sexta-feira, 10 de maio de 2013

Maré-vaza

Gostava muito dele e ainda gosto, que havemos de fazer do coração. Durante um ano foi quem me matou a fome. Saiu um dia do Porto Brandão e fez-se um homem, nascido de pescadores. 
Hoje trabalha as mil figuras que há na pedra, habita num palacete com acácias muito antigas, navega num iate às costas do Brasil. Sou o primeiro marítimo da família que não vai ao mar a ver se mata a fome
Eu gostava muito dele e ainda gosto. Mas pica-me no olfacto um travo de maré-vaza, quando vou ali ao Parque dos Poetas.