Julgaremos nós que isso não tem importância, que tudo cabe na literatura, que o exercício de ler é o único que conta. Mas não é verdade. O que é medíocre distrai-nos, esvazia-nos, leva-nos a criar imagens falsas e aliena-nos. Em vez de nos construir.
Eu tinha prometido aqui que havia de reincidir no Filho de Mil Homens, do Valter Hugo Mãe. A duras penas lá cheguei a páginas oitenta. E um dia destes tropecei neste texto de Maria do Rosário Pedreira (editora da Leya, esse colosso de paixão pela literatura), onde se farpeia um crítico do Ypsilon, Riço Direitinho. Apenas concedera um par de estrelas ao Mil Homens!
Riço Direitinho, autor, é-me familiar desde os anos 90, quando publicou A Casa do Fim e o Breviário das Más Inclinações. Trouxe então algo de muito novo, de notável. Depois perdi-o de vista, passei a tropeçar nele enquanto crítico.
Muito embora canhestro e prolixo, para um homem das palavras, o texto de Direitinho chega a ser condescendente com o Mil Homens. A mediocridade geral campeia também na cidade das letras. E a crítica será questão mais séria, se pretender cumprir a função integralmente.
Cá por mim sinto-me desobrigado de levar a estopada até ao fim. A tabela de vendas salvará a caixa da editora que o impinge, mas não salva o romancinho nem os consumidores que o disputam. Vou pôr o esparguete ao lume, e encomendo a literatura e os leitores a esta fala do António Guerreiro. Deixarão de ter razões de queixa!