sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Farrapos

São oito e meia da manhã. Fulano, ao lado da mulher, segue na fila encostada ao passeio. Quando chega à porta do colégio, pára sem advertir, para deixar um filhito. Sicrano, logo atrás dele, protesta com uma buzinadela. Ultrapassa e pára a cinquenta metros, num semáforo.
A mulher sai, para entregar o filhito. E é quando Fulano tira do porta-luvas uma faca, sai do carro e corre atrás de Sicrano. Logo que o vê, com um ar de adamastor, Sicrano arranca com sinal vermelho. Por pouco choca noutra viatura, que vem da direita e tem o sinal aberto. Fulano regressa ao carro, a babar-se de raiva.
É a esta desesperada miséria que as nossas pseudo-elites nos querem reduzir. Pois é com os nossos farrapos que elas há séculos tapetam os pés.