domingo, 3 de agosto de 2014

Escribas

Tudo quanto faz o escriba comum é servir-se das palavras para que elas exprimam. E elas lá farão o que puderem, para cumprirem a tarefa. Reproduzem, bem ou mal, o que viram no mundo.
O escriba incomum lança mão delas para que signifiquem. E, uma vez organizadas, abandona-as. Os mundos que elas contêm não existem fora delas, e hão-de ser carpinteirados pelo leitor.
Nesta "economia da atenção", em que já só há consumidores, o exercício é muito contingente. Por isso a literatura é um passatempo de elites. Tão inúteis e precárias, como únicas verdadeiras.