terça-feira, 12 de agosto de 2014

Catarse

[Foto de Alfredo Cunha, na Praia das Lágrimas, em 1975]
Do alto do promontório, da altura da própria insânia, o nosso herói desafia o destino. E tem aos pés os destroços da aventura, trazidos pelas marés, em caixotes de amargura e ódio.
A imagem captou na perfeição o cinismo muito antigo e implacável da história. Juntou o alfa e o ómega, pondo em cena a hybris e a catástrofe da tragédia lusitana: um povo de heróis a lamber o pó do chão.
O momento era oportuno, era vital. Mas a catarse não chegou às bancadas.