A edição da Teodolito é esteticamente uma beleza. Hoje em dia, num mundo abastardado pelo mercado, só faz isto quem pratica o culto do objecto de leitura. Contraste branco/preto, sóbria capa dura, papel encorpado, bom contraste entre os caracteres impressos e o fundo, tamanho adequado da fonte, edição rigorosa da mancha, ilustrações originais ...
Um bombista/terrorista e o seu carcereiro dialogam e vagueiam ao longo dos 8 capítulos. Começam pela Forma, passam pela Amizade... a Fé... sofrem evoluções até chegarem ao Mundo. E terminam ao fim de 130 páginas, com moral da história.
Podiam ser as Mil e Uma Noites, fazem lembrar a Sherazade a iludir a impaciência do sultão. Desvendam contradições do mundo de hoje, entre carcereiros e criminosos, sem definir muito bem onde estão inocentes e culpados, nem o que separa vítimas e algozes.
Todo o texto é em forma de diálogo, de leitura grata, proveitosa, irónica e bem-humorada. Perdê-lo não se recomenda.
Moral da história
Um terrorista entra num bar com uma bomba na mão. O dono do bar avisa que tem de deixar a bomba lá fora. O terrorista diz-lhe: estava a brincar, eu não sou terrorista, olhe só, isto não é uma bomba, é um isqueiro. E, para mostrar que é verdade, acende o isqueiro. O dono do bar replica, com ar triste: eu também estava a brincar, isto não é um bar, é um posto de gasolina.