terça-feira, 31 de março de 2015

Fisco

Lei da selva ou darwinismo a ferro e fogo?!

O que será ele isso da emoção estética?!

Há mais na manhã, lá fora... ou aqui?!

"O ovo da serpente"


«A verdade é que (acho eu, mesmo não sendo especialmente dado a certezas) dentro de cada um de nós, ou dentro de muitos de nós, existe um pequeno Hitler na clandestinidade. Vá lá, desdramatizemos: provavelmente nem tanto, e tão-só um pequeno demónio mau e intolerante, um ser feio e obscuro que, aos poucos, o meio, a escola, a família, mantêm amordaçado no fundo do fundo do coaração ou da víscera que lhe faça as vezes.
Aprendi isso à minha custa, que é o modo mais fiável de aprender seja o que for. Na segunda classe da Primária calharam-me em sorte duas ou três dioptrias; tanto bastou para que eu passasse a ser o "caixa-d'óculos" da turma. (...)
Por essas e por outras aqui venho eu agora patrocinar um céptico anti-Rousseau: ao contrário do que pregou o pobre enciclopedista, o homem é por natureza mau, a sociedade é que o converte. O "homem natural", que é como quem diz a criança, é de facto mau como as cobras (evidentemente que isto é uma força de expressão, coitadas das cobras!). Pelo menos enquanto as educadoras de infância, os professores, a família e a sociedade em geral não levam a sua avante, as crianças são intolerantes, exclusivistas, mentirosas, maldosas. É o "caixa d'óculos" que vo-lo assegura! (...)»  [27//11/1991]

segunda-feira, 30 de março de 2015

"Adeus Tsipras!"

O autor é que saberá de economia e dos linguajares dela! 
A mim mais me parece tratar-se aqui da teoria do preso por ter cão e encarcerado por não ter. 
Tudo está bem desde que os gregos se fodam! E logo agora, com tantos salvadores! Ainda por cima por erros de quem os quis resgatar!

«Confronto absurdo
A Grécia sobrevive graças ao BCE. fuga de capitais esvai os bancos. Contaminado o Tesouro, torna-se difícil o acesso aos mercados: quando o financiamento é obtido, os títulos são colocados de novo nos bancos, que, por sua vez, parqueiam dívida no banco central. O BCE avisou. Os bancos gregos devem parar a compra da dívida emitida por Atenas e recorrer à linha de Assistência de Liquidez de Emergência (ELA, no acrónimo inglês). O calendário de reembolsos é pesadíssimo. Em Março, cerca de 1,5 mil milhões (MM) de euros foram pagos. A falência do Estado (é?iminente. A exposição do BCE à dívida é de 104 MM de euros, o equivalente a 66% do PIB da Grécia. Dissipativa, Centrífuga e exangue, finalmente, a Grécia dará a conhecer as reformas que acordou. Após avaliação e aprovação, receberá 7,2 MM de euros do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira em curso. Terá mais tempo, mas não afasta o cenário Grexit ou Grexident. Tsipras chega ao poder e opta por equilíbrios longínquos, em vez de admitir que a Europa se constrói com flexibilidade, negociação, compromisso. Não aproveitou o momento de rara unanimidade na UE. Reconhecem-se erros na arquitectura do euro, falhanço nas troikas, pesados custos infligidos aos povos, consequência de dramas da austeridade excessiva. E 
escapam-lhe alianças. Com Juncker, tocado pela má consciência do passado (Luxleaks), mas agora apostado no investimento e no emprego; com Draghi, determinado em empreender a histórica expansão monetária à revelia da Alemanha; com Hollande, Renzi e Rajoy a procurarem demolir os dogmas que sufocam o crescimento económico. Tsipras ressuscita o método intergovernamental. Em confronto com as instituições europeias, sem resultados. É tempo de a política se sobrepor à finança, mas se a inversa persistir, falha “a busca de um país liberto, de uma vida limpa e de um tempo justo” (Sophia). Adeus, Tsipras.
João Ferreira da Cruz, economista»
[in PÚBLICO]

Biodiversidade

Eram vizinhas e alentavam-se uma à outra. Aparentadas, viúvas, cada qual no seu balcão envidraçado. E lembravam duas catatuas, muito embora não houvesse coisa mais distinta.
Uma nunca teve filhos. E atravessava a rua para passar as noites na casita em frente, depois de o homem morrer. Viveram ambos uma vida nela, que só se tornou fria e despojada quando se mudaram um dia para o alpendre novo. Ficara lá dentro o afago das lembranças a aquecer-lhe as madrugadas. E ao cair da noite, fosse Inverno ou Verão, lá ia ela a atravessar a rua. Era uma fé, se não era mania, que só o alzheimer veio dissolver.
Já de filhos teve a outra uma ninhada. Mas quando se falava do marido, arredondava, lampeira: - Já lá está, Deus o conserve, tão pouca falta cá faz! Para inferno já me basta o que há-de vir!

E aqui tens tu

As mais fundas razões da tragédia dos Alpes, que os papagaios nunca te esmiuçarão porque os donos os não deixam. Elas radicam na década de setenta/oitenta, pela mão de Reagan, que num ano proletarizou a maior parte do pessoal de voo americano, obrigado a manter um segundo emprego. E pela mão de Thatcher, que em seis meses destruiu os sindicatos de mineiros, encerrou as minas de carvão e privatizou empresas e serviços, em atmosfera de guerra civil.

«(...) E que me dizes, Tito, da saúde ocupacional destas empresas que empregam pilotos baratos de tenra idade e os deixam suicidar-se arrastando centenas de inocentes? Nada de novo, infelizmente. Coisas semelhantes ocorreram nos EUA em 1993. Em pouco mais de um ano tivémos desastres vários, no País com a melhor ajuda à navegação aérea do mundo. Já não te recordas, mas nessa altura eu voei várias vezes entre Nova Iorque e Washington com péssimo tempo, viagens pavorosas para cumprir horários e metas comerciais. Tínhamos saído de uma greve prolongada de tripulações, as grandes companhias despediram toda uma geração de pilotos experientes, recrutaram jovens por um terço do salário dos despedidos, como um amigo meu de 23 anos, co-piloto, pago então a dois mil dólares por mês. Por maior perícia que tivessem, faltava-lhes experiência e bom senso. O resultado foi a queda de três aviões em pouco mais de um ano. (...)»
[Aqui]

Europa?!

Os magarefes bárbaros tratar-lhe-ão da carcaça. Num açougue já ela está

Madeira

Tudo sugere que o crime compensa. Mas quando é que ele deixou de compensar na nossa terra, agasalhado em treva tão antiga?!

Spring song

Mendelssohn Bartholdi.

domingo, 29 de março de 2015

E agora?!

Coitado deste! 
E já agora do Nogueira, esse coitado!
Avenida abaixo ou avenida acima, ambos fizeram dos profes, os coitados, carne para canhão. 
Outros tempos! Que deveriam lembrar-nos, para aprendermos!

«O Umbigo de Paulo Guinote acabou
Foi sem aviso prévio que ontem Paulo Guinote decidiu pôr fim a um dos blogues mais lidos na área da educação, a Educação do Meu Umbigo, criado em 2006 por este professor do 2.o ciclo, primeiro responsável por um fenómeno que atingiu o auge durante os anos de Maria de Lurdes Rodrigues como ministra da Educação – a contestação docente passou também a fazer-se, e muito, nas redes sociais e não só nas manifestações de rua convocadas pelos sindicatos. Agora, cansou-se. “O blogue tal como existiu parou a 25 de Março e à partida não será retomado”, disse ao PÚBLICO. Conta que esta era uma 
decisão que andava a adiar desde Novembro, porque havia sempre mais uma coisa para 
dar conta e polemizar, como a municipalização da Educação que o ocupou nestes últimos tempos de blogosfera. Agora, este docente de Português, decidiu não alinhar mais no que classifica uma “coreografia do fingimento”: “Já não existe um espaço para um debate sério e plural. O que se pensa estar a ser debatido afinal já está decidido e existe um consenso que se adivinha para o próximo Governo, seja este do PS ou do PSD.” Cansou-se também do fosso entre o que se escreve na blogosfera e o que se faz nas escolas. “A certa altura comecei a sentir que os professores descarregavam a sua frustração nos comentários que escreviam e que nas escolas não intervinham.” Chegou à conclusão que o seu blogue “estava a ter efeitos mais negativos do que positivos” e que estava apenas a escrever coisas negativas. “Não é isso o que sou. Estava a criar uma caricatura de mim próprio”.» [in PÚBLICO, 28]

sábado, 28 de março de 2015

Olha!

Ouve outra vez e situa no seu tempo. We'll take it back someday, mock my words!

Cinderela

No Verão do ano passado, a andorinha fez um ninho ao canto do alpendre. Mas depois da trabalheira, a barafunda das obras obrigou-a a enjeitá-lo, por razões de segurança. E uma forneira logo tomou conta dele, num regime qualquer de comodato. Foi lá que criou dois filhos.
A andorinha é gárrula e vaidosa, quanto a outra é discreta e recatada. Tendo que ser bastam-lhe uns monossílabos, nunca se atarda na fonte, nem se lamenta das banhadas de cadeira quando a convidam para o baile. Para ela não há mal que sempre dure nem bem que se não acabe.
Dei com ela atarefada esta manhã, nas limpezas da Páscoa. E não podia ter melhor vizinha.

É bem verdade!

A procissão ainda vai no adro. Mas há-de voltar à igreja, oh se volta!

"A década perdida"

- A J.P.Sá Couto (empresa dos Magalhães abatidos em combate há 4 anos) soma e segue. Na Bolívia, com uma fábrica de produção de componentes. E em África, com programas de escola tecnológica e afins: em Moçambique, na Sul-África, em Angola, no Gabão...
Um dia destes o Rosário Teixeira investiga e o CM conta o resto!
- Esse desqualificado que veio dum sertão, (formado a profissionalizar engenheiros de aeródromo para Monfortinho, para a Comenda e para o Mogadouro, especializado em corta e cose para mulatas da Cova da Moura, e enfim chegado a doutor honoris causa em tácticas kamikaze!) andou por Tóquio a acenar aos japoneses com as pechinchas lusitanas em troca de investimentos. E é desta que vai entrar aí o carro eléctrico, e a fábrica de baterias da Nissan projectada para Cacia, e a rede geral de postos de carregamento entretanto vandalizada. Tudo aquilo que esta geração ínclita mandou para o caneiro com o sarro do duche, no mesmo dia em que assaltou o governo.

Não há fome que não dê em fartura

[Terreiro do Paço, nas arcadas do "cofre cheio"] 
[Imagem rapinada aqui]
E vice-versa!

sexta-feira, 27 de março de 2015

Uma redonda mentira

Os papagaios do bando que nos dirige esfalfam-se a repetir que as miríficas vitórias que Portugal alcançou nestes quatro anos se ficaram a dever à coragem e ao esforço dos bons dos portugueses.
É uma redonda mentira destes fariseus! O que aí está deve-se à vida precária, à pobreza, ao medo e à miséria. E ao desespero que assentou arraiais na nossa terra.

[Nota eventualmente deslocada mas pertinente!
« (...) Num inquérito realizado há poucas semanas, em 63 Países, incluindo Portugal, perguntou-se aos cidadãos se houvesse uma guerra que envolvesse o seu País se estariam dispostos a lutar por ele. Na Europa Ocidental as respostas obtidas, causam alguma apreensão e traduzem questões que importa entender e saber valorizar. Portugal ficou entre os 13 países, onde menos pessoas disseram que SIM, isto é, que estariam dispostas a defender o seu País, concretamente 28 % dos inquiridos. Mas 47 % disseram objectivamente que NÃO lutariam pelo seu País e outros 24 % não responderam. (...) »] Aqui

O Sol, o Sal, o Sul

Tanta canalhice repugna ao espírito comum. E apenas é possível, e admitida, numa sociedade já desestruturada e anómica. 
Em momento algum, desde 2005, menosprezaram as elites indígenas aquilo que estava em causa: os seus interesses de classe e de révanche
Depressa fizeram do preso 44 o cordeiro pascal duma bíblia que é falsa, mas vigora. E o povo já se esqueceu de outros casos semelhantes que povoam a sua história. Ou nunca os soube.

Este bicho tirou os pés do chão

E já se têm visto porcos a voar!

Sinalefas

Foi em 1991 que me encontrei com ela. Por um preço muito em conta, o sindicato levou-me a visitar o Palácio de Inverno, as memórias de Pedro o Grande, o atelier dum pintor que trocava por dólares paisagens de neve, a avenida Kutuzov, os restos dum Sputnik antigo e as catacumbas ortodoxas de Kiev.
A professora de matemática estava à entrada do metro, atrás duma banquinha de amores-perfeitos. E embrulhou-me o vasito numa folha de rascunho, a abarrotar de algarismos e fórmulas, e sinalefas hieroglíficas.
Despedi-me dela em linguagem gestual, de amor-perfeito na mão. Ela ficou a roer a espiga de milho assado, ao cimo da escadaria.

Parasitas

A primavera está aí, anda no ar da manhã. E pela primeira vez o cuco fez-se-me ouvir. 
Ainda hesitou, o farsante. Dizem que o mundo é assim, mas é mentira!

quinta-feira, 26 de março de 2015

Finalmente

10 de Junho de 1974. Bissalanca. Alocução irrepetível e passo certo com a história. Já não era sem tempo!

Portas blindadas ou por blindar

Imaturidade e incipiente experiência de voo. Provável inaptidão. Personalidade obsessiva. Fragilização afectiva. Precariedade laboral. Frustração profissional. Leis de mercado perversas.
"Há pilotos na aviação civil que pagam para voar", o mais é espuma.

Mutatis mutandis

O que se passa com esta ADSE (Servidores do Estado) é o mesmo que se passa com a ADM (Saúde Militar). Com uma diferença de vulto: a ADM (e as suas infra-estruturas) já foi administrada pelos seus utentes. Este governo de bandalhos correu com eles, vendeu ou vai vender o património, e apoderou-se dela como um prado onde retoiçam e pastam os seus amigos boys.

Mais um toma!

Do Vale Ferraz!

Deixa-o poisar!

Não se pode avaliar a irritação do pato quando passo. Mal pressente o toque dos bastões, afasta-se dos segredos do canavial. Esbraceja, furioso, pedalando à flor da água. E grasna, grita, a chamar a companheira. Que chega e apazigua: deixa-o poisar!

Pátria ditosa

O PPD brindou a nossa terra com a ínclita geração que há um ror de séculos tínhamos perdido, e andava a fazer falta! 
Só o infante de Alfarrobeira se sumiu numa roda dos expostos. Esse nunca quis acreditar, e muito menos ainda repetir, esta gesta gloriosa.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Prognósticos... só no fim do jogo!

Ao Inquérito recentemente levado a cabo pela AOFA (Associação de Oficiais das Forças Armadas) responderam 1227 oficiais: 51% no activo; 16% na reserva; 33% na reforma; 43% sócios da AOFA; 57% não-sócios.
Vozes ouvidas:
- Segundo 88%, o modelo ADM (Assistência na Doença aos Militares) não respeita a Condição Militar;
- 80% não têm recebido, nem receberam, qualquer informação sobre a revisão que o governo tem em curso, do seu estatuto profissional, o EMFAR (Estatuto dos Militares das Forças Armadas);
- 68% estão insatisfeitos com a sua carreira;
- 45% voltaria a servir nas FA; 35% não;
- Se lhe fosse possível, 26% abandonaria hoje a carreira militar; 24% não;
- Segundo 80%, a operacionalidade das FA piorou na última década;
- Para 69%, as condições de trabalho pioraram na última década;
- 60% consideram que as condições de segurança na execução das missões pioraram na última década;
- De acordo com 88%, há demasiada influência dos políticos nas FA;
- Para 63%, a causa está na forma como são escolhidas pelo poder as chefias militares;
- Segundo 75%, as Associações Socio-Profissionais são quem tem efectivamente defendido e representado os militares. Neste contexto, o MDN (Ministério da Defesa Nacional) não recebeu um único voto.

Portugal

Anda nas unhas duma choldra de indigentes mentais, a cair da boca aos cães.

Ai é?!

Fuzilem-me já esse cabrão do preso 44!

Um ex-proletário ressabiado e confuso

Tinha obrigação de saber que "as águias não caçam moscas".

Definitivamente o bicho tirou os pés do chão

E não se têm já visto porcos a voar?!

Graças às políticas de quem?

Já agora!

O mal e a caramunha

Duns certos passarões determinados.

Sokolov

Na Philharmonie.

Quem não guarda a memória, das duas uma:

Ou é um filho da puta ou um cretino inútil.
E a propósito se deixa aqui uma ajustada vénia ao comité central, e ao senhor Louçã. Muito a merecem!

Heróis do mar nobre povo nação valente

E umas putéfias manhosas de serviço!
[Captado aqui]

Donzílio

Já por cá não anda quem poderia esmiuçar razões. Mas razões houve que levaram o Donzílio a emigrar para o Brasil, alguns anos depois das guerras da Europa. 
Homem pacato e sem história maior (aparte um copo a mais se bem calhava), vivia aí com a mulher e dois filhos. E as faltas dele eram as mesmas faltas da miséria geral: aos ganapos matava-se a fome como se podia, as terras boas todas tinham dono, era racionado o açúcar na venda, o azeite um luxo de muito poucos, e umas botas custavam na feira aquilo que não havia. Mal talhado ele seria, mas era assim que o mundo estava feito. De formas que o Donzílio mandou vir duns parentes uma carta de chamada, embarcou num vapor à beira-Tejo, atravessou o mar e foi parar a Santos.
A princípio foi difícil, antes de o Donzílio entrar num convento da terceira ordem como irmão-leigo servente. O seu trabalho era tratar da chácara, assistir os pedidos de irmãos-frades e frequentar as liturgias da capela. O Donzílio tinha cama e tinha mesa, tinha um pequeno salário a horas caprichosas. E assim viveu trinta anos.
A mulher acolhera-se à parentela, submeteu-se ao destino, criou os filhos e até lhes deu uma escola. Até que um dia o Donzílio voltou, surpreendente conforme tinha partido. Mas agora era diferente, quem o quisesse encontrar era nas liturgias. De madrugada, à hora das matinas, o Donzílio acordava dos lençóis, ajoelhava a tiritar no sobrado e recitava salmos. A mulher, essa, dormia a sono solto.

terça-feira, 24 de março de 2015

Já ouviste falar no "impressionante efeito Sócrates"?

Vai vê-lo aqui!

Fisgado numa caixa de comentários

DaquiE dali!
«Por mim, tenho muito poucas dúvidas de que a gente do PSD já sabe muito bem quais são os próximos ex-governantes de Sócrates a “ir dentro” ou serem arrastados na praça pública atrelados à operação marquês. Vai ser um fartar vilanagem. Os meretíssimos devem estar a aguardar pela melhor data para confirmar os três anos de prisão efectiva da ex-ministra Maria L. Rodrigues. A direcção do PS continua a alimentar a esperança ingénua de que tudo isto nada tem a ver com o PS nem com as eleições, mesmo depois de assistirem à prisão do ex-PM nas vésperas do Congresso de aclamação do novo SG. Deve estar tudo programado ao milímetro e os magistrados ainda se dão ao luxo de gozar com as leis, esfregando-as na cara de Sócrates e dos socialistas. Têm toda a cobertura para agir como agem. A completa impunidade politica dos ministros rivaliza bem com a impunidade dos magistrados. O que está a acontecer era inimaginável há uns anos atrás. E vai durar até tudo cair de podre, como aconteceu com o regime do Estado Novo. Somos assim.»

Mais um

Herberto Helder

Se olhas a serpente nos olhos, sentes como a inocência
é insondável e o terror é um arrepio
lírico. Sabes tudo.
A constelação de corolas está madura contra o granito alto
nas voragens. Rosaceamente.
A tua vida entra em si mesma até ao centro.
Podes fechar os olhos, podes ouvir o que disseste
atrás das vozes
do poema.
[Poesia Toda, pág.542] Rodrigo Leão

Álvaro de Campos

Vem, Noite antiquíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de infinito.
(...)
Nossa Senhora
Das coisa impossíveis que procuramos em vão,
Dos sonhos que vêm ter connosco ao crepúsculo, à janela,
Dos propósitos que nos acariciam
Nos grandes terraços dos hotéis cosmopolitas
Ao som europeu das músicas e das vozes longe e perto
E que doem por sabermos que nunca os realizaremos...
(...)
Vem, dolorosa,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos
Turris-Eburnea das Tristezas dos Desprezados,
Mão fresca sobre a testa em febre dos Humildes,
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
(...)
Vem, cuidadosa,
Vem, maternal,
Pé ante pé enfermeira antiquíssima, que te sentaste
À cabeceira dos deuses das fés já perdidas,
E que viste nascer Jeová e Júpiter,
E sorriste porque tudo te é falso e inútil.
(...)
Todos os sons soam de outra maneira
Quando tu vens.
Quando tu entras baixam todas as vozes, 
Ninguém te vê entrar.
Ninguém sabe quando entraste,
Senão de repente, vendo que tudo se recolhe,
Que tudo perde as arestas e as cores,
E que no alto céu ainda claramente azul
Já crescente nítido, ou círculo branco, ou mera luz nova que vem,
A lua começa a ser real.

Cem anos

A andorinha já voltou ao ninho que tem ali no alpendre. Deixou alguns sinais, arrepiou-se e bateu em retirada.
Quer não! A invernia campeia por aí. Ontem mesmo houve um sol de primavera, e logo veio a chuva, e um vadio cieiro glacial, e uma estranha mistura de neve e de granizo.
A terra está molhada e lamacenta, não há nada a fazer, tem que ficar à espera. Folguemos nós com Bach e com o Orpheu, a "ler o que nunca foi escrito". ***
É que faz hoje cem anos, essa literatura de manicómio!

*** Hofmannsthal

segunda-feira, 23 de março de 2015

Partita 2

Bach, Argerich.

"Cofres cheios"

Diz a cabra.

As guerras da Freineda

 A Freineda é ali em Riba-Côa, no município de Almeida, com um pé já na fronteira. Por estes lados entrou o Massena, na 3ª invasão napoleónica. E aqui mesmo se instalou Arthur Wellesley, duque de Wellington, e chefiou a resistência a partir dum belíssimo alpendre. 
Há dez anos que a Freineda encena a memória destas guerras, à semelhança do que se faz em Almeida. Vêm holandeses, franceses, ingleses, espanhóis, briosos nos alamares. Juntam-se à tropa local, disparam salvas de pólvora seca e comemoram.
Há vivandeiras e animadores musicais, e toscas jonglarias coloridas. No final os visitantes abancam numa tenda camarária. E deleitam-se com o bucho da Freineda, que infelizmente abusa do colorau. É como as guerras contra o jacobino, que não acabaram bem mas já lá vão!

Lê!

E aprende. Sistematiza. Entende. Selecciona. Aceita e recusa!

Ainda o Fahrenheit 451 - The book people

De François Truffaut. Premonitório em 1966. Como as verdadeiras obras de arte.

"Bendita seja a luz do dia!"

Para salvaguarda do leitor, aplicar a grelha caseira a qualquer texto de ficção é um critério expedito mas sempre positivo: o quê, e como, e para quê (ou porquê, ou para que serve). Isto é: de que é que o texto se ocupa, de que armas formais faz uso no tratamento do assunto, e que finalidades ou funções lhe define o leitor. Um texto que não obtenha resposta positiva a estas três questões básicas não é literatura, é um equívoco. Por mais que isso parta o coração do leitor empedernido. 
1 - Assunto claro e sempre pertinente, centrado em terras transmontanas: os sefarditas expulsos de Castela no séc.XV pelos Reis Católicos; a conversão forçada ou a expulsão de Portugal pelo rei Venturoso; o estabelecimento do Santo Ofício pela mão do rei Piedoso; o destacamento que sobe dos Estaus, em pé de guerra, à caça dos marranos, instalados por aqui em grande número; a tragédia sefardita e o Messias salvador, que não chegou a vir.
2 - Mistura ágil de realidade e ficção, num discurso denso, elaborado, substantivo; notável riqueza vocabular, em registo popular; distinto do Aquilino porque o homem da Lapa é muitas vezes regionalista, picaresco e arramboiado, e aqui é mais sisudo e barroco; em todo o caso prosódia de luxo, que não é para dente apressado ou impaciente; algumas concessões no que à estrita literariedade diz respeito.
3 - Edificar, inquietar, fazer pensar, o leitor definirá. Impiedoso no julgamento do Santo Ofício de Roma. Finalmente Eleazar e Florinda não trazem o Messias, porque "O nordeste não tem messias. Somos nós os salvadores".

[Apresentação no próximo dia 28, Sábado, às 16H00, na Biblioteca Municipal da Guarda] 

domingo, 22 de março de 2015

Por aqui despreza-se esta gente política perigosa. Mas palavras há que soam a punhadas no peito!

“Angela Merkel é a directora da prisão que é a Europa. Durão Barroso era o guarda prisional”.
[Marine Le Pen - Expresso]

Sé Velha

Serenata 2013.

sábado, 21 de março de 2015

sexta-feira, 20 de março de 2015

Desatenções

1 - Era assistente novata e não saberia muito. Mas ajudou-me a abrir as portas do Gil Vicente e quejandos, num tempo em que eu sabia muito menos do que ela.
Um mestre que era eminente, narcisista e patrono de saberes, trazia-a pela arreata. Até que um dia a deixou ao deus-dará, e ela ficou sem centro de gravidade.
Sem saber que mais fazer, o médico lançou mão da equoterapia. E a T. lá ia, duas vezes por semana, ao picadeiro de Vila Franca de Xira. Mas não a levaram longe as cavalgadas.
A última vez que a vi foi numa festa de anos: cana frágil que os ventos açoitavam, incapaz de alinhar uma frase, os afectos em desordem... 
Um dia engoliu o frasco dos comprimidos e desapareceu.
2 - A S. tinha idade para ser minha filha. Às tantas ficou na orfandade, e encontrou em mim uma figura paternal. "Tenho consigo um relacionamento que nunca consegui ter com o meu pai. Não diga nada a ninguém!" E estudava, e trabalhava, e resistia, a aguentar-se no balanço.
Eu estava a trezentos quilómetros de distância. De horas em quando ia visitá-la, a saber dela, que às vezes ousava telefonar-me. "Não diga nada a ninguém!" 
Um dia abriu a janela do sétimo andar e atirou-se para o vazio. 
Há desatenções fatais e foram minhas.

quinta-feira, 19 de março de 2015

quarta-feira, 18 de março de 2015

A ver se nos entendemos!

Qualquer cão e gato que tenha intimidades com o governo anda há anos a anunciar viragens. Desta vez foi esta besta.
Mas não é de nada disso que se trata, porra! É antes de Viradeiras!

FMI?!

Olha quem!!!

segunda-feira, 16 de março de 2015

Estes mabecos não são jornalistas

São armas de guerra. Mercenárias.

O que diz o Syriza

Dos gregos.

"O Discurso do Filho da Puta", do A. Pimenta, já foi

Apareceu outro melhor, mais criativo e mais cáustico.

A Europa terá de escolher

Entre controlar o seu sistema financeiro, ou deixar-se devorar por ele.

Das duas, quatro!

Levado à letra, este boneco (rapinado aqui) diz duas coisas: à primeira, que uma esmagadora maioria de indígenas é de opinião que o PM de Portugal é um aldrabão; à segunda, que a maior parte deles considera que o mesmo figurão não perde legitimidade nem autoridade por ser um falsário.
Questão pertinente e central: moralmente, eticamente, civicamente, societariamente, estes indígenas são afinal o quê?! Que densidade e consistência têm, enquanto seres dotados de razão?! Para que é que servirão eles?! E quem é que se pode fiar neles, em nós todos?!

domingo, 15 de março de 2015

Papéis pintados

As andorinhas chegaram, agitadas, quem sabe se impacientes. E ele há visitas que um bom anfitrião recebe à porta.
Lá se foi a manhã do dia santo! É que a vida é muito mais canónica do que todos os papéis pintados deste mundo.

Allegretto

Vira o disco e toca o mesmo!  Ou quase!

Domingo alegre

Dei ontem à terra muito esforço e uma vintena de árvores, alguma desta espécie, em ponto juvenil. O corpo ficou a protestar, a lamentar-se de tão hercúleos trabalhos.
Saio lá fora, cruzo no escuro a Via Láctea, bem depressa me julgo recomposto. Mas nunca saboreei tão grande contentamento porque o domingo chegou. Por serem interditas as tarefas da enxada e do picão.

Que sentido tem esta futricagem?

1- Por essa Europa fora, o direito de os militares se organizarem em sindicatos e associações similares é universal e pacificamente reconhecido e praticado há muito tempo. Em Portugal sustenta a esclerosada doutrina que os direitos dos militares são representados e defendidos pelos comandos, pelas chefias hierárquicas, ocupadas por figuras que os governos seleccionam, escolhem e nomeiam, segundo os seus insondáveis critérios. 
Tudo o que a custo se conseguiu foi a criação de associações socio-profissionais de natureza limitada e algo ambígua, semi-legal antes de chegar a sê-lo, quando não foi clandestina. É o caso da AOFA (Associação de Oficiais das Forças Armadas).
As profissões tradicionais de referência, particularmente salarial, dum coronel tirocinado foram sempre as do juiz desembargador, do catedrático e similares. Hoje um coronel aufere metade do salário do magistrado, ainda por cima indexado. Apenas porque não tem um sindicato?
2 - O IASFA (Instituto de Acção Social das Forças Armadas) foi sempre uma estrutura de apoio solidário criado, alimentado e gerido por militares. Nos últimos anos o governo transformou-o em albergue dos seus futricas supra-numerários, que ocuparam as tarefas e os cargos da sua gestão. A que propósito?
3 - O EMFAR (Estatuto dos Militares das Forças Armadas) é a cartilha da condição militar. Define princípios, obrigações, normas, barreiras, deveres, direitos, imposições, restrições e tudo o que à condição militar diga respeito. O governo, através do MDN (Ministério da Defesa Nacional), decidiu rever o Estatuto em vigor. Porém, coisa extraordinária, marginalizou nesse exercício a AOFA e as organizações similares. Ao mesmo tempo que fingiu ouvi-las para respeitar os trocadilhos legais, baralhando associações socio-profissionais com chefias e entidades hierárquicas. 
4 - Em 1990, com Cavaco no governo, foi criado o Fundo de Pensões dos Militares das FA. Gerido pelo BPI, foi alimentado pelas quotizações dos sócios nas condições definidas pelo EMFAR, sem encargos de natureza orçamental. E destinava-se a pagar a associados complementos de pensão a partir dos setenta anos de idade, nas circunstâncias definidas pela lei. O governo nunca cumpriu os seus compromissos sobre o que legislou, e acabou por determinar recentemente a extinção do fundo. Com que lata?!
5 - Reagindo às persistentes desconsiderações e agravos à condição militar, aos relapsos e descarados gestos de aviltamento e injúria que o poder tem perpetrado contra a condição e a capacidade operacional militar a pretexto da salvífica austeridade, e para melhor balizar a sua acção, a AOFA promoveu um inquérito de opinião dos oficiais no activo, na reserva ou na reforma. Das conclusões dará conta num encontro marcado para o ISCTE em 21 de Março. 
O inquérito obteve 1200 respostas (em números ainda não definitivos), entre sócios e não-sócios: 50% vindas de oficiais no activo; 56% vindas de não-sócios da AOFA; 274 vindas de capitães e subalternos; 242 vindas de oficiais superiores; 40 vindas de almirantes e generais.
6 - A ADM (Assistência na Doença aos Militares) tem sofrido tratos de polé. As estruturas hospitalares dos três ramos foram reduzidas ao Hospital do Lumiar, manifestamente insuficiente para o universo a que se destina. A Estrela será em breve da Santa Casa da Misericórdia, outras instalações já foram ou serão alienadas ad-hoc
A ADM auto-sustenta-se financeiramente. E nem seria preciso taxar os militares com 3,5% de desconto para a ADM, se esta não tivesse que suportar encargos que não são seus. Como é o caso dos apoios à ADFA (Associação dos Deficientes das Forças Armadas) e similares, que são encargo dos impostos da nação e não dos militares.
7 - Imaginemos agora este aviador de 30 anos, ao serviço da NATO na Lituânia, ou noutro sítio qualquer à disposição da pátria. Exactamente por ser militar. É solteiríssimo, sem ascendentes nem descendentes a cargo. Nunca fugiu com um cêntimo aos impostos canónicos, nem conseguiria fazê-lo mesmo que o desejasse. Pois o seu direito à ADM só existe mediante o desconto de 3,5% do seu vencimento. E quando é que este aviador vai começar a pagar do seu bolso o avião que pilota às ordens da pátria?! Que sentido é que isto tem?!

sábado, 14 de março de 2015

"Vamos por partes"

« (...) A Grécia foi atacada em 1940 pela Itália de Mussolini. Rechaçado o ataque, Hitler invadiu o país na Primavera de 1941 e tratou os gregos como tratou jugoslavos, polacos, soviéticos, isto é, com a brutalidade devida aos untermenschen, os sub-humanos, fazendo-os sofrer muito mais, por exemplo, do que sofreram franceses, escandinavos, belgas, holandeses — 560 mil gregos morreram na guerra, 7% de toda a população, um número muito superior, por exemplo, ao das vítimas francesas, um país com seis vezes mais habitantes. Entre elas, não mais de 17 mil eram militares. A Grécia, como toda a Europa ocupada pelos nazis, foi dos países onde os civis pagaram o preço mais pesado da guerra (...). (...)
Entre 1959 e 1964, quinze anos depois do fim da guerra, a RFA assinou acordos com doze países ocidentais, entre os quais a Grécia, governada por uma monarquia autoritária quase tão embaraçada na negociação quanto o Governo de Bona. A repressão nazi na Grécia havia-se abatido principalmente sobre a Resistência comunista, a mesma contra a qual os monárquicos gregos combateram depois, na guerra civil de 1944-49, na qual o apoio de britânicos e americanos foi decisivo. Não admira, portanto, que o Governo grego, aliado da RFA na NATO, não se tivesse empenhado em fazer reconhecer os seus direitos... O fim da Guerra Fria, a reunificação alemã de 1990 e, sobretudo, a aproximação da morte para os poucos sobreviventes que restavam dos milhões que haviam sido deportados para os campos de extermínio e de concentração, ou dos milhões que haviam sido usados como escravos ao serviço da indústria alemã, abriu caminho a novas negociações nos anos 90, envolvendo valores comparativamente simbólicos, de que os gregos, contudo, pouco beneficiaram. (...)
A iniciativa do Governo grego é até perfeitamente subsidiária: é verdade que Atenas quer voltar a discutir um “empréstimo” que o ocupante alemão subtraiu dos cofres gregos durante a guerra, em 1942, e que nunca foi devolvido, mas é sobretudo uma sentença do Tribunal Supremo grego, de 2000, que irrita os alemães. A justiça reconheceu, então, o direito dos descendentes de vítimas do massacre perpetrado pelas Waffen SS na aldeia de Distomo, em 1944, matando 218 pessoas, a receberem uma indemnização, fixada em 28,6 milhões de euros, a cargo do Estado alemão. Perante a recusa alemã em pagar, o Supremo exigiu ao Governo que expropriasse bens alemães na Grécia. Querendo evitar enfrentar Berlim, o Governo não o fez. (...)»
[Manuel Loff, in PÚBLICO]

Foi deste modo que as coisas se passaram

E não conforme pretende a choldra avulsa de falsários, ou distraídos, ou cínicos, ou traidores filhos da puta.

O escândalo

e a desvergonha deste governo de marginais e desqualificados não tem limites.

sexta-feira, 13 de março de 2015

"Muitos dos nossos parceiros [do Eurogrupo] estavam habituados a ministros que faziam fila à entrada dos escritórios dos funcionários da troika para serem recebidos..."

É por isso que estes fariseus arrogantes acham intolerável, e os seus sipaios consideram estranha, uma atitude diferente e digna!

Narcisos

A primeira andorinha arriscou-se no céu alta manhã, num voo desajeitado. E uma guarda avançada de narcisos decidiu vir e mostrar-se. 
Algo toscos, noviços, pioneiros, puseram-se a mirar o sol e a paisagem. Ou foi a própria imagem que os encantou no espelho da lagoa?! 
Eu dei-lhes as boas-vindas nestes hercúleos trabalhos. São uma alegre tropa deles, mas um já me bastaria para me entregar o recado.

quarta-feira, 11 de março de 2015

terça-feira, 10 de março de 2015

Europa?

Ou Zeus volta e outra vez a rapta, ou não há salvação para a vaquita!

Memória e a falta dela

Mil vezes já aqui foi dito, e hoje se volta a dizer, por ser ainda oportuno e cada vez mais pertinente: o PPD tem sido, desde há décadas, actor primeiro no palco da tragédia nacional, que não tem ocupado sozinho.
As várias gerações desse partido dormiriam todas, ainda hoje, o belo sono dos justos nos braços do fascismo, se não tivesse acontecido o 25 de Abril que lhes passou ao lado. E generosamente deixou o poder no bornal do partido, graças às entorses culturais, sociais e morais da nossa longa e desgraçada história; graças a atavismos muito antigos que enformam o espírito do eleitor indígena, e o privam do sentido de análise e de crítica; graças finalmente à água-benta do clero catolicíssimo, que nunca faltou ao PPD.
Falsos gestores que falharam, dinossauros que reinaram até ao enjoo, barões que granjearam fama e logo se resguardaram em vilegiatura; novos-ricos da política e da democracia, demagogos ignorantes, videirinhos, assaltantes de estradas e de bancos, vigaristas que venceram na vida, maoístas de má memória, diletantes, aldrabões, de tudo passou por lá, em maioria. Até a Natália Correia e a Helena Roseta (oh surpresa!), por lá andaram a ensaiar um pé de dança!
O que hoje sobra no PPD, e governa Portugal, é a água-ruça dos netos de negreiros, básicos e revanchistas, a borra do fundo da talha dum azeite já rançoso.
A lo mejor vão ganhar as próximas eleições. A lo mejor o país vai festejar. A lo mejor o culpado da tragédia lusitana será sempre José Sócrates, o primeiro-ministro mais relevante que Portugal conheceu desde o marquês de Pombal. A lo mejor estas elites vão dar-lhe o mesmo tratamento, a pretexto da canalhice do PEC IV e da chegada da troika.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Ou de como a Pitonisa acabou vendida a uma casa de alterne da Europa rica, farisaica, decadente e bem comportada

(...) Os números mostram uma situação sem paralelo na zona euro. 35,7% dos gregos está em risco de pobreza. A taxa de desemprego é de 25,8% (e chega a cerca de 50% entre os jovens). O desemprego acarreta vários problemas: o primeiro é que o subsídio de desemprego dura apenas um ano, o segundo é que passado pouco tempo acaba a cobertura de saúde e o acesso a cuidados nos estabelecimentos públicos. Muitos jovens que nunca tiveram emprego também nunca tiveram acesso a cuidados de saúde. (...) [in PÚBLICO)

Thatcherites

Provavelmente o Bragg não fez mais nada de jeito. Mas basta-lhe esta balada em boa memória duma dama de ferro, a tal que não sem razão morreu insana. Ouvi-la novamente é uma saúde! And we'll dance on your grave!

Horta

Meter tudo à terra fez-se urgência: árvores, arbustos, ervagens gerais, fruteiras, flores... Mas em chegando o sol ao espelho da barragem, e às rãs da infância numa ribeira que houve, então há que parar. Porque isto não é bem fole de ferreiro. E há mais vida, conforme o outro dizia!

domingo, 8 de março de 2015

Glaciares

Não sou geólogo e já é tarde para as minhas "novas oportunidades". Mas meto a foice em seara que não é minha por me parecerem aqui evidentes os sinais e os efeitos da última glaciação (aprox. entre os últimos 100 mil e 10 mil anos). 
A paisagem fica ali à espalda da vila, na encosta que desce para Poente, na direcção de Miguel Choco e da Venda do Cepo.
Estes penedos rolados, estas fragas-cavaleiras, estas moreias e blocos paralisados, a sugerir um movimento que ficou suspenso, são brutos trabalhos de Hércules que só um glaciar pode ter realizado.
O fenómeno (nada incomum) encontrou pela frente o Monte do Almansor e dividiu-se em dois ramos. Um foi para Sul, na direcção do Mondego, escavando as vertentes que hoje conduzem ao Barrocal (a toponímia sempre!). O outro forçou para Norte, segundo o curso do Távora, e deixou aberta a garganta do São Brás dos Montes, hoje tido como bom advogado dos males de garganta e protector dos gados.
Ressalva-se em tudo, é claro, melhor opinião.

Se queres saber por onde anda a justiça indígena...


E o que é que um super-juiz tem que ver com isso?!
Pois nada! Nadinha! Raça de nada! Racinha!

Fritilária?!

O Google diz que há mais de cem espécies diferentes. A que conheci na Serra há vinte anos, a Schachbrettblume (flor tabuleiro-de-xadrez), manda dizer que ainda é cedo. A cada coisa o seu tempo!

Lei é lei!

Populismo é canalhice tóxica.

Sinfonias

A poupa já anda aí, a introduzir os tímbales na pauta. Cruzei-a na caminhada esta manhã.

sábado, 7 de março de 2015

Planos

Três aldeias luzem além, na encosta. A lua, um faetonte, viaja entre as estrelas. O ribeirinho ressoa, a protestar na cascata. Um cordeirito baliu, no sonho com o lobo-mau. E amanhã não é dia para trabalhos braçais. É tempo de espreitar a fritilária, onde ela mora. 

Preço alto

Sobre as peripécias escabrosas em que o desqualificado Passos atascou, alega a múmia asilada em Belém que são "jogadas politico-partidárias" nas quais se não imiscui. É refinada aldrabice de quem tem o rabo preso. Mas os comentadores de avença logo a avalizaram.
E pronto, é no que ficamos! Sem atentarmos que a isso corresponde um alto preço.

Acerca do famigerado preso 44


[imagem rapinada algures]
Ou rol das malfeitorias do PM José Sócrates, finalmente encarcerado sine die numa alfurja de marginais.
Imolado na praça pública por netos de negreiros, por um bando de canalhas poderosos, por um povo de imbecis alienados, que se alimenta da telenovela.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Elyne Road

Diabaté.

Guerra e Paz

O tempo de ontem, o meteorológico, foi um símbolo exemplar. Por cima o céu azul, sem sombra duma nuvem, a prometer primaveras. Por baixo um vento ferino, impiedoso e constante. Um cieirão glacial capaz de cortar as carnes a qualquer bicho da terra.
Assim é a nossa vida. Lá por cima glórias mitológicas, inventadas por um governo de desqualificados que nos envergonham. Por baixo a precaridade e o medo, o desamparo e a solidão, muito desespero e desalento de alma.
É neste estado de guerra não declarada que vivemos. Feita por elites venais e decadentes, por dirigentes políticos que nos atraiçoam, por uma indústria de media ao serviço do poder, por analistas estipendiados para nos fazerem pensar
De que armas disporemos numa guerra assim, se não for a consciência e a lucidez que nos faltam?!

Blindagem?!

Nós a pensarmos que era prática corrente! E seria, se não estivesse na mão duma corja de eminências majestáticas: inimputáveis, amadoras, ocas, parasitas, criminosas, conforme aplicável. 

quinta-feira, 5 de março de 2015

Pois, pois!

Andam demónios à solta e só se ouvem más cantigas!

Ó Costa!

Um cavalheiro dá a varada oportuna, no mais estrito respeito pela igualdade de género. Mas não perde as estribeiras.
Põe-te fino, que a pátria te contempla!

Miséria moral

É isso. Sem surpresa. Fora o resto.

Da capo

Mali/Sona.

Kora

Mali/Diabaté.

Lua cheia

Não fora a brisa arisca do cieiro, e os estrondos que chegam, a desabar da linha do horizonte, dir-se-ia que o mundo está em paz.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Ser realista

1968 foi o ano em que o miguelista Príncipe da Beira se juntou ao povo, e andou pelos sertões do Congo a benzer a pátria. Visivelmente em grande contentamento.
Entretanto ouvia-se dizer que isso de ser realista é pedir o impossível.

Caminho Mau

Manhãzinha tirei-me de cuidados, esqueci tarefas mais urgentes, fui-me à caminhada matinal. Duas horitas de ganho em todos os tabuleiros.
O final deste percurso é uma ladeira puxada, a que sempre se chamou Caminho Mau. Uma coisa já medieval, onde as águas vadias do ribeiro se dispersavam nas fragas e nos calhaus rolados. Mesmo os jumentos com cargas das hortas se viam da cor dos gatos na subida.
Um dia um autarca tomou-se de capricho e remodelou a via. Alargou as bermas, empedrou o pavimento, plantou-lhe iluminação. Oxalá não perca o velho nome, mas agora parece uma Avenida dos Campos Elísios. 
Isso mesmo pensará o condutor do Mini-Cooper vermelho, que veio apanhar um sol, e passa, todo lampeiro, a relampejar petardos e a recender a petróleo. Uma relíquia do tempo em que os ingleses faziam automóveis, se ainda há quem o recorde.
Chego ao cimo da ladeira, passo à betesga onde em tempos foi a escola. Uma sala com cinquenta criancinhas e quatro classes lá dentro. Havia no logradouro um damasqueiro que já desapareceu. Mas a mestra tinha coração de pedra, e ai de quem metesse a mão na fruta. 
Hoje há uma escola recente, abandonada, que não tem damasqueiros nem crianças. E tão vazia como os Campos Elísios, onde já não há burricos a arquejar. É sina nossa, ou fadário que nos talham, só nos chegar a fartura quando a vontade de comer já nos passou!

Penitência

Nunca lhe entendi a alma nem a lógica. Mas agora que o vejo de muito longe fiz as pazes com ele. E o Porto, dito invicto e fiel à tradição, nunca me deixa em pouco quando volto. Chove desde que chego até que parto.
O falanstério da garagem de autocarros onde a cidade recebe os visitantes é um salvado indescritível, da primeira revolução industrial. Os viajantes encostam-se às paredes para escapar ao pára-choques dos mastodontes. E tentam sobreviver, como os beduínos num caravançarai.
Cá fora há um crepúsculo precoce, uma hora soturna e melancólica, com silhuetas humanas improváveis a patinar em charcos, a dissolver-se na névoa. E valetas que não param de correr, e o trânsito que não anda, e os canudos das calças a pingar, e as véstias a recender a mofo antigo, e os tufos de varetas eriçadas dos guarda-chuvas chineses abandonados num canto.
O chofer do autocarro mais parece o timoneiro duma barcaça da Índia. Acelera e trava a fundo, como quem tem que passar além do Bojador. E os passageiros, que andaram pelo Indostão, agarram-se ao cavername porque já se habituaram ao porão.
O Porto é um lugar de penitência, se o não for antes de sofrimento e solidão. Só para o calar lhe chamam há muito tempo a capital do trabalho. Mas quem lhe chama assim não se mata a trabalhar.

Rudimentos

[rapinado aqui]
Este governo de caralhos tristes, os mais deles criados num sertão, não alcança os rudimentozinhos. Nem da escrita nem das contas, para não me pôr a falar da dignidade. Seis milhões de portugueses menores de 18 anos?!

terça-feira, 3 de março de 2015

O perto e o longe

É de facto lastimoso sofrer de miopia, e confundir assim tão descaradamente o perto e o longe.

Lagarto lagarto!

A passarada bravia não há quem a cale, que a invernia já lá vai. Até eu, que sou um timorato, vou largar a boina basca e meter plantas à terra!

Mutatis mutandis

E pronto.

Por baixo das aspas

O título desta notícia manipula os factos, calunia e induz em erro.
Denuncia as acções dum governo de cretinos e básicos e revanchistas.
E lembra que alguém anda a brincar com fogos bem reais.

Passarões

Por formação ou por ingenuidade (quando não por ambas juntas), somadas àquele instinto natural de sobrevivência (quem me valerá se não houver justiça!), o cidadão comum tende a ficcionar, na silhueta do juiz genérico, a gravidade austera, a clarividência, a equidistância, a imparcialidade, o apego à lei e o saber, que se abrigam na majestade das togas. O ritual cultiva essa ficção, já que a figura é sempre a do meretíssimo, e as sentenças que produz invariavelmente doutas.
Será o caso da maioria deles, isso não se põe aqui em dúvida. Mas num mundo cada dia mais relativista e lasso, mostra a experiência que a vida anda cheia de passarões
No tempo da outra senhora não havia tribunais plenários, esses excelsos lugares de pura iniquidade?! Não eram eles presididos por meretíssimos, abrigados na majestade da toga?! Não produziam eles doutíssimas sentenças?! 
É que o poder de um super-qualquer coisa, ainda por cima não referendado, invarivelmente corrompre ou ensandece. Ao cidadão convém ter isso em conta.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Diz quem sabe

E é isto.

Apesar da neblina

As cotovias arriscaram-se lá fora, puseram-se a galrejar. Eu pego-lhes na palavra e vou para a horta, a preparar a terra. Os bolbos, as roseiras, as plantas do viveiro começam a ficar impacientes.

domingo, 1 de março de 2015

Más línguas

Emboscada em troncos velhos, em copas altas, esta espera pela noite e já se faz ouvir na escuridão. Dizem que traz maus augúrios mas não é verdade. É antes um bom sinal.
Muita língua suja anda por aí!