Foi em 1991 que me encontrei com ela. Por um preço muito em conta, o sindicato levou-me a visitar o Palácio de Inverno, as memórias de Pedro o Grande, o atelier dum pintor que trocava por dólares paisagens de neve, a avenida Kutuzov, os restos dum Sputnik antigo e as catacumbas ortodoxas de Kiev.
A professora de matemática estava à entrada do metro, atrás duma banquinha de amores-perfeitos. E embrulhou-me o vasito numa folha de rascunho, a abarrotar de algarismos e fórmulas, e sinalefas hieroglíficas.
Despedi-me dela em linguagem gestual, de amor-perfeito na mão. Ela ficou a roer a espiga de milho assado, ao cimo da escadaria.