A geada a sério apareceu na Lapa, uma camada!
É bom sinal, nem tudo está perdido, nos ambientes e climas. E só é punição aos parasitas!, São os deuses aquilo que serão, porém parvos é que não!
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
Bicho-mau
O vizinho instalou no pátio dele um holofote poderoso, que um temporizador activa a espaços. É quando o farol ilumina o pátio dele e o meu, espantando o bicho-mau.
E é sempre o mesmo princípio destas sociedades trôpegas: quem sabe faz, quem não souber mete-se a explicador.
E é sempre o mesmo princípio destas sociedades trôpegas: quem sabe faz, quem não souber mete-se a explicador.
domingo, 29 de novembro de 2015
Telenovela
A televisão deixou de dar notícias. Transmite num contínuo a telenovela das ruas de Paris. Que também é a mesma telenovela nossa. E a telenovela duma patética Europa inteira.
Não se vê quem mandará baixar o pano!
Não se vê quem mandará baixar o pano!
Heróis e polifemos
Na tragédia grega há um herói, porque os deuses mandaram. E no caso grego é Tsipras, derrotado mas herói.
No palco do Siryza outras figuras passaram, o Varoufakis com tiques burgueses de Armani. Mas há uma diferença (de coturnos), por baixo dos gestos dum burguês e dum herói. Varoufakis será um bom técnico, eu não sei, não conheço, não comento. E abandonou o palco.
Tsipras recusou deixar à sorte os gregos, na tragédia em que vivem. Os dirigentes serventuários desta Europa que existe partiram a espinha do Siryza, porque podiam fazê-lo e a cegueira os ajudou. O Tsipras, esse herói grego, engoliu o cálice com que sonhou, engoliu-se a si próprio. Mas não abandonou os gregos sós nas fauces do polifemo.
A tragédia dos gregos não tem um fim em si. Porque o fim depende dos povos da Europa, quando ela própria sair do labirinto em que os polifemos da finança a aprisionaram. Até agora não encontrou a saída. E os polifemos exigirão novas vítimas, enquanto andarem à solta.
No palco do Siryza outras figuras passaram, o Varoufakis com tiques burgueses de Armani. Mas há uma diferença (de coturnos), por baixo dos gestos dum burguês e dum herói. Varoufakis será um bom técnico, eu não sei, não conheço, não comento. E abandonou o palco.
Tsipras recusou deixar à sorte os gregos, na tragédia em que vivem. Os dirigentes serventuários desta Europa que existe partiram a espinha do Siryza, porque podiam fazê-lo e a cegueira os ajudou. O Tsipras, esse herói grego, engoliu o cálice com que sonhou, engoliu-se a si próprio. Mas não abandonou os gregos sós nas fauces do polifemo.
A tragédia dos gregos não tem um fim em si. Porque o fim depende dos povos da Europa, quando ela própria sair do labirinto em que os polifemos da finança a aprisionaram. Até agora não encontrou a saída. E os polifemos exigirão novas vítimas, enquanto andarem à solta.
Um par de minudências
Jerónimo de Sousa faz saber que o governo não é de coligação, mas de iniciativa do PS. E que o PCP tem o seu caderno de encargos a apresentar.
Por seu lado, Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP,*** diz que a central sindical quer influenciar a mudança de políticas. E que o novo Governo tem de cumprir “as promessas que fez”, por motivos simples e impolutos: elas não podem transformar-se em "enormíssimas frustrações". Quer dizer, um e outro andam por aí cheios de pressa, tomados de frenesi.
Ora o povo consciente, que à sua custa aprendeu, e é menos menos ilustrado e previdente do que um comité central inteiro, também tem a apresentar o seu par de minudências.
À primeira será, que ainda não lhe esqueceu um Cesarão de bigodes, que também era do comité central dos apressados, aqui há uns anos atrás. Desceu ele a Avenida triunfal à frente duma legião de professores tomados de frenesi, que depressa dizimaram uma ministra-sinistra que aí andou, e ousou avaliar os docentes das escolas. Todos eles acabaram, os coitados, nos açougues do Crato, com as perninhas atadas num barbante. Porque antes disso foram às eleições e esquivaram o voto no PS de Sócrates, oferecendo pro bono o anel do casamento em que o Relvas e um comité central de suicidas alegremente juntaram os trapinhos. O Cesarão de bigodes preservou-se, e entrou em modo silencioso na última fila do comité central, à espera de melhores dias.
À segunda, e muito curta, o povo consciente quer lembrar que até hoje não ouviu do comité central aquilo a que se acha com direito. É um leve murmúrio de autocrítica, verdadeiramente digna e justa, razoável e salutar, para poder absolver do crime o comité central inteiro.
À terceira é, curto e grosso: aproveite o comité central esta benesse da liberdade que está ao seu dispor, e também se alimenta dos contributos dele, que tão arredios andam desde há muito.
E por fim, à derradeira, aquele pouco que toda a gente sabe: ainda ninguém cortou a cabeça da hidra, que tem muitas. Hércules, é sabido, entrou de folga a tempo. E só este governo do Costa o poderá fazer. Caso falhe a estocada, não há sobreviventes. O Costa será o primeiro pitéu, o PCP é a segunda presa, e nós todos seremos a sobremesa.
[Texto reeditado]
*** [Já chega, foda-se! Estou farto, desde há 40 anos, de aturar aventureiros incendiários e tomados de pressa!
JORNALISTA- O facto de este Governo ter o apoio parlamentar do PCP, partido que tem uma visão semelhante a essa, dá-lhe garantias de que isso se vai concretizar?
ARMÉNIO CARLOS- As garantias são as que vão ser determinadas pelo rumo dos acontecimentos e pela intervenção e pela força popular. Este Governo precisa de perceber que estamos cá
não para criticar por criticar, nem para protestar por protestar. E tem a obrigação de ter em consideração que a expressão do voto de 4 de Outubro foi no sentido de pôr termo a um governo do PSD-CDS, à política de austeridade e afirmar um real sentido de mudança em
relação ao futuro. Não vemos neste Governo um adversário, vemos um governo que tem de concretizar as promessas que fez. Uma mudança de política corresponde objectivamente a uma melhoria das condições de vida e de trabalho da população, a uma mais justa distribuição de riqueza, a mais e melhor emprego, a melhores
salários e pensões, e a uma defesa das funções sociais do Estado. (De entrevista ao PÚBLICO)
Por seu lado, Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP,*** diz que a central sindical quer influenciar a mudança de políticas. E que o novo Governo tem de cumprir “as promessas que fez”, por motivos simples e impolutos: elas não podem transformar-se em "enormíssimas frustrações". Quer dizer, um e outro andam por aí cheios de pressa, tomados de frenesi.
Ora o povo consciente, que à sua custa aprendeu, e é menos menos ilustrado e previdente do que um comité central inteiro, também tem a apresentar o seu par de minudências.
À primeira será, que ainda não lhe esqueceu um Cesarão de bigodes, que também era do comité central dos apressados, aqui há uns anos atrás. Desceu ele a Avenida triunfal à frente duma legião de professores tomados de frenesi, que depressa dizimaram uma ministra-sinistra que aí andou, e ousou avaliar os docentes das escolas. Todos eles acabaram, os coitados, nos açougues do Crato, com as perninhas atadas num barbante. Porque antes disso foram às eleições e esquivaram o voto no PS de Sócrates, oferecendo pro bono o anel do casamento em que o Relvas e um comité central de suicidas alegremente juntaram os trapinhos. O Cesarão de bigodes preservou-se, e entrou em modo silencioso na última fila do comité central, à espera de melhores dias.
À segunda, e muito curta, o povo consciente quer lembrar que até hoje não ouviu do comité central aquilo a que se acha com direito. É um leve murmúrio de autocrítica, verdadeiramente digna e justa, razoável e salutar, para poder absolver do crime o comité central inteiro.
À terceira é, curto e grosso: aproveite o comité central esta benesse da liberdade que está ao seu dispor, e também se alimenta dos contributos dele, que tão arredios andam desde há muito.
E por fim, à derradeira, aquele pouco que toda a gente sabe: ainda ninguém cortou a cabeça da hidra, que tem muitas. Hércules, é sabido, entrou de folga a tempo. E só este governo do Costa o poderá fazer. Caso falhe a estocada, não há sobreviventes. O Costa será o primeiro pitéu, o PCP é a segunda presa, e nós todos seremos a sobremesa.
[Texto reeditado]
*** [Já chega, foda-se! Estou farto, desde há 40 anos, de aturar aventureiros incendiários e tomados de pressa!
JORNALISTA- O facto de este Governo ter o apoio parlamentar do PCP, partido que tem uma visão semelhante a essa, dá-lhe garantias de que isso se vai concretizar?
ARMÉNIO CARLOS- As garantias são as que vão ser determinadas pelo rumo dos acontecimentos e pela intervenção e pela força popular. Este Governo precisa de perceber que estamos cá
não para criticar por criticar, nem para protestar por protestar. E tem a obrigação de ter em consideração que a expressão do voto de 4 de Outubro foi no sentido de pôr termo a um governo do PSD-CDS, à política de austeridade e afirmar um real sentido de mudança em
relação ao futuro. Não vemos neste Governo um adversário, vemos um governo que tem de concretizar as promessas que fez. Uma mudança de política corresponde objectivamente a uma melhoria das condições de vida e de trabalho da população, a uma mais justa distribuição de riqueza, a mais e melhor emprego, a melhores
salários e pensões, e a uma defesa das funções sociais do Estado. (De entrevista ao PÚBLICO)
A nossa incerta vida
Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.
Não florescem no Inverno os arvoredos,
Nem pela Primavera
Têm branco frio os campos.
À noite, que entra, não pertence, Lídia,
O mesmo ardor que o dia nos pedia.
Com mais sossego amemos
A nossa incerta vida.
À lareira, cansados não da obra
Mas porque a hora é a hora dos cansaços,
Não puxemos a voz
Acima de um segredo (...)
[Odes de Ricardo Reis, Ed. Ática, Lisboa]
Não florescem no Inverno os arvoredos,
Nem pela Primavera
Têm branco frio os campos.
À noite, que entra, não pertence, Lídia,
O mesmo ardor que o dia nos pedia.
Com mais sossego amemos
A nossa incerta vida.
À lareira, cansados não da obra
Mas porque a hora é a hora dos cansaços,
Não puxemos a voz
Acima de um segredo (...)
[Odes de Ricardo Reis, Ed. Ática, Lisboa]
É isto e a burra deita-se!
O que andarão a fazer os pensadores e os intelectuais indígenas, gente com obra feita na literatura, nas artes plásticas, na filosofia, no teatro, no cinema, na música, etc. Silêncio ensurdecedor.
Ou quase! E vem isto a bom propósito duma recente entrevista do João Tordo a uma rádio qualquer, e dum romancinho novo que aí vem.
Quando os oiço dizer, aos júniores e aos mais séniores, que gostam muito de livros, que os livros são o seu destino e fundamento, baixo logo a viseira e alço a guarda. Porque muito preferia ouvi-los jurar amores às palavras, e à literariedade que com elas se pode construir, e às malas-artes que a literatura traz lá dentro, para nossa salvação como leitores dela. E como homens. E como cidadãos. E como espíritos que exigem mais alimento, do que o pobre feno bíblico quotidiano para se manterem vivos, e gemerem o fadário que lhes caiba. É a minha versão do velho assunto dos formalistas russos, uns tipos que nos inícios do séc.XX agitaram os territórios da arte literária com teorizações inovadoras, e foram decapitados, com danos gerais, pela espada dos poderes.
Para voltar à vaca fria, o que eles querem dizer é que gostam do mercado dos livros, desse palco em que lhes cabe o papel de autores, imodestos e vaidosos, muitas vezes, e estranhamente, arrogantes e patéticos, auto-centrados narcisos e umbiguistas. Uma espécie de deuses-criadores no uso da palavra! Do que gostam é do marketing que os impinge aos totós consumidores, e os traduz como pepinos nas línguas mais exóticas, e lhes dá um alvará de fama que a contabilidade dos números valida em aparência. Escamoteiam, ou não fazem ideia, de que a arte e o mercado pouco ou nada têm em comum. Bem ao contrário, o que terão é uma guerra-fria silenciosa, em que a arte perde sempre, neste tempo em que o mercado e o dividendo são imperadores absolutos.
Porque é que deixou de haver crítica literária digna desse nome, ou rara? Porque será que o editor de sucesso deixou de ser a marca de água que já foi, para ser apenas um agenciador de lucros e cotações na bolsa? Simplesmente para não levar com a tábua no cu! E porque é que J.R.dos Santos é de longe o maior criador de arte literária da nossa cultura? Se eu lho pudesse perguntar directamente, dir-me-ia que o meu mal é dor de corno. E eu respondia-lhe, em modo de leitor grosso amante das palavras, vai-te foder! Ficávamos os dois amigos e iguais na grosseria.
Nisto tudo o João Tordo até merece. Respeita escrupulosamente a nossa língua, que tantas vezes se arrasta por aí a cair da boca aos cães. Isso bastará para produzir passatempos de aeroporto, romancinhos de intervalo entre telenovelas, não mais que isso. São todos muito parecidos, na Patagónia, na Tasmânia, em Anchorage ou na Lapónia. Só têm por baixo deles a cultura do google, esse digest pronto-a-deglutir. Possibilitam traduções e vítimas nas melhores línguas (sic!), do malgache ao swahili, ao dialecto das Fiji. Mas muito pouco (ou nada) acrescentam à linguagem das artes literárias. Porque a arte, no mais geral e no particular, não se constrói por actos de voluntarismo empreendedorista. A arte nasce da vida e das tripas dela, e só acontece quando ela quer. Quando já se recusa a germinar lá dentro. Está madura e sai, não há vontade que a possa parar ou apressar.
Claro que o Tordo não sabe nada disto, pois nisto nunca pensou. Mas anda por aí muito pior, um deus-nos-livre! Há o Valter Hugo-Mãe, atarefado ainda a escolher um dialecto, uma questão muito antiga que ele tem. Enquanto leva às lágrimas festivais literários com rosários de emoções pias. Há o rapaz de Galveias, que consome a vida a pedir colo, e a distribuir afectos a viúvas infelizes. Há o Gonçalo M. Tavares, que malbarata tijolos de papel a explicar-nos enigmas ortorrômbicos, e a verdadeira natureza dos quasi-cristais. E outros que tais!
Todos têm o prémio Saramago, ou o dos despojos dele, e alguns vão chegar ao Nobel, se uma pitonisa não mentiu. Têm pendurada na parede uma colecção de prémios avulsos, dados por júris que têm por aval o ex-épico Alegre, um peixe em águas tranquilas. São todos eles descobertas da Rosário Pedreira, e vivem todos felizes, benzós-deus, que este mundo é um grande logradouro.
Os escritores séniores, consagrados, são agentes da cultura, indispensáveis. Já têm lugar no cânone e dormem sossegados. Porém em termos de arte não andam, em boa parte, muito longe disto. Têm as reverências do mercado, e alegremente ignoram-se uns aos outros. Desconhecendo que os artistas-criadores, génios das únicas obras que o tempo respeitará, são humildes, são discretos, são humanos, só fazem sombra depois de o sol nascer. Deles nos há-de vir sempre a santa literatura, e as malas-artes dela!
Mas dói, e merecíamos melhor, que este silêncio dos intelectuais!
Ou quase! E vem isto a bom propósito duma recente entrevista do João Tordo a uma rádio qualquer, e dum romancinho novo que aí vem.
Quando os oiço dizer, aos júniores e aos mais séniores, que gostam muito de livros, que os livros são o seu destino e fundamento, baixo logo a viseira e alço a guarda. Porque muito preferia ouvi-los jurar amores às palavras, e à literariedade que com elas se pode construir, e às malas-artes que a literatura traz lá dentro, para nossa salvação como leitores dela. E como homens. E como cidadãos. E como espíritos que exigem mais alimento, do que o pobre feno bíblico quotidiano para se manterem vivos, e gemerem o fadário que lhes caiba. É a minha versão do velho assunto dos formalistas russos, uns tipos que nos inícios do séc.XX agitaram os territórios da arte literária com teorizações inovadoras, e foram decapitados, com danos gerais, pela espada dos poderes.
Para voltar à vaca fria, o que eles querem dizer é que gostam do mercado dos livros, desse palco em que lhes cabe o papel de autores, imodestos e vaidosos, muitas vezes, e estranhamente, arrogantes e patéticos, auto-centrados narcisos e umbiguistas. Uma espécie de deuses-criadores no uso da palavra! Do que gostam é do marketing que os impinge aos totós consumidores, e os traduz como pepinos nas línguas mais exóticas, e lhes dá um alvará de fama que a contabilidade dos números valida em aparência. Escamoteiam, ou não fazem ideia, de que a arte e o mercado pouco ou nada têm em comum. Bem ao contrário, o que terão é uma guerra-fria silenciosa, em que a arte perde sempre, neste tempo em que o mercado e o dividendo são imperadores absolutos.
Porque é que deixou de haver crítica literária digna desse nome, ou rara? Porque será que o editor de sucesso deixou de ser a marca de água que já foi, para ser apenas um agenciador de lucros e cotações na bolsa? Simplesmente para não levar com a tábua no cu! E porque é que J.R.dos Santos é de longe o maior criador de arte literária da nossa cultura? Se eu lho pudesse perguntar directamente, dir-me-ia que o meu mal é dor de corno. E eu respondia-lhe, em modo de leitor grosso amante das palavras, vai-te foder! Ficávamos os dois amigos e iguais na grosseria.
Nisto tudo o João Tordo até merece. Respeita escrupulosamente a nossa língua, que tantas vezes se arrasta por aí a cair da boca aos cães. Isso bastará para produzir passatempos de aeroporto, romancinhos de intervalo entre telenovelas, não mais que isso. São todos muito parecidos, na Patagónia, na Tasmânia, em Anchorage ou na Lapónia. Só têm por baixo deles a cultura do google, esse digest pronto-a-deglutir. Possibilitam traduções e vítimas nas melhores línguas (sic!), do malgache ao swahili, ao dialecto das Fiji. Mas muito pouco (ou nada) acrescentam à linguagem das artes literárias. Porque a arte, no mais geral e no particular, não se constrói por actos de voluntarismo empreendedorista. A arte nasce da vida e das tripas dela, e só acontece quando ela quer. Quando já se recusa a germinar lá dentro. Está madura e sai, não há vontade que a possa parar ou apressar.
Claro que o Tordo não sabe nada disto, pois nisto nunca pensou. Mas anda por aí muito pior, um deus-nos-livre! Há o Valter Hugo-Mãe, atarefado ainda a escolher um dialecto, uma questão muito antiga que ele tem. Enquanto leva às lágrimas festivais literários com rosários de emoções pias. Há o rapaz de Galveias, que consome a vida a pedir colo, e a distribuir afectos a viúvas infelizes. Há o Gonçalo M. Tavares, que malbarata tijolos de papel a explicar-nos enigmas ortorrômbicos, e a verdadeira natureza dos quasi-cristais. E outros que tais!
Todos têm o prémio Saramago, ou o dos despojos dele, e alguns vão chegar ao Nobel, se uma pitonisa não mentiu. Têm pendurada na parede uma colecção de prémios avulsos, dados por júris que têm por aval o ex-épico Alegre, um peixe em águas tranquilas. São todos eles descobertas da Rosário Pedreira, e vivem todos felizes, benzós-deus, que este mundo é um grande logradouro.
Os escritores séniores, consagrados, são agentes da cultura, indispensáveis. Já têm lugar no cânone e dormem sossegados. Porém em termos de arte não andam, em boa parte, muito longe disto. Têm as reverências do mercado, e alegremente ignoram-se uns aos outros. Desconhecendo que os artistas-criadores, génios das únicas obras que o tempo respeitará, são humildes, são discretos, são humanos, só fazem sombra depois de o sol nascer. Deles nos há-de vir sempre a santa literatura, e as malas-artes dela!
Mas dói, e merecíamos melhor, que este silêncio dos intelectuais!
sábado, 28 de novembro de 2015
Este homem não tem vergonha na cara mas devia tê-la!
Um tal palavreado, vindo de quem vem, só escandaliza ingénuos. Não surpreende ninguém. E repugna a toda a gente.
Cá por mim, que vá fazer ameaças à dita da tia alice!
Cá por mim, que vá fazer ameaças à dita da tia alice!
A fera enjaulada
Ou aquele obnóxio caso da alimária que se meteu dentro da jaula e trancou a porta por dentro!
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
Considerações vadias, a pretexto dum dossier de capa branca
Diz a reporter que Pedro Nuno Santos entregou para análise da AR o programa do governo, fechado em dossier de capa branca. E mais não soube, para além daquilo que lhe foi servido.
Parece-me este gesto prática assisada: a reserva do que reservado é, e a tempo certo será fornecido à imprensa. Tudo o que vá além disto é contributo para um salame espúrio, que não serve a informação, mas aproveita ao mercado da especulação de que muita gente vive. É pesporrência abusiva duns senhores jornalistas, uns supostos eleitos, habituados à alegre salgalhada das comadres de soalheiro, que lavam na fontana as fraldas íntimas do mundo. É sadio que se vão acostumando a outras práticas! Porque tudo o resto é paleio de rata suja, disfarçado de falsos conceitos sobre a liberdade!
Há dias emitiu a RTP1 um programa assinalável (e raro!) sobre o 25Nov75. E o milagre que foi ter-se evitado o que era um banho de sangue prometido. Houve um santo qualquer, de nome Melo Antunes, que depois de ter feito perceber a Cunhal o que nos aguardava a todos, o aconselhou a desmobilizar os militantes. E no dia 26Nov, foi ainda um santo a afirmar na televisão que o PCP era indispensável para a construção do socialismo e da democracia portuguesa. Era o que se usava então dizer.
Assim acabou por ser. E quem ficou descalça foi a sanguinária direita fascista, revanchista, incendiária, bombista, criminosa e marginal, que vinha afiando as facas longas desde o 25. Naquela memorável noite em que o Salgueiro Maia escorraçou a besta do Terreiro do Paço e a açaimou no Carmo, dentro duma Chaimite. Honra lhe seja feita, por mais uma vez que seja!
No programa vimos desfilar figuras múltiplas, civis e militares, com diversos papéis e desempenhos. Doa a quem doer, de marcar a ferro e fogo são os militares Jaime Neves, Alpoim Calvão não ouvido, um Morais da Silva marioneta, e vários outros que a sombra preservou. Livrámo-nos de boa, todos nós! ***
A mim, pessoalmente, esse notável programa trouxe-me, implícita, a resposta a uma questão que há 40 anos me persegue. Cada um de nós tinha a noção de que tudo estava maduro entre dois campos: quem primeiro mostrasse a cabeça, mais depressa a perderia!
E eu sabia, em princípio. muito bem, que a tropa não se movimenta sem ordens. Admitamos, vá lá, num quadro de grande perturbação geral, da inevitável anarquia, das contradições ideológicas, das flagrantes provocações montadas pelo chefe do Estado Maior da Força Aérea, para desmantelar o regimento dos páraquedistas em Tancos (nesse tempo pertencentes à FA), que não era indispensável uma ordem, um comando, no sentido estrito. Admitamos que uma sugestão, uma voz, um simples som emitido por alguém, bastaria para desencadear movimentos já dificilmente controláveis. Os páras saíram do regimento e ocuparam várias bases aéreas, exigindo a demissão da marioneta, o general graduado Morais da Silva. Mas às ordens de quem?!
O programa respondeu-me a isso, com altíssimo grau de probabilidade. A garantia total, porém, está fechada num único par de lábios que nunca se abrirão, por discreção, por índole e por princípios que ainda há quem respeite e cultive. E eu cheguei, assim, à maior verdade possível, tal me basta.
E é para voltar à vaca fria dos senhores jornalistas, que arranco da lembrança uma figura patética e vaidosa: o já falecido Aventino Teixeira. Despejava garrafas no Procópio, e do Livro Vermelho conhecia as tácticas, o restante nunca chegou a lê-lo. Mas cumpria fielmente a função de bufo do EXPRESSO, sobre tudo quanto se passava nas assembleias de delegados do MFA, ali à Cova da Moura.
A maior parte de nós, militares delegados, do Exército, da Marinha e da Força Aérea, padecíamos da mais completa iliteracia política. Tomávamos de dia algumas luzes de análise, para poder jantá-las à noite. A História deixara-nos na mão a hercúlea tarefa de ajustar contas com uma história falhada de séculos. E as circunstâncias não nos deixavam escusa. Dos políticos futricas ninguém podia esperar milagres, exceptuando o supremo sacrifício de muitos militantes comunistas, esses únicos davides que enfrentaram o golias da Pide, durante décadas, numa guerra de ferro. E a fuga de informação para o Expresso, que nos provocava sérias dificuldades, foi várias vezes falada mas nunca resolvida. Nem as perturbações que daí vinham.
Assim voltámos ao princípio, e aos inconvenientes da badalhoquice informativa. O sol já vai ao cimo da encosta, além na cumeada. E esta nossa vida será bênção dos deuses, mas ainda não é o da Joana. Vamos a ela e deixemos as considerações vadias.
*** Um general do Exército, que fugazmente foi ouvido no programa e já tinha idade para ter juízo, vem hoje num jornal a soltar uma boca, numa comemoração a que presidiu há dias. Elogiou ele o papel do Norte, e sobretudo da Igreja, na "caminhada" para o 25 de Novembro. Na qual ela interveio "trabalhando de dia e conspirando de noite". Para quem tem memória não há nisso novidade. Lembra-se ainda de Vila Real, onde o padre Max foi assassinado. E o cónego Melo, antes de morrer, sabia bem por quem.
Já Ramalho Eanes respondeu sabiamente aos defuntos insepultos das celebrações da data na Assembleia. E convirá distinguir entre o cu e as calças dele: Eanes nunca foi, como alguns eram, um anti-comunista assassino e tresloucado. Livrámo-nos de boa, todos nós!
Parece-me este gesto prática assisada: a reserva do que reservado é, e a tempo certo será fornecido à imprensa. Tudo o que vá além disto é contributo para um salame espúrio, que não serve a informação, mas aproveita ao mercado da especulação de que muita gente vive. É pesporrência abusiva duns senhores jornalistas, uns supostos eleitos, habituados à alegre salgalhada das comadres de soalheiro, que lavam na fontana as fraldas íntimas do mundo. É sadio que se vão acostumando a outras práticas! Porque tudo o resto é paleio de rata suja, disfarçado de falsos conceitos sobre a liberdade!
Há dias emitiu a RTP1 um programa assinalável (e raro!) sobre o 25Nov75. E o milagre que foi ter-se evitado o que era um banho de sangue prometido. Houve um santo qualquer, de nome Melo Antunes, que depois de ter feito perceber a Cunhal o que nos aguardava a todos, o aconselhou a desmobilizar os militantes. E no dia 26Nov, foi ainda um santo a afirmar na televisão que o PCP era indispensável para a construção do socialismo e da democracia portuguesa. Era o que se usava então dizer.
Assim acabou por ser. E quem ficou descalça foi a sanguinária direita fascista, revanchista, incendiária, bombista, criminosa e marginal, que vinha afiando as facas longas desde o 25. Naquela memorável noite em que o Salgueiro Maia escorraçou a besta do Terreiro do Paço e a açaimou no Carmo, dentro duma Chaimite. Honra lhe seja feita, por mais uma vez que seja!
No programa vimos desfilar figuras múltiplas, civis e militares, com diversos papéis e desempenhos. Doa a quem doer, de marcar a ferro e fogo são os militares Jaime Neves, Alpoim Calvão não ouvido, um Morais da Silva marioneta, e vários outros que a sombra preservou. Livrámo-nos de boa, todos nós! ***
A mim, pessoalmente, esse notável programa trouxe-me, implícita, a resposta a uma questão que há 40 anos me persegue. Cada um de nós tinha a noção de que tudo estava maduro entre dois campos: quem primeiro mostrasse a cabeça, mais depressa a perderia!
E eu sabia, em princípio. muito bem, que a tropa não se movimenta sem ordens. Admitamos, vá lá, num quadro de grande perturbação geral, da inevitável anarquia, das contradições ideológicas, das flagrantes provocações montadas pelo chefe do Estado Maior da Força Aérea, para desmantelar o regimento dos páraquedistas em Tancos (nesse tempo pertencentes à FA), que não era indispensável uma ordem, um comando, no sentido estrito. Admitamos que uma sugestão, uma voz, um simples som emitido por alguém, bastaria para desencadear movimentos já dificilmente controláveis. Os páras saíram do regimento e ocuparam várias bases aéreas, exigindo a demissão da marioneta, o general graduado Morais da Silva. Mas às ordens de quem?!
O programa respondeu-me a isso, com altíssimo grau de probabilidade. A garantia total, porém, está fechada num único par de lábios que nunca se abrirão, por discreção, por índole e por princípios que ainda há quem respeite e cultive. E eu cheguei, assim, à maior verdade possível, tal me basta.
E é para voltar à vaca fria dos senhores jornalistas, que arranco da lembrança uma figura patética e vaidosa: o já falecido Aventino Teixeira. Despejava garrafas no Procópio, e do Livro Vermelho conhecia as tácticas, o restante nunca chegou a lê-lo. Mas cumpria fielmente a função de bufo do EXPRESSO, sobre tudo quanto se passava nas assembleias de delegados do MFA, ali à Cova da Moura.
A maior parte de nós, militares delegados, do Exército, da Marinha e da Força Aérea, padecíamos da mais completa iliteracia política. Tomávamos de dia algumas luzes de análise, para poder jantá-las à noite. A História deixara-nos na mão a hercúlea tarefa de ajustar contas com uma história falhada de séculos. E as circunstâncias não nos deixavam escusa. Dos políticos futricas ninguém podia esperar milagres, exceptuando o supremo sacrifício de muitos militantes comunistas, esses únicos davides que enfrentaram o golias da Pide, durante décadas, numa guerra de ferro. E a fuga de informação para o Expresso, que nos provocava sérias dificuldades, foi várias vezes falada mas nunca resolvida. Nem as perturbações que daí vinham.
Assim voltámos ao princípio, e aos inconvenientes da badalhoquice informativa. O sol já vai ao cimo da encosta, além na cumeada. E esta nossa vida será bênção dos deuses, mas ainda não é o da Joana. Vamos a ela e deixemos as considerações vadias.
*** Um general do Exército, que fugazmente foi ouvido no programa e já tinha idade para ter juízo, vem hoje num jornal a soltar uma boca, numa comemoração a que presidiu há dias. Elogiou ele o papel do Norte, e sobretudo da Igreja, na "caminhada" para o 25 de Novembro. Na qual ela interveio "trabalhando de dia e conspirando de noite". Para quem tem memória não há nisso novidade. Lembra-se ainda de Vila Real, onde o padre Max foi assassinado. E o cónego Melo, antes de morrer, sabia bem por quem.
Já Ramalho Eanes respondeu sabiamente aos defuntos insepultos das celebrações da data na Assembleia. E convirá distinguir entre o cu e as calças dele: Eanes nunca foi, como alguns eram, um anti-comunista assassino e tresloucado. Livrámo-nos de boa, todos nós!
Párias
Camponês de Borda d'Água, fui ao mercado tratar dos meus negócios. Lá encontrei disponível esse velho Correio da Manha. Incansável na missão suprema de dar luta ao Anti-Cristo, que há muitos anos encarnou em José Sócrates. É o seu seguro de vida e dividendos, o mercado manda assim.
Mas na edição de hoje sobressai um pária, um tal J P Coutinho, que partilha espaço de colunista com outro indígena exótico, o J. M. Tavares.
Diz assim o J.P. Coutinho, com ar sério. "O primeiro-ministro António Costa é um homem que inspira no português médio uma náusea geral. É um primeiro-ministro cercado, de um governo remetido para o gueto."
De que realidade fala o desgraçado? E não se trata dum jornalista amestrado, prisioneiro duma trela! É um colonista formador de opinião!
O que é que levará um espírito que se respeita a si próprio a trocá-lo pela condição de pária, intelectual, ético, moral, deontológico?! É um salário para pagar o pão dos filhos, ou uma missão de bombista suicida, com setenta virgens míticas na bicha?!
Mas na edição de hoje sobressai um pária, um tal J P Coutinho, que partilha espaço de colunista com outro indígena exótico, o J. M. Tavares.
Diz assim o J.P. Coutinho, com ar sério. "O primeiro-ministro António Costa é um homem que inspira no português médio uma náusea geral. É um primeiro-ministro cercado, de um governo remetido para o gueto."
De que realidade fala o desgraçado? E não se trata dum jornalista amestrado, prisioneiro duma trela! É um colonista formador de opinião!
O que é que levará um espírito que se respeita a si próprio a trocá-lo pela condição de pária, intelectual, ético, moral, deontológico?! É um salário para pagar o pão dos filhos, ou uma missão de bombista suicida, com setenta virgens míticas na bicha?!
Simples! Como o génio!
«Aquela senhora tem um piano
Que é agradável mas não é o correr dos rios
Nem o murmúrio que as árvores fazem...
Para que é preciso ter um piano?
O melhor é ter ouvidos
E amar a Natureza.»
[Poemas de Alberto Caeiro, Ed. Ática, Lisboa]
Que é agradável mas não é o correr dos rios
Nem o murmúrio que as árvores fazem...
Para que é preciso ter um piano?
O melhor é ter ouvidos
E amar a Natureza.»
[Poemas de Alberto Caeiro, Ed. Ática, Lisboa]
Estilhaços 3
Essa cabra dos Swap's encheu os dois balões de ar e garantiu cofres cheios. Omitiu ser de estilhaços.
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
Estilhaços 2
A derradeira medida deste insepulto governo é reduzir ao doente uma moderadora de 10 para 5!
Parece um curativo! É um estilhaço!
Parece um curativo! É um estilhaço!
Charlie
Este é dinamarquês, não desenha nem desdenha de profetas. Prefere passatempos menos cómodos. Anda a fazer 18 mil quilómetros a pé, de tenda às costas até à Tanzania, a dormir onde bem calha. Já chegou a Portugal, e quer recolher dinheiros para construir uma ajuda num sertão. Uns 200 euritos já lá cantam.
Eu já percorri um dia 30 mil, para chegar a Dar-Salam. Nanja a pé, que deus-me-livre, e não me ficaram febres de voltar.
Porém não há descobertas, nem sertões, nem sonhos, nem bebedeiras, que uma juventude viva não submeta! Por isso a querem calada, tantos deles, a ruminar um feno quotidiano...
Eu já percorri um dia 30 mil, para chegar a Dar-Salam. Nanja a pé, que deus-me-livre, e não me ficaram febres de voltar.
Porém não há descobertas, nem sertões, nem sonhos, nem bebedeiras, que uma juventude viva não submeta! Por isso a querem calada, tantos deles, a ruminar um feno quotidiano...
Estilhaços 1
A gente sabe (ou devia!) o que um estilhaço é: um resquício metálico da casca duma granada, que umas vezes surpreende e outras muito simplesmente nos deixa de boca aberta. Para aprendermos (e é já tarde!) a andar de boca fechada!
Este aqui é um exemplo. Para aprendermos, mesmo tarde!
Este aqui é um exemplo. Para aprendermos, mesmo tarde!
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Imprimatur! Licet!
1 - Ao Costa, que tem pela frente os Trabalhos de Hércules modernos. Tem mostrado a garra do leão.
2 - Ao Ferro Rodrigues, que finalmente está no sítio certo.
3 - Ao Carlos César, melhor só como candidato a PR.
4 - Ao Augusto Santos Silva que é uma trave do telhado.
5 - Ao Vieira da Silva, cuja humildade e esforço reverencio, e aceitou voltar ao que lhe incumbe.
6 - Ao Azeredo Lopes, que mais pessoalmente me respeita, e ainda me não responde ao GPS.
7 - À Francisca Van Dunen da Justiça, que entrou num circo de feras. É uma matrioska russa, não sei o que traz lá dentro. Mesmo a caixa de Pandora, no mínimo guarda a Esperança.
8 - Aos outros todos, e ao BE e ao PCP, que nos tornaram possível a dignidade e o orgulho de voltar a senti-la.
9 - E agora me silencio. Que as emoções não têm lugar aqui e o peito já me claudica.
2 - Ao Ferro Rodrigues, que finalmente está no sítio certo.
3 - Ao Carlos César, melhor só como candidato a PR.
4 - Ao Augusto Santos Silva que é uma trave do telhado.
5 - Ao Vieira da Silva, cuja humildade e esforço reverencio, e aceitou voltar ao que lhe incumbe.
6 - Ao Azeredo Lopes, que mais pessoalmente me respeita, e ainda me não responde ao GPS.
7 - À Francisca Van Dunen da Justiça, que entrou num circo de feras. É uma matrioska russa, não sei o que traz lá dentro. Mesmo a caixa de Pandora, no mínimo guarda a Esperança.
8 - Aos outros todos, e ao BE e ao PCP, que nos tornaram possível a dignidade e o orgulho de voltar a senti-la.
9 - E agora me silencio. Que as emoções não têm lugar aqui e o peito já me claudica.
É a vida!
Tantas vezes a realidade ultrapassa na nossa vida a ficção! Porém é raríssimo encontrar tão requintado e inocente cinismo natural!
Pedra funerária
Duns infiéis defuntos que nem a história guardará! Aqui ficam arquivados. Requiescant!
Um Dâmaso, a Laranja/Laranjona e a Magali/Magalona
O Correio da Manha há-de ser o jornal mais lido do universo. Porque, desde o Ushuaia a Vladivostoque a pé, não há estanco nem taberna onde ele não esteja à disposição do povo. Cá por mim não o dispenso, nunca, sempre que saio do campo e arrisco até à cidade.
E hoje lá estava ele. O Dâmaso a esgraciar-se do corno, em lamentoso estado de sangramento. E logo ao lado a Laranja/Laranjona, a fazer a cobertura do jantar que o Sócrates fez na FIL.
Diz ela que os seguranças não lhe largavam a sombra, a ele. Ao ponto de molestarem uns colegas jornalistas do CM e da CMTV, que só lhe queriam fazer umas perguntas, coitados. Rudes, estes seguranças, fazem lembrar cães de guarda a prisioneiros perigosos.
A Magali/Magalona falava que os três gorilas eram ilegais, por serem criminosos clandestinos, numa empresa de segurança sem alvará da polícia. E que o Sócrates era cúmplice desta bandalheira, e já merecia o castigo dos cinco anos de máxima, prevista nos manuais em casos tais.
O resto era deste género. E amanhã ainda lá está!
E hoje lá estava ele. O Dâmaso a esgraciar-se do corno, em lamentoso estado de sangramento. E logo ao lado a Laranja/Laranjona, a fazer a cobertura do jantar que o Sócrates fez na FIL.
Diz ela que os seguranças não lhe largavam a sombra, a ele. Ao ponto de molestarem uns colegas jornalistas do CM e da CMTV, que só lhe queriam fazer umas perguntas, coitados. Rudes, estes seguranças, fazem lembrar cães de guarda a prisioneiros perigosos.
A Magali/Magalona falava que os três gorilas eram ilegais, por serem criminosos clandestinos, numa empresa de segurança sem alvará da polícia. E que o Sócrates era cúmplice desta bandalheira, e já merecia o castigo dos cinco anos de máxima, prevista nos manuais em casos tais.
O resto era deste género. E amanhã ainda lá está!
O plausível improvável
Só há um escroque venerando, alias um cavaco presidente, ainda pior do que aquele que já vimos: era só marcar a posse ao Costa no memorável 25 de Novembro; e antes disso chamá-lo a Belém, para ele lhe esclarecer esta dúvida insistente. - O que é que faz esta preta no governo?!
terça-feira, 24 de novembro de 2015
"Perigo amarelo"!
À melhor atenção dessa coisa do E.I., não vão, coitados, pensar que isto é o da Joana!
Conclusão: com os ursos todos constipados e o circo encerrado sine die...
Rir é mesmo o melhor dos remédios. Falo dum riso com veneno dentro, claro!
SMO
A extinção do Serviço Militar Obrigatório (SMO) consta do palmarés glorioso duma dupla de canalhas juvenis, que entre nós acodem ao nome de Passos e Seguro. Sobretudo porque é chato ir às sortes e mostrar o cu ao médico; é maçador aturar o sargento (honni soit); e é modernaço e mais americano, porque nos protege o coiro e garante a liberdadezinha!
De forma que a tropa passou a ser voluntária, e mercenária, e muitíssimo mais cara para o contribuinte. A pátria, essa estranha, vá-se queixar ao dentista!
Estes aqui, por exemplo, estão a rever o equívoco, por razões ensanguentadas. Mas cá não, que é reversão!!!
De forma que a tropa passou a ser voluntária, e mercenária, e muitíssimo mais cara para o contribuinte. A pátria, essa estranha, vá-se queixar ao dentista!
Estes aqui, por exemplo, estão a rever o equívoco, por razões ensanguentadas. Mas cá não, que é reversão!!!
Cassandras
Estas putas das cassandras da direita (e os trombeteiros que elas trazem pela trela), que desde há séculos desprezam Portugal e o povo dele, não se cansam de nos produzir avisos, de nos preverem todas as catástrofes, que um governo do Costa nos trará.
Na verdade estas cassandras exibem a incurável dor de corno, em estado de sangramento, que lhes impede o sono e as prostra no desespero.
Pois que se vão foder e levem na bolsinha as catástrofes passadas, e as presentes, com que sempre nos têm dizimado em proveito próprio!
Na verdade estas cassandras exibem a incurável dor de corno, em estado de sangramento, que lhes impede o sono e as prostra no desespero.
Pois que se vão foder e levem na bolsinha as catástrofes passadas, e as presentes, com que sempre nos têm dizimado em proveito próprio!
A propósito de Assad, o sírio
Putin dá lições e baile à galdéria da Nato. No intermezzo, uns tipos do Texas brincam aos cobóis, debaixo da bandeira do sétimo de cavalaria: "sufocar e estrangular o coração" dos bandidos.
Já reservei um bilhete para essa matinée.
Já reservei um bilhete para essa matinée.
Phodassss, em bom dialecto!
Quatro graus no Porto? Sete de máxima na Guarda? Vai bonita a brincadeira!
O que nos vale a nós é o Sol que já promete! E sobretudo a bomba de calor, essa escrava que não dorme em serviço! Quem nos dera que isso fosse, também no Pátio dos Bichos, e que nenhum paranóico sem-abrigo por lá andasse, a justificar-lhe o nome!
A quem ela não valeu de nada foi ao Sukhoi russo, que a Turquia abateu na fronteira da Síria, ganda bronca! E às bolsas da Europa, que também estão a cair
Os novos donos da TAP já vendem terrenos e oficinas, é uma festa, antes que seja tarde. Dizem eles que não se pode ter tudo! Não é bem assim que pensa um grupo de senadores, que assinam um manifesto em defesa de Schengen, esse grito de alerta aos europeus, que bem merecem. Advertem uns aventureiros dela de que ninguém se salvará sozinho! Conselho útil para o holandês voador, o chefe do Eurogrupo das finanças, o bàrbaro Dijsselbloem, essa versão pataqueira do Hansvassfüder alemão! Oxalá tenham ambos juizinho e o dividam irmãmente, como os cães! Parece o mundo uma feira da ladra (sem ofensa). E muito suspeito eu de que o melhor ainda está para vir!
A ver vamos, nós também, se o velho marreta acaba hoje por dar a chupeta ao puto protestante, e se cala duma vez! Até o Sol que aí vem tem pressa de o mandar apanhar banhos, na marquise do Possolo. Phodassss!, em bom dialecto!
Vou mas é à caminhada, enquanto espero, com os auriculares no bolso. Bendita tecnologia, essa menina que nos vem salvar, enquanto nos escraviza!
O que nos vale a nós é o Sol que já promete! E sobretudo a bomba de calor, essa escrava que não dorme em serviço! Quem nos dera que isso fosse, também no Pátio dos Bichos, e que nenhum paranóico sem-abrigo por lá andasse, a justificar-lhe o nome!
A quem ela não valeu de nada foi ao Sukhoi russo, que a Turquia abateu na fronteira da Síria, ganda bronca! E às bolsas da Europa, que também estão a cair
Os novos donos da TAP já vendem terrenos e oficinas, é uma festa, antes que seja tarde. Dizem eles que não se pode ter tudo! Não é bem assim que pensa um grupo de senadores, que assinam um manifesto em defesa de Schengen, esse grito de alerta aos europeus, que bem merecem. Advertem uns aventureiros dela de que ninguém se salvará sozinho! Conselho útil para o holandês voador, o chefe do Eurogrupo das finanças, o bàrbaro Dijsselbloem, essa versão pataqueira do Hansvassfüder alemão! Oxalá tenham ambos juizinho e o dividam irmãmente, como os cães! Parece o mundo uma feira da ladra (sem ofensa). E muito suspeito eu de que o melhor ainda está para vir!
A ver vamos, nós também, se o velho marreta acaba hoje por dar a chupeta ao puto protestante, e se cala duma vez! Até o Sol que aí vem tem pressa de o mandar apanhar banhos, na marquise do Possolo. Phodassss!, em bom dialecto!
Vou mas é à caminhada, enquanto espero, com os auriculares no bolso. Bendita tecnologia, essa menina que nos vem salvar, enquanto nos escraviza!
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
Ó Tacheira! &/ou Alex, dá no mesmo!
Constou-se-me o seguinte, que foi isto. E agora pergunto eu:
Se não ages aqui com dúplices critérios, porque é que este homem não está na prisão de Évora, a habitar um 2X3?
Por onde é que tem andado a tua imparcialidade e rectidão?
E a ética, que nos governa a vida?
E a moralzinha, a base dos bons costumes?
E a majestade imponente que arvoras nessa toga?
Ou será que à sombra dela andas de cuecas sujas?!
Se não ages aqui com dúplices critérios, porque é que este homem não está na prisão de Évora, a habitar um 2X3?
Por onde é que tem andado a tua imparcialidade e rectidão?
E a ética, que nos governa a vida?
E a moralzinha, a base dos bons costumes?
E a majestade imponente que arvoras nessa toga?
Ou será que à sombra dela andas de cuecas sujas?!
Diz quem sabe
Desta poda!
« (...) Defende tropas no terreno?
Sim, mas não num envolvimento total. Não é possível os europeus enviarem milhares de homens para a Síria para combaterem os terroristas. A solução tem de ser uma aliança com o Estado em causa.
A natureza do regime sírio não dificulta essa colaboração?
Não tem dificultado. Neste momento, franceses e russos estão a bombardear. Claro que a
guerra civil na Síria e o terrorismo estão misturados. A Rússia, por exemplo, não é dessa opinião.
Para acabar com o terrorismo na Síria temos de patrocinar um ditador?
Não digo que seja um ditador. Neste momento, os Estados Unidos estão a enviar esquadrilhas de aviões para bombardear algumas áreas, o que é combinado com o Governo sírio. Essas intervenções são possíveis e úteis. Avançar com tropas e ocupar o território é criar um outro Vietname. É um lodaçal donde nunca mais se sai. (...)
É genuína a preocupação da Rússia no combate ao jihadismo?
Neste caso, acho que sim. É verdade que não estiveram a bombardear o auto-proclamado
Estado Islâmico (EI), mas a oposição ao Presidente da Síria. O que se está a passar na Síria, no fundo, é uma série de disputas desencontradas que decorrem no mesmo lugar. Há a resistência ao Presidente Bashar al-Assad, os apoiantes deste, os terroristas. Bashar al-Assad reclama, e tem um pouco de razão, que ele é a última garantia de uma certa segurança. Quando aconteceram as chamadas “primaveras árabes”, toda a gente bateu palmas. Eu chamei- lhes as “invernias árabes” porque, de facto, a alteração de uma determinada estrutura hierárquica que está a funcionar — pode não nos agradar — dá uma certa garantia. Há, pelo menos, o mínimo de condições de segurança que aquela estrutura tem capacidade de manter. Agora estamos perante o contrário: as estruturas que deviam controlar internamente nesses Estados todas estas erupções não funcionam e vêm projectar-se no exterior. É o que está a acontecer. A Europa, de certa maneira, transformou-se no terreno de manobra dessas forças. (...)»
Faz-me um favor urgente!
[Ainda e sempre, o pródigo JJ!]
Em vez de passares o pouco tempo que tens a mirar, feito bebe-água, a banca das frívolas frutas de época, vai ali depressa ouvir esta voz! Uma vez lá dentro, clica "Paciência e desafio"!
Deus
VI
Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos.
Por isso se nos não mostrou...
Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!...
[Poemas de Alberto Caeiro, Ed.Ática, Lisboa]
Genesis 2
E a Noite veio, antiquíssima e idêntica. Fria e cheia, trouxe a Lua no regaço. Um Sol esplendoroso vai nascer, num surpreendente céu azul. Haja Deus... o Grande Foco... Haja!
domingo, 22 de novembro de 2015
O sensacional sensacionista
Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente,
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.
[Poesias de Álvaro de Campos, Ed. Ática, Lisboa]
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente,
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.
[Poesias de Álvaro de Campos, Ed. Ática, Lisboa]
A falsa ingenuidade, o servilismo irracional e o fariseísmo desta canalha de jornaleiros
« A saga dos refugiados tem agora nos Estados Unidos da América um palco de fortes tensões. Barack Obama comprometeu-se a receber 10 mil, vindos da Síria, em 2016, mas a Câmara dos Representantes praticamente fechou-lhes as portas. Não apenas os Republicanos (242 em 246), mas também 47 Democratas (em 188), e isso, para Obama, é um duro golpe. Golpe que ele irá, já o disse, rechaçar com um veto, mas não resolverá o principal: o ódio e o medo que alastram, a pretexto de que, com os refugiados, virão terroristas.
Donald Trump, por exemplo, ao ver “homens jovens e fortes” entre os refugiados (teriam que vir apenas velhos,mulheres e crianças?!), imagina-os possíveis partidários do ISIS e acha que não se pode correr riscos.
O problema é que a vida é um risco. Viu-se no 11 de Setembro, e os assassinos não eram refugiados. Viu-se em Paris, e os terroristas eram, na sua maioria, franceses. Não correr riscos é virar as costas à vida e ao mundo.» [in PÚBLICO]
Obama está no fim do prazo legal de validade. E este jornaleiro (dono dum português trôpego e descuidado) finge desconhecer que o racismo é a natureza mais funda da sociedade americana. E que um Obama presidente democrata negro foi, a seu tempo, um burladero que a América serviu à opinião pública, para se lavar dos crimes cometidos pela administração americana após o 9/11. O próprio presidente dos Republicanos foi transitoriamente um negro (heresia suprema!), cujo retrato anda aí nas alfurjas do Google.
Obama já desempenhou o papel que a América lhe tinha reservado, e vai naturalmente à vida, pouco ou nada tendo cumprido daquilo que tomara como intenção e programa, por não ter carta de alforria para ele: não encerrou Guantânamo; não resolveu o problema dos 50 milhões de pobres americanos sem acesso à saúde; não esvaziou a agressividade da Nato em relação à Rússia; não evitou que a Europa caísse na impotência a que está reduzida, servida por lacaios da finança da América, que sacrificam os seus povos à austeridade da mesma finança criminosa; não conseguiu qualquer passo em frente, na domesticação dos falcões sionistas, nem na mala-sorte dos palestinianos; não corrigiu um milímetro na cumplicidade com a Saudi-Arábia, que se dedica alegremente a financiar o Estado Islâmico e vai garrotando a Europa.
O nosso jornaleiro intui que não é verdade, porque não é propriamente um asno. Mas finge desconhecer que as Torres Gémeas foram a primeira peça da comédia, e não caíram por acção criminosa dum Bin-Laden qualquer. Implodiram, coitadas, e só ruíram como todo o mundo viu, porque foram preparadas para isso, como os engenheiros sabem.
O jornaleiro intui tudo isso, mas não está autorizado a dizê-lo. Por isso levanta poeiradas, mantém-nos a dormir, faz o que lhe mandam os patrões e paga ao padeiro o pão dos filhos. Admirável mundo, este nosso!
Donald Trump, por exemplo, ao ver “homens jovens e fortes” entre os refugiados (teriam que vir apenas velhos,mulheres e crianças?!), imagina-os possíveis partidários do ISIS e acha que não se pode correr riscos.
O problema é que a vida é um risco. Viu-se no 11 de Setembro, e os assassinos não eram refugiados. Viu-se em Paris, e os terroristas eram, na sua maioria, franceses. Não correr riscos é virar as costas à vida e ao mundo.» [in PÚBLICO]
Obama está no fim do prazo legal de validade. E este jornaleiro (dono dum português trôpego e descuidado) finge desconhecer que o racismo é a natureza mais funda da sociedade americana. E que um Obama presidente democrata negro foi, a seu tempo, um burladero que a América serviu à opinião pública, para se lavar dos crimes cometidos pela administração americana após o 9/11. O próprio presidente dos Republicanos foi transitoriamente um negro (heresia suprema!), cujo retrato anda aí nas alfurjas do Google.
Obama já desempenhou o papel que a América lhe tinha reservado, e vai naturalmente à vida, pouco ou nada tendo cumprido daquilo que tomara como intenção e programa, por não ter carta de alforria para ele: não encerrou Guantânamo; não resolveu o problema dos 50 milhões de pobres americanos sem acesso à saúde; não esvaziou a agressividade da Nato em relação à Rússia; não evitou que a Europa caísse na impotência a que está reduzida, servida por lacaios da finança da América, que sacrificam os seus povos à austeridade da mesma finança criminosa; não conseguiu qualquer passo em frente, na domesticação dos falcões sionistas, nem na mala-sorte dos palestinianos; não corrigiu um milímetro na cumplicidade com a Saudi-Arábia, que se dedica alegremente a financiar o Estado Islâmico e vai garrotando a Europa.
O nosso jornaleiro intui que não é verdade, porque não é propriamente um asno. Mas finge desconhecer que as Torres Gémeas foram a primeira peça da comédia, e não caíram por acção criminosa dum Bin-Laden qualquer. Implodiram, coitadas, e só ruíram como todo o mundo viu, porque foram preparadas para isso, como os engenheiros sabem.
O jornaleiro intui tudo isso, mas não está autorizado a dizê-lo. Por isso levanta poeiradas, mantém-nos a dormir, faz o que lhe mandam os patrões e paga ao padeiro o pão dos filhos. Admirável mundo, este nosso!
sábado, 21 de novembro de 2015
Assombrações
Isto ocupava os planos militares soviéticos nos finais dos anos oitenta, na véspera do abandono do "Vietnam do Afeganistão". Pasme-se de compaixão pelas Mães da Rússia!
Ainda hoje, porém, há em Portugal quem pense que a perestroika e a glasnost foram uma traição. E que Moscovo implodiu por falta de estalinismo e não por excesso dele.
Ainda hoje, porém, há em Portugal quem pense que a perestroika e a glasnost foram uma traição. E que Moscovo implodiu por falta de estalinismo e não por excesso dele.
[Prendas dum pródigo JJ]
[Oito reactores com 224 mil libras de impulso; voava sobre os mares, incapaz de atingir altitudes superiores a 15 metros, indetectável pelos radares; raio de acção superior a 2 mil milhas; tripulação autosuficiente durante 5 dias; sistema de mísseis e armas anti-navio que davam ao inimigo menos de 30 segundos de reacção após detecção; peso máximo de 300 toneladas; se necessário podia transportar 900 soldados.]
Cereja em cima do bolo: Por essa idade, Brezhnev delirava com a suavidade dos champôs de bebés da América! E a história, que nunca perdoa, tratou do resto!
Cinco minutos do teu tempo! Que te destapam o génio poético e te salvam a vida!
V
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do Mundo?
Sei lá o que penso do Mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o Sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o Sol, e já não pode pensar em nada,
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do Sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
"Constituição íntima das coisas"...
"Sentido íntimo do universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em coisas destas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das coisas
É, acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das coisas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as coisas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e o sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.
[Poemas, Alberto Caeiro, Ed.Ática, Lisboa]
Era muito bela a língua francesa...
Quando a havia! Depois dela restaram o saxão, para apertar os parafusos do mundo; restou o castelhano, para dar voz ao sangue, se a exigir; restou o italiano, quando é possível ir à ópera; restou o alemão, para impor à babel algum respeito; e sobrou a portuguesa, o eco mais puro do lirismo linguístico.
[»Minuto 4«]
[»Minuto 4«]
Diz-me lá tu, meu René!
Ao meu querido Vasco, que um dia se tornou meu filho e ainda é.
O negro estava ali, na sombra da mangueira. Um pé no chão e o outro sobre uma pedra. E eu fazia uma paragem no Dondo. a folgar o condutor da ambulância. Por perto haveria um grande rio, não se via mas senti-o. A viatura trazia dois cadáveres que me incumbia acompanhar a Luanda. Na antevéspera fiz missões a asa deles.
O negro deu início à melopeia. Repetitiva, monótona, incansável. Sempre igual, ausência pura de significados meus, cartesianos e brancos. Embatia-me nos tímpanos e fazia ricochete, não entrava. Até que se tornou encantamento.
Uma voz que me chama, eu já lá vou, e lá ficou o negro a saltitar. O que eu não dava para estar, ainda agora, dentro da cabeça dele!
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
Vista por dentro
É esta a radiografia da merda em que andam a transformar a nossa pátria. Talvez se fodam, uns e outros!
Mais, o quê?!
O Costa vai levar ao venerando os ministros dum governo numa pasta. Um pirete das Caldas como prenda, que vai dado e arregaçado. Mais do que isto, só o quê?!
"Fui preso para impedir o PS de ganhar as eleições!"
É esta a única coisa que resiste à prova dos factos, no processo de Sócrates. Ex-preso 44, modernamente prisioneiro 33.
Saiu da cela a oferecer lume aos carcereiros. E agora é a autoridade tributária a imputar-lhe, em sede de IRS, os milhões que o Tacheira e o Alex ficcionaram. Vai bonita, a brincadeira!
Saiu da cela a oferecer lume aos carcereiros. E agora é a autoridade tributária a imputar-lhe, em sede de IRS, os milhões que o Tacheira e o Alex ficcionaram. Vai bonita, a brincadeira!
Ontem à noite
O céu estrelou, ao fim duma semana, finalmente. A lua incendiou-se no poente, a crescer para lua cheia, a esconder-se atrás da serra. Vénus largou a trela do Vulcano, qual delas, parecem duas! A estrada de Santiago semelha mais um atalho, onde é que levará ela?!
Casos para a bruxa da Relva, leiloada que foi a pitonisa! Nisto tudo, o solstício já chegou à Cruz de Pedra. Haja Deus!
Casos para a bruxa da Relva, leiloada que foi a pitonisa! Nisto tudo, o solstício já chegou à Cruz de Pedra. Haja Deus!
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
Parvos
Sucede-me por vezes a conversa com os cães. As ovelhas do rebanho são mais silenciosas, limitam-se a olhar, sabedoria suprema. Um dia veio mesmo a acontecer-me, falar com a janela a fingir duma igreja barroca.
E logo os há a mirar-me de parvo, como parvos que simulam não o ser. Como se fora possível ser parvo, sem o ar de o parecer!
E logo os há a mirar-me de parvo, como parvos que simulam não o ser. Como se fora possível ser parvo, sem o ar de o parecer!
Já não era sem tempo!
Os deuses desterrados,
Os irmãos de Saturno,
Às vezes, no crepúsculo
Vêm espreitar a vida.
(...)E o poente tem cores
Da dor dum deus longínquo,
E ouve-se soluçar
Para além das esferas...
Assim choram os deuses.
[Odes, Ricardo Reis, Ed. Ática Lx]
"Elevada complexidade e extensão da prova recolhida... elevada conflitualidade processual, que foi sendo desencadeada desde a detenção ..."
Desculpa-lhes, a eles, o trôpego português, que a nossa língua é muito generosa e perdoa todos os dias muita coisa!
Mas não deixes de ler isto enquanto é tempo, porque a sherazade vai chamar-lhe um figo, para trocar as voltas a um sultão, com as mil e uma noites.
Mas não deixes de ler isto enquanto é tempo, porque a sherazade vai chamar-lhe um figo, para trocar as voltas a um sultão, com as mil e uma noites.
Sonhos húmidos
A direita, na Assembleia, resolveu propôr celebrações do 25 de Novembro, data célebre de 75. Modo retórico e ardiloso de meter a foice em alheia seara!
E embora debilitadas por antigos sonhos húmidos, vozes houve que se ergueram dalguns náufragos, a acusar o Partido Socialista de estar "acorrentado" pelo comité central do PCP. Um leãozito de circo!
Saiu-lhes bem o tiro pela culatra! Não só dos lados da bancada socialista, que recusou ser "cúmplice de jogatanas, em exercícios lúdicos infantis"; bem assim como pela voz, insuspeitíssima, de Vasco Lourenço: a Assembleia faz bem, quando não celebra acontecimentos fracturantes! Melhor há que festejar as datas inclusivas, em que Portugal inteiro se revê. Toma lá, vai-te curar!
E embora debilitadas por antigos sonhos húmidos, vozes houve que se ergueram dalguns náufragos, a acusar o Partido Socialista de estar "acorrentado" pelo comité central do PCP. Um leãozito de circo!
Saiu-lhes bem o tiro pela culatra! Não só dos lados da bancada socialista, que recusou ser "cúmplice de jogatanas, em exercícios lúdicos infantis"; bem assim como pela voz, insuspeitíssima, de Vasco Lourenço: a Assembleia faz bem, quando não celebra acontecimentos fracturantes! Melhor há que festejar as datas inclusivas, em que Portugal inteiro se revê. Toma lá, vai-te curar!
Salvo melhor opinião
Se por acaso, como vai constando... o ainda nosso venerando empata-fodas vier a descobrir a pólvora... e pretender empossar um governo de transição a cargo do Costa... como quem dá a Costa uma chupeta seca... só pode obter como resposta brejeira: o que tu queres está murcho, ó imbecil!!!
Mas quem é que tem a lata de se por a brejeirar com múmias paranóicas?!
Mas quem é que tem a lata de se por a brejeirar com múmias paranóicas?!
"Realidades" do génio poético
Mestre, são plácidas / Todas as horas / Que nós perdemos. / Se no perdê-las, / Qual numa jarra, / Nós pomos flores. /
Não há tristezas / Nem alegrias / Na nossa vida. / Assim saibamos, / Sábios incautos, / Não a viver, /
Mas decorrê-la, /T ranquilos, plácidos, / Tendo as crianças / Por nossas mestras / E os olhos cheios / De Natureza./
À beira rio, / À beira estrada, / Conforme calha, / Sempre no mesmo / Leve descanso / de estar vivendo. /
O tempo passa, / Não nos diz nada. / Envelhecemos. / Saibamos, quase maliciosos / Sentir-nos ir. /
Não vale a pena / Fazer um gesto. / Não se resiste / Ao deus atroz / Que os próprios filhos / Devora sempre. /
Colhamos flores. / Molhemos leves / As nossas mãos / Nos rios calmos, / Para aprendermos / Calma também. /
Girassóis sempre / Fitando o Sol, / Da vida iremos / Tranquilos, tendo / Nem o remorso / De ter vivido. /
[Odes, Ricardo Reis, Ed. Ática, Lx]
Não há tristezas / Nem alegrias / Na nossa vida. / Assim saibamos, / Sábios incautos, / Não a viver, /
Mas decorrê-la, /T ranquilos, plácidos, / Tendo as crianças / Por nossas mestras / E os olhos cheios / De Natureza./
À beira rio, / À beira estrada, / Conforme calha, / Sempre no mesmo / Leve descanso / de estar vivendo. /
O tempo passa, / Não nos diz nada. / Envelhecemos. / Saibamos, quase maliciosos / Sentir-nos ir. /
Não vale a pena / Fazer um gesto. / Não se resiste / Ao deus atroz / Que os próprios filhos / Devora sempre. /
Colhamos flores. / Molhemos leves / As nossas mãos / Nos rios calmos, / Para aprendermos / Calma também. /
Girassóis sempre / Fitando o Sol, / Da vida iremos / Tranquilos, tendo / Nem o remorso / De ter vivido. /
[Odes, Ricardo Reis, Ed. Ática, Lx]
Jornalistas
No canal 3 passa o Louçã, entrevistado pelo triste Vítor Gonçalves. Esse jornalista-tipo, que só é capaz de entrevistar políticos de direita, que tão caninamente e tão eficazmente tem servido.
E acabo por ter inveja da paciência de Job, da caridade cristã, que vejo cultivar ao entrevistado. Quase placidamente, quase franciscanamente, lá explica, lá explana, lá tolera. Eu não seria capaz!
Porque o triste mercenário não esconde o frenesi que o domina. Apela a cenários hipotéticos, exige futurações catastrofistas, quer ver nas tripas do governo do Costa os desfuturos do mundo. Exactamente o que fazem conhecidas pitonisas, os usuais analistas e comentadores da direita.
E acabo por ter inveja da paciência de Job, da caridade cristã, que vejo cultivar ao entrevistado. Quase placidamente, quase franciscanamente, lá explica, lá explana, lá tolera. Eu não seria capaz!
Porque o triste mercenário não esconde o frenesi que o domina. Apela a cenários hipotéticos, exige futurações catastrofistas, quer ver nas tripas do governo do Costa os desfuturos do mundo. Exactamente o que fazem conhecidas pitonisas, os usuais analistas e comentadores da direita.
Voyeurismo
É exactamente esta mistela. De acontecimentos tão graves quanto sérios (como as cinzas de Paris), e que a mixórdia dos meios de informação nos fornece, para nos manter "informados". É apenas aquilo que esperam ver as entorses pessoais do grande público espectador, aquilo que elas exigem, aquilo que recomendam. Viva o mercado, Senhor, que tão bem se encarrega de nos alienar!
Credo abrenúncio!
O cínico é sempre um diletante. Porém o diletante não é por força
um cínico. Já o cabotino herda o melhor dos três, a que acrescenta a
imbecilidade. Todos eles são inúteis e perniciosos, seja por atacado ou a
singelo..
Os políticos são todos
iguais, nada se poderá fazer com eles. Com nenhum! Não há nada a fazer! E muito
menos sujar as mãozinhas e sair do sofá! Credo e abrenúncio!
Neste pouco está
transformado o Governo-Sombra da TSF. Com o papel do vilão a cargo do João Miguel
Tavares, quem lhe dera a ele que apenas fosse o papel. Não a figura real e
verdadeira!
Tipos
Dou tudo e é quanto exijo, na mesma exactíssima medida. Há tipos assim, que o não fazem por menos, a vida barata pouco lhes significa.
Não querem deixar nada por fazer. Acolhem em privado Vénus e Saturno, e o mais certo é acabarem sozinhos. Se algum dia na vida o não estiveram.
Não querem deixar nada por fazer. Acolhem em privado Vénus e Saturno, e o mais certo é acabarem sozinhos. Se algum dia na vida o não estiveram.
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Ratos na rua, um "cozinhado" e uma dor de corno! Tudo junto e em três tempos
1 - Ratos que saem à rua prometem peste à solta, é experiência de séculos. Neste caso, porém, são óptimo sinal.
2- O cozinhado que vai ser engolido tem fonte seguríssima, vindo de quem vem. O "Presidente" (afinal um dom sebastião!) vai acabar por engolir o próprio vómito. Para evitar mais chatices, empossa o Costa e vai-se. Por aqui muito se estima que a terra lhe seja eternamente leve!
3 - A dor de corno com a sua gente da direita não é coisa de espantar. Nem iguaria que uma pitada de bicarbonato de soda não ajude a digerir. E plácidas digestões, menina, vão dar-lhe muito grande e longo jeito!
2- O cozinhado que vai ser engolido tem fonte seguríssima, vindo de quem vem. O "Presidente" (afinal um dom sebastião!) vai acabar por engolir o próprio vómito. Para evitar mais chatices, empossa o Costa e vai-se. Por aqui muito se estima que a terra lhe seja eternamente leve!
3 - A dor de corno com a sua gente da direita não é coisa de espantar. Nem iguaria que uma pitada de bicarbonato de soda não ajude a digerir. E plácidas digestões, menina, vão dar-lhe muito grande e longo jeito!
Ácaros
Do escroque venerando:
«“O tesouro tem hoje uma almofada financeira de dimensão substancial, a economia está a crescer”, justificou, lembrando que quando o PEC IV de Sócrates foi chumbado, o país estava à beira da bancarrota.» [in PÚBLICO]
O que ele omite, por desconhecimento, por malvadez, ou por imbecilidade natural, é que as almofadas que usa são ninhos de ácaros repelentes.
O que mais se estima e recomenda é um desinfectante de espectro tão largo, que o leve também a ele, no meio dos primos ácaros.
«“O tesouro tem hoje uma almofada financeira de dimensão substancial, a economia está a crescer”, justificou, lembrando que quando o PEC IV de Sócrates foi chumbado, o país estava à beira da bancarrota.» [in PÚBLICO]
O que ele omite, por desconhecimento, por malvadez, ou por imbecilidade natural, é que as almofadas que usa são ninhos de ácaros repelentes.
O que mais se estima e recomenda é um desinfectante de espectro tão largo, que o leve também a ele, no meio dos primos ácaros.
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