A ribeirinha do sonho, e das emoções que chegam, não existe. Deixou de ser Natureza. Mas a vida é o real dela, é o que os olhos me vêem. Tal me basta.
Como aquela raposeta que além foge, a esgueirar-se pelos matos da charneca. Veio aqui matar a sede, são as emoções que tem. Lá vai ela à sua vida, a raposeta, lá vai ela, a ribeirinha. Eu vou à minha.
XXXV
O luar através dos altos ramos,
Dizem os poetas todos que ele é mais
Que o luar através dos altos ramos.
Mas para mim, que não sei o que penso,
O que o luar através dos altos ramos
É, além de ser
O luar através dos altos ramos,
É não ser mais
Que o luar através dos altos ramos.
[Poemas de Alberto Caeiro, Ed. Ática, lisboa]
[Poemas de Alberto Caeiro, Ed. Ática, lisboa]