Ruben A., O Mundo à Minha Procura II, 1966.
(...) [Em Cascais] Uma corte destronada. Precisamente nessa corte todos se formavam nas escolas superiores, mas só se diplomavam em três cursos - Direito, Medicina e Engenharia. Os agrónomos, os falhados, coisa de segunda classe, os de Letras nem existiam, ninguém sabia o que era isso de Letras; de Filosofia e de História só se lembravam de D. Carlos, que aparecia na praia a banhos por altura de setembro e passeava no seu grande iate, para aos fins da tarde jogar ténis na Parada. Esta a história que sabiam e a que contavam, uma história saudosista, imaculada de pecado maior, sem cheiro de vida, história de carochinha que de uns passava para os outros na verdade que contenta uma criança para não chorar mais.
Havia assim três cursos que na minha sociedade se tiravam - mantido o de Direito em primeiro lugar. Ia tudo para Direito. Fazer o quê? Ninguém sabia, e também pouca importância tinha. Todos, mais cedo ou mais tarde, ingressariam nos negócios dos pais, nas casas comerciais ou bancárias que os avós haviam estabelecido na praça da capital. Direito, como se dizia então, serve para tudo, até para se ser burro. Tirar o curso e não tugir nem mugir, assim é que estava bem.
Para os técnicos ficava a Medicina, também hereditária nos consultórios, e a engenharia, que dava uns laivos de entusiasmo logo depois da formatura; podia-se laurear para os cimentos, carvões, minas, construção de estradas, portos, azotos, e ainda não haviam surgido, com o seu imenso caudal, as grandes represas fluviais...
E eu a falhar no Direito! Que coisa mais absurda. Realmente, todos ao meu lado eram alunos de Direito ou futuros alunos. «Então já estás na Faculdade?» «Para o ano entras.» «É chato, mas a família diz que é o melhor curso. Está lá toda a malta conhecida.» «Estuda-se tudo de cor, só precisas de saber o que vem na sebenta, o resto nem fazem perguntas.» E eu que tanto havia decorado, parecia-me que este curso de decoração metódica, esquizofrénica, imobiliária, seria o curso realmente indicado para tirar. O pior é se me esquecia do que tinha decorado! E sabia bem que o meu pai gostaria de ver o filho com o curso de Direito, seguir a carreira de Coimbra que ele há tantos anos - no tempo de D. Carlos - havia concluído. E era lógico que assim fosse. Nascido numa alta burguesia, constantemente a casar com os restos amolecidos da aristocracia - essa mesma alta burguesia iria dentro em breve dominar o País. O País criava-se como a nossa teta, estava às ordens daquilo que fossem os nossos desejos. Eu não percebia nada, isto vim a compreender muitos anos passados. De forma que íamos sendo construídos para os lugares de directores, de administradores, de ministros, de chefes; longe o amanuense - que mais tarde eu seria - que só causava tristeza nos quadros mentais dos meus amigos.
Realmente, os que se formavam raro tinham dificuldades: uns iam para as casas bancárias - Espíritos Santos - outros para Pinto Bastos, outros entravam nos negócios de família, começavam a sacar com o curso de Direito. Impunham-se à nossa praça e, na indústria ainda periclitante, davam audiência com o chapéu na cabeça. E eu sem conseguir passar nos exames! Um anormal a quem não perdoariam. Restava-me, acaso não concluísse o curso, um emprego de favor dos outros, daqueles que estavam estabelecidos já, com os casamentos ou com o dinheiro. Eldorado de um mero manga de alpaca na Shell, no Ultramarino, na Mobil, ou talvez em África, onde os falhados continuavam falhados, como outrora os do Porto no Banco Inglês. (...)
E gastamo-nos nós a perguntar à história, que mala-pata nos corroeu a vida! Andamos distraídos. Houve sempre mais história exilada numa página de literatura, do que numa estante inteira de tratados dos especialistas dela! Só os crédulos não sabem que há mil maneiras de pagar aos serviçais.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
Quem não aprende com os erros... passa a vida a repeti-los
Os alemães eram a Mannschaft, o que é que haviam de ser.
Os espanhóis foram Armada Invencível.
Os turcos chegaram outra vez às portas de Viena.
E os portugueses, armados cavaleiros pelo rei-mor dos pacóvios, partiram como Ala dos Namorados, e regressaram Naufrágio de Sepúlveda.
Simples questão de história.
Os espanhóis foram Armada Invencível.
Os turcos chegaram outra vez às portas de Viena.
E os portugueses, armados cavaleiros pelo rei-mor dos pacóvios, partiram como Ala dos Namorados, e regressaram Naufrágio de Sepúlveda.
Simples questão de história.
domingo, 29 de junho de 2008
O do rabo longo
O abelharuco, que tem o rabo longo, passa o tempo a estudar o relvado, saltitando entre a faia e a figueira. Não são, a bem dizer, os figos que o motivam, mas os grilos. Quando algum se arrisca no carreiro, mergulha em cima dele. Crucifica-o no bico, vai sentar-se num galho e come-o. Passou a manhã nisto.
Fora disso abriga-se na sombra e alarga as penas à brisa, a refrescar-se. Só volta ao chão se um grilo se aventura.
Mas mal a gralha, que tem a fala dura, espanejou as asas e desce do carvalho, logo o abelharuco desampara o relvado. Esquece grilo e tudo.
Fora disso abriga-se na sombra e alarga as penas à brisa, a refrescar-se. Só volta ao chão se um grilo se aventura.
Mas mal a gralha, que tem a fala dura, espanejou as asas e desce do carvalho, logo o abelharuco desampara o relvado. Esquece grilo e tudo.
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Verão breve
Ausências estivais, vilegiaturas e tarefas urgentes deixarão esta loja algo desamparada, nos próximos tempos.
Terrorismo e terror
A França prepara uma lei que permite cortar o acesso à Internet, para combater a pirataria e o download.
O parlamento sueco acaba de recusar uma lei que permitiria aos serviços de segurança controlar chamadas telefónicas, e-mails e mensagens, sem autorização judicial.
O governo britânico pretende autorização legislativa para criar uma base de dados maior que as que já tem. Servirá para guardar, durante um ano, todos os telefonemas, mensagens, e-mails e páginas da Internet visitadas pelos cidadãos. Uma tal estratégia é indispensável para combater o terrorismo e a criminalidade.
E nós interroguemo-nos.
- a quem interessou destruir, há anos, o edifício de Oklahoma?
- quem atacou realmente o USS Cole, no Golfo Pérsico?
- quem preparou o atentado contra a embaixada americana no Quénia?
- donde veio o primeiro ataque às Torres Gémeas, em que morreram 6 pessoas?
- quem provocou a hecatombe do 11/9, que as destruiu?
- quem dinamitou a torre 7, claramente implodida?
- que disco voador colidiu com o Pentágono, já que não foi um avião comercial?
- que estranho meteoro caiu na Pensilvânia, onde ficaram umas valas?
A única coisa indiscutível nisto tudo, é que a sociedade americana acabou a aceitar o Patriot Act.
Para combater o terrorismo e o crime, claro!
O parlamento sueco acaba de recusar uma lei que permitiria aos serviços de segurança controlar chamadas telefónicas, e-mails e mensagens, sem autorização judicial.
O governo britânico pretende autorização legislativa para criar uma base de dados maior que as que já tem. Servirá para guardar, durante um ano, todos os telefonemas, mensagens, e-mails e páginas da Internet visitadas pelos cidadãos. Uma tal estratégia é indispensável para combater o terrorismo e a criminalidade.
E nós interroguemo-nos.
- a quem interessou destruir, há anos, o edifício de Oklahoma?
- quem atacou realmente o USS Cole, no Golfo Pérsico?
- quem preparou o atentado contra a embaixada americana no Quénia?
- donde veio o primeiro ataque às Torres Gémeas, em que morreram 6 pessoas?
- quem provocou a hecatombe do 11/9, que as destruiu?
- quem dinamitou a torre 7, claramente implodida?
- que disco voador colidiu com o Pentágono, já que não foi um avião comercial?
- que estranho meteoro caiu na Pensilvânia, onde ficaram umas valas?
A única coisa indiscutível nisto tudo, é que a sociedade americana acabou a aceitar o Patriot Act.
Para combater o terrorismo e o crime, claro!
terça-feira, 17 de junho de 2008
Os inimigos do homem
Não vai muito longe o tempo em que se ouvia dizer que os três inimigos do homem eram o mundo, o demónio e a carne. Hoje vemos claramente que foram sempre a ignorância, o medo e o desespero.
A ignorância faz de nós alienados, quantas vezes arrogantes, e sempre manipuláveis pelos mercadores de ilusões.
O medo tolhe-nos a razão, amordaça-nos o espírito crítico, transforma-nos em presas fáceis duma máquina que não compreendemos.
O desespero aniquila-nos, reduz-nos a destroços descartáveis.
Por isso os senhores do mundo, que alugam serventuários como na praça da jorna, exultam com a nossa ignorância, atiçam o nosso medo, empurram-nos para o desespero.
Não têm, nunca tiveram, qualquer limite moral. A moral fazem-na eles, sobre o nosso silêncio de rebanho. E não nos matam à fome, ou com bombas de dez toneladas, se não for estritamente necessário.
Têm é que nos roubar o livre arbítrio, privar-nos da cidadania, capturar-nos a condição humana. Constroem o seu poder sobre costados de escravos. Muitos deles vestidos de Armani.
A ignorância faz de nós alienados, quantas vezes arrogantes, e sempre manipuláveis pelos mercadores de ilusões.
O medo tolhe-nos a razão, amordaça-nos o espírito crítico, transforma-nos em presas fáceis duma máquina que não compreendemos.
O desespero aniquila-nos, reduz-nos a destroços descartáveis.
Por isso os senhores do mundo, que alugam serventuários como na praça da jorna, exultam com a nossa ignorância, atiçam o nosso medo, empurram-nos para o desespero.
Não têm, nunca tiveram, qualquer limite moral. A moral fazem-na eles, sobre o nosso silêncio de rebanho. E não nos matam à fome, ou com bombas de dez toneladas, se não for estritamente necessário.
Têm é que nos roubar o livre arbítrio, privar-nos da cidadania, capturar-nos a condição humana. Constroem o seu poder sobre costados de escravos. Muitos deles vestidos de Armani.
sábado, 14 de junho de 2008
O Referendo
Dizem que Portugal entrou na CEE por força da agudíssima visão dum estadista, mas não é verdade. Portugal entrou na Europa pela lógica mais elementar, e pela mais natural ordem das coisas. Entrou pelas mesmas razões que obrigam o náufrago a agarrar-se a uma jangada. Passe a imagem trágico-marítima, para não ter que passar a do mendigo de mão estendida, ou outra mais rastejante.
Num Portugal esvaído por séculos de balelas gloriosas, ninguém perguntou aos portugueses se queriam entrar na CEE, nem faria sentido perguntar-lho. É certo que na Europa nem tudo são boas companhias. Mas há transes neste mundo em que melhor se vai mal acompanhado do que só, é do mais básico senso comum. Foi assim que se juntou a fome própria, com a alheia vontade de comer.
A modernização entrou depressa no discurso político, um rio de dinheiro entrou em Portugal, o pugresso instalou-se em marcha acelerada. Saldou-se a pouca indústria pela veniaga dos fundos, saldou-se a fraca agricultura para abreviar os prazos, saldaram-se traineiras por dinheiro vivo. Fizeram-se auto-estradas e estádios de futebol, e resumiu-se o futuro a um Audi de seis cilindros, com trezentos cavalos de potência que alguém há-de pagar. Portugal tornou-se um país rico, e foi deixando correr o marfim, no pelotão da frente.
Mas há sempre patriotas sonâmbulos, e outros que simulam sê-lo. Temem-se da Constituição da Europa, temem-se do Directório, temem-se da soberba dos países ricos. Já esqueceram que quem não tem dinheiro também não terá vícios. E queixam-se do tratado de Lisboa, que nem foi referendado pelo povo, nem lhes representa a voz.
Os patriotas sonâmbulos disfarçam mal um sofisma. Apenas 2% dos portugueses, dos que são pagos para lerem o tratado, se deram ao trabalho de o ler. E só metade dos que conhecem a vulgata aligeirada entenderam o que leram. Nenhum outro português tem a mais pálida ideia do que o tratado contém, nem algum dia a terá. Referendá-lo é, por isso, um fingimento, uma irrealidade, um formalismo vazio.
Porque só há nisto tudo duas realidades. A primeira é o pequeno-almoço dos portugueses, que eles tomam porque são membros da UE. No dia em que deixarem de o ser, logo metade deixarão de o tomar, como bem sabe quem não perdeu a memória. E a segunda é competir aos portugueses fazer, dentro da UE, o trabalhinho de casa. Foi o que nunca fizeram.
Num Portugal esvaído por séculos de balelas gloriosas, ninguém perguntou aos portugueses se queriam entrar na CEE, nem faria sentido perguntar-lho. É certo que na Europa nem tudo são boas companhias. Mas há transes neste mundo em que melhor se vai mal acompanhado do que só, é do mais básico senso comum. Foi assim que se juntou a fome própria, com a alheia vontade de comer.
A modernização entrou depressa no discurso político, um rio de dinheiro entrou em Portugal, o pugresso instalou-se em marcha acelerada. Saldou-se a pouca indústria pela veniaga dos fundos, saldou-se a fraca agricultura para abreviar os prazos, saldaram-se traineiras por dinheiro vivo. Fizeram-se auto-estradas e estádios de futebol, e resumiu-se o futuro a um Audi de seis cilindros, com trezentos cavalos de potência que alguém há-de pagar. Portugal tornou-se um país rico, e foi deixando correr o marfim, no pelotão da frente.
Mas há sempre patriotas sonâmbulos, e outros que simulam sê-lo. Temem-se da Constituição da Europa, temem-se do Directório, temem-se da soberba dos países ricos. Já esqueceram que quem não tem dinheiro também não terá vícios. E queixam-se do tratado de Lisboa, que nem foi referendado pelo povo, nem lhes representa a voz.
Os patriotas sonâmbulos disfarçam mal um sofisma. Apenas 2% dos portugueses, dos que são pagos para lerem o tratado, se deram ao trabalho de o ler. E só metade dos que conhecem a vulgata aligeirada entenderam o que leram. Nenhum outro português tem a mais pálida ideia do que o tratado contém, nem algum dia a terá. Referendá-lo é, por isso, um fingimento, uma irrealidade, um formalismo vazio.
Porque só há nisto tudo duas realidades. A primeira é o pequeno-almoço dos portugueses, que eles tomam porque são membros da UE. No dia em que deixarem de o ser, logo metade deixarão de o tomar, como bem sabe quem não perdeu a memória. E a segunda é competir aos portugueses fazer, dentro da UE, o trabalhinho de casa. Foi o que nunca fizeram.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Ecos da Sonora IV
A encerrar Ruben A., O Mundo à Minha Procura I, 1966:
(...) Infelizmente a mesquinhice, aliada à mediocridade, é uma das bitolas por que nos regemos. Temos uma cordialidade de abraço, com um vislumbre traiçoeiro no aperto de mão suado. É um tipo de afecto para primeiras impressões, diferente da fria cordialidade nórdica que, sem aparências nem exibicionismos, é actuante e de boa fé.
(...) E o que é ainda mais estranho é pensar que o português saído do seu solo, habitando terra alheia, clima inóspito, brilha como ninguém, brilha a uma craveira notável em que todas as suas qualidades de homem se oportunam. Esta a nossa tragédia: para sermos grandes, ou precisamos de ir para o estrangeiro, ou de morrer. E, já depois de morto, continuar a esperar. Haja em vista o caso de Fernando Pessoa, isto para não falar da poesia de Camões...
(...) No entanto nunca se mata, porque matar - como nos povos espanhol e inglês - já exigia uma grandeza, um Shakespeare, um Siglo de Oro, e isso é-nos alheio. A grandeza humana vive à margem dos nossos sentimentos, é coisa de livros, impenetrável à camada de surro de que nos é difícil despojar. (...)
(...) Infelizmente a mesquinhice, aliada à mediocridade, é uma das bitolas por que nos regemos. Temos uma cordialidade de abraço, com um vislumbre traiçoeiro no aperto de mão suado. É um tipo de afecto para primeiras impressões, diferente da fria cordialidade nórdica que, sem aparências nem exibicionismos, é actuante e de boa fé.
(...) E o que é ainda mais estranho é pensar que o português saído do seu solo, habitando terra alheia, clima inóspito, brilha como ninguém, brilha a uma craveira notável em que todas as suas qualidades de homem se oportunam. Esta a nossa tragédia: para sermos grandes, ou precisamos de ir para o estrangeiro, ou de morrer. E, já depois de morto, continuar a esperar. Haja em vista o caso de Fernando Pessoa, isto para não falar da poesia de Camões...
(...) No entanto nunca se mata, porque matar - como nos povos espanhol e inglês - já exigia uma grandeza, um Shakespeare, um Siglo de Oro, e isso é-nos alheio. A grandeza humana vive à margem dos nossos sentimentos, é coisa de livros, impenetrável à camada de surro de que nos é difícil despojar. (...)
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Fragmentos do caos - 2
- A zona de Lisboa dispõe duma densidade de 220 Km de auto-estrada por 1000 km2.
- Em toda a Europa, pobre ou rica, só uma única região possui densidade superior a 100 Km.
- Entre 1991 e 2001, Portugal fechou 300 km de ferrovias.
- No mesmo período, Portugal era o 4º país da Europa a 25, com mais carros particulares por 1000 habitantes.
- Na década de 80, o transporte ferroviário de passageiros de longo curso foi deliberadamente arruinado, em favor do transporte rodoviário privado.
- Dos 2839 Km de rede ferroviária em exploração, só 50% estão electrificados.
- Em Portugal, 93% do transporte de mercadorias é actualmente feito através da rodovia.
- Grosso modo, entre 1986 e 1995, o país foi dirigido pela competência do PSD e do cavaquismo. Entre 1995 e 2002, foi-o pela do PS. Depois disso é o que se sabe.
- Em toda a Europa, pobre ou rica, só uma única região possui densidade superior a 100 Km.
- Entre 1991 e 2001, Portugal fechou 300 km de ferrovias.
- No mesmo período, Portugal era o 4º país da Europa a 25, com mais carros particulares por 1000 habitantes.
- Na década de 80, o transporte ferroviário de passageiros de longo curso foi deliberadamente arruinado, em favor do transporte rodoviário privado.
- Dos 2839 Km de rede ferroviária em exploração, só 50% estão electrificados.
- Em Portugal, 93% do transporte de mercadorias é actualmente feito através da rodovia.
- Grosso modo, entre 1986 e 1995, o país foi dirigido pela competência do PSD e do cavaquismo. Entre 1995 e 2002, foi-o pela do PS. Depois disso é o que se sabe.
Fragmentos do caos - 1
- Cerca de 6% da população do planeta (os EUA) consomem 25% da energia mundial disponível.
- Só as Forças Armadas americanas consomem diariamente o mesmo que Portugal inteiro.
- Entre 2001 e 2007, ruído o muro de Berlim desde 1989, as despesas militares dos EUA cresceram 59%.
- Para toda a população do planeta consumir energia à americana, seriam necessários todos os recursos de 6 planetas Terra.
- Os recursos energéticos da única Terra que existe não bastam para responder à procura das sociedades emergentes, mormente de dois biliões e meio de chineses e indianos que acedem ao consumo.
- Um bilião de chineses transformados em fábrica do planeta, eis o cenário absurdo que nos é dado como paisagem.
- Só as Forças Armadas americanas consomem diariamente o mesmo que Portugal inteiro.
- Entre 2001 e 2007, ruído o muro de Berlim desde 1989, as despesas militares dos EUA cresceram 59%.
- Para toda a população do planeta consumir energia à americana, seriam necessários todos os recursos de 6 planetas Terra.
- Os recursos energéticos da única Terra que existe não bastam para responder à procura das sociedades emergentes, mormente de dois biliões e meio de chineses e indianos que acedem ao consumo.
- Um bilião de chineses transformados em fábrica do planeta, eis o cenário absurdo que nos é dado como paisagem.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
Ecos da Sonora III
Ainda Ruben A., O Mundo à Minha Procura I, 1966.
(...) Porquê? Pela pesporrência que existe em esferas políticas e também em sociedade, onde as pessoas que não falam em arte se julgam diminuídas perante o mundo. Para se viver em arte é preciso pelo menos uma vida, não se improvisam artistas como não se improvisam engenheiros ou médicos. O charlatão tanto é o falso médico preso por exercício ilegal de profissão, como o falso artista por ter responsabilidade moral no gosto que impinge ao público. (...)
No mesquinho, somos geniais, e custa-nos muito confessar que de determinado assunto não sabemos nada. O mal nacional é que se arranha sempre qualquer coisa e assim vive-se inchado à superfície dos problemas passando gestos radicais, como os que fazia Pacheco nas páginas imortais do Eça. O português ainda não compreendeu que não se inferioriza dizendo que não sabe. (...)
Mutatis mutandis não mudámos!
(...) Porquê? Pela pesporrência que existe em esferas políticas e também em sociedade, onde as pessoas que não falam em arte se julgam diminuídas perante o mundo. Para se viver em arte é preciso pelo menos uma vida, não se improvisam artistas como não se improvisam engenheiros ou médicos. O charlatão tanto é o falso médico preso por exercício ilegal de profissão, como o falso artista por ter responsabilidade moral no gosto que impinge ao público. (...)
No mesquinho, somos geniais, e custa-nos muito confessar que de determinado assunto não sabemos nada. O mal nacional é que se arranha sempre qualquer coisa e assim vive-se inchado à superfície dos problemas passando gestos radicais, como os que fazia Pacheco nas páginas imortais do Eça. O português ainda não compreendeu que não se inferioriza dizendo que não sabe. (...)
Mutatis mutandis não mudámos!
Haiku
terça-feira, 10 de junho de 2008
O eclipse da razão
Enquanto as elites dirigentes insistirem, no presente, em considerar glorioso um passado que foi uma traição, Portugal repisará equívocos e não achará futuro.
E o povo emigra outra vez. Faz das tripas coração, é o que aprendeu a fazer!
E o povo emigra outra vez. Faz das tripas coração, é o que aprendeu a fazer!
Deslocalização
Um dia alguém disse na América, e dito na América tem outro valor, que o Vasco da Gama tinha sido o pai da globalização. Talvez fosse mesmo o avô da Internet.
O que não disseram, e foi por ser verdade, é que Portugal foi o pioneiro da deslocalização. Deslocalizaram-lhe a alma, há muitos anos, para o golfo de Bengala. Tal como hoje, alguns ganharam com isso, a nação é que perdeu.
Hoje celebra-se-lhe a raça. Bate-se à porta que sempre foi a sua, e ninguém vem abrir.
O que não disseram, e foi por ser verdade, é que Portugal foi o pioneiro da deslocalização. Deslocalizaram-lhe a alma, há muitos anos, para o golfo de Bengala. Tal como hoje, alguns ganharam com isso, a nação é que perdeu.
Hoje celebra-se-lhe a raça. Bate-se à porta que sempre foi a sua, e ninguém vem abrir.
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Salamaleques
Falo por mim, tiro o resto pelo sentido.
O banco trata-me por senhor doutor. Outros sobem a parada, põem-me galões ao ombro, derreiam-me o peito com medalhas de lata. O arrumador titula-me engenheiro. E só amigos me tratam pelo que sou, um cidadão assaz irrelevante.
- Não vem daí mal ao mundo! - opinam os distraídos.
E ao mundo não virá, mas a nós vem. Que faz de nós figuras num teatro, e da vida real uma encenação.
Vista por um estranho, a nossa gramática das fórmulas de tratamento mais parece uma charada. Podia ser a marca dum requinte. E afinal é tudo manha, em troca dum favorzinho.
O banco trata-me por senhor doutor. Outros sobem a parada, põem-me galões ao ombro, derreiam-me o peito com medalhas de lata. O arrumador titula-me engenheiro. E só amigos me tratam pelo que sou, um cidadão assaz irrelevante.
- Não vem daí mal ao mundo! - opinam os distraídos.
E ao mundo não virá, mas a nós vem. Que faz de nós figuras num teatro, e da vida real uma encenação.
Vista por um estranho, a nossa gramática das fórmulas de tratamento mais parece uma charada. Podia ser a marca dum requinte. E afinal é tudo manha, em troca dum favorzinho.
domingo, 8 de junho de 2008
Ferdinand Porsche Azinhais Nabeiro
A fábrica original das viaturas Porsche, que arregalam os olhos dos nossos patrões, nasce num vão de escada da Europa Central, antes do fim do séc. XIX. Alguém ali começou a apertar parafusos, a afeiçoar os perfis na bigorna, enquanto ia sonhando com o futuro e aos poucos o construía. O resto, que é espírito inventivo feito de persistências e contabilidades, é a história que o ensina.
Vem isto a propósito dum inquérito europeu, do ano de 2002, em que dois terços dos portugueses atribuem a pobreza a factores como a má sorte, o destino fatalista, ou a preguiça dos pobres. Foi a um tal estado de superstição alienada que uma história de vagamundos nos condenou. Confusamente nos queixamos da economia, mas não saímos daí.
Os nossos empresários de sucesso lembram-se bem do cheiro da canela. E sabem há muito tempo que a especulação dá maiores dividendos do que a geração de mais-valias. Por isso especulam no imobiliário, construindo habitações que ficam devolutas. Por isso especulam nas finanças, multiplicando riquezas de papel. Por isso especulam na distribuição, comprando e vendendo rabanetes. São os deuses da nossa economia, mas valor acrescentado não é com eles.
E é com vénia às possíveis excepções, que rendo aqui homenagens a Azinhais Nabeiro. Começou, há muitos anos, a matar a fome com cargas de contrabando em cima dos costados. Levava café dos outros. E foi investindo o que apurava no sonho do seu próprio café.
Hoje dá de comer a um concelho inteiro, resiste aos italianos, e dá-nos as lições que não tomamos. Ele merece ser doutor honoris causa. Nós, quem sabe, merecemos a pobreza.
Vem isto a propósito dum inquérito europeu, do ano de 2002, em que dois terços dos portugueses atribuem a pobreza a factores como a má sorte, o destino fatalista, ou a preguiça dos pobres. Foi a um tal estado de superstição alienada que uma história de vagamundos nos condenou. Confusamente nos queixamos da economia, mas não saímos daí.
Os nossos empresários de sucesso lembram-se bem do cheiro da canela. E sabem há muito tempo que a especulação dá maiores dividendos do que a geração de mais-valias. Por isso especulam no imobiliário, construindo habitações que ficam devolutas. Por isso especulam nas finanças, multiplicando riquezas de papel. Por isso especulam na distribuição, comprando e vendendo rabanetes. São os deuses da nossa economia, mas valor acrescentado não é com eles.
E é com vénia às possíveis excepções, que rendo aqui homenagens a Azinhais Nabeiro. Começou, há muitos anos, a matar a fome com cargas de contrabando em cima dos costados. Levava café dos outros. E foi investindo o que apurava no sonho do seu próprio café.
Hoje dá de comer a um concelho inteiro, resiste aos italianos, e dá-nos as lições que não tomamos. Ele merece ser doutor honoris causa. Nós, quem sabe, merecemos a pobreza.
sábado, 7 de junho de 2008
Cultura de folha dupla
É a última novidade vinda de Espanha e promete revolucionar o mercado da cultura. Papel higiénico com alguns dos clássicos da literatura universal. A ideia é da Empreendores (...).
E agora se faz a prova, a quem restassem dúvidas, da rendição do mercado à prima literatura. O arranjinho promete. Não se conhece é a resposta dos clássicos.
E agora se faz a prova, a quem restassem dúvidas, da rendição do mercado à prima literatura. O arranjinho promete. Não se conhece é a resposta dos clássicos.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Loja de quê?!
Eu achei bem, o Documento Único Automóvel! Menos papéis, menos burocracia... De forma que lá fui, à Loja do Cidadão, a renovar a velha papelada dum panzer que ali tenho há muitos anos. Um dia chegou-me no correio o documento novo.
Do meu discreto e recolhido amigo, saíra um descapotável mundano e ostensivo. A tara avantajada perdera setenta quilos. Os pneumáticos, de viajante comum, passaram às dimensões dum pégaso de fórmula. A cor original, que era vermelha, desbotou num cinzento penitente. E a data da matrícula rejuvenesceu um ano.
Eu lá voltei, à Loja, a reclamar. E bem argumentei que conquistei Malaca, que tenho as côngruas em dia, que sou, afinal, um cidadão da casa!... Nenhuma façanha minha os comoveu. Fiquei dono dum veículo martelado, e só no Instituto da Mobilidade mo podiam salvar.
É no que dá, sonhar com modernidades numa terra de bêbados! Ainda congeminei em voltar ao passado, em regressar a Malaca. Mas optei por arranjar um atestado falso, e ir gastar um dia à Direcção Geral. Duma penada alinho-me com a história, e talvez resgate o couraçado do parque da sucata.
Do meu discreto e recolhido amigo, saíra um descapotável mundano e ostensivo. A tara avantajada perdera setenta quilos. Os pneumáticos, de viajante comum, passaram às dimensões dum pégaso de fórmula. A cor original, que era vermelha, desbotou num cinzento penitente. E a data da matrícula rejuvenesceu um ano.
Eu lá voltei, à Loja, a reclamar. E bem argumentei que conquistei Malaca, que tenho as côngruas em dia, que sou, afinal, um cidadão da casa!... Nenhuma façanha minha os comoveu. Fiquei dono dum veículo martelado, e só no Instituto da Mobilidade mo podiam salvar.
É no que dá, sonhar com modernidades numa terra de bêbados! Ainda congeminei em voltar ao passado, em regressar a Malaca. Mas optei por arranjar um atestado falso, e ir gastar um dia à Direcção Geral. Duma penada alinho-me com a história, e talvez resgate o couraçado do parque da sucata.
terça-feira, 3 de junho de 2008
Traz outra loira!
- Venham todos! Mas venham dois a dois!
No ecrã uma figura de forcado, camisola rubra ao peito, as quinas no lugar do coração, e uma rópia patriota, febre pura.
- Não há terra como a nossa, e esta é a raça que nos há-de salvar, caralho. Ouvi-o uma vez da boca dum rei, nas vésperas de Alcácer, e ouvi-o outra vez da boca dum conde em cima dum cavalo, quando abriam a porta dos curros para a última corrida em Salvaterra.
- Cá está outra vez, caralho, para que não hajam dúvidas, é esta a raça que nos há-de salvar. Venham de lá aos pares, que um só para nós é pouco!
- Rapaz, traz outra loira, caralho!
imagem pilhada no Ponte Europa.
No ecrã uma figura de forcado, camisola rubra ao peito, as quinas no lugar do coração, e uma rópia patriota, febre pura.
- Não há terra como a nossa, e esta é a raça que nos há-de salvar, caralho. Ouvi-o uma vez da boca dum rei, nas vésperas de Alcácer, e ouvi-o outra vez da boca dum conde em cima dum cavalo, quando abriam a porta dos curros para a última corrida em Salvaterra.
- Cá está outra vez, caralho, para que não hajam dúvidas, é esta a raça que nos há-de salvar. Venham de lá aos pares, que um só para nós é pouco!
- Rapaz, traz outra loira, caralho!
imagem pilhada no Ponte Europa.
Fascismo linguístico
Isto escreve Desidério Murcho, no PÚBLICO de hoje.
O fascismo está inscrito na mentalidade portuguesa. Mal se fala da língua portuguesa, desata-se a usar maiúsculas, a falar da pátria, da expansão e só não se fala da conquista e da colonização de outros povos porque nos tempos que correm isso é um bocadito excessivo. Como acontece com todas as mentalidades fascistas, ergue-se um facho não apenas para ser seguido cega e acriticamente, mas também para esconder as misérias. (...)
A suprema importância universal da língua portuguesa é uma treta. Uma treta reveladora de mentalidades e atitudes que mostram quão longe estamos de ser uma sociedade genuinamente democrática e livre, sem atavismos fascizantes - hoje em dia baseados na língua, porque não o podem ser nas caravelas. Os seres humanos são seres humanos - falem ou não português, e escrevam ou não 'óptimo' com 'p'. E cada ser humano, em si, é mais importante do que quaisquer sonhos de conquistas futuras, de grandiosidades épicas, de poderios imaginários. O que importa é dar aos portugueses as mesmas oportunidades para se realizarem do que qualquer outra pessoa em qualquer outra parte do mundo - como matemáticos, poetas ou filósofos, físicos, pianistas ou jornalistas, padeiros, taxistas ou empresários. O resto são atavismos que têm precisamente o efeito contrário, atravancando o país.
País que poderia perfeitamente ter desaparecido há 400 anos, sem que as principais realizações artísticas, científicas e políticas da humanidade tivessem sido substancialmente diferentes. As grandes realizações da humanidade, com valor universal e universalmente reconhecidas, não são portuguesas. Além dos Descobrimentos, nada demos à humanidade que seja reconhecido. Somos um povo sem grandes realizações, como os suecos, os dinamarqueses ou os corsos - mas qual é o problema disso? Porquê andar a sonhar com o 5º império, que não é outra coisa senão o colonialismo salazarista temperado com versos épicos de gosto duvidoso?
Seria mais avisado assumirmos o que somos: um pequeno país no seio da Europa, com imensas dificuldades em criar riqueza e avesso a uma mentalidade livre e democrática. Assumir isso seria o primeiro passo para conseguirmos, com boa vontade e realismo, cooperando entre todos, transformar um pequeno país numa sociedade justa, de bem-estar, desenvolvida, que ofereça aos seus membros as melhores condições para desenvolverem os seus talentos e darem assim as suas contribuições para o desenvolvimento da humanidade.
Precisamos de melhor ensino, melhores políticos, melhor pensamento científico, filosófico e artístico. Nada disto se consegue enquanto continuarmos a tapar o sol com a peneira da ilusória pátria grandiosa da língua portuguesa.
O fascismo está inscrito na mentalidade portuguesa. Mal se fala da língua portuguesa, desata-se a usar maiúsculas, a falar da pátria, da expansão e só não se fala da conquista e da colonização de outros povos porque nos tempos que correm isso é um bocadito excessivo. Como acontece com todas as mentalidades fascistas, ergue-se um facho não apenas para ser seguido cega e acriticamente, mas também para esconder as misérias. (...)
A suprema importância universal da língua portuguesa é uma treta. Uma treta reveladora de mentalidades e atitudes que mostram quão longe estamos de ser uma sociedade genuinamente democrática e livre, sem atavismos fascizantes - hoje em dia baseados na língua, porque não o podem ser nas caravelas. Os seres humanos são seres humanos - falem ou não português, e escrevam ou não 'óptimo' com 'p'. E cada ser humano, em si, é mais importante do que quaisquer sonhos de conquistas futuras, de grandiosidades épicas, de poderios imaginários. O que importa é dar aos portugueses as mesmas oportunidades para se realizarem do que qualquer outra pessoa em qualquer outra parte do mundo - como matemáticos, poetas ou filósofos, físicos, pianistas ou jornalistas, padeiros, taxistas ou empresários. O resto são atavismos que têm precisamente o efeito contrário, atravancando o país.
País que poderia perfeitamente ter desaparecido há 400 anos, sem que as principais realizações artísticas, científicas e políticas da humanidade tivessem sido substancialmente diferentes. As grandes realizações da humanidade, com valor universal e universalmente reconhecidas, não são portuguesas. Além dos Descobrimentos, nada demos à humanidade que seja reconhecido. Somos um povo sem grandes realizações, como os suecos, os dinamarqueses ou os corsos - mas qual é o problema disso? Porquê andar a sonhar com o 5º império, que não é outra coisa senão o colonialismo salazarista temperado com versos épicos de gosto duvidoso?
Seria mais avisado assumirmos o que somos: um pequeno país no seio da Europa, com imensas dificuldades em criar riqueza e avesso a uma mentalidade livre e democrática. Assumir isso seria o primeiro passo para conseguirmos, com boa vontade e realismo, cooperando entre todos, transformar um pequeno país numa sociedade justa, de bem-estar, desenvolvida, que ofereça aos seus membros as melhores condições para desenvolverem os seus talentos e darem assim as suas contribuições para o desenvolvimento da humanidade.
Precisamos de melhor ensino, melhores políticos, melhor pensamento científico, filosófico e artístico. Nada disto se consegue enquanto continuarmos a tapar o sol com a peneira da ilusória pátria grandiosa da língua portuguesa.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Terrorismo do bom
Vê-se no cinema La graine et le mulet, do tunisino Kechiche, O segredo de um cuscuz. Uma vez, duas, três, e rejubila a alma.
É que ainda há ilhas de sublime, a resistir às alegres bebedeiras da pós-modernidade. E para lá do estreito de Gibraltar, descobre-se que, afinal, há terrorismo. Do bom.
É que ainda há ilhas de sublime, a resistir às alegres bebedeiras da pós-modernidade. E para lá do estreito de Gibraltar, descobre-se que, afinal, há terrorismo. Do bom.
domingo, 1 de junho de 2008
Tradições milionares
O jornalista expõe na televisão trabalheiras de há mil anos. Fala de antigas manufacturas, de profissões ancestrais, de tradições milionares. Já praticamente extintas.
Milionário será ele, às fortunas de que por aí se ouve falar. E é natural que aproveite para pôr ao soalheiro as honras da família, em tardes mais solarengas.
Já quando fala, é a língua que fica em perigo de morte. Mas para ele é muito claro que só as velhas tradições estão a correr perigo de vida.
Milionário será ele, às fortunas de que por aí se ouve falar. E é natural que aproveite para pôr ao soalheiro as honras da família, em tardes mais solarengas.
Já quando fala, é a língua que fica em perigo de morte. Mas para ele é muito claro que só as velhas tradições estão a correr perigo de vida.
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