quinta-feira, 31 de março de 2016

Matilhas

A camioneta passou, e anunciava a Matilha Brilhante. A carga eram jaulas de cães de caça, ou de outros gados vivos. Iam vazias, e afinal tudo era bastante simples.
Uma associação qualquer de caçadores planeia uma batida. Ao javali, por exemplo. Define a área e distribui aos seus membros uma porta. Que é um lugar fixo e único, onde ele espera a passagem duma presa. Ou de várias.
E contrata a Matilha Brilhante, que traz cães e batedores que percorrem toda a zona. E hão-de levantar a caça, e persegui-la, e encaminhá-la para o lugar das portas. 
A batida leva um dia, quando muito. Tem um preço por matilha (de 25 cães). Pode juntar várias delas, quando a zona é muito vasta. No fim toda a cachorrada entra nas jaulas, vai regressar ao canil. Instalação isolada, no meio duma charneca, onde espera outra encomenda.
Há matilhas brilhantes às dezenas. E os cães delas temem sobretudo o desemprego de longa duração. Que os seus donos desanimam, e alimentam-nos mal e feiamente, e é esse o único dia em que têm liberdade.