Elites
Tudo o que faz um escrevente comum é servir-se das palavras para
que elas o exprimam. E elas fazem o que podem para executar a tarefa:
reproduzem, bem ou mal, o que viram pelo mundo.
Já o escrevente incomum lança mão delas para que signifiquem. Organiza-as
e soltou-as. Os mundos que elas contêm não existem fora delas, e hão-de ser
carpinteirados pelo leitor.
No disputado “mercado da atenção”, em que naufragaram os leitores
e onde já só há consumidores, o exercício é muito contingente. Por isso a literatura
é um passatempo de elites. Tão inúteis e precárias, como únicas verdadeiras.