Refugiei-me n'A Estrada do Tabaco, com os seus oitenta anos. Será um realismo algo vetusto, démodé, que hoje não reserva novidades. Terá tanto de ingénuo quanto de previsível, se assim me posso exprimir. Mas está vivo, ensina e edifica, menos no discurso e mais nos tipos que o povoam.
É que me falta paciência para os narradores que aí andam, e apenas deixam vazio quando passam. Uns pintam a vida tal como ela é, ou como sonham que fosse, quotidiana, cor-de-rosa, light. Uma sensaboria onde não há relevos, onde pouco se sugere e menos ainda se aprende.
Uns tantos chegam a surpreender, pelo caos doente da contemporaneidade. Imitam sem o saber o que o Bret Easton Ellis fazia há trinta anos, e era bem menos inútil do que estes sucedâneos.
Outros são mais requintados. Do Bukowski reproduzem o cabotinismo cínico, imitam-lhe os excessos, abastecem o mercado. E são ainda mais tóxicos do que ele.