Quando chegava a hora do jantar ao final da manhã, sentavam-se em roda da
toalha estendida no restolho, à sombra fresca dos freixos. Devoravam barranhões
de arroz de gravanços com fumeiros variados, trocavam fábulas pícaras e graçolas brejeiras, bebiam litros de vinho duma cabaça de cinco. E depois de lhe encostarem
o gargalo ao canhão esgaçado das camisas passavam ao companheiro.
No fim montavam as armas e picavam as gadanhas, antes de
ajeitarem as lombeiras numa sombra e dormirem a sesta. E às vozes do manajeiro tornavam
ao corte até ao lusco-fusco. No caminho de casa uns trauteavam laironas que eu não entendia
bem. Outros tropeavam cabisbaixos ao peso das gadanhas.
Com estes trabalhos deles escapei eu à penúria e eles
não. Bem vivo estou e eles já morreram todos, só lhes ficou a memória no cantar
destes ribeiros. Ando com eles às costas por veredas e rodeiras, nas minhas
caminhadas. Para me juntar à quadrilha quando me chegar a hora.