quinta-feira, 30 de maio de 2019

O último maçarico-esquimó 6


O impulso nupcial do maçarico-esquimó transformou-se de repente em fúria agressiva. A fêmea era uma intrusa, em vez de uma companheira. De perto, ele reconheceu-lhe a penugem mais escura e a postura diferente. Embora algo semelhante, era um maçarico da espécie norte-americana. Ele sabia, por reacções instintivas, criadas pela natureza para evitar acasalamentos estéreis entre espécies diversas, que não se tratava da fêmea que aguardava. Afugentou-a durante um quilómetro, com uma fúria tão apaixonada como o seu amor alguns segundos antes. Depois voltou à reserva e continuou à espera. A sua fêmea chegaria em breve.
  
            Duas espécies de maçaricos nidificam na tundra árctica: o esquimó e o norte-americano, que é mais abundante e um pouco maior. Na extensa família das narcejas, dos maçaricos-das-rochas e das tarambolas, são eles que têm as pernas e os bicos mais compridos. E, tratando-se embora de duas espécies diferentes, dificilmente se distinguem pelo aspecto exterior.
            O dia árctico era longo. E, apesar da aragem fresca a correr sobre a tundra, a atmosfera mantinha-se quente e húmida. O maçarico esgaravatou o solo pantanoso em busca de alimento e regressou à guarda da reserva, observando atentamente o horizonte plano. Pouco antes do meio-dia surgiu ao longe, do norte, um búteo-calçado. Descreveu alguns círculos sobre o rio e atacou um pequeno roedor descuidado que se aventurou no musgo. Aos poucos, o grande caçador aproximou-se da reserva, e o maçarico observou-o, temeroso. Finalmente o búteo atravessou a fronteira. Embora não marcada no solo, ela estava perfeitamente definida no cérebro do maçarico. E logo este levantou voo e iniciou uma veloz perseguição. As suas asas batiam fortemente. E quando ficou perto do intruso, cujo corpo era dez vezes mais pesado, saiu-lhe da garganta um grito de aviso agudo e estridente. Durante alguns segundos o búteo não deu qualquer atenção às ameaças. Depois rodou para Norte e partiu sem luta. Teria podido matar o maçarico com um simples golpe de garras. Mas só matava quando precisava de alimento, e voluntariamente deixou o campo livre a uma ave que o fogo do acasalamento tornara tão insensata.
            O sol pôs-se entretanto, mas a vista não se desvaneceu. E, como um véu, a noite árctica desceu pela primeira vez sobre o maçarico. Em breve a tundra arrefeceu e parou de repente o vento que uivara todo o dia. Seguiu-se uma penumbra, que não era propriamente escuridão.
            Por um impulso instintivo que ele não entendia, o maçarico sentiu-se atraído para o monte seco de rochas, na base do qual se achava o espesso tapete de musgo que havia de abrigar o ninho. Este era o seu quinto verão e ele nunca tivera um ninho, nem uma vez sequer avistara uma fêmea da sua espécie. Só vagamente se lembrava do ninho e da mãe, no seu tempo de infância. Mas sabia, sem o ter aprendido, como se corteja uma fêmea e como se faz um ninho, como se isso viesse duma vida anteriormente vivida. Agora dormia, apoiado numa só perna e com o bico escondido nas penas do dorso. Dormia ao lado das rochas. Em breve o ninho estaria ali, era o que o instinto lhe dizia. Amanhã ou depois a fêmea havia de chegar, pois o curto ciclo da vida no Árctico não permitia demoras.

  
                                               O  CORREDOR DA MORTE

            SESSÕES  FILOSÓFICAS  DA  REAL  SOCIEDADE  DE  LONDRES
            nas quais se referem as actuais acções, estudos e obras de
            investigadores, em muitas e importantes partes do mundo.
            Vol. LXII do ano de 1772.

            ARTIGO XXIX
            Relato sobre aves, comunicado a partir da baía do Hudson. Contém observações sobre a sua história natural, assim como descrições latinas de algumas das espécies mais invulgares. Do sr. Reinhold Forster, membro da Real Sociedade.
            Antes da construção da manufactura da baía do Hudson, foi oferecida à Real Sociedade uma grande colecção de invulgares quadrúpedes, aves, peixes, etc, incluindo um catálogo dos seus nomes, locais de permanência, hábitos e modos de vida. Isto através do sr. Graham, que pertence à colónia de Seven River. Os gerentes da companhia da baía do Hudson forneceram as indicações mais corteses, por forma a que estas notícias pudessem ser completadas de tempos a tempos.
            (Uma vez que todas as aves descritas pelo sr. Forster têm entrada, sob idêntica designação, nos livros de ornitologia do sr. Latham, não se torna necessário fornecer aqui as descrições latinas).
            1. Falco columbarius. Esmerilhão-comum. Ave de arribação. 
            2. ...
            3. ...
            18. Espécie nova. Scolopax borealis. Maçarico-esquimó. Esta espécie de maçarico é até hoje desconhecida dos ornitólogos, e é mencionada pela primeira vez na Faunula Americae Septentrionalis, ou no catálogo da fauna norte-americana. Os indígenas chamam-no “wee-kee-me-nase-su”. Procura alimento nos pântanos, comendo vermes, larvas, minhocas, etc. Passa por Fort Albany em Abril ou no princípio de Maio. Nidifica no Norte, regressa em Agosto, e migra para o Sul, em bandos gigantescos, nos finais de Setembro.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

O último maçarico-esquimó 5


O maçarico voou em círculos cada vez mais altos, e o seu canto nupcial tornou-se mais repetitivo e urgente. Subitamente parou, e transformou-se num grito febril. Lá longe, a montante do rio, mancha castanha no céu acinzentado, voava uma outra ave em direcção ao Norte, e o maçarico reconheceu-a como membro da espécie. Esperou, pairando sobre a reserva, em círculos cada vez mais apertados, e a ave aproximou-se. A fêmea vinha aí. Os três verões que o macho passara sozinho, esperando em vão, eram uma lembrança vaga e desagradável. Mas agora ela desaparecera do seu cérebro, tão poderosamente determinado por reacções instintivas que apenas restava um pequeno espaço para a memória e a reflexão. O instinto dominava-o completamente, ao elevar-se na espiral do voo nupcial, não já com as batidas de asa habituais mas esvoaçando como uma borboleta. Chegado ao ponto mais alto deixou-se cair de novo, silvou de encontro ao solo, recuperou baixo sobre a tundra e voltou a subir.
            A outra ave escutou-lhe o grito selvagem, mudou de direcção, veio velozmente ao seu encontro. Obedecendo instintivamente às leis da reserva, que todas as aves conhecem, a fêmea poisou numa rocha musgosa, situada um bom pedaço fora da reserva do macho. Excitado, ele ardia em paixão. Numa sequência rápida efectuou ainda várias danças, subiu no ar ruidosamente até desaparecer da vista, desceu de novo em picada violenta, e de cada vez quase roçava o solo. Durante alguns minutos a fêmea alisou as penas, indiferente, sem dar atenção a tais demonstrações amorosas. Depois correu e voou sobre o terreno, alternando batidas de asa com passadas febris. Entrou na reserva e agachou-se, submissa, ao chegar perto do macho. Este soltou um assobio estridente e subiu na vertical para um último voo, pairou lá no alto sobre ela, deixou-se cair como um meteoro e poisou a cerca de dois metros de distância. Ficou parado por um momento, eriçou as penas, esticou o pescoço e caminhou para ela. Porém, a cerca de um metro, estacou subitamente. Emudeceram os sons meigos de ternura que até ali lhe saíam da garganta, e em seu lugar ecoou uma rápida sequência de gritos de advertência. O comportamento humilde e submisso da fêmea também se modificou. De súbito pôs-se de pé e afastou-se. O macho já não a cortejava, baixou a cabeça como um galo de combate e investiu contra ela. A fêmea desviou-se e atirou-se para o ar. Ele seguiu-a, aos gritos, ameaçando-a com o bico repetidas vezes.
(Continua)

terça-feira, 28 de maio de 2019

O último maçarico-esquimó 4


O verão polar era curto, e havia muito que fazer quando a fêmea chegasse. O maçarico voou até uma elevação rochosa que se erguia a cerca de um metro do solo. Poisou e olhou à sua volta. Voara catorze mil quilómetros para atingir esta terra inóspita, escalvada e agreste. Uma região pelada, vazia. Bétulas e salgueiros, curvos e deformados, tinham resistido às tempestades e ao frio do longo Inverno. Durante decénios apenas lesmas rastejaram sobre eles, e não tinham crescido mais que quarenta ou cinquenta centímetros. A fronteira onde a floresta subpolar de pinheiros se tornava mais escassa, e onde começava a tundra norte-americana, encontrava-se oitocentos quilómetros mais a Sul.
            Em geral a terra era plana e húmida, tão salpicada de charcos pantanosos que agora, na primavera, metade ficava debaixo de água. Os pequenos montes de cascalho e os afloramentos rochosos que represavam os charcos e os impediam de transbordar, formando um imenso mar pouco profundo, estavam agora revestidos de espessos tapetes de musgos e líquenes, que reverdeciam muito rapidamente. Alguns centímetros mais fundo encontrava-se o gelo eterno, duro como a blindagem dum navio de guerra, as fundações geladas da terra.         
O maçarico levantou voo, elevou-se lentamente e circulou em volta dos dois acres de terreno, com uma grande mancha de água e musgo, que demarcara como reserva. Por vezes, enquanto planava lentamente de asas abertas, fazia ressoar o seu canto nupcial, um gorjeio baixo e prolongado. Mas não havia no seu trinado qualquer jovialidade. Era antes um grito de guerra, um aviso a todos os que pudessem ouvi-lo: a reserva tinha um dono, a arder no fogo do acasalamento. Nada o atemorizava, e defendia a reserva para a sua fêmea que havia de chegar.
            Conhecia cada rocha, cada banco de cascalho, cada charco, cada arbusto, embora em tal aspereza e solidão não houvesse nada de notável que pudesse servir de demarcação. A fronteira norte e oeste era formada pela curva do rio que avistara lá de cima, e os outros limites não eram muito acentuados. Espalhados pelo chão, apenas uns blocos de granito com reflexos de pirite e mica, um par de galhos de bétula e amieiro e algumas manchas de água castanha. Mas o maçarico sabia exactamente onde terminava a reserva. No meio havia um montão de rochas, tão seco que, em dez mil anos, desde que os glaciares haviam recuado, nem musgos nem líquenes tinham podido fixar-se nele. Porém, logo abaixo, onde se juntavam as águas escorrentes, o tapete era espesso e exuberante. E era aí, numa almofada de musgo, que a fêmea escolheria um lugar e escavaria um ninho achatado, em forma de prato. Cercá-lo-ia de folhas e ervas frescas, e nele havia de pôr os quatro ovos cor de azeitona.
(Continua)

segunda-feira, 27 de maio de 2019

O último maçarico-esquimó 3

Cont.
O maçarico abriu as asas e deixou-se cair em glissagens laterais. Pedaços de gelo rosados, a flutuar no rio acastanhado, aproximavam-se vertiginosamente. Então interrompeu a picada e desceu em voo planado até ao chão. Pousou na margem lamacenta dum charco de esmalte, um pouco afastado do rio.
            Os maçaricos chegam aqui em Junho, desde há milénios, para defender a reserva e os seus locais de nidificação. Na tundra desolada aguardam febrilmente as fêmeas, esperando que elas procurem aqui um companheiro para este ano. E, durante o tempo de espera, mal conseguem aliviar o instinto de acasalamento nas lutas com os vizinhos, pela defesa da reserva que escolheram.
            Na exaltação do regresso a casa, o maçarico mal se lembra de que ficou assim, misteriosamente sozinho, durante três longos verões. Insaciado, o fogo do acasalamento acabou por se extinguir por si próprio, depois de ele ter ficado longas semanas solitário. Inexplicavelmente nenhuma fêmea veio ao seu encontro. Porém, dominado pelo instinto, o cérebro do maçarico não sabia, nem perguntou porquê.
            Voara dez horas sem descanso, e agora o corpo exigia-lhe alimento com urgência. A pulsação rápida e os processos metabólicos, que durante longas horas tinham mantido os poderosos músculos das asas em movimento, pediam muita energia. Começou a remexer a lama com o bico. Era um bico singular, adequado a este modo de procurar alimento. Tinha mais de seis centímetros de comprimento e era encurvado para baixo, à maneira de uma foice. O maçarico abria-o levemente e arrastava na lama a ponta delicada, em pequenos movimentos circulares, para tactear as larvas moles de insectos e crustáceos. Era um processo muito rápido, e o bico entrava e saía da lama tão depressa como a agulha de uma máquina de costura.
            Nas zonas baixas havia ainda acumulações de neve, mas o sol brilhava quente e o Árctico palpitava já de vida. Havia alimento abundante, e o maçarico comeu mais de uma hora sem interrupção, até o papo lhe ficar grotescamente inchado, na raiz do pescoço. Depois caiu em sonolência. Firmado sobre uma perna, manteve o pescoço virado para trás e o bico enterrado nas penas do dorso. Era mais descanso do que sono. Os ouvidos e o único olho descoberto permaneciam incansavelmente atentos às raposas e às corujas polares, que se aproximavam como fantasmas. No seu corpo, os processos metabólicos desenvolviam-se rapidamente, e meia hora de descanso equilibrou a perda de energia do voo de dez horas. O maçarico estava completamente restabelecido.
(A continuar)
            

domingo, 26 de maio de 2019

Andaduras de santa

O foguetório da alvorada às oito da manhã é que me lembrou da santa da Vila Maior, além no monte. Hoje é o último domingo de Maio, que sempre foi o dia da romaria. 
Vivia a santantoninha à sombrinha da capela, no termo de Casteição, a sua terra. Até que, numa noite, uns hereges dos Gatos passaram lá e roubaram-na. E foram escondê-la num campo de centeio, fiados na grande força do esquecimento. 
Só que um pastor assistiu à marosca e deu com a língua nos dentes. E os de Casteição foram lá recuperá-la e guardaram-na na igreja. Na capelinha puseram uma santa nova.
Mas havia um problema de maior: a santa nova não tinha a mesma virtude, nem dava chuva quando lha pediam, tal como fazia a santa velha.
Mas a crença dos romeiros faz milagres. No último domingo de Maio acorrem todos, enfeitam o andor, pregam notas no vestido da santa, e levam-na a passear. A procissão é pequena, é uma volta ali ao penhasco do castro antigo. No fim arrematam as oferendas, bebem uns copos, contam umas larachas, e até a santa fica sossegada. Um dia a chuva há-de vir.

terça-feira, 14 de maio de 2019

O último maçarico-esquimó 2


1

            Em Junho a noite do Árctico é muito curta, pouco mais que um intermezzo de penumbra. Durante os longos dias, nuvens de mosquitos enxameiam das valas profundas, como cortinas de fumo, sob o degelo da tundra.
            Antigamente, nesta época do ano, as populações esquimós aguardavam aqui o doce, fremente e longo trinado dos maçaricos-esquimós. Eles regressavam ao Árctico em grande número, trazendo consigo a perspectiva de carne tenra. Mas os grandes bandos já não aparecem. A própria lembrança deles se perdeu, ficando apenas a lenda. Pois o maçarico-esquimó, primitivamente uma das mais abundantes aves de caça da América do Norte, deixava atrás de si, na Primavera e no Outono, um verdadeiro corredor da morte. Voavam tiros de todos os lados, e ele foi demasiado lento a aprender o que era essencial à sobrevivência: o medo, diante da espingarda do caçador.
            É verdade que a espécie se manteve, mas encontra-se em perigo extremo de extinção. Tal como antes, os poucos maçaricos-esquimós que ainda existem continuam a fazer a sua longa e perigosa migração, desde a Patagónia argentina onde passam o Inverno, até às planuras húmidas da tundra que descem para o mar polar. Aqui procuram a sua fêmea. Mas o Árctico é imenso, e, as mais das vezes, a sua busca é vã. Agora voam sozinhos, os últimos representantes de uma espécie moribunda.


            Quando clareou a penumbra da noite sobre o Árctico e mais um dia de Junho começou, primeiro com um vermelho pálido e depois um amarelo vivo, o maçarico reconheceu finalmente, mil metros lá em baixo, a familiar curva do rio debruada de gelo. Nessa noite voara oitocentos quilómetros através da tundra plana e uniforme, sobre muitas curvas de rios que podiam confundir-se com esta. Sentia-se esgotado mas sabia que só agora estava em casa. Tinha as pontas castanhas das rémiges e das tectrizes em desalinho, após uma viagem migratória que começara abaixo dos trópicos e terminara sobre estas planuras escalvadas, num voo ininterrupto. O instinto do acasalamento rugia nele.
            O maçarico abriu as asas e deixou-se cair em glissagens laterais. Pedaços de gelo rosados, a flutuar no rio acastanhado, aproximavam-se vertiginosamente. Então interrompeu a picada e desceu em voo planado até ao chão. Pousou na margem lamacenta dum charco de esmalte, um pouco afastado do rio.
            Os maçaricos chegam aqui em Junho, desde há milénios, para defender a reserva e os seus locais de nidificação. Na tundra desolada aguardam febrilmente as fêmeas, esperando que elas procurem aqui um companheiro para este ano. E, durante o tempo de espera, mal conseguem aliviar o instinto de acasalamento nas lutas com os vizinhos, pela defesa da reserva que escolheram.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

O último maçarico-esquimó


FRED BODSWORTH
Nasceu em 1918, em Port Burwell, no Canadá. Vem da infância o seu apego à natureza, sobretudo ao mundo das aves. Trabalhou em rebocadores e em plantações de tabaco, fez longas viagens até às fronteiras da civilização, colaborou em jornais canadianos, e mais tarde foi membro da redacção do “Maclean’s Magazine” de Toronto. Tornou-se um conceituado biólogo e escritor. Publicou, entre outros, a novela O último maçarico-esquimó (1954), os romances O estranho de Barra (1960), A expiação de Ashley Morden (1964), Correi, pés, correi! (1967) e o estudo científico-natural A costa do Pacífico (1970).
                                                          


            Viaja sem descanso, do Árctico para Sul, levado pelo desejo de encontrar uma companheira. Luta encarniçadamente com o frio e a neve, com a chuva e os temporais, vence o Atlântico num voo ininterrupto de 60 horas, recobra novas forças no Orinoco e avança, procurando sempre, até à Patagónia.
            Mas o verão passa e ele continua sozinho. E, quando a esperança já quase lhe morreu, aparece a desejada. Saúdam-se, entusiasmados, e iniciam juntos o regresso a casa.
            O caminho passa agora sobre as alturas dos Andes, através de nuvens geladas. Mas já não falta muito para chegar ao destino, uma vez que a fêmea, tal como milhares de outras, será vítima dum atirador pérfido.
            Ele fica outra vez sozinho e percorre assim a última etapa. Instala-se na sua reserva habitual e espera. Será que chega a companheira, ou ele é, realmente, o último maçarico-esquimó?

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Haiku

Floresce a giesta negral.
Mas as abelhas evitam-na
Salvo quando constipadas.

domingo, 5 de maio de 2019

Xeque múltiplo

ImagemO Costa ameaçou demitir-se e logo a canalhada perdeu a tramontana.
O Rui Rio começou a ladear.
A Cristas levantou as mãos ao céu e pediu misericórdia.
A Catarina talvez venha a perceber que isto não é o da Joana.
O Jirómino mandou consultar o pai dos povos.
Quem dera que os tugas entendessem o que está no tabuleiro.