segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Diz quem sabe


Desta poda! 
« (...) Defende tropas no terreno?
Sim, mas não num envolvimento total. Não é possível os europeus enviarem milhares de homens para a Síria para combaterem os terroristas. A solução tem de ser uma aliança com o Estado em causa.
A natureza do regime sírio não dificulta essa colaboração?
Não tem dificultado. Neste momento, franceses e russos estão a bombardear. Claro que a
guerra civil na Síria e o terrorismo estão misturados. A Rússia, por exemplo, não é dessa opinião.
Para acabar com o terrorismo na Síria temos de patrocinar um ditador?
Não digo que seja um ditador. Neste momento, os Estados Unidos estão a enviar esquadrilhas de aviões para bombardear algumas áreas, o que é combinado com o Governo sírio. Essas intervenções são possíveis e úteis. Avançar com tropas e ocupar o território é criar um outro Vietname. É um lodaçal donde nunca mais se sai. (...)
É genuína a preocupação da Rússia no combate ao jihadismo?
Neste caso, acho que sim. É verdade que não estiveram a bombardear o auto-proclamado
Estado Islâmico (EI), mas a oposição ao Presidente da Síria. O que se está a passar na Síria, no fundo, é uma série de disputas desencontradas que decorrem no mesmo lugar. Há a resistência ao Presidente Bashar al-Assad, os apoiantes deste, os terroristas. Bashar al-Assad reclama, e tem um pouco de razão, que ele é a última garantia de uma certa segurança. Quando aconteceram as chamadas “primaveras árabes”, toda a gente bateu palmas. Eu chamei- lhes as “invernias árabes” porque, de facto, a alteração de uma determinada estrutura hierárquica que está a funcionar — pode não nos agradar — dá uma certa garantia. Há, pelo menos, o mínimo de condições de segurança que aquela estrutura tem capacidade de manter. Agora estamos perante o contrário: as estruturas que deviam controlar internamente nesses Estados todas estas erupções não funcionam e vêm projectar-se no exterior. É o que está a acontecer. A Europa, de certa maneira, transformou-se no terreno de manobra  dessas forças. (...)»