O foguetório da alvorada às oito da manhã é que me lembrou da santa da Vila Maior, além no monte. Hoje é o último domingo de Maio, que sempre foi o dia da romaria.
Vivia a santantoninha à sombrinha da capela, no termo de Casteição, a sua terra. Até que, numa noite, uns hereges dos Gatos passaram lá e roubaram-na. E foram escondê-la num campo de centeio, fiados na grande força do esquecimento.
Só que um pastor assistiu à marosca e deu com a língua nos dentes. E os de Casteição foram lá recuperá-la e guardaram-na na igreja. Na capelinha puseram uma santa nova.
Mas havia um problema de maior: a santa nova não tinha a mesma virtude, nem dava chuva quando lha pediam, tal como fazia a santa velha.
Mas a crença dos romeiros faz milagres. No último domingo de Maio acorrem todos, enfeitam o andor, pregam notas no vestido da santa, e levam-na a passear. A procissão é pequena, é uma volta ali ao penhasco do castro antigo. No fim arrematam as oferendas, bebem uns copos, contam umas larachas, e até a santa fica sossegada. Um dia a chuva há-de vir.