O progresso é de upgrades que vive, dizem. Por isso são de má sina os múltiplos downgrades que estamos a viver.
Noutros tempos, na messe dos almirantes havia no hall de entrada um ecrã com Internet. Hoje o ecrã está cego surdo e mudo.
Quando o recepcionista precisava de saber se ainda tinha para vender uma ementa do dia, usava um telefone para a cozinha. Hoje vai a pé saber as novidades e demora dez minutos.
O serviço em geral era cuidado, os hospedeiros tinham ar cosmopolita. Hoje trazem à lembrança os faxinas de serviço na messe da Bambadinca, quando a havia.
Ali ao lado fica o São João, oiço falar de circo modernista e nada me surpreende. Mas não é muito claro em que se ocupa. Quando me dava ao trabalho de sair de casa à noite, assisti a um espectáculo cenicamente fascinante, do Ricardo Pais. Pelo meio havia uns vagos heterónimos do Pessoa a balbuciar odes. Nunca soube quanto custou ao erário essa beleza.
Da montra da Latina é de fugir. Com ilhotas isoladas, o downgrade da literatura é bastante para assustar. Mas às vezes há milagres, como as pérolas que arredondam na tripalhada das ostras. É esse o caso deste Mário de Carvalho.