisciente e contumaz calcador de todos os escrutínios morais (...);
- (...) escolas novas destruídas para que o grande maestro inaugure outras mais modernas (...);
- Desorçamentou a manipulou contabilisticamente as contas do Estado, até ao limite da bancarrota e ao pedido de assistência externa que humilha Portugal.
- Em 2005, o grande maestro encontrou 6,6% de taxa de desemprego; agora abandonou à sua sorte uma triste banda de quase 700 mil desempregados;
- (...) estamos no top ten dos países mais caloteiros do mundo; (...) temos a maior vaga de emigração de licenciados de todos os tempos, a segunda pior taxa de fuga de cérebros no universo da OCDE, e a terceira no que toca ao abandono escolar.
- Mas não resolve o problema do crescimento económico, que supõe outra política. Se acreditam que o vosso coveiro pode ser o vosso salvador, votem no grande maestro e enterrem-se sozinhos (...)
A rábula é dirigida aos eleitores, com este primarismo, esta sanha paranóica, esta propositada ignorância quanto ao caos geral do mundo que nos rodeia, esta fixação num alvo, esta cegueira, esta demagogia mil vezes repetida. Não há nela uma palavra contra o PS, o que até seria natural, se aqui se tratasse de disputa política.
Há apenas mais um episódio duma longa e despudorada e desgastante caça ao homem. Eles lá sabem porquê.
Ora Sócrates pode ser uma besta quadrada, não sou eu quem vai discutir isso. Mas merecia adversários doutra estirpe, mais que vulgares figurantes do jogo da vermelhinha e da trapaça. Portugal e os eleitores também.
Dada a natureza polémica de algumas dessas decisões, e a controvérsia que foram levantando; apresentado ele como professor do ensino superior; e sendo eu um leitor ansioso por confrontar argumentos, analisar razões e formar opinião, fiz o que tinha a fazer, enquanto cidadão: levei-o a sério e li-o com interesse. E tudo correu bem, até que há dias descobri no mesmo PÚBLICO a real face da luminária com quem andei metido.
E bem levado fui, pelo escriba e pelo jornal. Pois muito antes de ser mais um putativo especialista em questões de Educação, o melro é um activista político contra as decisões do governo (um direito que muito bem lhe assiste); e sobretudo um patético sniper, como tantos por aí, especializado na caça ao homem, que tomou o primeiro-ministro como alvo da sua paranóia. Não desperdiça nenhuma das munições usadas pela direita decadente que nos coube.
O primeiro-ministro é o grande maestro.
- Na farsa de Matosinhos, a que o PS chamou congresso, usou bem a batuta da mistificação;
- tendo preparado astutamente a queda do governo, ei-lo agora a passar para o PSD o ónus da vulnerabilidade que nos verga;
- (...)os hesitantes impressionam-se com o espalhafato e o discurso autoritário, ainda que recheado de mentiras (...);
Um episódio de uma longa série de acções para calar a opinião livre e subjugar o espaço público, que o grande maestro protagonizou. José Manuel Fernandes, Henrique Monteiro e Mário Crespo, entre outras, denunciaram-nas sem peias.
- Para encontrar alguma analogia com a cadeia de escândalos que envolveram José Sócrates, temos que ir à Itália de Berlusconi. Na nossa História, não há precedente que lhe dispute tamanho mar de lama.
- (...) um primeiro-ministro que vos mente sem rebuços, teimosamente cego, presumido omnisciente e contumaz calcador de todos os escrutínios morais (...);
- (...) escolas novas destruídas para que o grande maestro inaugure outras mais modernas (...);
- Desorçamentou a manipulou contabilisticamente as contas do Estado, até ao limite da bancarrota e ao pedido de assistência externa que humilha Portugal.
- Em 2005, o grande maestro encontrou 6,6% de taxa de desemprego; agora abandonou à sua sorte uma triste banda de quase 700 mil desempregados;
- (...) estamos no top ten dos países mais caloteiros do mundo; (...) temos a maior vaga de emigração de licenciados de todos os tempos, a segunda pior taxa de fuga de cérebros no universo da OCDE, e a terceira no que toca ao abandono escolar.
- Mas não resolve o problema do crescimento económico, que supõe outra política. Se acreditam que o vosso coveiro pode ser o vosso salvador, votem no grande maestro e enterrem-se sozinhos (...)
A rábula é dirigida aos eleitores, com este primarismo, esta sanha paranóica, esta propositada ignorância quanto ao caos geral do mundo que nos rodeia, esta fixação num alvo, esta cegueira, esta demagogia mil vezes repetida. Não há nela uma palavra contra o PS, o que até seria natural, se aqui se tratasse de disputa política.
Há apenas mais um episódio duma longa e despudorada e desgastante caça ao homem. Eles lá sabem porquê.
Ora Sócrates pode ser uma besta quadrada, não sou eu quem vai discutir isso. Mas merecia adversários doutra estirpe, mais que vulgares figurantes do jogo da vermelhinha e da trapaça. Portugal e os eleitores também.
domingo, 8 de maio de 2011
Bons Ares - 3
No passado ano, de acordo com dados divulgados pela Direcção Geral de Energia, as exportações de electricidade aumentaram 145% face ao ano anterior. As importações diminuiram 22,5%.
Em valores absolutos, é provável que estes números sejam pouco ou nada relevantes.
Mas espantoso é o facto em si. Só pode ser mais uma manobra de propaganda de agência, para enganar os portugueses!
Em valores absolutos, é provável que estes números sejam pouco ou nada relevantes.
Mas espantoso é o facto em si. Só pode ser mais uma manobra de propaganda de agência, para enganar os portugueses!
sábado, 7 de maio de 2011
O labirinto
Graça Moura é uma figura de intelectual respeitável. Tem intimidades privadas com as musas. Partilha o mundo espiritual dos grandes clássicos. Traduz Dante, Shakespeare, Petrarca, Racine. E tem desempenhado, ao longo dos anos, funções importantes na área da cultura. É deputado ao Parlamento Europeu.
Politicamente dedica-se ao culto do PSD, cujos pontos de vista sustenta na imprensa há muito tempo. A racionalidade dos seus enunciados nunca se afasta do grau zero. E a linguagem incendiária a que se arrima ressuma a fúria demente contra os adversários, e confunde-se muitas vezes com o vómito. Mas enfim... o mundo é grande!
Recentemente toldou-se-lhe a razão, desnorteou-se-lhe o vulto, cedeu-lhe a figura ao desespero e destila ódio de classe. E não sem forte motivo, uma vez que a tendência das sondagens lhe não favoreve os devaneios.
Mas Graça Moura vai à raiz do problema, e diagnostica de pronto o desconchavo: tudo é ingratidão dos portugueses, que não merecem o PSD que têm! O verdadeiro busílis é "a natureza calaceira dos portugueses; o seu feitio de incumpridores relapsos; a sua irresponsabilidade nas exigências desenfreadas; o corporativismo imperante nos sectores socio-profissionais; os péssimos níveis de qualificação escolar e profissional; a iliteracia generalizada e irremediável; uma certa propensão para a estupidez e a crendice fácil (que) explicam algumas vitórias socialistas.”
O respeitável intelectual perdeu o pé, e escapa-lhe a realidade mais singela: na divina comédia do PSD, desce o patético cidadão ao labirinto, e fica preso no círculo do inferno. Acontece ao mais pintado!
Politicamente dedica-se ao culto do PSD, cujos pontos de vista sustenta na imprensa há muito tempo. A racionalidade dos seus enunciados nunca se afasta do grau zero. E a linguagem incendiária a que se arrima ressuma a fúria demente contra os adversários, e confunde-se muitas vezes com o vómito. Mas enfim... o mundo é grande!
Recentemente toldou-se-lhe a razão, desnorteou-se-lhe o vulto, cedeu-lhe a figura ao desespero e destila ódio de classe. E não sem forte motivo, uma vez que a tendência das sondagens lhe não favoreve os devaneios.
Mas Graça Moura vai à raiz do problema, e diagnostica de pronto o desconchavo: tudo é ingratidão dos portugueses, que não merecem o PSD que têm! O verdadeiro busílis é "a natureza calaceira dos portugueses; o seu feitio de incumpridores relapsos; a sua irresponsabilidade nas exigências desenfreadas; o corporativismo imperante nos sectores socio-profissionais; os péssimos níveis de qualificação escolar e profissional; a iliteracia generalizada e irremediável; uma certa propensão para a estupidez e a crendice fácil (que) explicam algumas vitórias socialistas.”
O respeitável intelectual perdeu o pé, e escapa-lhe a realidade mais singela: na divina comédia do PSD, desce o patético cidadão ao labirinto, e fica preso no círculo do inferno. Acontece ao mais pintado!
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Bons Ares - 2
Em 2008, existiam em Portugal 5262 cursos de ensino superior, muitos deles mais leves que o ar:
- 1945 licenciaturas; 2490 mestrados; 697 doutoramentos.
A Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, criada em 2009, já encerrou 1221:
- 392 licenciaturas; 671 mestrados; 165 doutoramentos. Outros há que estão na calha.
O prof. Alberto Amaral, que dirige a Agência, afirmou que Portugal tem cursos excelentes. Mas criou-se imenso lixo, no ensino superior.
Uns pegaram na vassoura. Outros meteram a manápula nas propinas.
- 1945 licenciaturas; 2490 mestrados; 697 doutoramentos.
A Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, criada em 2009, já encerrou 1221:
- 392 licenciaturas; 671 mestrados; 165 doutoramentos. Outros há que estão na calha.
O prof. Alberto Amaral, que dirige a Agência, afirmou que Portugal tem cursos excelentes. Mas criou-se imenso lixo, no ensino superior.
Uns pegaram na vassoura. Outros meteram a manápula nas propinas.
Bons Ares - 1
Pela primeira vez em 30 anos, o saldo da balança comercial do azeite português é positivo.
Em 2010, as exportações de azeite atingiram os €160 milhões, e as importações um pouco mais de €158 milhões.
Portugal perdeu a auto-suficiência em azeite na década de sessenta, produzindo hoje cerca de 70% das suas necessidades.
Os principais consumidores do azeite português são o Brasil, Angola, EUA, Venezuela e Cabo Verde.
Em 2010, as exportações de azeite atingiram os €160 milhões, e as importações um pouco mais de €158 milhões.
Portugal perdeu a auto-suficiência em azeite na década de sessenta, produzindo hoje cerca de 70% das suas necessidades.
Os principais consumidores do azeite português são o Brasil, Angola, EUA, Venezuela e Cabo Verde.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
O pior cego
Já em tempos aqui foi dito, e hoje se volta a dizer, por ser tão oportuno e pertinente: o PSD é actor primeiro no teatro das comédias nacionais; e sobretudo no palco das tragédias,que não ocupa sozinho.
No ponto em que as coisas estão, só não vislumbra isto quem não quer.
No ponto em que as coisas estão, só não vislumbra isto quem não quer.
PPP
País de pacóvios e pimpões, mas também podia ser de provincianos pelintras e patéticos. Foi isto que fizeram de nós vários séculos duma história desgraçada. Que os poderosos tingiram de gloriosa, e de sublime, para nos impedir de lhe tomar as lições.
Vivemos de aparências, e só para inglês ver nos agitamos. Incapazes de análise e de crítica, empanturrados de mito e de superstição, não sabemos destrinçar o cu das calças, trocamos realidade por fantasia.
Usados há muito tempo por elites decadentes como gado de exportação, consideramos que a miséria é mala-sorte, é injustiça do destino. A ignorância arrogante faz o resto. Somos incapazes de cumprir um horário e fazemos gala disso. E só mostramos alguma qualidade nas mãos dum capataz.
Ouvi um dia, na rádio, um fulano de Alcochete, a apelar aos amantes do todo-o-terreno. Bem-vindos de qualquer lugar do mundo, desde que tomem lugar na maior fila de jipes da estrada do Porto Alto. Para entrar no Guinness de Recordes e colocar Alcochete no mapa. E assim tornar a vilória conhecida, e pôr o mundo inteiro a falar dela.
Rui Rio é uma reserva do partido e chefia a câmara do Porto. E tem uma fixação de fângio adolescente: os bólides clássicos de duplo carburador.
Chega Julho e o Porto entra numa fona, transformado em Montecarlo com o circuito da Boavista. Uma boa parte da cidade é convertida em pista de aceleras, com vedações, e grelhas de partida, e paddocks, e bancadas, e pneus de protecção, e uma recta da meta onde os fardos de palha também têm serventia. Tudo isto para colocar a cidade no mapa, e pôr o Noroeste a falar dela.
Vai-se a ver e o circuito da Boavista custou em 2007, ao orçamento camarário, o melhor de €677 mil; em 2009 a cuspata subiu para €797 mil.
No mesmo ano, os razemotes da Redbull Air Race juntaram um milhão de basbaques na ribeira do Douro. O desfalque no orçamento atingiu €536 mil; em 2008 foi de €428 mil; em 2007 ficara-se pelos €190 mil. Para promover a cidade!
A qual exibia já, muito orgulhosa, a sua Casa da Música, antes de lhe plantarem à ilharga uma sede bancária com 50 metros de altura, que lhe viria a comer o maior do fulgor e a exígua majestade. O Porto perdeu a oportunidade de ter por uma vez a sua Música a sério. Mas ganhou um meteoro caríssimo, muito bom para fazer ver.
Vivemos de aparências, e só para inglês ver nos agitamos. Incapazes de análise e de crítica, empanturrados de mito e de superstição, não sabemos destrinçar o cu das calças, trocamos realidade por fantasia.
Usados há muito tempo por elites decadentes como gado de exportação, consideramos que a miséria é mala-sorte, é injustiça do destino. A ignorância arrogante faz o resto. Somos incapazes de cumprir um horário e fazemos gala disso. E só mostramos alguma qualidade nas mãos dum capataz.
Ouvi um dia, na rádio, um fulano de Alcochete, a apelar aos amantes do todo-o-terreno. Bem-vindos de qualquer lugar do mundo, desde que tomem lugar na maior fila de jipes da estrada do Porto Alto. Para entrar no Guinness de Recordes e colocar Alcochete no mapa. E assim tornar a vilória conhecida, e pôr o mundo inteiro a falar dela.
Rui Rio é uma reserva do partido e chefia a câmara do Porto. E tem uma fixação de fângio adolescente: os bólides clássicos de duplo carburador.
Chega Julho e o Porto entra numa fona, transformado em Montecarlo com o circuito da Boavista. Uma boa parte da cidade é convertida em pista de aceleras, com vedações, e grelhas de partida, e paddocks, e bancadas, e pneus de protecção, e uma recta da meta onde os fardos de palha também têm serventia. Tudo isto para colocar a cidade no mapa, e pôr o Noroeste a falar dela.
Vai-se a ver e o circuito da Boavista custou em 2007, ao orçamento camarário, o melhor de €677 mil; em 2009 a cuspata subiu para €797 mil.
No mesmo ano, os razemotes da Redbull Air Race juntaram um milhão de basbaques na ribeira do Douro. O desfalque no orçamento atingiu €536 mil; em 2008 foi de €428 mil; em 2007 ficara-se pelos €190 mil. Para promover a cidade!
A qual exibia já, muito orgulhosa, a sua Casa da Música, antes de lhe plantarem à ilharga uma sede bancária com 50 metros de altura, que lhe viria a comer o maior do fulgor e a exígua majestade. O Porto perdeu a oportunidade de ter por uma vez a sua Música a sério. Mas ganhou um meteoro caríssimo, muito bom para fazer ver.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Terrorismo, civilização, direitos do homem e crimes de guerra
Em Fallujah, no Iraque, em Setembro de 2009, dos 170 bebés nascidos, 24% morreram nos primeiros 7 dias.
75% dos bebés mortos sofriam de malformações.
Em Agosto de 2002, dos 530 bebés nascidos, 6 haviam morrido nos primeiros 7 dias, e apenas um apresentava malformações.
Médicos advertem as mulheres para os graves riscos de ter filhos.
Na invasão do Iraque, americanos e ingleses usaram vasto arsenal de fósforo branco e urânio empobrecido.
75% dos bebés mortos sofriam de malformações.
Em Agosto de 2002, dos 530 bebés nascidos, 6 haviam morrido nos primeiros 7 dias, e apenas um apresentava malformações.
Médicos advertem as mulheres para os graves riscos de ter filhos.
Na invasão do Iraque, americanos e ingleses usaram vasto arsenal de fósforo branco e urânio empobrecido.
Romarias
Não são auroques pintados que me trazem a Foz-Côa, mas um retábulo da igreja matriz. Onde um mestre entalhador desassombrado condenou ao purgatório, há muitos anos, tonsurados, abadessas, e beatérios avulsos.
Voltasse ele e condenava à geena os mandantes visionários do museu dos cavalinhos que ali fizeram ao lado, esse elefante branco toleirão e delirante.
Voltasse ele e condenava à geena os mandantes visionários do museu dos cavalinhos que ali fizeram ao lado, esse elefante branco toleirão e delirante.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Notícias
Oiço que uns Rambos caçaram o Bin Laden, no Paquistão, e o atiraram ao mar. Praza ao profeta que a terra lhe não pese!
Há quem suspire de alívio, há quem festeje de vão contentamento.
Mas é efeito sem causa. A guerra da América consigo própria, e connosco, entrou apenas numa etapa superior.
Na Líbia, a NATO (ultrapassando o mandato da ONU) entrou afoitamente pelos atalhos do crime internacional. A mando da América, da Inglaterra e da França.
Sarkozy vai ser a primeira vítima. E os efeitos colaterais hão-de chegar, à nossa caixa do correio.
O vento sopra de cauda aos meios de informação. Têm o prado inteiro para pastar, e nós com eles. Ganham dinheiro e lixiviam-nos a cabeça.
Há quem suspire de alívio, há quem festeje de vão contentamento.
Mas é efeito sem causa. A guerra da América consigo própria, e connosco, entrou apenas numa etapa superior.
Na Líbia, a NATO (ultrapassando o mandato da ONU) entrou afoitamente pelos atalhos do crime internacional. A mando da América, da Inglaterra e da França.
Sarkozy vai ser a primeira vítima. E os efeitos colaterais hão-de chegar, à nossa caixa do correio.
O vento sopra de cauda aos meios de informação. Têm o prado inteiro para pastar, e nós com eles. Ganham dinheiro e lixiviam-nos a cabeça.
domingo, 1 de maio de 2011
Das duas uma!
Esta reportagem é o TAC mais-que-perfeito sobre a consistência, a seriedade, a competência, a maturidade, a envergadura e a densidade (humana, cultural, política, mental) das figuretas que a animam.
Essas mesmas que aí andam a propôr-se governar-te.
Se te deres ao trabalho de a ler... uma de duas: ou ris que nem um perdido, ou suicidas-te.
Em qualquer caso, ficas a saber porquê.
Essas mesmas que aí andam a propôr-se governar-te.
Se te deres ao trabalho de a ler... uma de duas: ou ris que nem um perdido, ou suicidas-te.
Em qualquer caso, ficas a saber porquê.
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