quarta-feira, 8 de maio de 2019

O último maçarico-esquimó


FRED BODSWORTH
Nasceu em 1918, em Port Burwell, no Canadá. Vem da infância o seu apego à natureza, sobretudo ao mundo das aves. Trabalhou em rebocadores e em plantações de tabaco, fez longas viagens até às fronteiras da civilização, colaborou em jornais canadianos, e mais tarde foi membro da redacção do “Maclean’s Magazine” de Toronto. Tornou-se um conceituado biólogo e escritor. Publicou, entre outros, a novela O último maçarico-esquimó (1954), os romances O estranho de Barra (1960), A expiação de Ashley Morden (1964), Correi, pés, correi! (1967) e o estudo científico-natural A costa do Pacífico (1970).
                                                          


            Viaja sem descanso, do Árctico para Sul, levado pelo desejo de encontrar uma companheira. Luta encarniçadamente com o frio e a neve, com a chuva e os temporais, vence o Atlântico num voo ininterrupto de 60 horas, recobra novas forças no Orinoco e avança, procurando sempre, até à Patagónia.
            Mas o verão passa e ele continua sozinho. E, quando a esperança já quase lhe morreu, aparece a desejada. Saúdam-se, entusiasmados, e iniciam juntos o regresso a casa.
            O caminho passa agora sobre as alturas dos Andes, através de nuvens geladas. Mas já não falta muito para chegar ao destino, uma vez que a fêmea, tal como milhares de outras, será vítima dum atirador pérfido.
            Ele fica outra vez sozinho e percorre assim a última etapa. Instala-se na sua reserva habitual e espera. Será que chega a companheira, ou ele é, realmente, o último maçarico-esquimó?