segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Nos nossos dias e nas nossas chagas


Em resultado dum percurso profissional acidentado, vi-me a fazer um mestrado em Cultura Alemã na Uninova, na década de noventa do século passado. É que sempre foi meu tema predilecto aquele assunto dos viajantes europeus, príncipes e fidalgotes do Norte da Europa, que faziam o seu grand-tour de formação à entrada da maioridade. No fim elaboravam um relato de viagem, às vezes publicado, a dar conta das realidades observadas: nos homens e nas culturas, nos costumes e nas leis, nas economias, nas sociedades, nas crenças, nas condições de vida. 
Achava eu (ainda acho), que hão-de ser esses  relatos um bom meio de obter uma visão desafogada do que nós próprios fomos. Até chegar ao que somos. 
Já a inversa era menos frequente. E o mais notável caso de viajante português pela Europa foi o do príncipe das sete partidas, o malogrado da ínclita geração, D. Pedro de Alfarrobeira.
Nesse contexto acedi aos relatos existentes nos acervos de várias bibliotecas, portuguesas, alemãs, inglesas e algumas espanholas. Desde o holandês van Linschoten (caso atípico de viajante), que em finais do séc.XVI andou pela Índia das nossas pimentas a descobrir os segredos que iriam abrir caminho a holandeses e ingleses, à medida que crescia a ruína das praças dos Albuquerques e a decadência da gesta gloriosa. Com que uns imbecis ainda hoje enchem a boca e a barriga. Adiante!
É aqui que entra a princesa Rattazzi, e a resposta furibunda dum Camilo ultramontano ao que tomou por ultraje patriótico.
E o fito será chegarmos ao Marquês de Pombal, às visões que temos dele. E a José Sócrates, claro, nos nossos dias e nas nossa chagas.
[Continua]