Eu hei-se ser um dia um marginal
Viver a vida à lei da natureza
Não aceitar senão a realeza
Das tuas gargalhadas de cristal.
Hei-de mandar às uvas a moral
Com que nos enlataram na tristeza
Tu serás o meu templo da beleza
E as linhas do teu corpo o meu missal.
Do teu amor farei minha seara;
De cultivar-te, apenas, cuidarei,
E de colher-te, só, com mão avara.
De outros fatais destinos nada sei.
Só tu serás a minha estrela clara
E o rio do desejo a minha lei.