sábado, 29 de setembro de 2012

Uma última vez

Na sua linguagem tosca, um parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida escandalizou alguns visionários. Convir-nos-á separar os alhos dos bugalhos.
 «No cancro, quando os pacientes não respondem aos tratamentos de primeira e segunda linha, avança-se muitas vezes para os últimos fármacos a surgir no mercado, bem mais caros. "Podem custar entre 30 mil a 50 mil euros por doente", diz Vaz Carneiro, que adianta que o impacto na sobrevida destes doentes oscila entre as seis semanas e os três meses, em média». [in PÚBLICO de hoje] 
Estes barcos de cruzeiro estão fora do porto, que a greve dos pilotos de barra lhes fechou a porta. Para a próxima buscarão outro cais de acostagem menos inamistoso. É o que não falta por aí.
De Norte a Sul os portos estão parados, não há estiva para ninguém por causa duma greve.
Uns e outros vão ter um lindo enterro, estes marítimos!

Em 1968 errava eu pelos sertões do Congo, à procura da pátria. E tarde lá chegou a imagem dum jovem que se imolou pelo fogo na praça Venceslau, numa página perdida do Paris-Match. 
Por isso a minha Primavera de Praga só aconteceu em Março de 2011, quando o comité central se aliou à pior escória de que há memória (a tal da credibilidade), para recusar o PEC IV e derrubar o governo de Sócrates.
E só há dias percebi essa traição, reparando no boneco da última sondagem. O que move o comité central não é proteger o povo, nem são as soluções para a vida dele, que as não tem e as dispensa. É apenas cavalgar a nossa raiva e garantir um precário nicho do mercado político. 
Se a manif de amanhã vier a ser tão poderosa como a de 15 de Setembro, bem garantido fica o comité central. O povo é que não tem garantia nenhuma.