quarta-feira, 30 de março de 2016

Alcácer-Kibir e outros

A tragédia da carrinha mortuária, numa estrada da morte que é francesa, agitou a opinião pública, açulada por uma comunicação social irresponsável e sensacionalista. Porque nada disso é novo. Andam aí às centenas, se não forem aos milhares, as micro-empresas familiares que reproduzem a cena. Só fariseus o podem desconhecer.
O seu modo de operar é sempre o mesmo, o dos aviões da Nato: só actuam em parelha. À frente vai sempre um chefe, seis lugares, carga em ordem, é o que disser o livrete. Só lá para trás vem o asa: uma dúzia de arriscados, um condutor clandestino, um atrelado hesitante... Quando surge uma patrulha, vem o aviso do chefe. Mas nem sempre isso acontece, e a vida é de quem a arrisca.
Desta vez as coisas correram mal. Por motivos não sabidos, mas visíveis, a carrinha mortuária passou à faixa contrária, e o camião vinha ali, filho da puta. Foi um Alcácer-Kibir! Antigo fadário nosso, que há muito tempo elites nos impuseram. Se nós o não conhecemos, muito menos o reconhecemos. E fica sem remissão, como o traço dum destino. Ele havia outros,mas...