segunda-feira, 9 de junho de 2008

Salamaleques

Falo por mim, tiro o resto pelo sentido.
O banco trata-me por senhor doutor. Outros sobem a parada, põem-me galões ao ombro, derreiam-me o peito com medalhas de lata. O arrumador titula-me engenheiro. E só amigos me tratam pelo que sou, um cidadão assaz irrelevante.
- Não vem daí mal ao mundo! - opinam os distraídos.
E ao mundo não virá, mas a nós vem. Que faz de nós figuras num teatro, e da vida real uma encenação.
Vista por um estranho, a nossa gramática das fórmulas de tratamento mais parece uma charada. Podia ser a marca dum requinte. E afinal é tudo manha, em troca dum favorzinho.