quarta-feira, 29 de abril de 2015

Auto-retrato perfeito

Do bando de filhos da puta que hoje manda em Portugal.

Ó labregos!

«José Sócrates admite?!»
José Sócrates admite o caralho!

terça-feira, 28 de abril de 2015

Carlos Seixas

E o Calatrava.

Portugal envia

Quatro F-16 para a Roménia, às ordens da NATO. É pena! Havemos de voltar a falar nisso.

Não se pode acreditar que tais passarões existem!

Só vendo! 

O pobre do MAC

Está com uma ganda gripe! Ou será trip?!

O Bilhim ainda não viu com quem anda metido! Ou já terá visto e assobia para o ar?!

A princípio pensamos que é ingénuo, que padece de falta de amor-próprio, duas qualidades que a idade não sugere. Depois a porca começa a torcer o rabo! O melhor é darmos-lhe a palavra.

"Um Governo que tem a coragem de criar uma CreSap tem muitos problemas internos", sublinha, adiantando que tem "a noção" de que a acção da CreSap "vai um bocado contra a cultura instalada no sul da Europa, na Europa das oliveiras, onde impera a lei da cunha".

O líder da CreSap mantém que com a criação desta entidade acabaram em Portugal os 'jobs for the boys', mas com ressalvas.

"O que é que o júri garante? O que é que a CreSap garante? Garante pelo menos o mérito", assegura.

Ou seja, segundo este responsável, mesmo em relação aos "casos que surgiram relativamente aos diretores regionais de Segurança Social, ninguém diz que aqueles homens e mulheres são incompetentes, o que dizem é que pertencem ao partido do Governo. Mas o pertencer ao partido do Governo não é crime".

Palavras para quê?!

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Depoimento e exigência

Salgueiro Maia ao Panteão da Nação, ó canalhas inúteis e sonâmbulos!

Qual é a pressa?

Ou vieram nos barcos-tumba do Mediterrâneo, ou sou eu que ando a ouvir vozes, ou anunciaram-se esta manhã dois papa-figos!

Ventanias


O défice gasoso e as contrapartidas militares
«Por causa das centrais eólicas e fotovoltaicas, as térmicas estão quase inactivas apenas a apoiar as eólicas quando não há vento. Com a revolução do shale gas*, os americanos deixaram de consumir carvão, este tornou-se mais barato, e os europeus, Portugal inclusive, utilizam crescentemente as centrais a carvão e as de gás natural ficam paradas. Isto está a gerar sérios prejuízos nas utilities europeias, com excepção para a EDP, que tem as suas centrais cobertas pelos famosos CMEC que asseguram a estes activos uma rendibilidade garantida de cerca de 15%, funcionem ou não. Não admira pois que a EDP não tenha o problema destas utilities. Como diria Pires de Lima, os seus gestores têm assim uma máquina para ganhar prémios internacionais!
As tarifas de acesso às redes de electricidade desde 1995 têm tido os seguintes e impressionantes aumentos médios anuais: Muito Alta Tensão - 10,3%; Alta Tensão - 9,5%; Média Tensão - 5,7%; Baixa Tensão Especial - 6,4%; Baixa Tensão Normal - 5,6%! O consumo de electricidade é o mesmo de há dez anos, mas os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) aumentaram de 500 para 2500 milhões de euros, devido ao monstro eléctrico. Entretanto a dívida tarifária está descontrolada e já ultrapassa os cinco mil milhões de euros!
Quando introduzimos o gás natural, foi necessário ter centrais a gás, criando consumos que viabilizassem o pesado investimento nos gasodutos, pois os consumidores domésticos e industriais não chegavam para tal. Como agora as centrais a gás estão paradas, elas não asseguram esse consumo às redes de gás, e então a rendibilidade das concessionárias tem de ser assegurada pelos consumidores domésticos e industriais, o que está a gerar terríveis pressões de aumento do preço do gás natural para estes. Começa-se, aqui no gás, a falar agora eufemisticamente em desvio tarifário. Repete-se, pois, a cena: e o monstro eléctrico começa a ficar gasoso!
Também neste contexto, não faz qualquer sentido o reforço das interligações gasistas entre Portugal e Espanha. Tal só poderá fazer sentido se se reforçarem as interligações entre Espanha e França, e isso se, e quando, a Península Ibérica, através dos seus terminais de regaseificação, se tornar um hub de fornecimento de gás natural à Europa Central, combatendo a hegemonia do fornecimento pela Rússia. Se isso acontecer, é evidente que o n osso terminal de Sines também seria utilizado para abastecimentos, através de Espanha, à Europa.
O mais elementar bom senso recomendaria então que não se continuasse a aumentar o monstro eléctrico (potência renovável intermitente em excesso). Mas qual não é o meu espanto e indignação quando vejo que, como contrapartida dos submarinos, vão ser instalados mais 172Mw de potência eólica na rede! Os alemães vão conseguir fazer os portugueses pagar, através das rendas e sobre-custos da energia eólica, as contrapartidas que no negócio dos submarinos não deram! Em vez de contrapartidas úteis para as nossas empresas, oferecem-nos uma coisa que já tínhamos em excesso!
Quando, como ministro da Indústria, assinei com o então ministro da Defesa Nacional Figueiredo Lopes um despacho conjunto no sentido de se obterem contrapartidas em prol de empresas portuguesas aos fornecedores de material à Forças Armadas Portuguesas, estava longe de supor que tal espírito fosse subvertido, as empresas portuguesas nada beneficiassem e, pelo contrário, a economia portuguesa até fosse prejudicada através de contrapartidas inúteis e prejudiciais, por via duma decisão deste governo!»
LUÍS MIRA AMARAL
Engenheiro (IST) e Economista (NOVASBE)

Anexim

Não era preciso um filósofo a dizê-lo. Mas há-de ser verdade, se foi o Nietzsche quem o resumiu. Há quem gaste a vida a turvar a água, para que pareça mais profunda.

domingo, 26 de abril de 2015

Figaro

O tempo frio espantou de São Lázaro as bancas da sueca. E desde que o furor da ventania fez desabar um dia as tílias da velha história, até as magnólias cresceram mais um palmo.
Quem ainda se mantém no posto é o velho figaro, na barbearia cor-de-rosa. Guarda lá dentro gestos já esquecidos, e serve a clientela em cadeiras cromadas, duma Casa Pessoa que em Lisboa havia. Refastelo-me numa e faço a barba.
A um canto ronrona um pequeno transistor, sintonizado numa emissora católica. O diácono reza um padre-nosso e os fiéis respondem com avé-marias. - Bendita sois Vós entre as mulheres! - desfia o coro, dez vezes duma assentada. Até chegar a última estação.
O mestre espevita-me na cara a espuma da sapoliva. E eu fecho os olhos, enquanto vou ouvindo o ranger da navalha no restolho dos pêlos. Oiço-a mais do que a sinto, tal é a suavidade. Ele inclina-me a cabeça com a polpa dos dedos leves, conforme lhe dá mais jeito. E no fim passeia por ali, a degolar algum sobrevivente.
Acordo com o arrepio salino da pedra-alúmen a passear no mento. Ao resto cabem uns salpicos de loção, no veludito dos dedos. E até eu me esqueci do tempo mau.

Minimalismos

Tu pediste um café cheio e trouxeram-te um normal. Exigirás o resto que te falta. Porque a felicidade é um somatório de nadas.

Destruir o Sabor, o Tua, o Tâmega, o Mondego...

Para quê?!

A cidade

Pela quinta vez recebe-me com chuva, vale-me a capa que trago no carrinho. Numa indução apressada, o Porto faz o povo previdente, ele saberá porquê.
A quem ela não serve por aí além é ao Licas. Está lá ao fundo do pátio, abrigado no beiral, e tem ar desconsolado. Não se aproxima da grade nem tem à mão o pato de borracha, que em tempos vinha oferecer-me. O mais certo é terem-lho confiscado, para saldar a dívida que todos temos com os nossos credores, esses pobres.
Aceno-lhe cá de longe e nem volta a cabeça. Só se arreda quando o dono mete na garagem o bêéme a reluzir. Fora disso já não ladra, nem protesta, quando o autocarro chega.

Inferno

«O panorama apresentado num canal da TV sobre urgências em diversos hospitais tem duas características que aumentam a gravidade do problema desvendado há três meses. Não é conjuntural, mas cumulativo. Doravante será provavelmente sempre pior, se não forem tomadas medidas radicais. 
A segunda circunstância é a intenção deliberada de esconder o problema. Visível na comparação entre as imagens da câmara indiscreta e as da câmara autorizada. Já se sabia que em algumas urgências se mostra a jornalistas apenas a parte civilizada, externa. Portas adentro, o inferno é outro. (...) 
As urgências são hoje um inferno, porque foi destruída a sua capacidade: escalas de dimensão “económica”, redução a 50% do pagamento de horas extras, não-substituição de profissionais reformados, emigrados ou desistentes; paragem na constituição das unidades de saúde familiar (USF) a montante do problema e congelamento da criação de cuidados continuados a idosos e dependentes (CCI) a jusante, recurso a médicos tarefeiros arregimentados por empresas, entrega das chefias a profissionais de bom nível, mas muito jovens, sem senioridade para imporem respeito e sem que a equipa que precariamente dirigem assegure produtividade no trabalho de banco e continuidade de cuidados. Sabemos que, no afã de agradar, alguns administradores cortaram camas de internamento, sem precaver o futuro, ou sequer o presente. Sabemos que a procura se alterou com o envelhecimento, a pluripatologia, a prática recorrente de alguns lares lucrativos despejarem na urgência os idosos doentes com patologias ignobilmente agravadas, por não quererem contratar pessoal de saúde e não haver quem a tal os obrigue. 
Sabemos que emigraram em 2014, segundo as respectivas ordens, 400 médicos (tal como 500 médicos dentistas) e outros tantos enfermeiros. Sabemos que começa a faltar o material de consumo. Já agora, sabemos também que os hospitais devem hoje cerca de 700 milhões de euros à indústria farmacêutica e cerca de 600 milhões às empresas que vendem dispositivos médicos, tornando a gestão do quotidiano um permanente operação de relações públicas com credores.
Tudo isto era previsível (...) se tivesse havido quem olhasse o sistema de forma global, e não de forma orçamental. Quem ouvisse os interessados, visitasse urgências de surpresa, falasse mais com o povo, andasse de metro e autocarro, desse crédito a jornalistas sérios e experientes. (...)
 Depois, ainda, por os seus amigos lá de fora e alguns opinadores cá de dentro prescreverem o mercado e suas falhas como terapêutica única contra as falhas de Governo. (...)» 
[Correia de Campos, in PÚBLICO]

4ª estação

Engendradas as três primeiras etapas, agora os ficcionistas metem na cadeia o indispensável corruptor activo
A peripécia é indispensável ao enredo. Para que tudo se mantenha dentro de limites lógicos e plausíveis e seja verosímilSó que...
«(...) Já na parte final da entrevista, João Araújo lançou um violento ataque à magistratura. Revelou a existência de um "blogue fechado" para juízes e procuradores onde são ditas as coisas "mais absurdas" e "disparatadas". Depois deu alguns exemplos, enquanto usava um papel para cobrir as folhas onde levava os comentários impressos: 'Começo o dia logo a ver conspurcar o símbolo do Glorioso. Tarda nada vou a Évora e dou-lhe uma coça. Gosto.' Vem outro e diz: 'este tipo é um problemático'. Diz outro: 'Também és menino para nos acompanhar a Évora e me veres a fazer alguém engolir o cachecol do meu clube sem anestesia?' Isto é um blogue onde convivem animadamente juízes e procuradores da República. Há um desbragamento que está a estragar a justiça. Os juízes perderam a cabeça." No entanto, recusou estender as críticas ao juiz de instrução que decretou a prisão de José Sócrates. "O dr. Carlos Alexandre tem uma qualidade terrível: trabalha imenso. Não tem tempo para estas garotices."
O advogado de José Sócrates, João Araújo, foi o primeiro a lamentar esta actuação dos magistrados numa entrevista à RTP em Fevereiro. Referiu-se então a esses grupos fecha-
dos como a “coisa mais desbragada” que se “pode imaginar” com “juízes e procuradores a dizerem as coisas mais absurdas, mais disparatadas”. O advogado qualificou então tanto os procuradores como os juízes que terão comentado o caso no Facebook como “garotada que invadiu os tribunais e que se entretém com estas parvoíces, em vez de estar a despachar processos”. João Araújo leu também então os comentários deixados por alguns desses magistrados e o caso foi depois noticiado, tendo o seu eco acabado por chegar agora aos dois conselhos de topo das magistraturas que decidiram agir. “Há dias perfeitos. Hihihihihi”, comentou um magistrado no dia em que Sócrates foi detido, citado numa notícia da revista VIP. E sobre o protesto posterior na cadeia de Évora, onde os reclusos exigiram um secador de roupa e melhor alimentação, a atitude foi logo associada à chegada do ex-primeiro-ministro à cadeia: “Com toda a razão, afinal ele estava habituado aos mais requintados restaurantes em Paris.” Também as várias visitas que José Sócrates começou por ter na prisão inicialmente foram alvo de crítica. “Que corrupio na cadeia de 
Évora. Estarão todos com o rabo preso? Dizem que quem lá vai são os entalados do regime. Se assim é, ainda a procissão vai no adro. E saem todos satisfeitos. Talvez porque 
se sentem aliviados, por enquanto, LOL, mas atenção que o homem não se cala”, refere outro magistrado. Deixa-me rir!! Uma boa parte do PS podia mudar-se para Évora. Quiçá 
para o estabelecimento prisional”, diz outro. Quase todos os visitantes de Sócrates foram igualmente criticados pelos magistrados, desde o ex-Presidente da República Mário Soares ao presidente do FC Porto, Pinto da Costa. O inquérito aberto destina-se a apurar se efectivamente ocorreram infracções no âmbito disciplinar; só depois será aberto o respectivo processo disciplinar para cada um dos procuradores visados. Já em 2013 o CSMP aprovou uma deliberação em que lembrava aos procuradores que estão sujeitos ao dever de reserva e apelava à “particular contenção” em “troca de opiniões em redes sociais, ou na publicação de artigos em blogues e páginas de Internet”.» [in PÚBLICO]

Ainda Abril!

[Rapinado AQUI, numa caixa de comentários]
«Cavaco é tão irrelevante quanto Salazar o foi desde os princípios da década de sessenta. Mas, tal como Salazar, constitui-se o pilar do país retrógrado que nele se revê. Está velho e “gagá”, já mal sabendo ler o discurso que lhe colocam nas mãos (cidadões!), mas é a referência do país retrógrado. Até pode acontecer que depois de Cavaco a direita apodrecida se esfrangalhe, se digladie, se esfarrape, porque nunca é fácil substituir uma fantochada por outra. E os dez anos de cavaquismo presidencial foram uma fantochada, além de um imenso desastre para o país. Dos primeiros dez anos de cavaquismo conseguimos recuperar, mas destes últimos tenho sérias dúvidas, tal é a destruição que o “cavaquismo presidencial” provocou nas Instituições da República. A PR está desacreditada ao ponto de pantomineiros como Marcelo Rebelo de Sousa e Santana Lopes se perfilarem como candidatos, num claro sinal de que, depois de Cavaco, qualquer “coiso” serve para presidente. A Justiça caiu nas mãos de verdadeiros facínoras que se sentiram com carta branca para perseguir e destruir os inimigos de estimação, deixando absolutamente impunes os que lhe dão cobertura e os seus próximos. Chegou-se ao cúmulo de, uma e outra vez, os agentes da justiça estabelecerem uma descarada agenda política, sempre que se avizinham eleições. Como está a acontecer neste preciso momento. O conluio mais que evidente entre os media nas mãos da direita mafiosa e os agentes da justiça destruiu, também, toda a credibilidade dos nossos jornalistas, os quais, ora são controlados com mão de ferro pelos seus patrões, ora colaboram activa e militantemente, depois de escolhidos a dedo para os quadros dos órgãos de informação. Assim, tornou-se fácil queimar na praça pública todos os que se opõem ao novo regime nascido sobre as cinzas da democracia de Abril. Assim já nem faz falta a polícia e a sua tortura, nem a censura com o seu “lápis azul”. Na verdade, a democracia formal que temos tortura sem PIDE e julga sem TRIBUNAIS PLENÁRIOS. E faz autos de fé nas praças das cidades sem ter sido necessário ressuscitar a velha Inquisição. Ao que chegamos. E fomos consentindo. E os “bons democratas” não têm um assomo de dignidade e um sobressalto cívico perante o desmantelamento da jovem democracia. Em vez disso, repetem que “a democracia funciona”, “a justiça funciona”, sempre que mais uma vítima das instituições minadas pela máfia é arrastada para fogueira da comunicação social, para os tribunais corrompidos e para as masmorras, onde fica a apodrecer pelo tempo que muito bem entenderem os donos da justiça. E os bons democratas vão continuar a assistir impávidos ou lamuriando-se aqui e ali, fingindo que não percebem o que verdadeiramente está a acontecer. Também pode ser, simplesmente, por cobardia.»

Parece que afinal havia outra

Alternativa!

sábado, 25 de abril de 2015

25

Palavras certas do Vasco aos crápulas do governo!
Palavras certas do Costa ao mafioso inútil da Quinta da Coelha!

terça-feira, 21 de abril de 2015

Intermezzo

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

A televisão pública bem podia (e ainda melhor devia!) servir o esclarecimento e a consciência dos portugueses. Mas não se cansa a fazê-lo! 
Este programa foi emitido pela RTP2 às duas da manhã.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Cortesias

Um dia a raposeta saltará o muro, há-de vir ao alpendre a conferência. É só o tempo lento dumas cortesias. 

Oxalá não sejam só

Fezadas cabalísticas! 
[Afora isso, o texto é formalmente belíssimo, uma raridade rara!]

Grosso modo

É isto!

Ó Morais!

Faz lá um jeitinho à malta e cala-te! Tu e mais uns quantos espantalhos! Vai mas é plantar uns alhos, que isso passa!

Ou isso!

Porque é que Sócrates era um arrogante, um megalómano, um paranóico intratável, aventureirolunático?! Além de ser um ladrão, é evidente! 
É que às elites não dá jeito nenhum ver a malta na Internet. Preferem-na no curral, a ruminar!

E para que conste

No 25 de Abril a Pátria era isto.
E aquilo.
Agora já não é, doa a quem doa!

Lisboa 1950

Quem se lembra?!

Adágio

Um pico de ferro nas mãos do coveiro, uma enxada e uma pá. Isso te bastará no fim da caminhada. A crédito duns deuses perdulários.

A casa da partida

Ao contrário do que afirmam os papagaios de turno e os opinadores avençados, a reincidência de Passos numa TSU modernizada não pretende essencialmente reduzir ainda mais os já diminutos custos do trabalho e aduzir novas competitividades à economia, criando assim mais emprego e maiores contribuições para a Segurança Social. Antes é uma bofetada enviesada e pulha ao Tribunal Constitucional. E visa, isso sim, a redução efectiva e definitiva de pensões e complementos.
Intervenções anteriores do TC declararam inconstitucionais, ou transitórios, certos cortes e reduções que o governo intentou. Encurralado, Passos decidiu agora voltar à TSU e seguir por um atalho. Mete 600 milhões no bolso dos patrões, os quais deixam de entrar nos cofres da Segurança Social, minando a sustentabilidade do sistema de pensões.
No dia em que o sistema entrar em ruptura, a redução das pensões será facto consumado, e de pouco valerão as inconstitucionalidades do TC. E assim voltámos à casa da partida. 

Ó CEO's!

Se a moda pega, vai ser o bom e o bonito.

domingo, 19 de abril de 2015

Se tens uma hora a mais, e não sabes que fazer dela

Vai ali ver coisas interessantes. Muito mais do que serem o que são, as coisas desta vida são sobretudo aquilo que os especialistas delas dizem.

O folhetim do preso 44

É sabido. Uma boa ficção supera a realidade. Do ponto em que não ofenda as normas da verosimilhança, substitui-a e ocupa o seu lugar com inegáveis vantagens. O folhetim do preso 44 atesta-o de sobejo.
É ver aqui, como simples exemplo, o que vislumbra no caso um ficcionista, mesmo aquele com provas dadas de ser capaz no imaginar de um enredo. É certo que, enquanto obreiro das artes literárias, ele se limita à observação da realidade como matéria diegética. Os factos apenas o atingem enquanto peripécias. Não toma partidos, nem exprime opiniões sobre gestos e práticas jurídicos, nem éticas, nem morais, nem as implicações sociais duma justiça elementar. Em bom rigor não lhe competirá fazê-lo. Ele é escritor, e enquanto tal não é um julgador. E quando a literatura ocupa as funções do julgador, morrem nela as artes literárias. Fica apenas o panfleto militante, é a história que o atesta.
Sem ironias, porém, e a contrario sensu, o que fizeram há muito os magistrados de turno foi pegar-lhe na palavra e cumprirem o papel do ficcionista. Agarram num episódio que assumem como real e elaboram sobre ele uma tese jurídica. E lá andam a tentar provar que o preso 44 vivia acima das suas capacidades conhecidas. Em seguida o arguido tinha uma fortuna oculta em nome de terceiro. Tudo isto é verosímil, por ser da vida real o aforismo vicentino de que quem cabritos vende e cabras não tem de algum lado lhe vem
No final entra no enredo o indispensável deus-ex-maquina: a fortuna teve origem criminosa, designadamente em actos de corrupção passiva enquanto foi governante
Basta entregar uns dados que são secretos à voracidade da máquina da informação e o julgamento público está feito, com grande economia de meios e uma sentença à medida.
Ali se explica o modus-faciendi, com outro pormenor. Só que...

Mistérios desfeitos


Aquilo a que chamo gralhas foram-me sempre um pássaro intrigante. Ruidosas gralhavam no céu alto, pelo Verão, no pico do calor, sem se deixarem ver.
Agora aparecem cedo, no frescor da manhã, e voam em grupos ao rés dos carvalhos. Gralham do mesmo modo e são bonitas.

sábado, 18 de abril de 2015

Coboiadas?!

Tudo indica que esta greve decidida pelos pilotos da TAP tem lá dentro os ingredientes necessários a uma bela bronca. Oxalá não sejam eles os suficientes!
Aqui há trinta anos, quando a selvajaria financeira começava a afiar os caninos, bastou ao Reagan um ano para reduzir a zero as elites futricas da aviação civil americana. Uma grande parte do pessoal de voo teve que procurar segundo emprego, para compor o orçamento. Isto enquanto, na pérfida Inglaterra, a dama de ferro não demorou seis meses a fechar as minas do carvão e a esvaziar a força dos sindicatos mineiros.
Os aviadores futricas lá terão os seus motivos. Mas grande pena é vê-los nesta altura a dar falsas razões ao canastrão do cobói.

Esmiuçando

Este Comentador que acha será da Radio Altitude?

Se já esqueceste as técnicas...

Essas mesmas da manipulação, da contra-informação e do condicionamento do pagode, podes lembrá-las aqui. Funcionaram muito bem há anos, e andam aí outra vez, revistas refinadas e aumentadas.

Paisagismos

São três peónias ao topo do quarteirão. Uma camélia vermelha, um loendro, um noveleiro, um lilás e uma japoneira branca. Em volta há lírios barrocos, íris do campo e gladíolos. E encostados à parede vão subindo os malvaíscos. O resto é o respirar da terra e o fulgor da primavera.

Jagodes

A criatividade popular no capítulo das alcunhas não reconhece fronteiras. E é tão proverbial quanto é cáustica. Mas aqui não é de alcunhas que se trata. Antes de um sobrenome comprado por bom dinheiro, num tempo em que havia condes verdadeiros.
Gastava ele os dias no solar, ainda ganapo. Cumpria as ordens da criada na cozinha, fazia companhia ao jardineiro, tirava as ervas ruins enquanto matava a fome. Mas nunca esteve no salão do preto, nem de longe. Essa figura de pau que atestava heróis já mortos em campanhas de além-mar, e era um padrão de memórias nas casas afidalgadas.
Um dia o conde, que descera ao parque, acenou de longe e disse: - Olha lá, Jagodes! Compro-te o nome por estes vinte escudos! Pega neles! - E o rapazito, que nunca vira dinheiro, deixou a assinatura no contrato ao receber da nota.
Um nome tal vinha de muito longe, da terra dos bolcheviques. E o seu verdadeiro dono foi comissário do povo e mandava nas polícias todas. A circunstância não o impediu de acabar fuzilado, mas o próprio conde ainda o não sabia, ele que sabia tudo. E assim ficaram as coisas muito tempo.
Um dia o Jagodes fugiu a salto para a França. E viveu mais a mulher à beira dum bidonville, dentro da carcaça dum autocarro velho, durante uma dúzia de anos. Até que arranjou lugar num acheléme. Quando regressou a Portugal definitivamente já trazia o nome antigo, deixara de ser um jagodes qualquer. Tinha comprado uma casa de família, que reconstruiu e salvou da ruína, com um quinteiro melhor do que o do conde. É onde vive ainda hoje. 
Mas tem as suas mazelas, porque padece da gota e os filhos estão muito longe. Se ele encontrasse a quem vender a casa e o quintal, e as japoneiras que há nele, e as águas boas que tem, esqueceria o passado, largava tudo e ia ter com eles. Não hesitava um minuto.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Claustro-quê?

Uma matilha de escroques, é o que é!

"A lama há-de engolir-nos..."

"A todos."

Mariano Gago morreu

Ele "fez da ciência portuguesa o que ela é hoje". E não mais que 10% dos indígenas têm alguma noção do que o país perdeu.
Entre os frequentadores do Ensino Superior, este número tende para zero.

"Provavelmente"

O buraquinho na rede, por onde a raposa entra. A escovinha que sacode a água do capote. A nuance que permite que a culpa morra solteira. O alçapão que garante que o crime sempre compensa. A impunidade geralAcenada de presente.

Como não?!

Velhice

Tiro o celofane ao maço. Ripo dum cigarro. E vou ao balde do lixo para me livrar dos destroços.
Dum lado levo uma tese, amarfanhada. Do outro tenho uma antítese, entre os dedos.
Abro aquela portinhola, largo o cigarro no  balde. A síntese é irrecusável. Sem recurso.
Antes que esqueça decido-me a ir à rua, pagar uma factura ao multibanco.

Aí está

Fora de merdas! O que eles querem fazer da Constituição e do país, se os deixarmos à solta. A coisa esmiuçada aqui.

Sentença

Éticas, missões, morais, religiões, últimos fins, saberes ou poderes?! Só o amor e a arte, mesmo se em reminiscência, justificam a vida. Outros acidentes a povoarão, mas não a justificam.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Sapatos de defunto

Logo em 2011, a récua de cavalgaduras que mandam no país abandonou as políticas do governo de Sócrates relativas ao automóvel eléctrico. E bloqueou um projecto da Nissan para o fabrico de baterias eléctricas em Cacia. A rede-piloto de pontos de carregamento foi interrompida e abandonada, degradou-se, acabou por sofrer vandalismos.
Passados estes anos as cavalgaduras arrepiaram caminho, protegendo os cascos com sapatos de defunto. E o jornalista reconhece-lhes o genuíno dono. Mas não o identifica, por não estar autorizado.
«(...) A fraca penetração dos carros eléctricos não é exclusiva de Portugal. Em toda a UE representaram apenas 0,3% dos carros novos em 2014.
Foram vendidos cerca de 38 mil automóveis ligeiros movidos a electricidade, dois terços dos quais em apenas três países: França (10.730), Alemanha (8575) e Reino Unido (6692), de acordo com dados publicados ontem pela Agência Europeia do Ambiente. Em Portugal foram 196.
No ano passado, o Governo adoptou duas medidas estruturais para acelerar a introdução dos carros eléctricos no país. Uma delas foi a alteração do quadro legal da mobilidade eléctrica, facilitando a instalação de pontos de carregamento em espaços privados, como edifícios, condomínios e centros comerciais, e promovendo a concorrência nesse mercado.
Portugal já tinha uma rede-piloto de cerca de 1300 pontos de carregamento, instalada nos últimos anos. “Estamos a detectar que há problemas de manutenção. Há muitas avarias e há também (...)»
[in PÚBLICO]

"A outra esquerda"

Este espírito muito antigo foi uma das três pernas que nos fez estatelar no tapete em 2010/11: a oligarquia sedenta, a esquerda consequente, e um desqualificado em Presidente.

Balanço

O pouco que sei vai dando para viver. E aprendi um terço dele nos livros e na escola, mas sobretudo na literatura. 
Outro terço vem da Força Aérea. A organização que mais me exigiu e violentou, a que por pouco me não levou mais que uma vez à morte, a que, a despeito das limitações de que padece, foi a mais eficaz e produtiva e merecedora de vénia de quantas conheci.
O terço restante aprendi-o com as mulheres, e foi sempre a expensas minhas. Alguma houve com quem aprendi mesmo o que seria melhor não conhecer.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Estações

Afirma-se aí que o tempo virou híbrido, que já se não distinguem estações. É como os milhos modernos que chegaram da América. Não são carne nem são peixe, embora sejam muito produtivos. 
Pois esta tarde varreu o planalto uma trovoada à moda antiga. Os pastores correram à serra a proteger os gados, os cães abrigaram-se nos pátios. A aguaçada lembrava os dias do dilúvio, à mistura com ovos de granizo. E o céu inteiro aos estrondos andava num badanal, há muito não se via nada assim. 
Relâmpagos e coriscos pareciam raios dum velho Zeus de cabeça perdida, provavelmente por causa da Europa e com muita razão. É que essa tal vaquinha fartou-se dos deuses e virou galdéria, e agora vive por conta numa casa de alterne, ali ao lado da Pariser Platz.

Nenhuma lágrima o pode redimir

A última vez que a vi foi há uma eternidade, numa madrugada de Fevereiro, teria eu sete anitos. Ela foi à minha cama, acordou-me e deu-me um beijo. Depois disso foi-se embora para o Brasil.
Tinha-se casado com um soldado que chegara de Macau, aonde fora fazer não sei o quê. Mas o que ambos tinham que fazer era arranjar uma vida. E lá se foram, seguindo a prática antiga.
Eu nunca mais a vi e tive grande pena, pois deixou de me chamar o meu sapinho e encher-me o rabo de mimos sempre que podia. 
Agora ela morreu. Num lugar perdido deste mundo, a que as nossas elites traiçoeiras ainda hoje chamam a diáspora e ninguém sabe onde fica. Deve ser um sítio, ou uma feira, para onde sempre se mandou o gado que deixou de caber no lameiro.
Nenhuma lágrima o pode redimir!

Maias apressadas

Chegaram à terra fria as maias brancas, que vêm em Abril. Dignas do nome que têm, as amarelas só se mostram em Maio, imponentes e vistosas . É dessas que o haiku fala, em tradução caseira.
Floresce a giesta negral.
E as abelhas fogem dela
Salvo quando constipadas.
Foi ainda a vez primeira que se ouviu o rouxinol.

Mil vozes chilreiam à Primavera.
Mas cresce a noite e sozinho
O rouxinol permanece.

A mais brilhante do céu

É a Vesper, que é a estrela da manhã, que é a estrela do pastor, que é a estrela da tarde, que é o planeta menos distante de nós.
O que seria do mundo sem a estouvanada Vénus, que assim a qualquer hora anda na rua!

terça-feira, 14 de abril de 2015

J. S. Bach

E quem mais?!

Este Zé-Ninguém

Este pavãozito inchado habituou-se a alisar as penas do papo nas revistas cor de rosa. E agora não quer outra coisa, o cretino!

Caos

A face verdadeira duma política falsa.

Máxima

"Assim te poupem os deuses à loucura e à iniquidade. A própria e as alheias."

[A este propósito]

A pura história aqui esmiuçada

Tim-tim por tim-tim!

Passo em frente

"Os que me querem acompanhar dão um passo em frente. Os outros ficam!"

Salgueiro Maia ao Panteão da Nação, ó geração de inúteis ou canalhas ou sonâmbulos!

Rifão

Diz-me o que fazes do tempo e do dinheiro. Poder-nos-emos então sentar à mesa.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Esta choldra de filhos de puta já merecia a forca!

Custe o que custar, querem negociar a venda a TAP até finais de Junho. E, o mais possível, barata como a uva mijona.
Mas depois pára o processo, e deixam ao próximo governo e ao PS o odioso de carimbar o negócio.
Fizeram o mesmo em 2011, com a história da troika. Forçaram-lhe a vinda, berraram-lhe a urgência, mas deixaram ao PS e ao Sócrates (que a não queria por cá) o frete de a chamar. E ainda hoje esse argumento de pulhas é exibido como a verdade da história.

Depois de Abril

Aqui há meio século, duas alterações conseguiu impor o marechal Spínola ao Programa do MFA: a não-extinção imediata da Pide e o não-reconhecimento do direito à autodeterminação e independência dos povos coloniais.
Esta última custou a vida a mais quinhentos soldados portugueses.

Eu já lhes perdoava muita coisa!

E até esquecia a história, e lhes lavava o currículo, às pseudo-elites que mandam no meu país! A este os violinos do Chopin, àquele os graus de doutor por equivalências falsas, ao outro os livros que andou a ler e não existem, e ao maioral deles todos a fatia d'Os Lusíadas que o Camões em vão escrevinhou. Sei que afinal terá sido de barro que Deus nos fez a todos.
Mas um tal grau de destruição, este Fahrenheit assustador, este regresso à treva não se pode perdoar!

"Queixas por violência no namoro em meio escolar aumentam 50% num ano. PSP recebeu mais de quatro participações por dia no ano passado. Dois terços das participações às polícias surgem do interior das escolas, mostram dados dos últimos anos."

"As escolas, o Ministério da Educação e o MAI tentam reduzir ao máximo a divulgação dos casos mais graves, diz investigador."

"Já não chega o estalo ou o pontapé."

"Quando são suspensos, por processo disciplinar, ficam aflitos. Não pelo castigo, mas porque é na escola que comem."

[Transcrições do PÚBLICO]

Oh santa ingenuidade!

Um amigo fez saber, no almocinho de ontem, que volta e meia lhe aparecem no cercado das lebres uns tantos machos capados. E logo outro acrescentou que o caso é vulgar nos galos e nos coelhos. Assim mesmo, arrancados à dentada.
Já tinha ouvido falar em golpes darwinistas e canalhas. Mas um tal não me passava pela cabeça.
[Corrigenda: Enquanto não têm dentes, consta que os galos não arrancam nada. Sitiam o rival e matam-no à fome.]

domingo, 12 de abril de 2015

Oração

Dos fariseus.

Mais um toma

Do Vale Ferraz!

«As sociedades necessitam de símbolos para representarem os seus valores. A arquitectura, a estatuária, a pintura, a arte em geral também cumprem esse papel de dar forma e local de culto ao que uma sociedade considera ser a sua essência, aquilo que pode ser designado pela sua alma.

Em África, por exemplo, certas culturas têm as suas árvores sagradas. Na Guiné, na Senegâmbia, chamam-lhes Irã. É ali que repousam os espíritos dos antepassados e ali que eles podem ser chamados a pronunciar-se sobre o presente e a transmitir aos atuais a sabedoria que recolheram da vida, a aconselhar, a julgar.

Os panteões começaram por ser os locais de reunião dos vários deuses de uma dada região e de uma dada cultura, ou civilização. Foram um primeiro passo para o monoteísmo. Ali se reuniam todos os veneráveis, num único lugar. Diferiam dos templos porque, ao contrário destes, não tinham altar, não eram lugar de sacrifício, nem de oferendas, apenas de veneração, de unanimidade sobre um certo modo de viver, que aqueles seres divinizados representavam.

Os modernos panteões retomaram esse espirito numa vertente laica e republicana. Pretenderam reunir aqueles que uma dada nação considerava como os seus faróis, aqueles que foram orientando a sociedade e dotando-a de uma identidade. Aqueles que foram capazes de decantar a essência do seu povo.

A ideia de reunir esses símbolos é em si mesmo louvável. Mas é necessário deixar que o tempo faça o seu trabalho, limpando o efémero. É necessário envelhecer bem para merecer o Panteão. Um panteão não é uma caderneta de cromos com os bonecos dos futebolistas que jogaram nesse anos na primeira divisão.

Vem isto a propósito da nova moda dos panteonáveis. Tenho a minha opinião sobre os que lá estão, os da primeira vaga e os da segunda, mas não é sobre um referendo a propósito de inclusões ou exclusões que me parece saudável discutir, mas sobre o conceito de “ir para o panteão”. O ir para o panteão, já, como se ouviu após a morte de Eusébio e agora com a morte de Manuel de Oliveira é o correspondente ao sanctus subito da Igreja Católica, que deu por vezes péssimos exemplares de santos. O outro perigo é o de transformar o Panteão numa montra dos famosos da época, de amigos de um dado regime. Ou num local da moda. Num cemitério de personalidades – um Père-Lachaise no Campo de Santa Clara, na antiga igreja de Santa Engrácia- em vez de ser uma fonte, uma árvore numa floresta sagrada.

É evidente que todas as personalidades ultimamente panteonadas são ilustres, a questão não é essa, é a de a sociedade portuguesa entender que o Panteão passou a ser o jazigo dos ilustres. Isto é, se o Panteão português passou a ter outra finalidade. É que, se o Panteão passou a ser o cemitério do Père-Lachaise de Portugal convém desimpedir o campo à volta de modo a albergar a vaga de famosos que mais cedo ou mais tarde falecerão e que terão tanto direito como outros a ali figurar, lembro, sem nenhum desejo de lhes apressar o fim, longe vá o agoiro, atletas como Carlos Lopes, Rosa Mota, Joaquim Agostinho, atores e actrizes como Rui de Carvalho, ou Eunice Munõz, ou Maria de Medeiros, filósofos como Eduardo Lourenço, músicos como Chaínho, pintores como Pomar, escritores como Agustina e pergunto onde estarão, entre outros, o Zeca Afonso, ou Agostinho da Silva, ou Saramago, ou Eugénio de Andrade, ou Natália Correia, ou Amadeo de Souza Cardoso, administradores como Azeredo Perdição, ou engenheiros de grandes obras como Edgar Cardoso, enfim a lista podia continuar com os acrescentos e exclusões de cada um, se a ideia for panteonar os nossos ilustres concidadãos e não aqueles que dirão aos nossos descendentes onde devem lançar a âncora, aqui e não ali, as boas épocas para viajar, ou de ficar em casa, as de correr ou as de andar, as de lutar ou as de negociar…

No romance Para Sempre, Vergílio Ferreira (aí está outro panteonável) coloca vários escritores de várias épocas a comentarem as vicissitudes de história numa imaginária biblioteca. Eu vejo o Panteão como a biblioteca do Para Sempre, com os ilustres que lá se encontram a reflectirem sobre Portugal, sobre os portugueses, sobre o que somos, sobre o nosso futuro e a deixarem-nos ouvi-los. Eu, por exemplo, de todos os ilustres lá imortalizados, o que me parece ter dado a melhor resposta às perguntas que eu lhe faria sobre o que de mais importante devíamos fazer para vivermos melhor e sermos melhores, sobre a causa da nossa pobre situação foi João de Deus: aprendam a ler! E deixou-nos uma cartilha! Inteligente e eficaz. Um caso raro.

Para já, o que oiço dos que andam cá por fora é: coitado, lá vai mais um para o panteão. Ou a nova versão da frase de Almeida Garrett: Foge cão que te mandam para o panteão! O que não honra o Panteão, nem quem lá está, nem quem lá deverá estar…

O populismo é sempre mau conselheiro e, como diz o povo, cadelas apressadas parem cães cegos. Ainda corremos o risco de lá irem parar o Alves dos Reis e o Ricardo Espírito Santo, os maiores fazedores de dinheiro falso…»

J. S. Bach

Pois quem?!

Heróis meus

Quando chegava a hora do jantar ao final da manhã, sentavam-se em roda da toalha estendida no restolho, à sombra fresca dos freixos. Devoravam barranhões de arroz de gravanços com fumeiros variados, trocavam fábulas pícaras e graçolas brejeiras, bebiam litros de vinho duma cabaça de cinco. E depois de lhe encostarem o gargalo ao canhão esgaçado das camisas passavam ao companheiro.
No fim montavam as armas e picavam as gadanhas, antes de ajeitarem as lombeiras numa sombra e dormirem a sesta. E às vozes do manajeiro tornavam ao corte até ao lusco-fusco. No caminho de casa uns trauteavam laironas que eu não entendia bem. Outros tropeavam cabisbaixos ao peso das gadanhas.
Com estes trabalhos deles escapei eu à penúria e eles não. Bem vivo estou e eles já morreram todos, só lhes ficou a memória no cantar destes ribeiros. Ando com eles às costas por veredas e rodeiras, nas minhas caminhadas. Para me juntar à quadrilha quando me chegar a hora.

Isto

É um pensamento trôpego de merda!
«(...) Nas próximas (eleições), não é o PS que fará a diferença, justamente porque não quer inverter o caminho que empreendeu, pela mão de Constâncio, Guterres ou Sócrates, há muitos anos. O PS, como a social-democracia europeia, até se distingue da direita no debate sobre o aborto ou o casamento homossexual (ainda que tenha discriminado mais ainda na adoção) — mas não é de hoje que desistiu de defender o mínimo de democracia social que tínhamos desde o 25 de Abril e se passou para o campo do liberalismo económico, entendendo que a riqueza das nações é produzida pelos patrões e não pelos trabalhadores. É por isto mesmo que a mudança também não virá daqueles que têm alimentado esta mentira de que o PS não dança à esquerda porque não tem par disponível. (...)»
[Manuel Loff, in PÚBLICO]

Alvoradas

A romaria tinha, e ainda tem, a sua alvorada pirotécnica às oito da manhã. A anunciar os começos da festa.
Colocado em sítio dominante, o fogueteiro chegava-lhe a mecha, incendiava o rastilho, e o foguete subia no ar, num rasgo sibilante. A dada altura soltavam-se as bombas, que explodiam pelo céu em cogumelos de fumo, numa sucessão irregular e sincopada. Em redor iam caindo as canas, o cobiçado troféu da garotada. 
Era tudo feito à mão, num ritmo contingente. E terminava com uma série de morteiros, de bomba única maior e mais sonora. Algum erro custaria ao mísero artista um par de falangetas.
Agora o fogueteiro é um industrial de pirotecnia, que não deixa a tecnologia em mãos alheias. Tudo funciona por iniciadores e circuitos eléctricos. E ele já montou na véspera, no relvado, um complexo enigma de canhões. Senta-se à mesa das operações, liga os circuitos e dá início à função. Os mísseis sobem no ar e são inteligentes, explodem a altura controlada, em séries que três segundos mal separam. Os morteiros são mais espaçados, mais potentes, e também são cronometrados. E os garotos, que já não existem, não correm a apanhar as canas que deixou de haver.
O efeito duma tal alvorada ouvi-o há pouco. É para lá daqueles montes, algures na terra quente. É pífio, padronizado, é enfadonho. Nem alvoroça as rotinas da vida, nem liberta as emoções, nem alimenta desejos de aventura, nem faz andar nenhum sonho. É mais que certo eu não ir à romaria.

sábado, 11 de abril de 2015

Ao castro

No canto esquerdo, há-de chegar um dia o solstício.

E fica-te lá com esta

Se te agrada!

Silêncio

Nos livros o silêncio é um vazio. Na vida real é uma ausência de ruídos.
É o zangarreio das cobritas de água nas margens da represa. É o protesto dum cão que acordou dum pesadelo. É um relento a cair no cone dum candeeiro. É uma lua a pastar em nuvens intranquilas. É o respiro duma árvore no quintal dum vizinho. É um galo em nenhures de relógio adiantado por hormonas inquietas. É o rolamento incessante das esferas e da máquina do mundo.
O único ruído, no silêncio, é o rumorejo das humanas conjecturas.

O destino dos equívocos

[cabrinha da Valérie]
Já os primeiros anos tinham sido atribulados na gestão dos cavalinhos. E então foi engendrada há tempos a Fundação Côa Parque.
Agora é a ACÔA (Associação de Amigos do Parque e Museu do Côa) que faz um balanço "desastroso" dos últimos anos de gestão da Fundação Côa Parque.
- houve um apagamento do papel do Parque e Museu do Côa na região;
- confundiu-se o papel que lhe competia, enquanto polo dinamizador e mobilizador de uma região, com elementares matérias de tesouraria;
- desvalorizou-se o papel da arte do Côa, identificada como o recurso endógeno central à estratégia regional, carreando mais dificuldades para este território de baixa densidade;
- não perceber a importância da arte do Côa (...) e a responsabilidade que o Parque/Museu têm no território é comprometer o futuro da própria estrutura cultural e, no limute, da arte do Côa;
Nesse sentido, apela à SEC, ao CA da Fundação, e aos parceiros... Além disso espera que o governo assuma...
[in Jornal O Interior, nº 795]

Estranhamente isto faz-me lembrar a sugestão que um dia apresentou um edil da Câmara de Aveiro, em face do descalabro orçamental provocado pela existência do estádio do descampado (2004): simplesmente implodir o mamarracho! Mas tudo não passou duma bravata, para não gastar em trotil tanto dinheiro. 
O destino dos equívocos é como o nosso destino!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Minha Língua Minha Pátria

Os erros acidentais (por inércia, analogia ou ignorância) na aplicação das normas da consoante - somados ao erro essencial que é o próprio Acordo Ortográfico - produzem pérolas destas:
- adeto (adepto)
- ajunto (adjunto)
- avertência (advertência)
- batéria (bactéria)
- compatar (compactar)
- conosco (connosco)
- cootar (cooptar)
- dianóstico (diagnóstico)
- eletroténico (electrotécnico)
- elise (eclipse)
- eucalito (eucalipto)
- ezema (eczema)
- ilariante (hilariante)
- impato (impacto)
- indenização (indemnização)
- manífico (magnífico)
- oção (opção)
- ostáculo (obstáculo)
- otanagem (octanagem)
- politénico (politécnico)
- réteis (répteis)
- setor (sector)
- tenológico)
- umidade (humidade)
Estas (e outras) asneiras assustadoras, compiladas por João Pedro Graça, estavam e estão em sítios oficiais de importantes instituições e empresas, públicas e privadas, incluindo estabelecimentos de ensino superior e órgãos de comunicação social, que o autor identifica e lista.

Falar em génio

É pouco. Não há-de ser tudo ácido lisérgico.

Calendas gregas

E a Europa?!

Cachapices

Levei este objecto na viagem para lhe roer no caminho algum bocado. E cumpri o combinado. Até que dei comigo intoxicado, e o tranquei a cadeado, e definitivamente o pus de lado. Por simples e puro enfado, e para não ficar também contaminado.É que a imbecilidade em grau descontrolado é um insidioso estado. É como arriscar as grandes altitudes, sem levar oxigénio engarrafado.

Ó Taborda!

Vai mas é bardamerda mais o Sanches! E já agora, nos tempos da brasa verdadeira, esse era da linha negra ou da linha vermelha?!

Armistício

O Porto recebeu-me sossegado, diria quase amistoso. E até eu fiz as pazes com ele, agora que o vejo ao longe.
Vi a deslado a Casa da Música, essa oportunidade que os tripeiros perderam, sitiada por falanstérios que lhe deslustram o arrojo, para não dizer que anulam o objecto. Esse estropício supérfluo e caríssimo, um deslumbramento de pacóvios, que só não é mais inútil porque durante uns dias vai ser o palco da música de baile dos bombeiros.
O que guardo são saudades dos poetas da Sonora. E do 305, que fielmente me levou a São Lázaro durante uma dúzia de anos. E do povo que ia nele.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Outra visão

Sobre Nóvoa. Com comentários
[A minha alma fica parva perante mais um Paulo Morais!]

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Atenção ao Calafrio!

[obrigatório clicar]
Se aplicável.

Não é o melhor dos mundos de Pangloss!

Mas tudo acabará em bem, desde que o governo se comprometa a manter açaimado o povo grego. A realidade disto tudo é o inacreditável.
«Espanha juntou-se terça-feira ao clube dos países que vão ao mercado e se financiam a taxas negativas. Um dos próximos a ter os investidores a pagar para emprestar pode ser Portugal, dizem analistas.»

Transgénicos?!

Ora toma lá!!!

Imagens antigas

Lilases, olaias, glicínias, azáleas, festões, tulipas, alfazemas, íris e lírios barrocos espreitam nas hortas, por cima das paredes. Como antigamente.
Lá pelo dorso dos montes tudo dorme ainda. E da fritilária nem novas nem mandados.

País esquizofrénico

Está aí outra vez Abril, o de há quase meio século. Na data e em muitos corações. Com ele voltou também um Portugal do passado, confuso, atarantado, esquizofrénico.
Dum lado um indescritível governo de sipaios e traidores, a trombetear vitórias mitológicas: a da austeridade salvífica, a do ajustamento que nos salvou da bancarrota, a da troika que nos remiu e foi embora, e a da resiliência dos bravos portugueses que pegaram a besta de cernelha. - Temos finalmente os "cofres cheios"! - ecoam e amplificam os papagaios de turno.
Do outro lado o Portugal de carne e osso, o único real e verdadeiro, o que nunca mais terá trabalho, o que já entregou a casa ao banco, o que voltou à diáspora fatídica, o que sobrevive na precariedade ou já naufragou no desespero.
Para responder à crise em tempos vinda da América (que vitimou o último governo de Sócrates), as elites foram desenterrar velhas balelas sobre a austeridade, insultando o povo que andou a viver acima das possibilidades. Hoje só os cínicos as levam a sério, ou quem vive à custa delas, ou quem já desistiu de pensar.
No Portugal em que estamos, as elites oligárquicas e revanchistas serviram-se da crise mundial (que ainda hoje fazem por desconhecer!), usaram a arma da precariedade e exigiram a vinda da troika para retomarem o poder. Para executarem esta política miserável, que sempre foi a sua, e não seriam capazes de voltar a pôr em prática sem uma boa ajuda. Por causa do Abril que um dia houve.