A Nova Teoria do Sebastianismo, de Miguel Real, tem entre
vários defeitos uma grande virtude: relembra a propósito dados significativos,
que têm que ver com a história dos Templários e com a história portuguesa.
« (…) Foram monges-soldados cuja ordem militar, fundada
em Jerusalém no período das Cruzadas, em 1118, visava proteger os peregrinos
nos lugares santos da Palestina contra a ameaça dos infiéis. (…) A obediência
respeitava exclusivamente ao papa, já que estavam dispensados por este de
prestar vassalagem a quaisquer outras autoridades políticas ou eclesiásticas.
(…) Detentores duma enorme fortuna, acumulada com as doações de bens e
territórios que os soberanos de vários países lhes concederam, (…) os
Templários organizaram um dos primeiros sistemas pré-bancários de empréstimos e
cobranças (…). O contacto com o mundo
islâmico permitiu-lhes adquirir e integrar novos conhecimentos, tanto no
domínio da técnica militar e de navegação, como ao nível das doutrinas
gnósticas e esotéricas. (…)
Com a queda da Terra Santa para os muçulmanos em 1291, os
Templários radicam-se na Europa, continuando a usar o seu poder dum modo
ostensivo a ponto de criarem poderosos inimigos, como o rei Filipe IV de França
e o papa Clemente V, os quais, juntos, levaram à perseguição e à extinção da
Ordem (…).
Muitos dos cavaleiros que conseguiram fugir à perseguição
do rei francês albergaram-se nas fronteiras da cristandade, como a Escócia e
Portugal. (…) O rei D. Dinis solicitou a criação da Ordem de Cristo, (…) afectou-lhe
os bens dos Templários, e os cavaleiros foram transferidos para esta nova
Ordem. Os cavaleiros de Cristo
desenvolveram os conhecimentos de astrologia e astronomia, bem como as técnicas
de navegação, cujo contributo terá sido fundamental na epopeia dos
Descobrimentos portugueses. (…)
Consolidado o território nacional com a conquista
definitiva do Algarve, a Ordem de Cristo, herdeira do espírito de cruzada dos
Templários, não podia prosseguir em Portugal a “prática” da Reconquista cristã.
Assim, a Ordem de Cristo mobilizar-se-á, nos sécs. XV e XVI, principalmente no
período sob administração do Infante D. Henrique (que foi seu grão-mestre), como a grande impulsionadora dos
Descobrimentos. De facto, teria sido esta Ordem que, provendo capitais financeiros,
subsidiaria parcialmente a construção das primeiras caravelas, e
consequentemente teria estado nos momentos fundadores da expansão ultramarina
de Portugal. (…) É justamente por via do papel do Infante D. Henrique que
emerge como um enigma histórico de contornos ainda nublados a exacta função da
Ordem de Cristo na gesta dos Descobrimentos.»
NOTA: Há muito é sabido que a Escola Náutica de Sagres nunca passou duma mitologia de
engrandecimento do Navegador. Não houve Escola nenhuma, nem invenções técnicas
dum ignoto génio indígena, surgidas do nevoeiro.
O que houve foi a herança templária, a técnica e a financeira, de que o maior crápula da história portuguesa se serviu.
O que houve historicamente, e ainda hoje existe fisicamente em Lagos, foi o primeiro mercado de escravos da Europa, que os ínclitos negreiros lusos praticaram durante quatro séculos.
O que houve foi a herança templária, a técnica e a financeira, de que o maior crápula da história portuguesa se serviu.
O que houve historicamente, e ainda hoje existe fisicamente em Lagos, foi o primeiro mercado de escravos da Europa, que os ínclitos negreiros lusos praticaram durante quatro séculos.