Ou isto são as alterações climáticas, ou o crepúsculo civilizacional a que a Europa chegou, ou o contágio dos banqueiros criminosos que não conhecem limites, ou o efeito perverso dum governo de sipaios aldrabões que aí andou. Certo é que a inteligência, o discernimento e a clareza de espírito indígenas andam a cair da boca aos cães. É vermos o que se passa no bando dos sem-abrigo, que se candidatam às eleições de Belém, qual deles o mais dotado e realista. Do triste Paulo Morais (que só descansa quando acabar com a corrupção), ao ovni Henrique Neto (que jurou salvar a pátria), ao pastelinho de Belém (que ninguém sabe para que serve), ao padre que vem das ilhas, à amazona da Matias, todos crêem de verdade que tiraram passaporte para ir à segunda volta. Não dão conta, os desgraçados, que facilitam a vida ao feiticeiro Marcelo, um serviçal das direitas.
Os políticos são todos uma choldra, e o Sócrates é a cabeça da hidra. Nenhum se lembra da perseguição que foi inaugurada pelo Santana Lopes, na campanha eleitoral de 2005. O Sócrates era um mariconço, tinha arranjinhos de cama com um galã, conforme se dizia no Brasil. Depois foi o caso do Freeport, nascido da denúncia anónima dum polícia do CDS, e meteu envelopes recheados por baixo da mesa. Depois foram as escutas a Belém, fabricadas pelo Fernando Lima do Cavaco. Depois foram os fatos Armani, a mania das grandezas e o carácter despótico, e a casa do Santos Silva num boulevard de Paris. Depois foi a prisão de Évora e a Operação Marquês (o de Pombal, pois claro!).
Desta vez é um brasuca, da operação Lava-Jato, a servir de pretexto aos mixordeiros do CM para misturar Sócrates com o lixo habitual. Diz o índio do sertão que a Odebrecht pagou viagens ao Lula, entre elas a de Lisboa, onde assistiu à apresentação do ensaio sobre a tortura. Cheira-lhe isto a moscambilha.
Com tanto, que não é nada, preencheu a Laranja/Laranjona duas páginas do CM, com fotos do criminoso. E arrasta assim o inquisidor Tacheira, notável ficcionista, para novas aventuras na investigação. É uma vergonha, se não for fadário nosso, não sabermos distinguir as peças brancas das pretas, em cima do tabuleiro.