Mil vezes já aqui foi dito, e hoje se volta a dizer, por ser ainda oportuno e cada vez mais pertinente: o PPD tem sido, desde há décadas, actor primeiro no palco da tragédia nacional, que não tem ocupado sozinho.
As várias gerações desse partido dormiriam todas, ainda hoje, o belo sono dos justos nos braços do fascismo, se não tivesse acontecido o 25 de Abril que lhes passou ao lado. E generosamente deixou o poder no bornal do partido, graças às entorses culturais, sociais e morais da nossa longa e desgraçada história; graças a atavismos muito antigos que enformam o espírito do eleitor indígena, e o privam do sentido de análise e de crítica; graças finalmente à água-benta do clero catolicíssimo, que nunca faltou ao PPD.
Falsos gestores que falharam, dinossauros que reinaram até ao enjoo, barões que granjearam fama e logo se resguardaram em vilegiatura; novos-ricos da política e da democracia, demagogos ignorantes, videirinhos, assaltantes de estradas e de bancos, vigaristas que venceram na vida, maoístas de má memória, diletantes, aldrabões, de tudo passou por lá, em maioria. Até a Natália Correia e a Helena Roseta (oh surpresa!), por lá andaram a ensaiar um pé de dança!
O que hoje sobra no PPD, e governa Portugal, é a água-ruça dos netos de negreiros, básicos e revanchistas, a borra do fundo da talha dum azeite já rançoso.
A lo mejor vão ganhar as próximas eleições. A lo mejor o país vai festejar. A lo mejor o culpado da tragédia lusitana será sempre José Sócrates, o primeiro-ministro mais relevante que Portugal conheceu desde o marquês de Pombal. A lo mejor estas elites vão dar-lhe o mesmo tratamento, a pretexto da canalhice do PEC IV e da chegada da troika.