Ainda Ruben A., O Mundo à Minha Procura I, 1966.
(...) Porquê? Pela pesporrência que existe em esferas políticas e também em sociedade, onde as pessoas que não falam em arte se julgam diminuídas perante o mundo. Para se viver em arte é preciso pelo menos uma vida, não se improvisam artistas como não se improvisam engenheiros ou médicos. O charlatão tanto é o falso médico preso por exercício ilegal de profissão, como o falso artista por ter responsabilidade moral no gosto que impinge ao público. (...)
No mesquinho, somos geniais, e custa-nos muito confessar que de determinado assunto não sabemos nada. O mal nacional é que se arranha sempre qualquer coisa e assim vive-se inchado à superfície dos problemas passando gestos radicais, como os que fazia Pacheco nas páginas imortais do Eça. O português ainda não compreendeu que não se inferioriza dizendo que não sabe. (...)
Mutatis mutandis não mudámos!