segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sniper

Durante anos apareceu-me este melro, nas páginas do PÚBLICO, a perorar sobre Educação. As mais das vezes vociferando contra as decisões tomadas no sector pelo governo, e por uma ministra que aí houve.
Dada a natureza polémica de algumas dessas decisões, e a controvérsia que foram levantando; apresentado ele como professor do ensino superior; e sendo eu um leitor ansioso por confrontar argumentos, analisar razões e formar opinião, fiz o que tinha a fazer, enquanto cidadão: levei-o a sério e li-o com interesse. E tudo correu bem, até que há dias descobri no mesmo PÚBLICO a real face da luminária com quem andei metido.
E bem levado fui, pelo escriba e pelo jornal. Pois muito antes de ser mais um putativo especialista em questões de Educação, o melro é um activista político contra as decisões do governo (um direito que muito bem lhe assiste); e sobretudo um patético sniper, como tantos por aí, especializado na caça ao homem, que tomou o primeiro-ministro como alvo da sua paranóia. Não desperdiça nenhuma das munições usadas pela direita decadente que nos coube.

O primeiro-ministro é o grande maestro.

- Na farsa de Matosinhos, a que o PS chamou congresso, usou bem a batuta da mistificação;

- tendo preparado astutamente a queda do governo, ei-lo agora a passar para o PSD o ónus da vulnerabilidade que nos verga;

- (...)os hesitantes impressionam-se com o espalhafato e o discurso autoritário, ainda que recheado de mentiras (...);

Um episódio de uma longa série de acções para calar a opinião livre e subjugar o espaço público, que o grande maestro protagonizou. José Manuel Fernandes, Henrique Monteiro e Mário Crespo, entre outras, denunciaram-nas sem peias.


- Para encontrar alguma analogia com a cadeia de escândalos que envolveram José Sócrates, temos que ir à Itália de Berlusconi. Na nossa História, não há precedente que lhe dispute tamanho mar de lama.

- (...) um primeiro-ministro que vos mente sem rebuços, teimosamente cego, presumido omnisciente e contumaz calcador de todos os escrutínios morais (...);

- (...) escolas novas destruídas para que o grande maestro inaugure outras mais modernas (...);

- Desorçamentou a manipulou contabilisticamente as contas do Estado, até ao limite da bancarrota e ao pedido de assistência externa que humilha Portugal.

- Em 2005, o grande maestro encontrou 6,6% de taxa de desemprego; agora abandonou à sua sorte uma triste banda de quase 700 mil desempregados;

- (...) estamos no top ten dos países mais caloteiros do mundo; (...) temos a maior vaga de emigração de licenciados de todos os tempos, a segunda pior taxa de fuga de cérebros no universo da OCDE, e a terceira no que toca ao abandono escolar.

- Mas não resolve o problema do crescimento económico, que supõe outra política. Se acreditam que o vosso coveiro pode ser o vosso salvador, votem no grande maestro e enterrem-se sozinhos (...)

A rábula é dirigida aos eleitores, com este primarismo, esta sanha paranóica, esta propositada ignorância quanto ao caos geral do mundo que nos rodeia, esta fixação num alvo, esta cegueira, esta demagogia mil vezes repetida. Não há nela uma palavra contra o PS, o que até seria natural, se aqui se tratasse de disputa política.
Há apenas mais um episódio duma longa e despudorada e desgastante caça ao homem. Eles lá sabem porquê.
Ora Sócrates pode ser uma besta quadrada, não sou eu quem vai discutir isso. Mas merecia adversários doutra estirpe, mais que vulgares figurantes do jogo da vermelhinha e da trapaça. Portugal e os eleitores também.