domingo, 14 de outubro de 2012

A crítica, na "república das letras"

Há três vozes que vale a pena ouvir: a do António Guerreiro, no EXPRESSO; a do Fernando Venâncio, aparentemente fora das lides; a da Clara Ferreira Alves, sempre ocasional e adventícia, porque não faz parte do milieu
Todas as outras são vozes de diletantes instalados, ou tarimbeiros que cumprem calendário e justificam o salário. Nunca dão a cara por uma opinião, se acaso a têm, e apenas servem o mercado e o seu sistema.

Leia-se então António Guerreiro, no último ATUAL:
"(...) surpreende, à primeira vista, que a Quetzal edite um livro dum crítico inglês, James Wood, que vive na América*** (...). Bons motivos de regozigo se ofereceriam em tal iniciativa, se ela não fosse um sintoma eloquente do estado miserável - disfarçado de cosmopolitismo - da república das letras. 
(...)
Entretanto, o último volume da obra completa de Eduardo Prado Coelho (...) nem sequer chega às livrarias. Em todos os seus cálculos e operações, a "vida literária" supõe que o que interessa é uma nova ideia de literatura universal - dominada por uma ficção de lugar nenhum - que atravessa fronteiras mal é publicada, quase sem precisar de ser traduzida, e que chegou ao fim toda a herança da "literatura nacional". 
Em suma: aquilo que faz com que um João Tordo e um José Luís Peixoto sejam internacionalmente premiáveis, enquanto uma Agustina e uma Maria Velho da Costa nunca conseguiram sair, mesmo quando traduzidas, do seu lugar minoritário".

[*** e escreve sobre os Woolfs, os Dellilos, os Updikes, os Roths, os Barnes e outras coqueluches.]