sexta-feira, 31 de maio de 2013

Lolita

A adolescente pica a senha no visor e avança pela coxia. Tem um ar um tanto produzido e o visual gótico destoa. Veste de preto integral, e a mochila avantajada que traz pendurada às costas dificulta-lhe a manobra. Traz cuidada a flor da face, rigorosa, maquilhada. Quase brilha, na geral vulgaridade. Ocupa o lugar em frente, dentro da sua redoma, vê-se bem que vem trancada numa filosofia. 
De peito afogado em véus, veste uma saia de bicos, por baixo duma nuvem de organdis. Traz muitos anéis nos dedos, talvez de aço, e símbolos esotéricos pendurados ao pescoço. Os traços negros que desenhou nas pálpebras têm um quê de vampiro inofensivo. 
Quando arrisco se já leu o Nabokov, diz que não gosta de ler. - E viste o filme?! - Qual filme?! Segue a escola japonesa que frequenta na Internet.
Cá fora vejo-a melhor. Tem pernas tortas, cambadas, e enviesa os pés para dentro. As Doc Martens são imitação ligeira.