segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ó menino!

Não sei a quem chamas amigo nem a quem mandas abraços. Mas quando o fazes assim, por força estarás a incluir-me.
Toma nota! Vai chamar teu amigo ao caralho mais velho! E manda os teus abraços a quem te talhou as orelhas!

Quem não tem cão...

Canta o fado, claro! Marialva ou choradinho, dá no mesmo!
Umas dúzias de maduros resolveram abraçar a Casa da Música, porque o Gaspar lhes cortou 30% dos dez milhões. 
E assim os maduros do Porto são duplamente tristes. É que podiam ao menos ter ali uma Filarmonia a sério. E não têm mais que um descampado, ao fundo do qual os artistas se esbatem, ao longe, no nevoeiro.
Mas também, quantos destes maduros é que frequentam a Casa da Música para apreciar a dita, se o que mais os comove é o espectáculo?!

Uns mais aldrabões... outros mais conas...

Os mais deles são assim. E os indígenas merecem a choldra que aí anda! 

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Ecos da Sonora - XLIX

O que de mais belo há
sobre a terra negra dizem
alguns que é
um esquadrão de cavalaria; outros,
de infantaria; outros ainda,
uma esquadra de navios.
Para mim é aquilo
a que cada um está
preso pelo coração.

Fazer com que isto seja
de todos entendido
é o que há de mais fácil. Na verdade,
Helena, que em beleza
a todos muito suplantava, abandonou
o mais excelente dos homens, para Tróia
navegou e, esquecida
da filha e dos pais queridos, deixou...
......................................... Isso
me traz agora à lembrança Anactória,
que está ausente. Anactória cujo
gracioso andar e brilho
irradiante do rosto
mais desejaria ver que os carros
de guerra dos lídios e os soldados
com suas armaduras...

[Safo, pág.30]

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Natal 2012

Volta, Sol-rei,
que a noite se instalou 
a treva impera
e a luz da razão deixou de governar.
A escuridão confunde ao nosso olhar
as alcateias que tomaram a rua;
o frio congelou-nos a memória
e fez de nós outra vez animais.
Volta, Sol-rei,
que os deuses que inventámos
nem nos fodem de vez
nem nos libertam.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Garranos

Os portugueses entregaram a pátria nas mãos duma quadrilha de assumidos malfeitores.
Agora, se nem os lusitanos puro-sangue escapam ao açougue, o que é que esperam os garranos comuns?

domingo, 16 de dezembro de 2012

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Falta de avisos não houve

Só cegueira, ignorância e oportunismo já velhos.
E uma traição que se repete há séculos.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ecos da Sonora - XLVIII

A arte em geral (e a literatura em particular) tem uma função. E a função dela não é embrutecer-nos.
Este romance de Miguel Real tem lá dentro os conteúdos necessários para fazer dele uma obra de leitura obrigatória de todos os portugueses. Ou daqueles que ousam questionar a história, e os mitos todos que se escondem nela.
José Martins, degredado na armada do Gama, é o primeiro português a tocar solo indiano. Apaixona-se por Rhema, esquece a moura Rosa de Alfama, e morre em Goa, enfeitiçado pela Índia.
Augusto Martins é o único português a permanecer em Goa, depois da invasão da União Indiana em 1961. Apaixona-se por Rhema, esquece a Rosa que é mulher-a-dias, e morre em Goa, enfeitiçado pela Índia.
Luís Martins é o último português habitante de Goa, onde chegou em 1975, à procura do pai. Apaixona-se por Sumitha, filha de Rhema e sua meia-irmã, de quem nascerá Arun, que acaba desfeito em fumo.
E o Martins, que é o narrador, desfaz-se no nevoeiro, enfeitiçado pela Índia. Não sei o que fazer, perdi o último orgulho que me restava, o de ser o derradeiro português-português da Índia, não tenho forças para refazer a vida, penso sinceramente em suicidar-me, é possível que me suicide nos próximos dias, depois de alterar o testamento. (...)
Ao bisneto deixará ordem para que se chame Luís, o meu nome. Depois, será o grande silêncio, o puro sangue português e europeu de outras eras deixará de correr na Índia.
Não faltam, em 400 páginas, motivos de reflexão. Sobre quem somos, o que fomos, por onde andámos, e a fazer o quê. Mas esse salto não o dá o autor. Antes embrulha a narrativa num discurso de frase longa, longuíssima e despropositada, que torna a leitura penosa. A frase longa pode ser um recurso narrativo de grande significado. Mas dificilmente se encontra justificação e tolerância para uma construção em que as frases se alongam por seis, sete, oito páginas, antes que cheguem ao fim.
Quer formalmente, quer no que toca ao uso da volumosa matéria narrativa, O Feitiço da Índia (a que chega a chamar-se maldição) é uma bela oportunidade falhada. Para que se cumpra a tradição e o papel da maioria dos nossos intelectuais.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012