A comissão fabriqueira já trazia o orago em alvoroço.
Substituiu o telhado, limpou as talhas douradas, lavou a jacto de areia as
cantarias da torre. E renovou o baptistério, que há vinte anos não conhecia
uso. A igreja parece nova.
O adro acordou em sobressalto com a multidão dos convivas
da festa de baptizado dum neófito de olho azul, líquido e transparente,
herdado dum extinto celta ignoto. Os fotógrafos andam num badanal, entre vistosos
vestidos de cetim, e sapatos de verniz que massacram o joanete, e gravatas
circunspectas e solenes. O repasto dos duzentos convidados é servido num
restaurante a preceito, e custa uma fortuna por cabeça. Mas um dia não são
dias!
Estrada fora cruzam filas de motards, a ronronar petardos e ratés,
e comitivas de bodas avulsas, a conduzir pares de noivos aprisionados em grandes limusinas.
Daqui por uma semanita vão começar a partir, há que
trabalhar na Suíça o ano inteiro para pagar a festa duma vida. Teve música e
cantores, em fardamento amarelo, e até o padre se esmerou nos rituais.
As andorinhas reúnem em conselho. As noites começam a ficar frescas, para já não falar das madrugadas. Escasseia a paparoca dos mosquitos, há que passar o Estreito. E lá vão elas, também.