Pinto Monteiro, à saída do vespeiro, em entrevista ao EXPRESSO:
- Mas porque é que José Sócrates nunca foi ouvido como testemunha?
- Nunca arranjaram elementos que metessem o homem em parte nenhuma.
- Com outro cidadão e com os mesmos indícios, o processo teria tido o mesmo desfecho?
- Mas o processo não tem indícios nenhuns. Tem uma carta anónima e uma senhora que ouviu uma conversa no café. Se fosse com outro cidadão, o processo teria sido arquivado liminarmente. Se eu mandasse investigar todas as participações que recebi, poucos políticos não estariam agora com um processo-crime. Mal de nós se formos condenar alguém por ouvir dizer. O processo Freeport foi muito bem investigado, e até foi o terceiro mais caro de sempre, depois de Camarate e da Maddie.
- Foi o tribunal a dizer que as suspeitas contra o antigo primeiro-ministro não foram bem investigadas pelo MP!
- Não comento decisões judiciais, mas o processo é uma fraude. O maior problema que o MP tem é a contaminação entre a Justiça e o poder político. E, mesmo que se apure que não há nada, fica sempre a suspeição. E o pior é que já há magistrados a fazer política.
- Como?
- Basta lê-los e ouvi-los.
- Os magistrados fazem política durante as próprias investigações?
- Às vezes sim. Nos comentários das decisões e nas observações políticas que são desajustadas do aspecto judicial dos processos.