A dona Dina é um coração de manteiga. Vive com o marido, duma pequena pensão. E tem em casa duas tartarugas, que lhe lembram África e se tornaram enormes, já não cabem na bacia. Há-de levá-las ao parque biológico.
O seu dia começa de madrugada, com as pombas, que tem o bando à espera no pátio, desde as seis e meia. Só vão embora depois de ela semear umas mancheias de trinca.
Às sete chega o bando do café, que vai abrir não tarda. Divagam o seu pouco no passeio, passam a ferro as penugens, até que o dono abre a porta e traz as migalhas de ontem.
A dona Dina já sabe que os bandos não se misturam, cada um ocupa o seu lugar. Por isso trata do seu, o do Carlos que se amanhe. E à tarde, quando o gato da vizinha está sozinho, sobe ao terceiro andar e dá-lhe mimos. Estendido no tapete, o bicho enrola-se todo.