quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Pêssegos

Era uma velha que já não batia bem, e tinha na horta um pessegueiro a quebrar de pêssegos bem maduros. Eu fui lá com o meu amigo, saltei a parede e meti quatro na camisa: dois para ele e dois para mim. E acabámos a comê-los debaixo do negrilho, à fresca da ribeira.
Ao fim da tarde a velha foi à horta e arrebanhou a colheita. Levou a fruta para casa e guardou-a no arcaz do cereal, para melhor se conservar. Mas logo esqueceu os pêssegos. 
Ao outro dia a velha voltou à horta, não viu pêssegos nenhuns, magicou que lhos roubaram. E foi depressa pedir ao meu amigo que escrevesse um edital, preso na porta da igreja: quem me foi roubar os pêssegos fará melhor ir ao médico, estavam envenenados.
Vi aquilo, muito aflito, fui dizer ao meu amigo. E ele que sim, coisa e tal...
Depois disso a velha encontrou os pêssegos, bem guardados no centeio. E pediu ao meu amigo que rasgasse o edital.
Fui ter com ele, foi malhar até mais não. E nunca mais o levei comigo à fruta.