quarta-feira, 9 de março de 2016

Acertar na mouche

É isto aqui:



«(...) Marcelo foi um dos mais poderosos e sofisticados cultores da baixa política em Portugal. O seu sucesso também se deve, para além do genuíno talento histriónico, a uma sociedade que aprova e consome esta forma de política-espectáculo que degrada o espaço público e intoxica a participação cívica e a decisão eleitoral. Durante anos, sem o berrado contraditório pedido a outros actores políticos caso sejam socialistas e fortes, a direita e a oligarquia portuguesas, Igreja Católica incluída, dispuseram de um tempo de antena semanal que esteve em perfeita sincronia com a cultura do ódio e a indústria da calúnia, as principais armas usadas por PSD, CDS e Cavaco, desde 2008, contra o PS, a democracia e o Estado de direito. Para cúmulo da degradação, até o PS validava esse seu papel.
Que se faça um simples teste: alguém recorda alguma crítica de Marcelo ao Correio da Manhã, ou mera reflexão acerca da sua influência? 
E este: alguém recorda algum alarme de Marcelo a respeito das violações do segredo de justiça, ou mera reflexão sobre o uso de escutas como arma de arremesso político e assassinato de carácter? 
Se sim, quantas vezes? Se nunca, porquê?
De facto, este país merece o que vai ter. A culpa não é dele, é da sua natureza. Como disse o escorpião.»

[N.B: Aqui na Lapa, umas máquinas andam desde cedo a erguer uma parede que a invernia severa deixou em ruínas.]